POV Percy

            Eu estava sentado na beira do rio com os pés dentro d’água pensando nela, a garota que atormenta os meus sonhos toda noite. Eu queria entender o que eu sinto por ela, mas era tudo tão confuso.

            Tinha momentos que eu ficava com raiva por causa do que ela falava ou fazia comigo, e outras eu ficava feliz com isso. Mas admito que toda vez que eu a via o meu coração falhava uma batida e eu ficava mais bobo que o normal. Admito também que a acho linda, que adoro ouvir sua risada, que odeio perder para ela, e que, principalmente, eu ODEIO ser ignorado por ela.

            Suspirei, “Ah, Annabeth! O que você está fazendo comigo?” perguntei-me e olhei para o céu meio estrelado. Havia anoitecido há pouco tempo, ainda dava para ver o céu um pouco alaranjado por causa do sol, mas eu estava ali há tanto tempo que eu nem havia percebido o céu tinha escurecido.

            Eu queria saber o porquê dela estar me evitando esses últimos dias, ela diz que eu acho que ela está me evitando porque eu estava passando tempo demais com a Rachel, mas sei que isso é mentira.

            Ela estava me evitando desde o dia que nós nos beijamos depois que eu “roubei” sua rede de pesca que ela estava fazendo. “Será que eu fiz algo de errado?” perguntei-me pela milionésima vez. Eu estava confuso, meu coração se apertava só de saber que ela estava me ignorando, isso me deixava agoniado.

            O que eu sinto por ela é tão forte e tão confuso, mas é tão gostoso. O que eu sinto por Rachel é tão diferente disso, eu vejo ela como uma grande amiga, quase como uma irmã, ela me encantou quando eu a conheci, é claro. Ela era simpática, calmo, boa desenhista, criativa, boa lutadora e caçadora, mas eu não consigo vê-la como mais que uma amiga. Diferente de Annabeth, quando eu e ela estamos muito próximos eu tenho vontade de pegar sua, de ficar abraçado com ela, e pior ainda, eu tenho que vontade de beijá-la.

            Seus lábios são tão macios e gostosos, o gosto que eu sinto quando a beijo é a melhor que eu já experimentei em minha vida inteira. Muitas vezes ela pega minha mão e me arrasta para algum lugar novo que ela descobriu e nós ficamos ali, curtindo o local e conversando, tem momentos que eu só tenho vontade de ficar abraçado com ela, vendo o tempo e as coisas em nossa volta passarem.

            Eu me sinto tão confuso perto dela, eu tenho vontade de saber o que ela sente quando está comigo, mas tinha momentos que ela se fechava tanto que eu nem a reconhecia. Sempre tem um momento no ano em que Annabeth fica meio frágil porque foi a época em que ela chegou ao acampamento, ela ainda guarda mágoas do que aconteceu com ela quando pequena.

            Respirei fundo, tirei minha camisa e mergulhei. Fiquei um tempo debaixo d’água pensando e quando eu sai a encontrei sentada no chão, me encarando com um sorriso nos lábios.

- Oi Cabeça de Algas! – falou sorridente e me estendeu uma toalha.

- Oi Sabidinha! – falei rindo. – Você ainda se lembra desse dia?! Queria esquecer isso! – eu ri.

- Porque eu esqueceria? Foi o dia mais engraçado que eu tive com você! – ela gargalhou.

- Ha ha, foi engraçado pra você, pra mim não teve a menor graça. – falei colocando a camisa.

- Claro que pra você não foi engraçado, você pagou o mico não eu! – ela riu de novo e se deitou olhando para o céu, ela fechou os olhos e suspirou.

            Troquei minha bermuda por uma bermuda seca e, sem fazer barulho, fiquei por cima dela sem encostar nossos corpos. Aproximei-me de seu pescoço e respirei fundo, fazendo-a se arrepiar toda. Ela abriu os olhos e eu vi aquelas órbitas acinzentadas, pena que suas pupilas estavam dilatas por causa da escuridão, isso a deixava com um olhar de louco. Ela colocou as mãos no meu peito e me derrubou no chão, sentando-se em minha barriga em seguida.

- Que tal voltarmos para o acampamento, está ficando escuro e está quase na hora do jantar. – ela falou e passou a ponta de seus dedos em meu peitoral.

- Está bem. – eu me sentei, ficando cara a cara com ela. – Vamos lá Sabidinha.

            Segurei-a pela cintura e levantei-me com ela no meu colo, levei-a para o acampamento e nós jantamos. Ela foi para o seu chalé e eu fui pro meu. Enquanto eu me revirava na cama tentando imaginar como faria para ela me contar o motivo dela estar me ignorando.

            Então eu tive a ideia perfeita, um ou dois dias atrás eu encontrei uma cachoeira aqui por perto, sorri com a minha ideia e sai silenciosamente do meu chalé, indo em direção ao chalé dela.

            Entrei em seu chalé silenciosamente e fui até a sua cama, onde ela dormia igual ao um anjo, mesmo com pena de acordá-la peguei-a e coloquei-a em meu ombro igual a um saco de farinha e sai andando com ela se debatendo para eu soltá-la.

- Percy me solta!! – ela bateu em minhas costas bem forte, doeu, mas eu não vou soltá-la.

- Não. – falei e fiz umas curvas.

- Me solta! Isso não tem graça! – ela continuou me batendo por um tempo, mas depois desistiu porque viu que eu não iria soltá-la.

            Chegamos até a cachoeira e eu prensei-a em uma árvore, segurando suas mãos para que ela não tentasse fugir. Olhei bem em seus olhos, ao mesmo tempo em que mostravam raiva eles mostravam surpresa.

– Agora pode começar a explicar porque você está me ignorando.