"O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior." - Alfred Montapert

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(...)

Sentei no capo do Volvo preto e liguei meu Iphone colocando MJ pra tocar mais uma vez.

[...]

Deveria estar ali a um tempo, as pessoas chegavam, mais ninguém interessante. Quem eu queria ainda demoraria pra chegar. Fechei os olhos e cantarolei um trecho de (I like) The Way you love me.

...it won't be long 'til we make vows, I bet ya

Uuuuuuuuuuh uuuuuuh

I thank the Heavens above that I met ya

Uuuuuuuuuuh uuuuuuh

I was alone, there was no love in my life

(I was alone, there was no love in my life)

I was afraid of life and you came in time

(I was afraid of life and you came in time)

You took my hand and we kissed in the moonlight

(You took my hand and we kissed in the moonlight)

Uuuuuuuuuuh

... Não vai demorar muito até trocarmos votos,eu espero

Uuuuuuuuh uuuuuuuuh

Eu agradeço aos céus,te encontrei

Uuuuuuuuuuh uuuuuuuuuh

Eu estava sozinho não havia amor na minha vida

(eu estava sozinho não havia amor na minha vida)

Eu estava preocupado com a vida e você chegou a tempo

(eu estava preocupado com a vida e você chegou a tempo)

Você pegou a minha mão e nós beijamos à luz do lua

(você pegou a minha mão e nós beijamos à luz do lua)

Uuuuuuuh uuuuuuh

Senti um movimento próximo de mim, abri os olhos e vi o carro deles chegando e parando em suas vagas, as pessoas olhavam esperando que eles saíssem de seus carros, para que pudessem invejar sua beleza. Mas eu não estava assim, eu sorria internamente pronta pra esfregar na cara de todas aquelas cheerleaders loucas quem era a gorda aqui.

Continuei sentada no capô e me concentrei na musica. Aquela musica me fazia lembrar de Kidrauhl, mais eu não podia pensar nele agora, eu tinha que me concentrar. A musica acabou e eu ouvi buchichos, olhei pro lado e Chaz vinha em minha direção. Continuei sem esboçar nenhuma reação, nem sorrir.

- Então, a senhorita me daria a honra de saber seu nome? – falou se encostando no capô do carro, ao meu lado.

- Você não sabe meu nome, mais eu era conhecida como estranha antes das férias – sorri sinicamente pra ele e desci do capô. Ele me analisou dos pés a cabeça e mordeu o lábio inferior. Me deu vontade de vomitar. Eu sabia que estava bonita e extremamente sexy, mais eu não queria que viesse dele aquela reação. Apenas uma pessoa eu queria que me desejasse, Kidrauhl.

- Demetria? – ouvi a voz de Justin e me virei, ele assim como seu amigo também me analisou, mas não esboçou desejo, ficou surpreso – Você ta, tão... diferente – me aproximei dele.

- Diz pros seus amigos meu nome, eu gostaria de parar de ser chamada de estranha – sorri sinicamente e caminhei até a entrada do colégio.

Eu estava poderosa eu via isso no olhar das outras pessoas. Eu não quero atenção, eu só quero poder desprezar aqueles que me desprezaram.

E eu estava fazendo exatamente tudo certo até agora. Caminhei até meu armário, tirando o livro da minha primeira aula, bati a porta e me deparei com um “grupo” vindo em minha direção. Era Bryana e suas seguidoras.

- Demetria, você mudou – me virei pra encara-la e sorri sínica

- E você continua a mesma. – completei passando por ela e por suas seguidoras, me dirigi até minha sala, mais uma vez roubando olhares de todos. Eu parecia aluna nova, as pessoas perguntavam umas pras outras quem eu era e quando descobriam ficavam impressionados. Eu nunca me importei em me arrumar pra vim pra escola. Meu all star surrado e minha blusa de moletom eram como um uniforme, cabelo sempre preso e rosto pálido, típico de quem acabou de acordar. Nunca me importei em ser chamada de estranha ou de excluída, mas agora isso me valia alguma coisa, eu finalmente cansei de ouvir piadas maldosas e comentários sobre minha roupa ou o jeito como eu me isolava.

Nunca recebi o olhar de nenhum dos meninos, e também nunca tive amigos, as pessoas tinham medo de falar comigo.

Era ruim ser assim, e só agora eu percebia isso. Eu nunca quis mudar por ninguém, mais a minha aparência valia tanto que eu tive que fazer isso. Minha essência, meu jeito, isso eu não mudaria e nem esconderia de ninguém. Não preciso de ninguém me bajulando ou falando o quanto eu estou linda, eu só quero ser respeitada, do jeito que eu escolher ser.

Percebi que os alunos já entravam na sala, me ajeitei na cadeira esperando o professor. Ele, entrou e me encarou, não sei ao certo mais seus olhos pareciam querer me dizer alguma coisa, infelizmente não consegui decifrar. O professor entrou logo atrás já falando o quanto estava feliz em estar ali. 

A ta, acredito.

A aula passou rapidamente, mais os cochichos sobre mim ainda permaneciam, eu seria mesmo assunto da escola durante um tempo.

[...]

Finalmente era hora do almoço. Deixei os livros no armário e segui pro refeitório, pensei em voltar quando percebi tantos olhares pra mim. Mas eu mudei pra isso, pra deixar de ser invisível e mal tratada, então vamos la.

Comprei meu almoço e segui pra minha mesa, a mesa onde eu sempre ficava, mais ela estava ocupada, um menino. O encarei e ele levantou seus olhos pra mim.

- Essa mesa era sua? – perguntou sorrindo de lado. Ri pelo nariz e me sentei.

- Bom, eu não sei se você quer ficar sozinha, mais eu sou aluno novo e não vou sair da sua mesa. – riu fraco e eu o encarei.

- Por mim tudo bem, mais ninguém nunca sentou nessa mesa. Estranhei que tivesse alguém aqui. Da pra adivinhar que é aluno novo. – abri meu suco e comecei a comer meu sanduíche.

- Então... prazer, Joe – estendeu a mão pra mim sobre a mesa. Larguei meu sanduíche sobre a bandeja e estiquei a mão a apertando. Sorri sem mostrar os dentes, afinal estava comendo.

- Seu nome? – perguntou sorrindo, ele era bonito, realmente um garoto muito bonito. Moreno com cabelos arrepiados e um estilo assim como o meu. Tomei um gole do meu suco e engoli o resto do sanduíche.

- Demetria – falei rapidamente rindo e voltando a comer. Comemos em silencio, mais eu percebi que ele olhava pro lado sempre, provavelmente incomodado com os olhares na nossa direção.

- Demetria – me chamou assim que eu fiz menção de levantar. Assenti pra que ele continuasse – Posso te fazer uma pergunta?

- Já esta fazendo – ri e me sentei novamente

- Por que ta todo mundo encarando agente? – olhei pro lado e percebi que as pessoas olhavam, alguns de costas com as cabeças viradas apenas nos observando. Bufei.

- Não esquenta, é que hoje eu to sendo o assunto da escola

- O que você fez? – fez uma careta

- Mudei – sorri e me levantei. Deixei minha bandeja no balcão e segui pro meu armário. Peguei meu livro da ultima aula, assim que fechei o armário dei de cara com Joe encostado me olhando e sorrindo.

- Menino que susto – falei e passei por ele, desviando. Ele veio atrás e parou ao meu lado.

- Que aula você tem agora? – perguntou enquanto caminhávamos pelos corredores

- Acho que álgebra – continuei meu caminho

- Posso ir com você? – parei no meio do corredor e o encarei.

- O que você quer? – perguntei séria o encarando

- Sou novo, você é relativamente nova pelo que eu soube – riu fraco – Então pensei que podíamos fazer companhia um pro outro – seu sorriso me convenceu, seria bom uma companhia, apenas companhia.

- Por mim tanto faz – ri fraco e continuei meu caminho ao lado do moreno. Aquilo já estava começando a me irritar, as pessoas nos olhando e comentando. Cheguei a minha sala e meu olhar parou no de Justin, ele me encarava. Joe passou seu braços pela minha cintura.

- Vamos nos sentar aqui? – o encarei e assenti, percebi Justin olhar pra Joe e depois pra mim.

Me sentei e parei pra raciocinar o que havia acontecido, talvez Joe não tivesse feito de propósito, talvez.

A aula passou rapidamente, mais eu não consegui me concentrar na aula e muito menos em Joe que fez o exercício sem minha ajuda. Justin estava sentado duas cadeiras atrás, com Chaz como sua dupla, as vezes percebia seu olhar pra mim. Estranho.

Finalmente o sinal bateu me fazendo levantar da cadeira em um pulo só. Peguei minha bolsa e meus livros, me afastei da cadeira e quando ia levantar a cabeça e seguir meu caminho, senti alguém trombar em mim, fazendo meu livro e caderno caírem no chão.

- Desculpe-me Demetria – era Bryana. Eu ainda não entendi por que ela tinha que ser tão chata e implicante, apenas ignorei seu sorriso sínico e me abaixei pra recolher meu livro e caderno. Duas mãos apareceram me ajudando, subi meu olhar e encarei, Justin.

- Obrigada – falei me levantando e ajeitando os livros no braço.

- Deixa que eu levo pra você Demetria – Joe apareceu do meu lado tocando de leve meu braço. Vi Justin o encarar sério, talvez tentando expulsa-lo, alguma coisa assim.

Mas Joe não se intimido e por longos segundos os dois se encararam.

- Eu mesma levo, obrigada – interrompi a breve encarada dos dois, que rapidamente me olharam. Me virei pra sair da sala e respirei fundo tentando afastar qualquer pensamento, de que aqueles dois poderiam estar me disputando.

- Demi – ouvi sua voz e me virei pra encara-lo rapidamente. Ele se aproximou e tocou meu antebraço que envolvia os livros – Você sumiu – respirou fundo, o encarei tentando adivinhar o que ele pensava quando seus olhos caíram pras suas mãos, que estavam em meu braço. Rapidamente as colocou no bolso da calça e me olhou.

- Agente ainda não foi tomar aquele sorvete. – completou assim que Joe parou ao meu lado, sorriu de lado.

- Quando? – perguntei já sem paciência, não estava gostando do jeito que ele e Joe se encaravam.

- Talvez hoje, mais tarde. Pode ser? – sorriu abertamente, eu apenas assenti e prossegui meu caminho. Percebi alguém correndo atrás de mim, quando enfim a pessoa me alcançou tive a certeza de que era Joe.

- Então você e o capitão se conhecem? – parei no meu armário e o abri ignorando os olhos de Joe.

- Sim, eu trabalho na casa do pai dele, cuidando da irmãzinha. – fechei meu armário e encarei Joe.

- O que foi aquilo? Você me pegando pela cintura, encarando Justin, disputando minha atenção? – perguntei tentando me manter calma. Difícil.

- Desculpa – ele rapidamente desviou os olhos e se encostou no armário, fitando algo a sua frente.

- Tudo bem, mas vê se não fica falando de mim por ai – dei um tapa em seu ombro e ri, tentando descontrair o momento. 

Ele estava interessado em mim? Que louco.

Não se isso era uma coisa boa ou ruim. Joe era um garoto bonito, mais eu não queria ninguém agora, um amigo de “verdade” com quem eu posso conversar cara a cara seria bom, mais eu não quero ninguém atrás de mim tentando me conquistar, não agora.

E Justin, por que ele tinha que estar nos meus pensamentos, isso era estranhamente chato, eu não conseguia raciocinar o fato dele e Joe estarem se gladiando por olhar, por mim.

Aquilo era loucura, eu sabia que chamaria atenção, mais a ultima pessoa que eu pensaria que se importaria com isso era Justin, afinal eu já havia o tratado mal, ele sabia como eu era. Mais acho que minha aparência mais uma vez me surpreendeu.

Joe quis me levar em casa, mais eu expliquei que estava de carro, assim finalmente me dirigindo até o volvo preto que me esperava. Destravei o alarme do carro e antes que eu pudesse abrir a porta senti uma mão tocando meu braço. Eu conhecia aquele toque. Por que diabos eu me sinto estranha quando ele me toca?

- O que foi? – perguntei me virando e encarando aqueles belos olhos cor de mel. Era uma das coisas que eu gostava em Justin, alem de sua boca incrivelmente desenhada.

- Eu passo na sua casa as três. Tudo bem pra você? – assenti rapidamente e entrei no carro. Ele se afastou sorrindo, e eu arranquei já me preparando psicologicamente pro que poderia acontecer.