A Tempestade escrita por hgranger


Capítulo 1
Capítulo 1 - Noite de Aniversário


Notas iniciais do capítulo

Bom, o primeiro capítulo saiu mais rápido do que eu tinha imaginado, hoje eu tive um tempo livre e a história fluiu rápido.

Espero que apreciem o texto.



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“Em que você está pensando?”

“Na verdade eu estava pensando sobre certo e errado”.

O diálogo soava repetitivamente em minha mente enquanto eu corria na floresta. Correr era a única forma de acalmar meus pensamentos. Eu já estava esperando que Bella me fizesse essa pergunta. Eu não tinha agido normalmente nos últimos minutos. Nada havia sido normal nos últimos minutos. Eu corria, enquanto a floresta passava ao meu redor como um borrão que eu mal percebia. Meu corpo se desviava dos obstáculos inconscientemente, eu não precisava nem pensar.

Ah, o que eu podia fazer agora? Meu peito queimava em chamas. Parei e soquei uma árvore com fúria, toda a fúria que eu tinha acumulado desde o momento em que Jasper perdera o controle e atacara Bella na sala de estar dos Cullen. Saí pela floresta arrancando plantas, dando vazão a toda a violência contida dentro de mim. Aquilo não era justo! Não era justo para ela! Naquele momento em que estava agachado em frente a ela, protegendo-a, eu percebi duas coisas. Eu a amava acima de qualquer coisa – porque eu mataria Jasper se ele chegasse um milímetro a mais perto dela. E eu era um perigo em sua vida, maior do que qualquer outro. Pela segunda vez ela fora ameaçada indiretamente por seu envolvimento comigo e com minha família. Eu não podia tolerar isso. Eu tinha deixado as coisas irem longe demais. Como eu pudera confiar que isso não ia acontecer? Era óbvio que iria acontecer! Como eu pudera ser tão cego?

Tudo estava sendo tirado de mim. Ela era tudo. E o momento que eu sempre temi havia chegado. O momento em que eu teria que deixar tudo que conquistara para trás. A quem eu estava tentando enganar? Eu não era humano! Ela era tão frágil! Se ela morresse por minha causa... Os pensamentos iam se enfileirando e sendo processados em minha cabeça de forma descontrolada. A dor em meu peito aumentava a cada passo, a cada planta, a cada folha destruída. A fúria me tomou, e achei que nunca fosse me deixar. Percebi o que estava fazendo e parei. Sentei numa pedra enquanto o cheiro de folhas quebradas e arrancadas subia ao meu redor, sobrepujando o cheiro verde da floresta.

Como eu podia continuar com ela? Como podia continuar arriscando sua vida? Como...? Ela queria ser transformada, mas... Ela era jovem, ingênua... Não tinha idéia do que era aquilo. Na cabeça de Bella ser um vampiro era uma coisa romântica, um livro do século dezoito, e a realidade era muito mais dura, muito mais difícil. Ela não sabia o que era a fúria, a sede, se tornar um cadáver ambulante, que se alimenta de sangue... Por Deus! Onde Bella estava com a cabeça? E ela ainda queria que eu a perdoasse, como se a culpa fosse dela!

Onde eu estava com a cabeça? Ela não merecia aquilo. Ela merecia uma vida normal, onde o irmão de seu namorado não tentasse arrancar sua cabeça com os dentes por causa de um estúpido corte com papel. Senti os dedos tremendo, tamanha era a força dos sentimentos que me tomavam. Me concentrei para afastar a raiva. Se ainda respirasse, tentaria diminuir o ritmo. Mas nem isso eu poderia fazer para me acalmar. Tentei afastar os pensamentos para longe, lembrar de outras coisas, coisas boas que tínhamos passado juntos. A primeira vez que ela sorrira para mim. A primeira vez que eu a beijara. Funcionou. Os minutos breves que eu havia passado com ela antes de sair, me controlando para fingir que nada acontecera. O beijo que eu me permitira dar nela, até parar, sentindo que o monstro estava tomando conta de mim novamente. Continuou funcionando. Aos poucos a raiva foi sendo substituída apenas por dor.

Depois de me acalmar um pouco continuei correndo, até chegar à mansão. 

Alice – provavelmente – tinha limpado a casa de todas as coisas que pudessem me lembrar que houvera um aniversário lá mais cedo. Apenas o cheiro de bolo, velas apagadas e rosas persistia no ar, mas não importava. Ela estava sentada na escada, me esperando. O resto da casa estava dormindo, ou assim parecia, já que nenhum de nós dormia. Eu conseguia ouvir os pensamentos de Carlisle e Esme, que conversavam em voz baixa no quarto. Ignorei o que eles diziam mentalmente, não queria invadir sua privacidade, apesar da curiosidade. Eu respeitava a opinião deles, e gostaria de saber o que haviam pensado de tudo que havia acontecido. Não havia sinal dos pensamentos de Jasper, Rosalie e Emmet. Eles deviam ter saído por causa de Jasper, levado ele para algum lugar, para caçar, talvez, ou espairecer. Quão pior tudo aquilo poderia ficar? E por que Alice não estava com Jasper?

Não faça isso, Edward. Você vai destruir o coração dela. Ouvi os pensamentos de minha irmã, e baixei a cabeça. Não queria discutir aquilo com ela. Eu estava decidido, se ela argumentasse demais tudo seria mais difícil.

“Alice, você sabe que essa é a coisa correta a fazer. Você viu o que pode acontecer. Todos nós sabíamos desde o início. Fomos tolos em acreditar que podia dar certo”.

Você pode tentar. Tem que tentar, Edward. Eu não vou deixar você fazê-la sofrer desse jeito. O rosto de Alice se contraía em agonia, implorando. Se ela pudesse, estaria chorando. A voz de seus pensamentos estava envolta em lágrimas. Mais uma pessoa que eu fazia sofrer com minha insanidade. Sem que eu pudesse impedir, ela me abraçou com força. Abracei-a em retribuição, com toda a força que eu pude. Assim podia transmitir a ela toda a minha dor. Como eu queria poder fazer isso com Bella! Meus pensamentos se voltavam novamente para ela. Me afastei de Alice com delicadeza e me sentei no piano. Comecei a tocar devagar, depois furiosamente, com uma velocidade que olhos humanos não poderiam acompanhar, talvez apenas sua mente. Deixei que toda a minha dor escorresse pelos meus dedos. Alice ficou em pé atrás de mim, com as mãos nos meus ombros.

Há algo que eu possa fazer para que você mude de idéia, qualquer coisa? Quer ver o que vai acontecer a ela?

Me afastei dela e do piano com repulsa.

“Não! Eu não quero saber, não há nada a saber. Nada, entendeu! Não interfira, Alice, eu preciso fazer isso!” Percebi que estava gritando com ela. Percebi que eu inteiro era um poço de dor, que saía por todos os poros.

Quando você vai dizer a ela?

Parei e pensei por um tempo. “Não sei ainda. Preciso conversar com Esme e Carlisle, e com os outros. Não é só a minha vida e a dela que está em jogo. É a de todos vocês. Mas vou deixar isso para amanhã. Eu preciso pensar.”

Edward... Eu nunca lhe pedi nada a sério... Mas eu peço agora. Reflita bem no que você vai fazer, porque ela... Isso irá partir seu coração. Você vai ter mesmo coragem de fazer isso com vocês?

Olhei para o chão, derrotado. “Eu não sei, Alice. O que você faria em meu lugar? Se Jasper fosse humano, e Rosalie tivesse atacado ele daquela forma, o que você faria?”

Ela ficou em silêncio. Não havia nenhuma resposta que ela pudesse me dar.

“Boa noite, Alice. Amanhã conversaremos todos e tomaremos uma decisão.”

Sua decisão está tomada, Edward. Porque conversar?

“Boa noite, Alice.”

Subi para o meu quarto e fiquei olhando o céu através da janela de vidro até o amanhecer.  

 


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Notas finais do capítulo

Como sempre, críticas, sugestões e elogios são fundamentais para a melhoria contínua da história.

Abração!



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