Na manhã seguinte Frank parecia um fantasma. Havia acordado várias vezes durante a noite e em meio de choros e caminhadas pelo quarto escuro. Ele acabou por dormir apenas poucas horas. 

Brian e a esposa preparavam as malas. Faltavam poucos dias para que a criança nascesse e eles precisavam estar em casa logo. Frank observou a familia se movimentar no hall da sala quieto, depois do café da manhã. O dia estava frio e nublado, a chuva era fina, mas caia em abundancia, provavelmente um dia de caos em aeroportos, porém Iero mal cogitava a ideia de vôos cancelados, pelo menos não hoje, para sua sorte.

-Eu quero ir também - ele declarou baixo de forma que só foi ouvido um zumbido no cômodo.

-O que foi querido? - Linda chegou perto do filho observando a face pálida e os olhos arroxeados.

-Quero ir embora com eles, quero ir para Washington.

Todos ficaram em silêncio. Linda foi até a conzinha, pegando uma água com açucar e um calmante, voltando-se em direção ao filho.

-Meu querido, você está no meio da escola, seu irmão vai estar todo complicado com o bêbe, eles não tem acomodações... Se acalme, tudo passa! - ela disse calma entregando o comprimido e a água ao filho. Frank botou a água na mesinha de centro e jogou o remedio na plantinha, e sentou-se no sofá.

-Tudo foi muito intenso, muito forte. - Frank deixou uma lágrima escapar, nem sentia mais, depois de tantas - Só preciso de um tempo. Me transfiram para uma escola, faço on-line! E eu posso ajudar com a criança! - Iero disse olhando para seus próprios pés - Poxa, vai ser ótimo! Novos ares, gente nova... Faz tempo que eu precisava disso e além do mais quero fazer direito lá, quem sabe já não fico?

Linda ficou calada e tornou a olhar para o filho mais velho.

-Mãe... Eu sei que você não queria que falassemos, mas... Temos acomodações sim. Qual é? Deixa o menino relaxar! Eu tenho poucas semanas de liçensa paternidade, Michelle vai precisar de ajuda;

-Eu... Tudo bem.  - ela suspirou - Frank, se é o que quer... Arrume suas malas, vamos todos. Quando chegarmos veremos o que é melhor.

A movimentação na casa aumentou e Michelle disse que ficaria muito feliz de ter toda a familia junta numa hora tão especial. Frank decidiu arrumar uma mala maior, juntou noventa por cento de seus pertences, deixando apenas algumas coisas de infância. Estas, poderiam ficar ali, de lembrança. Pegou o a roupa de cama favorita, a que usara com Gerard e pos na mala. Linda só pos algumas roupas e Brian tentava comprar as passagens por telefone. Enquanto isso Frank decidiu escrever uma carta aos amigos:

"Queria começar com o sinto muito.

Essa decisão foi tão egoista, Deus, nem pensei direito em vocês quando declarei minha frase final. A esta hora, já devo estar em Washington e é lá que ficarei. Todos vocês já devem saber do que houve e se não sabem podem recorrer ao Way.

Pode ter sido um impulso ruim que vai abrir uma fenda no meu passado, presente e futuro, mas eu preciso do tempo! O maldito tempo que ele me pediu, é tudo que eu preciso agora para por as coisas no lugar.

Quinn, deixei aquele CD dos misfits, que você tanto gosta e que era o único que faltava na sua coleção no meu quarto, peça para minha mãe te dar. Te amo amigo, me desculpe por toda essa pressa, mas escreverei para você com mais calma.

Dan, aquele brinquedo do Woody, que brincavamos juntos, lembra? Deixei também, ponha junto com seu aprosentado Buzz. Obrigado por tudo!

Bert, você se mostrou grande companheiro, obrigado e ah, cuide bem do Quinn, por favor!

Mikey, obrigado por tudo, você se tornou um irmão e eu te amo demais. Aquela blusa que você adorava, eu deixei aqui, pode pegar de lembrança, não garanto que caiba, mas valeu a intenção. Te amo e boa sorte com a Alicia, vocês mereçem!

É irônico, mas não deixei nada para você Gerard, pensei até em deixar o meu antigo relógio que ganhei do meu irmão, mas acho que você não precisa dele, não mesmo, eu que preciso, preciso determinar o tempo e encara-lo várias vezes por dia para ter certeza que não disperdicei nada. Se cuide, por favor.

Eu amo todos vocês e os outros mais! Muito obrigado e não se esqueçam de mim!

Com amor, Frank."

Com o final da carta Iero seguiu para o banho e finalmente sentia-se limpo diante daquela choradeira, daquela sujeira de palavras grosseiras e demais pensamentos ruins, gostou tanto que passou uns 40 minutos, logo após se vestindo com uma roupa confortável. Brian conseguiu as passagens e o horario estava se aproximando. Eles seguiram para o aeroporto fazer check-in e comer algo. O vôo atrasou 3 horas por causa do nevoeiro, mas logo todos embarcaram. Frank rezava para a decolagem, e ela logo aconteceu. Ele pode ver a cidade de Newark e depois, todo o estado de Nova Jersey borrado pela chuva e o tempo nublado. Frank se perdeu na visão da pequena janela, sentindo que as goticulas de chuva se assemelhavam as lágrimas dos olhos. Ele pediu uma coca-cola a aero-moça e tornou a escreveu num papel que trouxe junto ao livro. 

"Eu não sei bem se lhe devo desculpas, acho que nós nos devemos. Estou indo, mas nada é definitivo. Me perdi e acho que preciso do tal tempo para me achar e creio que você também. Eu ainda te amo e continuarei sentindo isso. Por favor, me perdoe e por favor, volte pra mim. Frank"

Iero guardou o papel para depois entregar a mãe que passaria a Way. Ele encostou a cabeça no banco encarando a paisagem monotona de branco e azul, sentindo que a tempestade estava a baixo da altitude do avião, fora deixada para trás, ali ele adormeceu.

"Little things give you away"

"Little things give you away"

"Little things five you away"

"Little things give you away"

"All you've ever wanted was someone to truly look up to you
All you've ever wanted was someone to truly look up to you'