Mil vezes gostoso, lindo, maravilhoso, perfeito... É um sonho? Como um pivete feio daquele vira isso? O sorriso dele? A coisa mais linda do mundo. Ok Paloma, foco, ele é seu inimigo.

Aproximei-me dele que ainda continuava sorrindo e olhando pra mim, ADMITO, ELE É MAIS LINDO, GOSTOSO E PERFEITO QUE O VICENTE.

– Hey Paloma, quanto tempo – Disse Justin bagunçando meu cabelo.

– É, 10 anos – Respondi.

– Vejo que seu cabelo cresceu – Comentou e começou a rir.

Meu Deus, eu to sonhando? Como pode existir tanta perfeição em uma pessoa só? O que aquele menino andou bebendo? Porção mágica da beleza, só pode.

– Sim, cresceu, e não pense que eu esqueci. Vai ter troco – Eu disse e ele riu de novo. Socorro, que risada perfeita – E não chegue tão perto de mim, ainda estou traumatizada por causa daquilo.

– Não precisa ter medo, não sou o mesmo de antes.

Ele pegou a minha mala e colocou no porta malas, logo em seguida entrou no carro na parte do motorista e eu abri a porta do banco de trás e entrei me sentando. Vi uma pessoa sentada no banco da frente do lado do Justin. Ele era moreno e meio carequinha, devia ser o Alfredo.

– Sou o Alfredo – Disse ele tirando minhas duvidas – Prazer em te conhecer, Paloma.

– Igualmente – Respondi.

– Vamos nos divertir durante essas duas semanas – Disse Justin ligando a radio onde tocava musicas eletrônicas.

Bom, parecia que o Justin não iria tornar minha vida um inferno, ou aquilo era um truque, se disfarçava se dizia ser diferente e quando menos se esperava, BOOM, ele atacava. Não pensem que esqueci que tenho que me vingar, porque é isso que vou fazer, mas até que estou com dó de ter que estragar aquela carinha linda de bebe que ele tem.

Mentira, eu não vou estragar a cara dele, seria desperdício de beleza.

Depois de um longo tempo chegamos na casa do Justin que eu percebi ser muito, mas muito grande mesmo. De onde a tia Pattie tirava dinheiro? Sai do carro assim que entramos na garagem e minha tia já esperava por mim, ela me abraçou e disse o que era normal de se dizer, que estava com saudades de mim, de como eu tinha crescido e que estava bonita.

E como sou uma menina educada disse a mesma coisa pra ela.

Ela me apresentou a casa, e por ultimo me levou ao meu quarto me deixando acomodada, pediu para eu tomar um banho e depois sair com o Justin que me apresentaria Stanford e assim fiz.

[...]

– Aonde vamos primeiro? – Perguntou-me Justin.

– Não sei, a qualquer lugar – Respondi meio distraída olhando pela janela.

Sentia falta de casa, não estava com bom pressentimento das coisas que aconteceriam aqui no Canadá, Justin podia dizer que tinha mudado, podia não ser o moleque encapetado que era quando mais novo, mas eu ainda tinha medo.

Vocês podem chamar isso de drama, mais é porque vocês não sabem o que ele fazia comigo.

E pela casa, carros, e a cara do Justin, eu percebi que ele era um total playboyzinho, metido e o popular da escola, ótimo, odeio gente assim, e agora tenho dois motivos para odiar o Justin.

Sentia-me insegura na questão de me vingar do Justin, será que valeria a pena? De acordo com conhecimentos e pelos tropeços da vida, aprendi que a vingança não era algo muito legal a se fazer e que não valia de nada. Vingar ou não me vingar?

Percebi que enquanto estava distraída, Justin e Alfredo conversavam animadamente sobre alguma coisa que eu preferia não saber, assunto de garotos que estão com hormônios aflorados, então com certeza o assunto deles envolvia garotas, sexo, festas, bebidas e outras coisas que eu não era interessada.

– Podemos ir ao Starbucks? – Sugeri.

– Ótimo – Respondeu os dois.

[...]

Chegando ao Starbucks, Justin e eu fomos sentarmos a uma mesa enquanto Alfredo ia buscar os pedidos no balcão. Sentia-me estranha, engraçado era que primos normais começariam a conversar sobre o passado e as brincadeiras de quando eram crianças, mas eu e o Justin não, eu não queria tocar no assunto de passado, pois coisas horríveis e humilhantes aconteceram comigo, e parecia que Justin também não queria.

Alfredo chegou com os 2 cafés, um pra mim e outro pra ele, e então ele começou a conversar animadamente comigo, como se nos conhecêssemos a muito tempo atrás, como se fossemos melhores amigos.

Conversamos sobre musica, esporte, cinema, livros e tudo o que se pode imaginar, Alfredo era uma pessoa engraçada e que adorava falar, porque na maioria da conversa era ele quem mais falava.

– Sabe um filme que estava em cartaz semana passada? – Perguntou-me Alfredo.

– Qual? A hora do Espanto?

– Cara, esse mesmo, assisti no cinema com o pessoal, muito bom.

– Eu também assisti, é muito bom, o cara mais engraçado é aquele que se dizia matar vampiros, mas na verdade não fazia era nada – Falei rindo me lembrando do filme.

Alfredo começou a falar do filme e voltei a minha atenção para o Justin, que estava com os olhos totalmente fixos em mim, a assim que nossos olhos se encontraram, eu gelei e um flash back veio em minha cabeça.

~ Flash Back On ~

Era natal, e toda a família estava reunida na sala de jantar conversando, cantando, rindo, dançando e fazendo coisas que família faz quando estão reunidas. Paloma estava sentada em um canto no sofá, quieta e com medo, sim, com medo do Justin e do que ele poderia fazer com ela naquela noite.

Justin sempre aprontava com Paloma, não coisas do tipo macabro e de sair sangue, mais de coisas que deixavam Paloma irritada e com “traumas”, coisa de criança.

– Vai ficar quietinha ai no canto, priminha? – Justin sentou-se ao lado de Paloma que se encolheu no canto do sofá – Relaxa, não vou fazer nada com você essa noite...

Paloma sorriu aliviada, pelo menos ele não iria aprontar nada com ela, aliás, ele tinha coração, coisa que Paloma sempre duvidou, e como era natal, tempo de prosperidade e felicidade, Justin resolveu deixá-la em paz.

– Tenho até um presente de natal para você, está dentro do seu quarto, vá lá buscar – Completou a fala.

A garota levantou-se do sofá feliz e andou até o seu quarto, a porta estava fechada, então a abriu e teve uma grande surpresa. Um balde de trigo com água, pena de galinha e ovos foi parar direto na sua cabeça.

Gritou, gritou muito alto, o mais alto que conseguia. Como ela tinha sido ingênua a ponto de acredita que Justin tinha um presente pra ela? Como havia acreditado que ele tinha mudado de uma hora para a outra?

Sua roupa estava toda suja, o vestido novo que acabara de ganhar de presente de sua avó estava totalmente destruído.

– Justin, eu te odeio – Gritou.

Paloma correu para dentro do banheiro e lá se trancou, sua tia a chamava na porta e pedia para abrir, mas a única coisa que Paloma fazia era se encostar na parede do banheiro e chorar.

~ Flash Back Of ~

Aquelas lembranças invadiram a minha mente, o pior natal da minha vida. Lembro-me do olhar sínico que Justin me lançou quando sai do banheiro naquela noite, ele havia ficado de castigo, mas castigo era pouco para ele.

E olhando ali, para aquele garoto que aprontou tudo o que se pode imaginar comigo, sentado ao meu lado e me olhando fixamente com aqueles olhos cor de mel brilhante a raiva tomou conta de mim.

Levantei-me da cadeira e joguei meu café na cabeça do Justin.

– AI MEU DEUS, TA QUENTE, MUITO QUENTE! – Justin levantou-se gritando e foi correndo para o banheiro.

Me vinguei, daquela noite, e dentro do meu peito senti um alivio enorme, olhei em volta e todos do Starbucks me olhavam atordoados e com olhos arregalados.

Então me senti um lixo.

– Paloma? Porque você fez isso? – Alfredo ao meu lado me olhava com cara de espanto e medo.

– Vingança.