Mikey chegou a casa de Alicia, acompanhado da menina, o caminho foi silencioso, mas as vezes começava uma conversa sobre teatro e afins e no final o nervosismo do menor fazia morrer a conversa.

A menina abriu a porta e educadamente o caçula pediu permissão, um baixinho “com licença” e ela assentiu com um sorriso. Eles se acomodaram na sala e Alicia tirou do bolso um prendedor de cabelo e ali embolou seus fios negros num rabo de cavalo, pouco se importando na questão estética, na verdade, ela não precisava de nenhuma vaidade. Para Mikey ela estava sempre bela, para váriar.

-Pois bem Mik... Nossa, te chamar assim é difícil! Lembro do Mickey Mouse! – ela riu e ele o fez junto – mas é um apelido fofo, quem foi que deu?

-Meu irmão! Ele disse que não estaria satisfeito apenas com Mike, tinha que ser diferente e estávamos no inverno, quando criança eu tinha orelhas grandes e usava uma toca, ele disse que eu parecia um ratinho e assim ficou, Mikey.

-Muito legal – ela disse rindo

-É, sim.

-Pelo menos não é Mike como a maioria dos Michaels, você realmente precisava de um diferencial. Você é especial!

-Sou?! – ele disse num espanto e sentiu o coração bater ainda mais forte.

-Claro que é, você atua fantasticamente bem! – Ela disse com o sorriso costumeiro no rosto  pedindo licença e indo até um escritório que havia na casa, buscar o seu roteiro.

“Só?!” pensou o Mikey baixinho.

-Bem – ela disse voltando do cômodo – vamos ensaiar o ato 3 hoje pra valer?

-Claro, porque não? – ele disse nervoso indo buscar o roteiro em sua mochila, pegou o mesmo e analisou o ato 3, o beijo, hoje. –Va-va-vamos começar?!

Ela fechou os olhos e respirou, como se deixasse a personagem entrar em seu corpo. Em seu desespero, Mikey percebeu que seria melhor se ele fizesse o mesmo, quem sabe não ajudaria?!

Relaxados, ela começou a primeira fala e ali começaram a encenar.

-E sabe de outra coisa? – Michael falou baixo, olhando no fundo dos olhos da protagonista a sua frente – eu sempre te amei.

Ela fez a expressão pedida na rubrica e os dois se aproximaram. Mikey rezou baixinho e pôs as mãos na cintura da moça, sentindo um arrepio, abraçando-a, diferente do que estava no papel, ela pôs as mãos no rosto dele e ali selaram um beijo, fazendo o mundo do caçula girar bem mais rápido que o comum “É agora ou nunca, seu idiota!” ele pensou, pedindo permissão para sua língua juntar-se com a de Simmons, ela demorou um tanto, mas concedeu e ali eles iniciaram um beijo calmo, quase que para incitante. O estomago do menor revirava e ele sentia borboletas desesperadas dentro dele enquanto a garota acariciava seus fios lisos perto da nuca, aos poucos foram se despedindo. O menor abriu os olhos e honestamente? Preferia continuar com eles fechados, porque agora sim era a hora da verdade.

Os dois falaram juntos e emboralam as palavras.

-ér.. Você primeiro! – disse ele

-Não, você! – pela primeira vez a autoconfiança e o esplendor de Alicia estavam destruídos, sim, ela parecia... Tímida.

-Primeiro as damas, por favor. – Mikey quase implorou.

-Ér... – ela tentou buscar a confiança novamente, respirando fundo – Quer sair comigo? Olha, se não quiser eu...

-Quero! – o menor gritou, assustando a morena – Quero, claro, Oh meu Deus, claro que eu quero, eu... Ah – disse ele se empolgando, até parecia que Alicia não estava ali assistindo ele ter um pire-paque – Cara, eu quero sair com você á mais de quatro anos, finalmente esse momento chegou e... – É, ele se deparou que estava dando escândalo no meio da sala da menina. – Te pego aqui, sete horas, sexta?

-Porque não um cinema amanhã – disse ela, completamente reestruturada.

-Tudo bem, eu... Te busco ás sete, como eu disse.

-Certo, hã, vamos continuar? – disse eufórica.

-Vamos!

E ali eles terminaram de ensaiar todo o 3° ato, talvez retornando mais de uma vez a cena do beijo. Quando eram 9 horas, Mikey decidiu ir para casa e se despediram timidamente. Quando chegou a casa, Mikey arrastou Frank e Gerard para o quarto depois do jantar.

-Eu... a beijei!

-E... – Os olhos de Gerard brilharam

-Fala logo – Frank parecia estar assistindo um dos filmes românticos, aqueles clichês que sempre te deixam nervoso.

-Eu a convidei pra sair sexta, ela disse que era melhor não – a euforia diminuiu – Vamos amanhã mesmo.

-Detalhes – exigiu Frank e Mikey deitou-se na cama do irmão junto com os dois e começou a tagarelar sobre o dia.