Assim como existem dois lados de cada história, existem dois lados de toda pessoa. Um lado que revelamos ao mundo, e outro que mantemos escondido. Sem percebermos criamos um duelo entre esses dois lados pelo equilíbrio da luz e escuridão. Dentro de cada um de nós está a capacidade para o bem e o mal. Mas aqueles que são capazes de ofuscar a linha moral retêm o verdadeiro poder.

Eu tinha cochilado á tarde e acordei ao por do sol. Eu tinha acordado com o barulho de soluços, alguém estava chorando. Demorou um tempo para eu perceber, que quem estava chorando era eu. Eu realmente precisava parar com isso. Engraçado como á seis meses atrás eu diria que eu morreria de overdose, agora eu poderia dizer que eu morreria por que eu me matei.

Eu sei que é horrível dizer algo assim. Mas meu ser virou essa grande mistura de sentimentos, e eu sei que não vou conseguir viver assim.

Sai da cabana e caminhei sem nenhum destino. Cheguei até uma pequena parte da praia e ri imaginando algum deus pedindo a Poseidon para me matar se eu chegar perto da água.

Sentei na areia vendo o sol se por e passei o tempo brincando com o isqueiro. Por um momento me peguei pensando em como antigamente mesmo eu tendo passado por milhares de coisas, eu era como uma pequena luz, ninguém me via sem um sorriso no rosto.

– O que você está fazendo aqui? – gritou alguém não muito longe de mim.

Virei e encarei o grande idiota do Percy Jackson.

– Por que? Por acaso aqui é sua propriedade? – falei.

Ele parou por um momento e me olhou com pena. O problema é que eu não queria que ele tivesse pena de mim. Eu não queria pena de ninguém.

Para minha surpresa ele se sentou ao meu lado.

– Eu esperava encontrar você. Mas nessa praia era o último lugar que eu esperava te encontrar, aqui é onde eu passo a maior parte do tempo. – ele disse sem me olhar.

– O que você queria falar comigo?

– Eu já pedi a quase todos os campistas que vinha para o acampamento antes de mim. Mas nenhum quis me contar a sua história, nem mesmo Annabeth e Thalia. Quiron não disse nem uma palavra. – falou.

– Eu não estou aqui para matar a sua namoradinha se é isso que está se perguntando. – falei rude.

– Você não tem cara de assassina. Então... qual parte da sua história é verdade é qual é mentira.

– A única coisa que não falei para você, foi que eu sou irmã do Luke. E é claro o meu sobrenome.

Ele me encarou tentando entender, mas como ele poderia me entender, se nem mesmo eu conseguia?

– Antes da batalha, eu precisei descobrir mais sobre o passado de Luke. Como eu não consegui descobrir sobre você?

– Os deuses me fizeram viver esses últimos 5 anos na escuridão. Eu fui idiota em pensar que não havia nada errado acontecendo.

– Eles têm medo de você? – perguntou sarcástico.

– Sim. – respondi, Percy me olhou assustado.

– Eu quero entender a sua história. – ele disse.

– Não é tão difícil de entender. – falei.

Ele esperou que eu continuasse, suspirei.

– Eu tinha 3 anos, quando Luke, Thalia e Annabeth foram parar na minha casa. Eu morava com minha mãe e Luke nem sabia da minha existência. Eu estava voltando da escola, quando vi meu pai e Luke discutindo. Quando Luke me viu ele deu um ataque, não acreditava que Hermes havia deixado May cuidar de outra criança. Eu era irmã dele por parte de pai e mãe, ele tinha esse sentimento de querer me proteger. – dei uma pausa. E olhei para Percy que esperava eu continuar.

– E foi isso, Luke me levou embora sem se importar com os gritos da nossa mãe. Eu era uma criança não entendia o que estava acontecendo, mas eu tinha medo da minha mãe quando ela tinha os ataques, então eu fui com eles.

– Mas você era praticamente um bebê, como você conseguiu viver na rua com eles? – Percy perguntou. Eu ri.

– Não me pergunte, eu não faço ideia. Éramos uma família, isso que importava. Eu já entendia muitas coisas do nosso mundo, e achava um máximo quando Luke conseguia derrotar um monstro. Ele era meu herói. – suspirei. – Então um ano depois Grover nos encontrou. Luke demorou um tempo, mas aceitou vir para o acampamento. Hermes se irritou, ele queria que eu voltasse para casa. Luke não teve outra escolha.

Sem perceber eu comecei a chorar, eu não queria chorar na frente de Percy, mas não consegui me controlar.

– Se passou somente 4 dias até que o incêncidio acontecesse. Se não fosse pelo dom de Quione eu estaria morta. Minha própria mãe causou o incêndio. Luke me buscou e me trouxe para o acampamento. Minha mãe pensa que eu morri no acidente.

– Allison, desculpa, eu não sabia... – Percy falou.

– Quando eu completei 9 anos, Luke pensou que eu precisava de um tempo longe daqui, então me mandou para um internato. – continuei ignorando o que Percy disse. – Ninguém me contou o que estava acontecendo com ele!

Agora eu já soluçava de tanto choro. Com raiva me levantei.

– Eu não estou aqui por vingança. Talvez um pouco mas... Eu quero respostas. Explicações. Por que isso teve que acontecer comigo?

Sem esperar por uma resposta corri de volta para a floresta chorando como uma criança.

Por que as coisas ruins têm que acontecer comigo? Por que sempre comigo?