Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 7
Capítulo 06 — Mudança negativa.


Notas iniciais do capítulo

Espero de verdade que gostem. Comentem.



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Eu nunca poderia imaginar que apenas três semanas em Glastonbury pudessem mudar tanta coisa assim em minha vida quanto estava ocorrendo esses dias. Não, não era uma coisa boa ou que me agradasse em ver. Minha família estava desmoronando, lentamente, eu podia perceber nos pequenos grandes detalhes.

Meu pai havia saído de casa, e eu havia ido junto com ele. Havia sido uma guerra para me deixar ir, no entanto eu não desisti até ele me deixar ir junto com ele para o apartamento que ele possuia algumas quadras daqui. Eu havia dado a desculpa que queria ficar com ele, e não com a mamãe, pois ele era uma das minhas motivações para não voltar a ter Bulimia.

Eu não havia mentido afinal, aquilo era verdade.

Rosalie estava impossível. Eu não entendia como uma pessoa, tão perfeita, tão certa quanto ela pudesse ter se entregado a marginalidade daquele jeito. E nem havia tentado se deter. Nos primeiros dias sem papai aqui em casa, foi impossível conversar com Edward, pois de um lado minha mãe resmungava por ele estar ali em casa, e de outro Rosalie o mandava piscadelas ou andava quase nua por dentro de casa.

Como eu disse anteriormente, um completo inferno. Eu estava quase enlouquecendo de raiva quando joguei as poucas roupas dentro de uma mala e declarei que estava saindo daquela casa — se é que eu ainda a podia chamar assim. Eram nove horas da noite quando eu bati na porta do apartamento do papai, com a mala ao meu lado, e um sorriso tristonho nos lábios.

Ele queria que eu voltasse para casa assim que amanhecesse, mas eu me neguei, murmurando que não podia ficar mais lá. Charlie ficou com raiva de mim pelo resto da noite, mas antes de sair para ir trabalhar — e isso foi de “madrugada”, às seis horas da manhã — ele me acordou “delicadamente” cutucando meu braço, e falou que se eu quisesse, podia ficar lá o tempo que eu quisesse.

Eu só esperava que ele voltasse para casa. Não… conseguia imaginar Charlie sem Renée e vice-versa. Para muitos papai pode ter saído de casa porque — assim como eu — não conseguiu agüentar o inferno que sua família se formara. Mas para mim, eu sabia que tinha alguma razão que ele estava me ocultando, e continuaria até não poder mais.

— Minhas aulas começam dia 20. — Murmurei desgostosamente para Edward.

— As minhas só começam em março. — Disse, sorrindo.

Eu virei meus tornozelos para o olhar, com uma lata de coca-cola nas mãos. Eu nunca o tinha perguntado onde ficava sua faculdade, mas agora tinha o pressentimento que não era perto de Somerset ou algo assim.

— Onde fica sua faculdade, Edward?

— Podemos ter essa conversa depois. — Ele disse, engolindo em seco.

O fuzilei com o olhar, trincando meus dentes.

— Onde fica a porcaria de sua faculdade, Edward? — Indaguei pausadamente, quase me contendo para não começar a gritar dentro do supermercado.

Nottingham.

Bufei, sorrindo amargamente.

— Ah é, eu deveria saber disso.

Depois disso, apenas peguei o que estava faltando e disparei para o caixa para pagar por tudo. Edward tentava murmurar em voz baixa algo que talvez me acalmasse e me fizesse parar de cerrar os punhos, entretanto eu apenas fiquei calada, controlando-me para não falar as coisas erradas somente por raiva. Afinal, eu já havia me ferrado e perdido muitas coisas por causa desse meu pequeno problema de controle.

Eu voltei o caminho até ao apartamento de Charlie, em um silêncio depressivo — forçando-me para que dentro de minha mente também fosse assim —, parando apenas para comprar uma bolsa qualquer que eu usaria para ir à escola. Escolhi a primeira que vi e me agradei: branca com bolinhas pretas.

Paguei e voltei para o carro. Não era para eu ter mandado Edward pegar um táxi, mas ele não havia reclamado também, entendendo que eu precisava de um tempo para reorganizar meus pensamentos raivosos e culposos. Claro, eu deveria saber que Edward Cullen não estudaria em nenhuma faculdade em Somerset — afinal, era Cullen, não se conformava com pouco.

E além do mais, medicina.

Eram apenas quatro horas da tarde e eu já sentia falta dele. Revirei meus olhos, policiando-me a não pegar meu celular e pedir para que ele viesse imediatamente para o apartamento de Charlie e passasse o resto da tarde comigo. Se eu precisava de meu tempo, ele de certo precisava mais, afinal as pessoas iriam começar a desconfiar — mais do que já faziam — que estávamos mesmo tendo algo.

Ele não se importava com o que pensavam da gente, mas eu me importava. Demais até. Mais do que deveria e seria prudente fazer — eu sabia, mas escondia minha preocupação quando estava perto dele, eu percebia que, mesmo que ele disfarçasse, agia estranho sempre quando eu resmungava alguma coisa a respeito dos cochichos.

Suspirei, e gelei quando vi que tinha alguém parado de frente ao apartamento de meu pai, de costas. Eu iria voltar se não tivesse reconhecido depois de alguma segunda parada que era Riley. Tentei resgatar a raiva excruciante que eu sentia dentro de mim — a raiva de semanas atrás —, no entanto eu não consegui nada a não ser fazer meus olhos marejarem.

— O que você está fazendo aqui? — Indaguei e foi o máximo que eu consegui que me fizesse parecer com raiva e ressentida. Eu iria acrescentar algo sobre Agnes, entretanto apenas suspirei, o olhando e esperando que ele começasse a falar. — Se foi para esfregar na minha cara que ainda prefere a Agnes, pode ir embora.

Ele me olhou de cima a baixo, sorrindo.

— Você me parece saudável. Edward tem te forçado a comer? — Indagou, desviando o assunto.

— Na maioria do tempo, sim. — Murmurei. — O que está fazendo aqui? — Tentei de novo, gentil dessa vez, mesmo que ele não merecesse nenhuma parte da minha rara boa-educação. Eu nunca ficaria completamente com raiva de alguém, principalmente esse “alguém” sendo Riley. O Riley que foi meu amigo desde sempre.

— Vim me desculpar com você. Isso é, se você aceitar. Eu sei que se passaram duas semanas, Bella e que eu estou atrasado tendo em vista que eu sempre era o primeiro a ceder, e isso não durava mais de dois dias. Eu me ajoelho se você quiser, eu só… não posso te perder.

— Não, você não se ajoelharia. — Eu disse severamente, mas abri a porta para que ele entrasse. — Onde está Agnes? — Indaguei.

Ele fechou a porta atrás de si, observando o apartamento. Eu fui até a cozinha, guardar as sacolas que eu havia trazido do supermercado e Riley caminhou até onde eu estava ajudando-me a guardar também.

— Eu rompi com ela. — Admitiu, depois de um tempo.

— Isso foi um salto que você deu na vida, de certo.

Ele sorriu em minha direção, no entanto eu não retribuí, ficando na ponta dos pés para que pudesse guardar as sacolas de leite na parte mais alta do armário. Riley me ajudou com estas, olhando-me de formas cautelosas várias vezes, até que eu desisti e o olhei, indagando-o com o olhar o que ele queria de mim.

— Estamos bem? — Ele indagou.

Sorri sem mostrar os dentes, assentindo.

— Tenha certeza que se não estivéssemos você sequer teria entrado dentro desse apartamento. — Disse de maneira gentil.

Terminei de guardar as coisas e preparei o jantar. Nessa uma semana longe de Renée e Rosalie eu já havia superado a minha neura por preparar um mísero jantar, sendo que as receitas que a vovó havia me ensinado estavam cravadas em minha mente há séculos. Papai não sabia cozinhar nada, e se dependesse dele iríamos viver de pizza.

Riley aceitou ficar para o jantar e quando ele se sentou no sofá, assistindo televisão como se fosse a casa dele, sorri. Revirei meus olhos por isso e fui para o quarto, tirando o celular de dentro de minha bolsa e a jogando no chão, enquanto me encolhia na cama em forma de bola. Eu hesitei por um momento antes de discar o numero de Edward.

Eu tinha que… sei lá, fazer alguma coisa que desculpasse essa tarde. Afinal, eu deveria saber que ele faria faculdade em outro estado — um estado longe daqui e que me faria morrer de saudades. Mesmo que ele não quisesse continuar com “algo escondido” que nós tínhamos, eu ainda sim sentiria sua falta. Muita, na verdade.

E eu não conseguiria o esquecer com tanta facilidade.

Bella? — Ele indagou assim que atendeu o celular.

A voz dele estava a de sempre: rouca, suave e enlouquecedora. Suspirei por isso, demorando-me um pouco para responder a sua indagação.

Sorri bobamente, mordendo meus lábios.

— Sim, sou eu, é claro. Eu só… — Por que pedir desculpas tinha que ser tão difícil? — Queria pedir desculpas por meu comportamento dessa tarde. Eu deveria imaginar que as coisas não seriam tão fáceis quanto estava sendo.

Fáceis? Está sendo tudo menos fácil. — Murmurou ele, de mau-gosto. — Sabe o quanto eu queria te apresentar a meus pais como sendo minha namorada? Claro que eles desconfiam, mas não falam nada a respeito disso pelo motivo óbvio, claramente. Eu já sou maior de idade e já sei o que eu estou fazendo, é o que eles dizem.

— Eu sei Edward. — Sussurrei.

Ele suspirou, ficando calado por alguns instantes.

O que está fazendo?

— Agora nada, mas antes estava fazendo o jantar de papai. Sabia que ele pensava que você vinha jantar aqui? — Sorri. Charlie, apesar de ter aquela cara de chato, sabia e não reclamava a respeito do meu relacionamento com Edward. — Amanhã você pode vim? — Perguntei, mordendo meus lábios.

Escutei seu riso do outro lado do telefone e estremeci — uma atitude completamente estranha.

Amanhã nós íamos à casa de sua vó, lembra?

— Na verdade, eu não lembrava, mas já que você me lembrou, nós podemos ir de manhã e voltar à noite. Não que eu queira que você falte mais um dia do seu trabalho de carteiro, é claro. — Sorri sarcasticamente, e soltei um risinho sem-graça. — Aliás, como você está fazendo com isso, hã?

— Estou indo mais cedo. O que eu não faço por você, Isabella Swan? Estou começando a achar que isso não é saudável. — Eu teria me preocupado com essa frase se não tivesse percebido o quanto a voz de Edward estava brincalhona. — Nós podemos ir às onze da manhã.

— E chegaremos às doze e meia. Nós almoçamos lá e ficamos um pouco com a vovó, e então voltamos às cinco da tarde, para chegar às seis e meia. — Murmurei, fazendo planos em minha mente enquanto sorria. — Bom, não sei se você vai estar de acordo com isso porque sua família deve estar achando que eu estou te roubando deles o tempo todo.

Eles vão viajar para Paris amanhã. —      Quase o pude ver revirando os olhos. — Vão trazer Alice e ficar de férias por algumas semanas, e claro que eu vou ficar aqui com você, mesmo eu não planejando ir de qualquer jeito.

— Já que não fazia parte de seus planos originais não me sentirei culpada por você não estar indo para França. — Sorri virando-me para o outro lado na cama e puxando a manta para cima de mim, com frio. — Eu tenho que ir agora, tudo bem? Riley está na sala e, sabe como é que dizem quando tem estranhos em sua casa. — Sussurrei.

— Riley está na sala? — Indagou Edward.

— Sim, ele me pediu desculpas hoje quando eu cheguei. De qualquer jeito, isso não muda nada entre a gente, tudo bem?

Eu sei, eu só… não confio nele. — Admitiu.

— Não há motivos para isso, Edward, relaxe. Eu conheço Riley desde quando era um bebê, tenho certeza que tudo ficará bem e voltará ao normal, ok?

Espere. Eu me esqueci de perguntar como foi no psicólogo e no terapeuta hoje. Como foi? — Eu ri sem-graça. Odiava quando Edward entrava naquele assunto e estava quase grata que ele tivesse se esquecido de me perguntar sobre isso hoje. Não que as coisas não andassem bem, elas andavam na verdade, era só que… eu não gostava de falar sobre.

— O terapeuta disse que eu estava me recuperando muito bem e que em breve poderia parar de ir para ele, ainda bem. Eu já não agüento mais, sabe? Eu sempre soube que só precisava de um pequeno empurrão para parar com a Bulimia. No psicólogo foi o mesmo de sempre. — Suspirei.

Ainda acho que aquele médico fajuto tem uma queda por você.

— Você imagina demais, Edward. Profissionalismo acima de tudo.

Edward desligou após algumas perguntas, finalmente deixando-me ir arrumar a mesa para que quando Charlie chegasse tudo não estivesse desarrumado. Antes de sair do quarto, arrumei algumas coisas que estavam bagunçadas e pensei em ligar para minha mãe, desistindo após dois segundos — sabendo que ela estava muito bem com Rosalie.

Ou não, ninguém sabia.

— E então como anda as coisas entre você e Edward? — Indagou Riley enquanto eu tirava os pratos do armário. — Você está feliz com ele?

O encarei por alguns segundos e depois sorri.

— Se eu não estivesse alegre, com certeza não estaria com ele. — Disse gentil.

— É, deve ser mesmo, você está até mais calma. O que é muito raro para uma pessoa como Isabella Swan. — Ele sorriu de lado, empurrando-me de leve com o ombro assim como fazia antigamente. — Queria que Agnes fosse… mais amena… não tão ciumenta como é. Ela quer me restringir de muitas coisas, e assim não dá para continuar.

— É… eu sinto muito. — Murmurei.

Enquanto Charlie não chegava, fiquei sentada no sofá assistindo uma série qualquer que estava passando na televisão. Riley estava do outro lado do sofá, assistindo também, e eu quase não estava prestando atenção nele com meus pensamentos vagando a respeito de Edward e de como eu conseguiria agüentar mais ou menos um ano sem ele.

Isso é, se eu agüentasse.

Não que eu fosse viver como um zumbi, chorando por todo canto e me isolando de todos, eu só… sentiria saudades dele. E quando eu falo que iria sentir saudades, não era uma coisa supérflua. Eu me lembraria dele, e se isso não fosse o suficiente para me torturar, iria lembrar-me os pequenos detalhes que o fazia ser perfeito.

Suspirei e cruzei meus braços com força.

Charlie falou que tinha uma surpresa para mim, amanhã de noite, no jantar. E pelo sorriso dele, eu não insisti para saber sobre o que se tratava. Eu me recolhi cedo naquela noite, logo após tentar assistir um jogo de basebol com meu pai e Riley, desistindo assim que eu percebi que aquilo era entediante ao extremo.

Eram oito horas da noite quando eu me encolhi na cama e puxei minha manta sob minha cabeça, estremecendo e com frio. Mesmo com casacos por cima de mim, eu não conseguia parar de sentir frio. O aquecedor estava no máximo, e ele fazia um barulho confortável quando cuspia ar quente e infectava o quarto. Tentei me concentrar naquele barulho para que eu conseguisse esvaziar minha mente o bastante para que conseguisse pegar no sono — em vão, aquilo só me fez ficar mais desperta.

Bufei com raiva de mim mesma, e encolhi-me mais ainda debaixo da manta.

Eu não pensava sobre Edward agora — embora ele habitasse a maioria dos meus pensamentos, inevitavelmente —, eu pensava sobre minha escola nova e como seria. Lembro-me de antes de vir para Glastonbury ter pedido para fazer amigos, agora à solidão não me incomodava e eu só pedia para que eles fossem gentis. Somente isso, eu não tentaria me enturmar ou algo assim.

O fato da solidão não me incomodar mais se dava por minha mãe não ter feito questão que eu ficasse com a mesma — pelo contrário, ela havia gostado. Se não havia doído tanto, com os outros não deveria ser diferente — deveria até ser menos doloroso.

— Bells… eu posso entrar? — Escutei a voz de Riley do lado de fora do meu quarto.

— Pode e bem-vindo ao clube de pessoas que me chamam de Bells. — Cobri-me com a manta sentando-me quando ele entrou no quarto com seu típico sorriso de lado e tímido. — Não sei se isso é uma coisa boa ou ruim. — Admiti.

— Você deveria parar de tentar se as coisas são ruins ou boas. — Ele sentou-se no chão, do meu lado enquanto fitava o tapete o qual estava sentado. — Eu tenho que sair logo daqui antes que seu pai próprio me expulse. Ele gosta do Edward, sabia? Espero que ele não estrague a confiança que Charlie tem nele.

— É… — Baixei meus olhos assim como ele. — Espero que não mesmo.

— Sabe Bella, eu só vim aqui para me desculpar direito com você já que não deixou que eu o fizesse antes. Eu sinto muito por ter dito aquilo para você, e por ter cogitado e colocando em prática a idéia de que eu talvez fosse preferir outra sem ser você. Sério, desculpe-me por isso, e se eu vou ter outra namorada, ela vai ter que te aturar. — Ele tocou meu braço coberto pelo casaco levemente, fazendo-me levantar meus olhos para ele.

Riley sorria quase envergonhado.

— Não deve ser uma tarefa muito difícil me aturar. Eu nunca fiz nada contra nenhuma de suas namoradas que eu conheci. — Defendi-me depois de um tempo calada. — A não ser aquela que disse que eu era um encosto e eu fiquei calada na hora. — Um sorriso maléfico nasceu em meu rosto.

— Foi você…? — Indagou pasmo.

Eu assenti, mordendo meus lábios.

— Aliás, o cabelo dela não ficou com aquele cheiro horrível por nenhum motivo.

— Eu acabei com ela por causa daquilo! — Exclamou ele, rindo.

— É… eu realmente não esperava isso. Mesmo. Que homem fútil você era, Riley! Acabar o namoro com ela só por causa de um cheiro de cabelo, não foi minha culpa.

Ele somente fez um sinal de positivo com o rosto, concordando com o que eu havia dito. Quando ele foi embora, voltei a me enrolar em minha manta, quase tremendo de frio — quando eu enjoei daquilo, peguei outra manta para me enrolar.

A noite foi uma merda, eu não dormi nada e me revirei na cama à noite toda. Como eu deixei a enorme cortina levantada, eu percebi quando o céu escureceu mais ainda, e clareou anunciando a entrada para a madrugada. Um dia de sol — eu pensei às cinco da manhã, assim que senti minhas pálpebras pesando.

Foi um sono escuro, sem sonhos alguns. Eu acordei atrasada às 11h30min, com o barulho do interfone tocando desesperadamente. Proferi alguns resmungos antes de atender com a voz irritada e sonolenta.

— Deixo Edward Cullen subir? — O porteiro indagou com seu constante mau-humor que me fazia querer dar um murro em sua cara toda vez que ele falava grosseiro comigo. Se fosse meu pai, eu tinha certeza que ele estaria com sua cortesia que não era nada forçada.

Minha voz ficou incrivelmente mais doce ao falar a seguir.

— Sim, sim.

Ele desligou sem me responder e eu bati o telefone com força. Corri até meu quarto, prendendo meu cabelo impossível em um rabo-de-cavalo, escovando os dentes rapidamente, mas eficiente e jogando água em meu rosto, o limpando em uma toalha branca qualquer que encontrei no banheiro.

Corri até a porta, checando o olho-mágico. Edward já estava parado lá, com as mãos dentro dos bolsos das calças e seu maxilar perfeito que me enlouquecia. Tudo bem, talvez eu estivesse muito hiperativa hoje — controlei-me, respirando duas vezes fundo antes de abrir a porta para Edward, com um sorriso cortês e tímido no rosto.

— Hey. — Lhe sorri boba quando ele encaixou suas duas mãos em minha cintura, fechando atrás de si a porta.

Edward não falou nada enquanto sorria torto para mim — meu sorriso, meu, meu, e faria questão de repetir isso um milhão de vezes — e me fitava por alguns segundos. Ele colou seus lábios nos meus depois de alguns minutos olhando-me como se eu fosse algo que ele nunca tinha visto na vida.

Não foi um beijo muito demorado, apressado ou qualquer outra coisa. Foi perfeito, para mim pelo menos.

— Você está atrasada. — Ele sussurrou, passando o nariz por meu pescoço. — Como você pode ser tão cheirosa quando se acorda? Alguém já te disse isso? — Indagou, aspirando o cheiro, agora, de minha bochecha, descendo novamente para meu maxilar.

— Não, ninguém nunca me disse. — Arfei e o empurrei delicada para que ele soltasse minha cintura e me deixasse tomar banho antes que fosse muito tarde para ir à casa de vovó. — Sinta-se a vontade enquanto eu arrumo-me, ok? Não vou me demorar muito, não fique com essa cara tediosa. — Voltei até onde ele estava e beijei-lhe os lábios rapidamente.

— Se demorar mais um minuto aqui, acabaremos chegando à casa da sua vó às duas da tarde, Bella, ande, ande! — Ele ordenou, e sentou-se no sofá.

Fiz uma carranca.

Assim como eu havia dito, demorei menos que vinte minutos para me arrumar, disparando rapidamente de um lado para o outro no meu quarto. Demorei dez minutos para tomar banho e outros dez minutos para escolher uma roupa decente e me vestir com a mesma. No final de tudo isso, eu ainda tive que colocar alguma coisa no meu rosto e finalmente sair, apressada enquanto colocava meu celular dentro da bolsa.

— Vá comer algo, Bella. — Edward me repreendeu assim que eu abri a porta do apartamento. — Não venha dizer-me que está sem fome. Vá comer. — Interrompeu-me quando eu abri a boca para argumentar.

— Vamos gastar muito tempo. — Tentei.

Ele revirou os olhos, levantando-se e andando até onde eu estava parada, com as sobrancelhas erguidas. Eu pensei que ele fosse me beijar do tanto que estava próximo, porém quando percebi já estava sendo puxada pelo casaco para a cozinha. Em vez de ficar com raiva dele, apenas ri bobamente, soltando meu casaco de sua mão apertada.

— Não há nada que eu me interesse em comer. — Murmurei soltando a caixa de cereal e fazendo uma careta. — E não tem nada a ver com a minha Bulimia, antes de eu tê-la eu também não comia tanto quanto você está me forçando. Olhe só, eu já estou começando a ficar gorda. Vê isso?

— Gorda? — Ele ergueu as sobrancelhas, incrédulo. — Bella, você não está gorda. Você está… — Ele se interrompeu olhando para minhas bochechas coradas enquanto ria. Ele se aproximou de mim, cauteloso como se eu fosse correr amedrontada a qualquer momento. — Como posso dizer sem que você exploda de tanto corar…? Você está o meu tipo certo de mulher. — Murmurou em meu ouvido.

Eu sorri ainda corada.

Edward tinha feito uma gororoba com café, Nescau e leite, eu nem ousei perguntar o que ele estava fazendo, apenas o bebi, me surpreendendo que aquilo fosse bom — muito bom, na verdade. Eu esperava que ele viesse fazer isso para mim mais dias, assim eu não teria que comer o cereal o qual eu já estava enjoada.

— Era como que você chamava a minha obra de arte? Gororoba? — Indagou Edward, sorrindo maliciosamente para mim assim que viu que eu tinha tomado tudo que tinha no copo.

— Não se ache muito por isso. — O adverti, sorrindo petulante para ele.  

— Você acha que sua vó se importará… de eu ir com você? — Indagou novamente com aquele medo bobo que eu o havia dito para não ter.

Eu sorri para ele, bagunçando seus cabelos enquanto levantava-me da mesa e negava com o rosto.

— Eu liguei para ela assim que você decidiu que iríamos hoje. Ele ficou feliz que eu tenha “saído do mar dos mortos” mesmo eu não contando que você e eu…

— Namoramos. — Ele completou quando eu parei.

Eu assenti, contendo dentro de mim a alegria súbita que eu tive quando o ouvi falar aquilo. Bom, não era comum que eu e Edward nos referíssemos a nosso namoro com essa palavra, geralmente usávamos “algo escondido” ou alguma coisa sem ser um relacionamento tão concreto quanto um namoro em si.

Baixei meu rosto, para não o mostrar o quanto eu estava com o rosto vermelho, e o quanto o meu sorriso era bobo o bastante para que eu pudesse me passar por uma retardada mental sem muitos problemas. 


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Notas finais do capítulo

Se tiverem comentários, postarei mais rápido.