Frank não queria sair de baixo do chuveiro, ele queria passar a noite ali trancado no banheiro. Pegar o I-pod e ficar ali. Não queria voltar pro quarto, não queria ver Gerard.

Desligou o chuveiro, ele não queria incomodar os Way com seus caprichos de se trancar no banheiro, de se trancar pra si.

Vestiu uma roupa qualquer para jantar, e o fez.

Ele estranhava, só havia visto o senhor Way uma vez. Mas não se aprofundou nas perguntas mentais sobre.

Jantaram, e Iero subiu e se isolou no quarto. Pegou o violão, ele tinha algo a dizer. As palavras fluíam em sua mente. Mas ele não tinha um assunto, as coisas vinham aleatórias. Várias frases, vários pensamentos. Vários assuntos.

Posicionou o violão, e seus dedos foram deslizando para as notas formando assim a melodia.

“I’m Nothing, i’m nothing” ele disse de acordo com o que vinha em mente.

“Got Here, now i’m gone”

“so many, days fly by”

“shut my eyes”

“ripping apart my heart”

“piece of mind, brand new life, second chance”

Ele parou, antando as ideias, e a cifra.

Way entrou no quarto.

-Vamos parando com a apresentação musical! – ele disse.

Frank bufou, mas já estava tarde, amanhã ele continuaria.

Largou o violão, pondo-o na capa. E colocou de baixo da cama.

Porém pegando seu caderno, e criando a letra.

Gerard deitou na cama e ligou a televisão e desligou a luz.

-Dá pra deixar acessa por favor?

-hã, não.

-é sério Gerard, acende essa luz.

-não. Pra você ficar escrevendo suas poesias emo, é?

Frank perdeu a paciência e foi até o interruptor ligar a lâmpada por si mesmo.

22-

Gerard sentiu-se irritado e optou por pegar o caderno de Frank.

-Gerard me devolve isso!

-Hey, deixa eu ler.

-“I’m re-living yesterday” muito realista: “Nobody loves me it make me insane” “we need a doctor, a fucking doctor” ”Fool myself again” tá ai, gostei dessa : “My Lovenote has gone flat”

-Gerard me dá isso!

Frank queria que Gerard parasse de ler suas músicas, aquilo era pessoal dele.

Tentou ao máximo pegar das mãos de Gerard, mas o mesmo fez o máximo possível para não devolve-lo, apenas por implicância mesmo. Ou por ele achar tudo aquilo lindo e querer terminar de ler.

-Posso ler, em paz?

-porque quer ler isso? Não tem nada pra você ai, isso é meu Gerard. É a mesma coisa se eu decidir mexer na sua gaveta de cuecas.

-Ela tá ali, se quiser mexer. A vontade. Eu só quero ler, tá bom?

-pra que?

-porque eu quero!

-só não rasga, ou estraga nada ai.

Frank deitou-se na cama e tentou prestar atenção na telenovela que passava na televisão. Mas ele não conseguia, ficava encarando os olhos fixos de Gerard em seu trabalho, suas músicas, seus sentimentos. Havia algo preso em sua garganta e ele queria vomitar algo, mas não sabia o que, pra quem, onde e quando. Virou-se de costas encarando a parede esperando assim, talvez o sono. Que não veio, sua mente estava concentrada na critica que Way faria sobre tudo aquilo. Por quê?

Gerard estava com os olhos fixos no caderno de músicas de Frank. Aquilo era incrível, era tão puro, simples e lindo. Como alguém como ele escrevia algo tão... Lindo. Porque ele era tudo que aquelas músicas eram: Puro, simples e lindo. O que o tornava perfeito. Era tão detestável ele ser tão perfeito. “Oh merda Gerard Way! Isso é horrível, isso, Frank é horrível, as músicas dele são horríveis. E eu o odeio!” 

Gerard fechou o caderno, pos na cabeceira de Frank e nada disse, o que perturbou o menor.

Deitou-se na cama e desligou a televisão pelo controle remoto.

-Eu estava assistindo. – murmurou Frank.

Gerard respirou fundo e disse.

-Dane-se... Dorme vai – Frank mordeu os lábios e ficou quieto.

Gerard levantou-se e apagou a luz.

Ambos permaneceram quietos, cada um em seu canto, mas os pensamentos unidos.

Ambos pediam para o sono vir, um novo dia raiar, e assim, se renovarem. Principalmente seus pensamentos.