Music In The Dark escrita por LunaCobain


Capítulo 6
Talento


Notas iniciais do capítulo

(Editado em 15/10/2016)



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Anna corria no escuro. Não havia qualquer som, a não ser por sua própria respiração ofegante e passos apressados. Não tinha nada ali, ninguém para ajudá-la. Não era possível avistar coisa alguma na escuridão. Ela não se lembrava do que estava correndo. De repente, ela conseguiu distinguir, contrastando contra o escuro, uma máscara branca. Era o Fantasma da Ópera! Bem ali, na frente dela, se aproximando até que seus rostos ficassem a poucos centímetros de distância. A menina não sabia se deveria sentir medo ou excitação. Será que ele estava prestes a beijá-la? Então, sentindo uma forte pressão em seu pescoço, Anna estava sufocando.

Anna acordou assustada, a respiração descompassada. O dia anterior causara nela mais impacto do que ela imaginava. Depois de se recompor, ela levantou - sem fazer barulho, para não acordar Madame Giry, mas então notou que a senhora já saíra do quarto - e pegou um vestido no armário com as roupas que Meg e a mãe lhe tinham cedido. Ela se vestiu e saiu do quarto, embora ainda não soubesse ao certo como se localizar em meio a tantos corredores.

(N/A : Quem quiser ver a roupa da Anna, tá aqui:

http://www.polyvore.com/cgi/set?id=48219400&.locale=pt-br )

Por sorte, Lui não estava muito longe do quarto de Madame Giry, de modo que Anna conseguiu encontrá-lo sem dificuldades. Ele parecia já estar mais familiarizado do que ela com a Ópera.

—Bom dia, Anna. – ele cumprimentou sorrindo, aproximando-se dela.

—Olá, Lui. Dormiu bem?

—Sim! Já nem me lembrava como era dormir em uma cama. E você?

Anna apenas chacoalhou os ombros em afirmação, embora não fosse totalmente verdade. Não conseguia tirar o pesadelo da cabeça. No entanto, dormir em uma cama realmente tinha sido uma experiência deleitosa. Ela mudou de assunto.

—Soube alguma coisa sobre Raoul e Christine?

—Na verdade, sim. - Lui disse, parando de andar. -Ela e Raoul foram embora.

—Para onde?

—Não faço ideia, mas imagino que eles foram o mais longe possível daqui. Eles querem se casar. Christine estava apavorada quando finalmente reapareceu. Não parava de tremer. Imagino o que aconteceu para deixa-la assim. – Lui nada sabia sobre os acontecidos do dia anterior. Ele vira a peça, óbvio, e imaginara que o tal Dom Juan, que sumiu com Christine, fosse o Fantasma de que Meg falara, embora à princípio não tivesse acreditado em sua existência. No entanto, ele nada sabia sobre Raoul quase ter morrido e sobre Christine e sua relação com o homem a quem chamava de Anjo. Anna suspirou.

—Onde você estava ontem à noite? Te procurei depois que o lustre caiu, para ter certeza de que estava bem, mas não consegui te encontrar em lugar algum. Fiquei preocupado.

—Eu... Estava com Meg. – ela não sabia ao certo como explicar os acontecimentos da noite anterior. Não sabia nem mesmo se deveria dizer qualquer coisa.

Onde?

—Eu não sei exatamente onde, Lui. – ela suspirou -Nós seguimos a mãe dela. Meg queria falar com o Fantasma, eu acho.

—Ela conseguiu?

—Não, ele não queria conversar.

—Mas ela voltou mais rápido do que você.

Anna fechou os olhos e respirou fundo, soltando o ar em mais um suspiro de irritação.

—É. Eu não sabia voltar. - Lui levantou a sobrancelha visível. –Meg se assustou e saiu correndo. Eu não consegui acompanha-la, e o Fantasma acabou por ter que me trazer até aqui.

Lui soltou o ar devagar, parecendo preocupado. Se o Fantasma fosse perigoso, como os moradores do Teatro acreditavam, Anna poderia correr riscos ficando perto dele. Silêncio formou-se entre os dois amigos e eles foram incapazes de quebra-lo.

—Anna! – eles ouviram uma voz no fim do corredor, aproximando-se. Era Meg. –Eu fiquei preocupada com você. Lui, será que pode nos deixar a sós por um momento?

O garoto mascarado olhou-a por um momento, curioso. Por que ele não poderia presenciar a conversa entre as duas meninas? Acontecera algo além do que Anna lhe contara? Ele não gostou da situação, mas consentiu e deixou-as.

—O que aconteceu depois que eu saí? - Meg sussurrou.

—Nada.

—Nada? – a loira perguntou surpresa. Anna parecia bem, o Fantasma provavelmente não a machucara.

—É.

—________________________________________________________

Naquela mesma tarde, Anna estava sentada vendo Lui tentar tocar violão, quando Madame Giry entrou no quarto.

—Anna! Como você já sabe, Christine foi embora.

Anna assentiu, sem entender a relevância daquilo.

—Ela deixou o quarto dela livre... De modo que me vejo no direito de cedê-lo a você.

—Obrigada, Madame Giry! – a menina agradeceu, contente com a notícia embora os lábios não sorrissem. Nunca tivera um lugar só pra ela, onde pudesse ter alguma privacidade. -Isso é ótimo.

Madame Giry sorriu e deixou o quarto, fechando a porta atrás de si. Lui continuou a tentar tocar. Ele estava tentando tocar uma música que eles ouviram no dia anterior, na ópera do Fantasma, mas era quase impossível reconhecer a melodia. Os acordes estavam todos errados.

—Lui, não está dando certo. – Anna falou baixinho. Não queria ter que dizê-lo, mas aquela confusão de notas era insuportável.

—Eu sei, só não entendo o porquê. Antes dos meus pais morrerem, eu fazia aulas de violão.

—Posso tentar? - Anna perguntou, ao passo que Lui deu um olhar irônico.

—Pode tentar, mas eu realmente não acho... - o garoto foi interrompido por Anna, que já tinha tirado o violão de suas mãos e o segurava, tentando lembrar a melodia

—Shh.. - Anna murmurou, e então começou a tocar.

Lui ficou ligeiramente boquiaberto.

Embora ainda não fosse muito harmonioso, o que Anna tocava estava, com certeza, mais fácil de reconhecer do que a bagunça sonora que Lui antes fazia. Agora a melodia começava a se assemelhar àquela que eles ouviram no tinha anterior.

—Quais notas você está usando? – o menino mascarado perguntou, curioso, sem entender o que tinha feito de errado.

—Não sei. - ela murmurou, dando o violão de volta para ele.

Eles ficaram a tarde inteira juntos, apenas sendo interrompidos por Madame Giry, lembrando a Anna que ela tinha que levar seus poucos pertences para o quarto de Christine. Anna assim o fez, deslizando para dentro de uma camisola quando tudo estava terminado e se deitando na cama de penas de cisne. Ela ouviu algumas batidas na porta, que se abriu para deixar a vista uma Meg extremamente agitada.

—Anna, precisamos descer de novo. Precisamos procurar o Fantasma, ele está devastado.

—Não. – Anna disse, obstinada. Embora não acreditasse que o Fantasma fosse mal em sua essência, ela não duvidada que ele machucaria quem precisasse para manter sua reputação e afastar quem pudesse se importar com ele. Ela não queria ser essa pessoa. Anna estava com medo.

—Por que não?

—Porque ele não quer conversar conosco. Porque não há motivos para perturbá-lo. E, mais importante, porque se você por acaso sair correndo de novo, eu não quero que ele se veja obrigado a me mostrar o caminho outra vez.

—Ora, Anna, por favor. Eu prometo que não farei isso novamento.

Anna pensou em alguma outra desculpa.

—Olhe! – ela disse, apontando para a roupa que vestia -Eu já estou de camisola. Não é adequado que eu vá até lá assim.

Meg não respondeu, mas se dirigiu para o armário, pegando um roupão de seda azul marinho.

—Pronto, agora você já pode vir comigo.

Meg puxou Anna da cama, ouvindo-a reclamar incessantemente enquanto era empurrada pelos corredores do Ópera Populaire, e pelos túneis escuros que as guiariam até o covil do Fantasma da Ópera. Elas entraram por uma passagem por onde não precisaram passar pela água, mas para isso elas tiveram que passar pelos subsolos escuros, até o terceiro, e se espremer entre um suporte e um dos cenários de Rei de Labore. Pulando um metro e meio depois de terem aberto uma passagem na parede de pedra, elas estavam dentro dos domínios do Fantasma.

Meg continuou a puxá-la até que elas avistassem uma silhueta escura.


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