Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 21
Capítulo 20 — Indisposição


Notas iniciais do capítulo

Preciosas do meu coração ♥ aqui está mais um capítulo e espero que gostem. Mesmo. Fico tão felizes quanto comentam, srsly, adoro ler o que vocês estão achando. O próximo capítulo é o meu favorito ♥ ♥ ♥ e esse capítulo é... meio calmo, psé.



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— Você vai me amar quando eu… estiver feio? Sem cabelo algum e careca?

As palavras de Riley martelavam em minha cabeça enquanto eu tentava dormir, enrolada com uma manta grossa demais para o frio ameno que estava fazendo. Eu ainda me perguntava por que eu me lembrava disso. Era para me torturar, no mínimo. Cada palavra dele me causava um espasmo de uma dor já conhecida.

Agora eu poderia enxergar claramente que naquele momento ele sabia que não iria sobreviver a tudo aquilo que estava passando, aquele foi um blefe ótimo para que eu não me preocupasse ou me machucasse antes da hora. Eu deveria esperar isso vindo dele, Riley sempre fora de se machucar para não machucar outras pessoas.

Aquela insegurança que eu pensei ser birra… foi somente o estresse da notícia. Naquele dia, ele não se importou se eu deixei de ir ou não na casa de Alice, aquela reação foi um reflexo de todas as notícias que ele recebera no dia. Era muita coisa para uma pessoa assimilar como ele estava fazendo naquela hora.

A enfermeira estava esperando na porta, não estava impaciente, estava somente cumprindo o que Riley a pedira por alguns míseros segundos. Quando a mão dele tocou a minha, estava gelada demais para estar em um estado normal. Não estava normal, ele estava morrendo. Aos poucos, dolorosamente. Riley estava sendo mais uma vez forte além da conta.

— Quero que me faça um favor, Bells. — Ele disse rápido, com a voz fraca. — Prometa-me.

E então impulsivamente eu assenti com o rosto, desesperada.

— Você não tem que sofrer por isso mais que o normalquero que encontre alguém, certo? Alguém que te faça feliz e que… — Ele tossiu e pelo canto do olho, vi a enfermeira se aproximar cautelosamente da maca. — seja bom para você. Lembra-se de como Edward te fez bem? Então…

— Não. — Sussurrei negando com o rosto. — Eu amo você.

— E eu lamento tanto estar te machucando com isso. Se eu soubesse nunca…

— Não continue, por favor. — Pedi.

Abaixei meu rosto e toquei delicadamente meus lábios com os seus.

— Eu te amo. — Sussurrou.

Espremi meus olhos, em agonia. Eu não iria chorar agora, tinha certeza. Com o passar do tempo minhas lágrimas secaram para certos tipos de memórias, mas isso não significava dizer que eu estava isenta do quão desgastada internamente eu ficava quando tinha um flash como esse. Lembrar-me de Riley doía.

Para tentar esquecer isso somente por essa noite, liguei para a mamãe porque falar com ela sempre me animava um pouco a ponto de me fazer sorrir com sua cabeça de vento. Sempre que eu estava com essas memórias em minha mente, ligava para ela, não importava a hora, porque parte de mim nunca conseguiria odiá-la, apesar de tudo que ela já errou.

Eu nunca ficava com raiva de ninguém mesmo. Talvez esse fosse meu grande problema, eu deveria ser menos… besta quando se tratava disso. Isso muitas vezes me machucava.

Renée conversou comigo até eu mesma dizer que estava com sono e desligar porque senão ela não pararia de falar como estava sendo ótimo viver com o seu namorado. Phil era realmente bom para a minha mãe e eu não tinha o que reclamar dele. Ele sempre foi muito bom para Rose também, lhe tratava como se fosse sua filha de verdade, e comigo era a mesma coisa.

Sendo que na minha cabeça infantil de criança de sete anos, eu ainda queria que Charlie e Renée ficassem juntos, mesmo sendo impossível a essa altura do campeonato. Eles pareciam bem demais com quem eles estavam no momento, embora eu gostasse de pensar que eles seriam melhores juntos.

Sue não era boa o bastante para o meu pai, ela era fria demais. No enterro de seu filho, ela não chorará uma lágrima sequer. Uma lágrima de piedade ou até mesmo uma tristeza fingida, enquanto eu não conseguia sequer parar de soluçar. Tinha-se muita coisa a ser pensada nessa história toda.

Era uma terça-feira e eu estava voltando da faculdade sozinha quando avistei alguém sentado na escada que ficava do lado do apartamento em que eu morava. Imediatamente parei com medo que fosse algum assaltando ou algo desse tipo, entretanto logo reconheci os cabelos bronze de Edward.

Perguntei-me de que modo ele passara pelo porteiro sem ser barrado, mas logo deixei isso de lado e me concentrei em saber o que é que ele queria aqui já que Alice estava mais uma vez na casa de Jasper. A resposta não era nem um pouco legal para o meu lado, e enquanto suspirava, mordendo meus lábios, decidi que daria uma trégua por hoje.

Eu estava cansada o bastante para brigar ou ser irônica.

— Alice está na casa de Jasper. — O informei logo de cara para ver se ele desistia e me deixava dormir porque era o que eu queria fazer no momento.

— Não vim procurar por ela. — Ele respondeu sorrindo de um modo que eu sabia que não era cínico ou malicioso. Era um sorriso simples, normal, quase chegava a ser decente. — E oi pra você também, Bella.

Eu sorri simplesmente para ele, abrindo a porta do apartamento com a chave que estava no cordão de prata no meu pescoço. Percebi que Edward ao meu lado estava avaliando a sala e me olhando como se estivesse ao mesmo tempo percebendo algo que não sabia sobre mim. Eu era tão tediosa que não se tinha nada a ser descoberto sobre mim, mas Edward parecia ver algo.

Eu me cansei de seu olhar e o olhei também, com o olhar enfadonho sobre ele.

— Está muito cansada da faculdade? — Perguntou ele.

Assenti, suspirando.

— Desculpe a minha grosseria, mas o que você quer aqui? — Indaguei, franzindo minhas sobrancelhas.

— Estava tedioso demais no meu apartamento, então eu decidi vim aqui. — Ele disse como se fosse a coisa mais normal do mundo. — Quer que eu vá embora? — Ele segurou a porta que eu estava prestes a fechar.

— Por uma parte eu quero dormir e por outra eu não quero ficar sozinha o dia todo, então… não sei… você quem sabe. Faz o que achar melhor ou sei lá. Alice só chega amanhã, de qualquer jeito.

— Não estou aqui por Alice, já disse. Estou aqui por causa de você. — Ele disse diretamente, fazendo-me bufar.

Minhas bochechas coraram inevitavelmente eu desviei meus olhos para os meus pés, tentando reorganizar meus pensamentos. Apesar de minha idade ser bem diferente de dezesseis anos, eu ainda agia feito uma garotinha sem graça sendo que eu já passara faz tempo dessa parte em que eu ficava envergonhada por tudo.

— Não são bem assim as coisas. Faz três anos que você não me vê, e vice versa. Vimo-nos uma vez… Isso não é muito maduro de sua parte, sabia? Parece até engraçado que uma pessoa de 26 anos faça isso que está fazendo. — Disparei, rindo. — Edward, eu não estou disposta a trazer tudo àquilo de volta. Você deve saber disso.

— Não está? — Ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.

Edward se aproximou de mim até que eu estivesse encurralada na parede que estava atrás de mim. O sorriso que tinha em seus lábios não era malicioso, era a expressão de algum garoto que estava fazendo algo errado. Era de traquinagem. Uma de suas mãos agarrou o fim da manga de meu casaco pesado e me puxou para perto, nunca quebrando a nossa troca de olhar. Ele estava tão perto que eu podia sentir seu hálito doce em meu nariz.

Engoli em seco, com as bochechas queimando e tentei fazer com que meu cérebro voltasse a funcionar e me tirasse dali, daquela emboscada. Ele era o caçador e eu era sua presa, como sempre. Não tinha nenhum personagem menos frágil para que fosse; eu sabia. Como se não tivesse pensado, aproximou seu rosto do meu como se fosse mesmo me beijar, embora soubesse que sua vida corria risco se ele fizesse aquilo sem eu querer. Eu não queria, e apesar de estar imóvel, estava fumegando de raiva.

— Pare com isso. — Murmurei, pondo uma mão em seu peitoral e o afastando.

Eu sabia que se ele quisesse continuar com aquilo, ele poderia, pois a força que eu usara para afastá-lo fora mínima.

— Não teve graça alguma. — Disse quando um sorriso satisfeito cintilou em seu rosto.

— Você não mostrou oposição.

— Edward — Eu comecei pacientemente. — Eu não quero… você não entende? Eu já disse isso um milhão de vezes, mas você se faz de surdo quando eu falo. Podemos ser amigos, tudo bem, e é só isso que eu tenho a oferecer.

— Então por que não saímos hoje… como amigos? — Perguntou.

Ergui uma sobrancelha, desconfiada.

— Como amigos. — Frisei.

Ele assentiu sorrindo.

— As sete, então. — Disse retirando as mãos da parede, me deixando sair e respirar aliviada. — Não se atrase.

Quando Edward saiu do apartamento, não acreditei que eu ainda tinha a coragem de sair com ele quando, na verdade, não queria abrir chance para ele entrar e me fazer de besta como há muito tempo fizera. Porque, de qualquer jeito, eu era sensível demais quando ele começava a agir daquele modo. Atencioso.

Bufei com raiva de mim mesma e coloquei para esquentar um hambúrguer que tinha dentro do freezer. Depois que comi, fui direto para cama e dormi rapidamente, como se estivesse há séculos sem o fazê-lo. A faculdade estava acabando com as últimas forças que eu ainda possuía dentro de mim, e isso não era uma coisa boa.

Eu queria férias o mais rapidamente possível.

— E então…? — Alice começou maliciosa quando ligou para saber se eu ainda não tinha explodido o apartamento. — Você e Edward vão sair, é? — Perguntou e apostava que nesse momento ela enrolava seu cabelo curto em seus dedos.

— Como você sabe? Ele te falou?

— Eu e Edward não temos segredos. E ainda mais quando é um assunto tão importante como esse… — Ela riu cinicamente. — Bella, você deveria dar outra chance para o Edward, eu tenho certeza que você não vai se decepcionar.

— Isso está além da minha capacidade. — Murmurei, revirando meus olhos.

— Então ele por si próprio vai te mostrar que a sua capacidade é o bastante para vocês ficarem juntos. E sabe… eu queria ver… vocês… de novo. Naquela foto na casa de Esme, vocês parecem tão felizes. É uma felicidade quase insana.

— É uma felicidade ilusória. — Destaquei fria.

— Ah claro, claro. Você sabe que não é; se fosse, ele não estaria correndo atrás de novo.

Bufei e esse som foi o bastante para que Alice suspirasse pesadamente.

— Deixa pra lá, ele vai mais ter trabalho do que imaginava pela frente.

Revirei meus olhos mais uma vez.

Assim que ela me deixou respirar e desligar, fui tomar banho e demorei mais que o necessário para sair da banheira que tinha no banheiro de meu quarto. A água quente estava chamativa demais para que eu saísse para o frio que agora me parecia desconfortável. Meu cabelo estava preso em um coque alto e eu ainda estava na banheira quando a cigarra tocou e anunciou a chegada de Edward.

Eu estava atrasada. E era exatamente por isso que eu não gostava de marcar alguma hora certa para sair com alguém.

— Você pode esperar alguns minutinhos ai fora? — Perguntei perto da porta.

Eu não estava pronta, estava somente com o roupão felpudo e preto.

— Por que eu não posso entrar?

— Eu ainda não terminei de me arrumar, Edward. Só são alguns míseros minutos.

Ele suspirou.

Andei calmamente até o banheiro para tirar o sabão de meu corpo e assim que terminei de tomar meu banho, vesti uma roupa qualquer, no entanto arrumada. Eu admitia que talvez não quisesse sair para canto algum, principalmente com Edward, mas se eu queria mostrar que o tinha superado, tinha que fazer alguns sacrifícios como esse.

Sacrifícios? Era um jeito engraçado de dizer que eu estava caminhando para a forca. Eu só esperava que acabasse o mais rápido possível, pois a minha capacidade de agir com indiferença estava enferrujada pelo tempo a qual eu não a usava.

— Pensei que demoraria mais uns míseros minutos para se arrumar. — Edward disse ironicamente.

Bufei, revirando meus olhos enquanto o avaliava. Ele não estava feio, estava no mínimo normal. Não que fosse possível em algum futuro próximo ele ter a possibilidade de ficar feio, era só que eu já estava acostumada com o tanto que ele era bonito além da conta. E agora estava mais com o maxilar mais demarcado que o normal.

— Bella? — Chamou-me, erguendo as sobrancelhas.

— O quê?

Ele sorriu torto. Não cínico, o sorriso torto que ele costumava dar antigamente.

— Você está bonita.

Só por ser rabugenta, fiz uma carranca e o olhei incrédula por alguns segundos.

— Eu estou normal.

— Se você diz… — Ele deu de ombros e não discutiu.

Mas Edward continuou sorrindo por mais segundos. O sorriso dele me fez perceber que eu não negara que estava bonita, eu fizera apenas dizer que o fato de eu estar bonita acontecia todo dia, já que todos os dias eu estava normal. Bufei para mim mesma, pegando minha bolsa e fechando a porta do apartamento.

A rua estava livre, o que era estranho. Dias de terças-feiras a rua não era movimentada como sexta-feira, entretanto com certeza era mais do que estava agora. Eu tentei me distrair com isso, para disfarçar o quanto eu estava desconfortável andando no carro de Edward como se isso tudo fosse normal. Sendo que não era, era um erro não tão diferente do de três anos atrás.

Naquela época nós não podíamos ficar juntos por causa das idades mais distintas que o normal, e agora era porque eu não queria. Não ao pé da letra. Era… complexo demais até para eu mesma entender o que se passava no momento.

Tudo bem, eu queria Edward. Queria o quanto ele era atraente e atencioso. Mas e as outras coisas as quais eu não conseguia esquecer? Elas não sairiam da minha mente tão facilmente. O caráter dele não era um artigo que fosse encoberto por sua beleza. E tudo que eu queria no momento era não me machucar por causa de pessoas.

— O que você está pensando? — Perguntou.

Olhei para ele por alguns segundos e desviei os olhos para as minhas mãos cruzadas em cima da perna.

— Nada de importante.

— Como o quê? — Insistiu.

— Faculdades, coisas sem importância.

Ele franziu o cenho e me olhou quando o sinal se tornou vermelho. Minhas bochechas também se tornaram vermelhas à medida que o tempo se passou e ele não desviou.

— Está fazendo faculdade sobre o quê, Bella?

— Direito.

Edward riu de alguma coisa que eu não sabia.

— Você não suportava debater algo! Quanto mais uma faculdade.

— É… eu não sei o que me deu na cabeça para decidir fazer isso. Não é tão ruim quanto parecia na época.

Eu sabia sim o que me dera na cabeça para fazer direito. No momento em que eu fui decidir o curso, eu estivera tão desesperadamente dependente de Riley, que escolher o curso que ele queria fazer fora a única forma saudável de lembrar-me dele. Havia sido imaturidade de minha parte, eu sabia, mas com o passar do tempo eu realmente gostei de cursar aquilo.

Era óbvio que eu não comentaria isso. Não agora, pois eu pareceria uma maluca doentia, eu tinha certeza.

— Cinema? — Perguntei, erguendo uma sobrancelha e sorrindo divertidamente para Edward. — Você não gosta de cinema.

O shopping estava vazio e a maioria de sua população era idosa e casais apaixonados que distribuíam seu amor por todo canto, para todos verem. Isso era tão… ridículo, as pessoas de Bristol deveriam ser mais discretas em seus relacionamentos. Era mais como se eles quisessem mostrar para outras pessoas com quem eles estavam.

— Eu tive bastante tempo de tédio, Bella. Eu aprendi a gostar e… não é tão ruim assim. É bom, na verdade. E você gosta.

— Faz tempo que eu não venho a um. Nunca tenho tempo ou com quem ir.

— Eu não acredito na última parte. Aposto que já te chamaram para sair.

Eu sorri olhando para baixo.

— Ninguém interessante para ir ao cinema. — Dei de ombros.

Pelo canto do olho, o vi sorrir com um pingo oculto de orgulho. Desviei meus olhos dos pés para o olhar, perguntando com os olhos se aquilo me deixava parecendo alguém muito estranho para se sair. Aliás, por que eu estava tão preocupada com isso? Eu queria acabar o mais rápido possível.

— Continua não tendo?

— Sim.

Dessa vez, ele riu com o meu tom normal de dizer.

Eu sou desinteressante?

Eu não acreditava que ele estava me perguntando uma coisa daquelas. Era tão… pessoal, ele não tinha o direito de querer saber o que se passava por minha cabeça.

— Não muito. — Finalmente respondi, corando e baixando os olhos. — É quase normal. — Murmurei e olhei o sorriso convencido que tinha em seu rosto. Ele me lembrava de Glastonbury, quando ainda éramos idiotas e bestas, fingindo-se de apaixonados quando o que tiveram fora no mínimo uma atração. — O que faria se eu dissesse que você é?

Ele sorriu de novo, dessa vez mais largamente.

— Fingiria que acreditei na resposta e não pagaria a sua entrada para o cinema por birra.

Eu ri, erguendo as sobrancelhas.

— Não preciso do seu dinheiro para entrar em uma sala de cinema, eu vim preparada para pagar qualquer coisa. Ou seja… seria a coisa mais normal do mundo.

— Não seria normal para mim.

— Pra quem emprestou o casaco para uma desconhecida e ficou no frio, não é normal mesmo. Mas isso… poderia me passar despercebido, para falar a verdade.

Às vezes eu parava para me perguntar o porquê de eu estar colaborando para que o assunto fluísse. Se eu fosse entediante o bastante, ele desistiria de conversar comigo pra sempre e veria que eu não era a pessoa mais apropriada para gastar seu esforço tentando conquistar de novo.

Desde pequena eu aprendera que se uma coisa houvera acabado muito mal, você não deveria insistir nela porque quando você voltasse para a mesma, o estrago ainda estaria lá. Ele não sumiria tão facilmente quanto se pensava. Se você empregasse muito esforço, talvez pudesse amenizar os efeitos, entretanto nunca sumiria de verdade.

Qualquer passo impensado seria o fim de tudo. Uma vez quebrado, sempre quebrado.

Como sabia que eu odiava filmes românticos ou dramáticos, Edward foi mais prático para escolher o que íamos assistir. Não foi totalmente entediante, na verdade… o tédio não fora comum naquele passeio. E mesmo eu me lembrando de cortar o assunto, era praticamente impossível fazer aquilo.

O que estava acontecendo comigo? Eu tinha certeza que eu me lembrava de meu plano inicial, sendo que ele não estava sendo posto em prática. Era minha culpa, eu admitia. E era de Edward também, obviamente, por não deixar o assunto morrer, mesmo no filme. Por que ele tinha que ser tão espontâneo?

Dentro do cinema, ele me olhou de um modo estranho e eu acabei logo com aquilo ao desviar meu olhar, cruzando meus braços firmemente. Nós não iríamos nos beijar no cinema, nós não iríamos nos beijar em nenhum canto porque isso era o certo a se fazer. E eu também não queria… não queria deixar Alice vencer a aposta de que eu ficaria com alguém imperfeito.

O filme pareceu extremamente lento a partir daquele momento, e eu tive que me concentrar no que eu colocaria no trabalho da faculdade para parar de perceber essas coisas. Não funcionou, nada funcionava afinal. Eu estava quase fingindo enjoo para sair da sala de cinema e ficar trancada no banheiro. Seria patético demais, presumi por fim.

Decidi ser matura como eu estava sendo nos últimos dias em que Edward ainda não tinha aparecido e descruzei meus braços, cruzando meus tornozelos, tentando ficar confortável.

O filme foi… interessante. Eu gostara do enredo, de tudo que ocorreu nele e do quanto me fizera pensar sobre o assassino principal quando na verdade, eram vários e todos, no começo, estavam fora de cogitação. Edward também parecera ter gostado, pois quando eu o perguntei sobre, ele demonstrara aprovação ao explicar o que fizera o filme ser bom.

Não estava desconfortável no carro quando fomos para algum restaurante e eu avisara previamente que não queria nada sofisticado demais, porque, de modo sincero e ele sabia que eu não combinava e me adequava muito bem àquilo. Edward sabia disso, já estava dirigindo para algo menos informal.

Ele dirigia da mesma forma de anos atrás. Como um louco quando não tinha trânsito e sorrindo toda vez que eu o mandava diminuir porque não queria morrer cedo. Quase ninguém sabia, mas eu tinha medo de morrer, do que eu encontraria; por isso eu quase nunca mencionava esse assunto com as pessoas.

Como se fosse cavalheiro, Edward abriu a porta para que eu entrasse, puxou minha cadeira e essas coisas que eu não estava acostumada nos últimos anos. Ele fazia isso antigamente? Era difícil lembrar, minha memória sobre o meu tempo com Edward era bastante limitada. Eu tinha me forçado a esquecer de certas coisas para não me machucar.

Se eu caçasse essas “coisas”, eu tinha certeza que lembraria, sendo que eu não queria fazê-lo agora. Não nesse momento.

— Por que está fazendo isso? — Perguntou, franzindo o cenho em minha direção.

— Eu não estou fazendo nada. — Defendi-me primeiramente. — Fazendo o quê?

Ele riu de minha pressa e passou a língua nos lábios antes de continuar.

— Você age como se estivesse pisando em fogo toda vez que fala comigo, cautelosamente. Não me lembro de você ser assim. Na verdade… — Ele riu de lado, olhando para minha mão antes de formar a frase. — Você não pensava antes de falar nada…

Sim, eu me lembrava disso, do quanto eu era… indiscreta quando tinha de falar algo.

— “Você está me falando isso por que eu sou a única garota que teve coragem de falar alguma coisa na sua cara? Ou é por que você não gosta de escutar as coisas de forma sincera e sem nenhum pano para encobrir?” — Ele citou uma frase minha, reivindicando meu olhar.

— É… eu não sei o que deu na minha cabeça para falar aquilo. — Eu acabei rindo. — Não foi muito gentil de minha parte, foi? Sua resposta também não foi uma das melhores, sabia? Você me chamou de desaforada.

— E acrescentei que era uma coisa boa logo em seguida.

— Ponto pra você. — Murmurei, baixando meus olhos.

Ele sorriu torto. Pela primeira vez eu percebi que ele estava sem a barba que ele estivera essa tarde e que seu cabelo estava mais arrumado que o normal para ele, sem claro, deixar o bagunçado de sempre. Se Edward ficasse sério, ele assumiria a idade que tem. 26 anos, quase 27. A camisa escura que ele usava ficava ótima em sua pele pálida, e o fato das mangas se deterem no antebraço me fazia indagar se ele não tinha feito alguns meses de musculação.

Parecia, pelo menos. E talvez eu estivesse notando demais.

— Você não respondeu minha pergunta. — Ele disse me tirando da inércia constrangedora.

— Qual?

— Por que age tão cautelosamente quando está perto de mim?

— Eu fico desconfortável com todas essas suas tentativas de… de… sei lá. — Torci meus dedos e mordi meus lábios ao fixar meu olhar na mesa.

— De te conquistar? — Perguntou, sorrindo malicioso.

— Se você quer colocar as palavras assim, então tudo bem. Eu fico desconfortável com as suas tentativas de me conquistar de novo. Sendo que eu gostaria que parasse com isso. Você falou que seríamos amigos.

— Eu falei que sairíamos hoje como amigos, não que… eu não queira algo mais avançado.

Eu neguei com o rosto.

— Que foi?

Isso não vai dar certo. Você e eu sendo amigos… não soa certo.

— Eu ainda não entendo porque você é tão pessimista, Bella. Isso é de família ou é uma doença?

Eu o ignorei, com os olhos baixos. Ainda não entendia o porquê de ele ser tão irresponsável quando se tratava disso e comigo. A primeira vez nós não nos conhecíamos nem há um mês e agora ele queria apressar as coisas ao extremo. Era óbvio que eu não concordaria com isso, era imaturidade.

Fiz o máximo para sair daquele assunto terrível que envolvia algo que eu não queria conversar no momento, e ele finalmente entendeu o quanto eu estava começando a ficar desconfortável, puxando o assunto para outro lugar. Era ótimo conversar amenidades enquanto esperava o jantar chegar, pelo menos, naquela situação era já que eu estava fugindo de tal coisa.

Conversamos até percebermos que eram onze horas da noite e que amanhã nós precisávamos nos acordar cedo por causa do trabalho e da faculdade. No carro, ele me fizera prometer que isso iria acontecer de novo e que eu não iria fugir dele só por causa das coisas que foram ditas essa noite.

Mesmo eu querendo não prometer, prometi, sabendo que não teria como fugir dele de qualquer forma.

E então eu saí do carro quando ele parou de frente ao meu apartamento.

— Tchau, Edward. Até mais.

— Quando eu te vejo de novo? — Indagou.

Eu hesitei, mordendo meus lábios.

— Não sei… mas eu sei que de qualquer forma, você sabe onde é a minha casa. Não vai ser difícil. — Dei de ombros e sorri antes de fechar a porta de seu carro. 


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Notas finais do capítulo

Awwwww, a Bella tá dando... aos poucos, bem aos poucos mesmo uma chance para o Edward, mas ainda tem muitos problemas vindo por ai. Aguardem, aguardem ]: Team Riley pra sempre, sempre e sempre ♥ Obrigada a quem acompanha, srsly. Comentem, beijos e boa noite ♥