-Julia, querida, acorde – meu tio Dean me balançava.

  Abri os olhos.

-Oi tio – falei bocejando.
-Querida, você ainda está na escrivaninha – olhei para frente, realmente, eu dormi na escrivaninha.
-Olha, já são 08 e meia, se levante se não você vai se atrasar.
-Mas tio, eu acho que vou ficar em casa hoje – falei me levantando, me sentei na cama e comecei a me estalar toda.

  Meu tio se sentou ao meu lado.

-Querida, eu sei de tudo que está acontecendo. Sei que não é fácil, também não era fácil para mim na sua idade, houve guerras como está que está por vir.

  Olhei nos doces olhos deste homem de 52 anos, nos olhos chocolates que  minha família inteira tem.

-Mas não parei de lutar pela minha educação, tanto que é assim que eu levo a minha vida, a cada dia eu estudo mais, luto pelo gosto de fazer, escrever é uma luta para mim, já deixei as antigas para a alcatéia nova. E você deveria lutar pelo que você quer.
-E oque eu quero tio?
-Isso você que sabe, mas indo na escola você provavelmente vai descobrir – falou rindo e se levantando meu tão bom comediante tio.
-Como sempre não entendi nada tio – falei coçando a cabeça.
-Vai para a escola que você logo entenderá – falou batendo a porta.
-Ta né, o gente louca que eu fui arranjar para ter de familiar, ui combinou – falei brincando enquanto ia para a minha ducha quente matinal.

  Entrei no banho quente, essa noite toda eu fiquei discando para o Jacob to até com torcicolo de ter dormido na escrivaninha, passei a mão pelo pescoço, será que ele esqueceu o celular em casa quando se transformou, ou perdeu na floresta?
  Saí do banho, me sequei, afinal de contas por que ele não me atendeu?
  Olhei pela janela, coloquei o braço para o lado de fora, está mais quente hoje. Voltei, coloquei um short jeans, uma blusa verde de meia manga de gola rulê, minhas sandálias de faixas grossas brancas, prendi o cabelo em Maria-chiquinha, será que o Jacob vai estar hoje na escola? Esperando pela minha resposta? Abri um sorriso.
  Juntei todos os meus livros numa mochila branca e desci, comi uma tigela de cereais de chocolate e fui para a garagem.
  Dirigi com um sorriso na cara, vendo o meu lobinho balançar enquanto eu fazia algumas curvas.

-JULIAAAAAA – Olga veio correndo e me gritando na hora que eu parei o carro.
-FAAAALAAAA chatinha – falei rindo.

  Ela fingiu que não me escutou, ela faz isso quando eu sacaneio ela.

-A gente vai hoje em Portangeles! Você vem conosco?
-Pode ser, mas vão fazer oque em Portangeles?
-Comprar sapatos, DUUHHH – Mandy falou seca.
-Ah é, o baile é amanhã – o baile é amanhã – droga, o baile é amanhã!

  Olhei procurando o Jacob.

-Oque foi? – Cindy perguntou.
-Preciso falar com o Jacob.
-Ele não veio hoje, na verdade, nem ele, nem o Embry e nem um daqueles amiguinhos enormes dele.
-A Marie veio hoje?
-Veio sim, ta lá no carro dela.
-Já volto, estou indo falar com ela.

  Corri até o carro verde lima da Marie.
  Ela estava com a porta do carona aberta e sentada no banco lendo um papel.

-Olaaaaa Marie – falei de frente para ela.
-Oi Juuh – ela falou comigo sem nem olhar pra mim.
-Cadê todo mundo?
-Tão na casa do Sam e da Emi.
-Hum... vou lá, vem comigo?

  Ela olhou para cima.

-O Jacob disse para eu ficar aqui e te manter aqui – ela falou com uma cara meio receosa, mas nem fiquei brava.
-Por quê?

  Ela olhou para os lados.

-Por que está tendo muitos vampiros cercando La Push e o bando está calculando a hora da guerra.

  Tremi e me arrepiei. Havia me esquecido do risco de se andar com os lobos e vampiros.

-Mas por que não é ele que está aqui?
-Julia ele é o alfa, ele que comanda tudo, ele tem que estar na reunião.
-Hum.
-Vem vamos para a aula.

  Fomos para a aula.
  Hoje o dia todo eu passei quieta, eu não me lembrava desse risco, não me lembrava que a culpa para tudo isso começar era minha, havia me esquecido de como eu tinha medo do Luke, de como ele me fazia tremer e me arrepiar com apenas uma lembrança.
 Marie me sentiu esquisita, mas ficou quieta, ela também está com medo sei disso, ela está como eu, quieta e discreta.
  Na hora do intervalo fuji um pouco da Marie e me sentei em uma das mesas de piquenique do lado de fora, fiquei discando o número do Jacob, várias e várias vezes.
  Eu preciso falar com ele, agora não é para dizer sim, mas para poder escutar que tudo ia ficar bem nas palavras dele.
Não fui para a aula de educação física hoje, eles cancelaram a aula, por que o comitê de festas da escola Quileute hoje estão preparando o ginásio para o baile. Então eu peguei o meu New Beatle e fui para um lugar onde eu poderia pensar com tranqüilidade.
  Fui para a praia, estacionei o meu bebê e andei em direção a água.
  Meu telefone tocou.

-Alo?
-Oi Julia – me sentei.
-Oi Marie.
-Onde você está?
-To na praia, aquele em frente a casa dos Clearwater.
-To indo par aí – ela estava ofegante e desligou no mesmo instante.

  Fiquei encarando meu celular, esperando que ele ligasse, ou que houvesse no mínimo uma chamada perdida, mas não, nada.
 Olhei para a linha do horizonte no mar.

-Você é maluca?

  Quem estava gritando comigo do meu lado? Sim Marie.

-Não que eu saiba.
-Sabia que o Seth quase arrancou a minha cabeça na hora que viu na minha mente que eu não estava com você?
-Não.
-Pois é.
-Você falou com o Jacob?

  Ela bufou.

-“Falei”.
-Iai, ele perguntou por mim, ou mandou algum aviso?
-Sim e não.

  Esperei pela resposta.

-Você tem que entender uma coisa, ele está cheio de problemas agora, está super ocupado e preucupado com você...
-Fala logo Marie, oque houve?
-Ele me mandou dizer: “Pelo menos vá com um vestido que combine com a pulseira.”

 Hãn?

-Ele quer que você vá ao baile.

-Por quê?
-Bem, isso ele não disse, mas eu vi o sentimento dele, e é apenas um modo de te deixar longe da guerra.
-E por isso ele me mandou ir ao baile?
-Julia, ele não é muito sutil.
-E por que ele não me ligou?
-Ah, isso eu já não sei.

  Olhei para a água de novo. Ele sabe também o quanto é perigoso... mas por que mandou eu ir pro baile?
  Me levantei.

-A onde você vai?
-Pra casa.
-Ok – ela já estava ao meu lado.

  Entramos no New Beatle.

-Oque a gente vai fazer na sua casa?
-Procurar um vestido vermelho – falei abrindo um sorriso duro.

  Ela fechou a cara.
  Dirigi até em casa.
  Ta, eu estou sendo um pouco dramática mas eu preciso pensar.
  Subi as escadas e me joguei na cama, colocando meus fones do Ipod e fechando os olhos com força.

-Por que você ta fazendo isso? – Marie tirou meus fones de ouvido.
-Marie, eu não sei por que, nem como, mas eu tenho tido sonhos estranhos onde mostram as coisas que vão acontecer, ou pelo menos parecidas e eu preciso de uma resposta agora do que fazer.

  Ela me olhou nos olhos e depois olhou a minha pulseira.

-Que foi? – perguntei.
-Nada, posso usar o seu computador?
-Claro, claro – falei colocando os fones novamente.

  Agora esses sonhos malucos têm que me dar uma resposta, fechei os olhos com força.  
  Nada, tirei as sandálias, puxei meu edredom, me aconcheguei melhor na cama e tentei relaxar.
  Sempre foi fácil conseguir dormir para mim, e dessa vez nada mudou, em poucos minutos peguei no sono.

                                                       XxX

  Eu estava sentada á meio minuto atrás e agora eu estou no meio da floresta, com um salto de aproximadamente 10 cm, num vestido e tudo está escuro, muito escuro, escuto rosnados a minha volta, escuto o vento correndo forte...

                                                       XxX

  Acordei e olhei a minha volta para ver alguma coisa, mas apenas vi Marie minha amiga de frente para o meu armário.

-Que horas são?
-Meio dia – ela falou se virando com um vestido em seus braços.
-O que é isso?
-Seu vestido ué. – ela falou bocejando.
-Hãn?
-É Julia, você me pediu para pegar o seu vestido. Esqueceu? Faz umas quatros horas e voltou a dormir.

  Esqueci de dizer, eu falo dormindo, MERDA!

-Eu não vou, guarda isso.

  Ela bufou e se sentou ao meu lado.

-Ju, nós não sabemos oque está realmente acontecendo. Ele te quer segura, eu te quero segura amiga e o baile será o local mais seguro para você.

  Olhei para as minhas mãos.

-Facilita para ele, provavelmente não deve ser uma escolha fácil deixar você ir com outro cara para um baile que ele estava se preparando semanas para convidá-la, não é?
-Ele ia me convidar? – perguntei abrindo um sorriso.
-Sim, você tinha que ver como ele estava nervoso – ela riu – ficava ensaiando mentalmente até transformado.

  Sorri com o pensamento, deve ter sido engraçado mesmo. Mas eu quero tanto...

-Faz isso por ele.

  Pensei no que ela falou, no que ela me contou na verdade e no sonho. Talvez seja a melhor escolha mesmo.
  Respirei fundo, olhei para o teto e lhe respondi.

-Tudo bem.

  Ela apenas abriu um pequeno sorriso.
 O resto da “tarde”, considerada manhã ainda para mim foi chata, escrevi mais uns e-mails para os meus pais, queria tanto poder me abrir com eles, contar tudo que está acontecendo, me sinto tão bem quando falo com eles, mas isso eu não posso dizer, não mesmo. Iam pensar que eu sou louca.
  Passei o dia deitada e escutando música, normal e entediante como qualquer dia, as seis horas eu fui entrar no banho, mas antes eu precisava fazer uma coisa, respirei fundo e liguei para ele.

  Caixa postal. Deixei uma mensagem:

 Oi dentinho – ri em voz fraca – Estou com saudade, muita, muitíssima saudade, e eu... quero te ver, antes de ir ao baile, antes da – respirei fundo com apreensão – guerra de hoje, eu preciso – dei ênfase - te ver. Mas se você não puder... tudo bem, saiba que eu te amo Jacob Black. Cuidado hoje. Beijinhos. Adeus.

   Deixei essa mensagem para ele e entrei no banho.

                                                        XxX

(POV – Jacob Black)

  A reunião com o bando hoje foi exaustiva, como sempre, vasculhei metade de La Push sozinho e apenas indícios de que eles passaram por aqui.
  Cheguei em casa morto, tirei a blusa e me joguei no sofá, cansado por não dormir a dois dias, o cheiro dela estava forte.
  Me deixei por imaginar ela aqui, nos meus braços, com os cachos jogados em meu peito, sua respiração ofegante por um beijo nosso, seus olhos brilhando de felicidade refletindo a minha própria felicidade, seu cheiro doce de morango com champanhe me passando segurança por ela estar segura.
  Eu preciso tanto vê-la antes de todo o caos.
  Olhei pela janela, ainda ta tarde, deve ser umas três horas da madrugada, vou tirar um soninho antes disso.
  Fechei os olhos ainda sentindo o aquele cheiro tão bom que já está impregnado pela casa...

                                                       XxX

-Acorda vagabundo – alguém me sacudiu violentamente.
-PORRA ME DEIXA EM PAZ! - falei empurrando com força e me virando.
-Jacob levanta! – escutei uma voz feminina.

  Olhei rápido. Era só a Marie.

-Oque vocês estão fazendo aqui? – perguntei para os dois enquanto me sentava e coçava os olhos.
-Jacob, já são seis horas! Temos que checar La Push pela ultima vez – falou Quil me puxando.
-Okay – me levantei – só me deixa tomar um banho.
-Ta – os dois disseram em coro.

   Tomei um banho gelado, era bom de vez enquanto para relaxar sabe, eu sou quente, é bom.
  Fui para o meu quarto, coloquei uma bermuda surrada, amarrei a fita de couro na minha canela, me olhei no espelho, meu cabelo ta enorme já batia nas minhas bochechas, mexi em uma pilha de roupas que tem jogada no chão e peguei uma tesoura.
  Cortei bastante meu cabelo, rápido, por que to sem tempo e coloquei a tesoura em cima da cabeceira.

-Ih, olha quem ta aqui – falei quando vi meu celular – tinha até esquecido que tinha você – falei rindo quando o peguei.

  Olhei, milhares de chamadas perdidas é claro, tem uma mensagem da Julia...

 Oi dentinho – ri com o apelido bobo que ela me chama – Estou com saudade, muita, muitíssima saudade, e eu... quero te ver, antes de ir ao baile, antes da guerra – ela parece preocupada - de hoje, eu preciso te ver- eu também - Mas se você não puder... tudo bem, saiba que eu te amo Jacob Black. Cuidado hoje. Beijinhos. Adeus.

   Ela é tão absurda, deve estar roendo a unha de preocupação ou algo assim, sei lá, ela se preocupa demais.
CARALHO são sete horas!
  Desci correndo as escadas e fui porta afora em direção a floresta.

-Hey! Aonde você vai? – Quil veio atrás de mim é claro.
-Buscar uma coisa. – falei tirando a bermuda e a prendendo na perna.
-Oque?

  Tarde demais, eu já estava transformado.
  Corri em direção ao norte, havia uma coisa que eu queria muito dar a ela e que eu estou planejando já faz algum tempo...

 “Esta indo lá?” Quil.
“Sim” respondi.
“Boa sorte então, a manda um beija para ela por mim” ele riu bobalhão como sempre.

   Passei nas piscinas marinhas, subi na macieira que há aqui e peguei as flores com a boca. Quero levar a ela.
  Corri em direção a sua casa.
Leah estava agora ao meu lado.

 “Hum... ta bonitão de pêlo cortado” Leah.
“Valeu, mas agora não Leah, tenho que ser rápido!”
“Ta indo ver ela certo?” ela perguntou virando os olhos e parando na minha frente, conseqüentemente me fazendo parar também.
“Acho que isso já está um pouco óbvio não?”
“Você é um idiota mesmo! Ela ta indo para porcaria do baile com outro e você está levando flores para ela no dia da guerra?” Ela praticamente gritava comigo.
“Abaixa essa tom de voz, pensamento comigo Leah” Falei a repreendendo com o poder de alfa, ela rapidinho se acalmou. “Oque eu faço da minha vida não lhe interessa.”
“Você que sabe Chefe” e ela foi em direção a onde o cheiro deles (os vampiros) era mais forte.

   Leah me atrasou com a discussão, tive que ser mais rápido agora, corri o máximo que consegui, sentindo o cheiro dela muito forte agora.
   A vi, ela estava parada, debaixo da luz fraca da lua, estava linda, seus cabelos estavam presos em um coque com apenas sua franja e alguns fios lisos caídos e  com um vestido rosa claro um vestido simples até, preso no pescoço com um decote médio mas que daqui já está me fazendo babar pela minha garota e cheio de rendas brancas da altura das coxas para baixo, linda a minha pequena, estava embasbacado a olhando quando ela olhou para mim, acho que sentindo o meu olhar. Uma coisa normal entre nós.
  Ela abriu um sorriso e vinha em minha direção.
  Corri em direção a floresta, me destransformei e coloquei rápido a minha bermuda, peguei a flor.
  Andei em direção a entrada da sua casa e seu sorriso aumentou.

 -Está linda – falei me aproximando, ela estava mais alta, olhei para baixo, saltos é claro, mais ainda batia em meu queixo, pequena e frágil.
-Obrigada, gostei do corte de cabelo ficou rebelde – ela falou olhando para cima rindo e remexendo no meu cabelo.
-Aqui, vai combinar com o vestido e com a pulseira – peguei seu pulso direito, oque não estava com a pulseira e amarrei a flor de macieira rosa em seu punho com uma cordinha de couro – quero que saiba que eu vou estar com você, não presente...
-Cala boca – ela falou me abraçando – eu não estou indo para esse baile acompanhada, vou te esperar aparecer até o último minuto de festa Jake.

   Fiquei quieto ali, a segurando em meus braços, senti escorrer algumas gotas quentes em meu peito.

 -Você não está chorando não é – perguntei preocupado, a segurando para olhar seu rosto.
-Eu quero ir com você Jacob, aonde vai ser? – enxuguei sua lágrima.
-Você não pode ir pequena – respirei fundo – por isso que eu não posso te contar, se não você vai fazer besteira.
-Mas Jake, eu posso ajudar...
-Como? Se pondo em risco?

   Ela me olhou apreensiva.

 -Vai dar tudo certo, eu te quero segura e pode confiar em mim, o baile será o melhor lugar para isso. – falei roçando o meu nariz em sua bochecha, sentindo seu cheiro.
-Eu te amo Jake, e eu quero ser...

   Uma buzina nos atrapalhou, da porra da limusine consegui ver o babaca do Devon me olhando com medo, sorri e acenei para ele.

-Vai lá – falei a firmando.
-Cuidado.
-Eu sempre tenho... – ela me deu um selinho.

   Segurei seu rosto, e aprofundei o beijo não ligando para os olhos das amigas idiotas dela, nem com o burro do Devon, a puxei para mais perto e lhe dei vários selinhos não querendo a soltar.
  E por último lhe dei um beijo forte e intenso, ela envolveu meu pescoço com seus bracinhos, apertei sua cintura e senti toda a preocupação, o medo e a paixão que ela transparecia com esse beijo.
  A soltei precisava fazer isso, não por mim, mas por ela, pela vida e segurança dela. Beijei-lhe a mão e ela foi em direção ao carro, pude vê-la secando uma lágrima com as costas da mão e entrar na limusine.

 -Pelo menos ela estará em segurança – Dean apareceu atrás de mim.
-Sim, ela estará. Mesmo que eu tenha que morrer por isso. – falei me virando em direção a floresta.