Stranger - One Shot escrita por CaahOShea, Bellah102


Capítulo 1
Capítulo Único - Recomeçando


Notas iniciais do capítulo

Oi flores, tudo bem?
Ai que saudades de vocês! A quanto tempo não posto aqui.;D
Mas aqui estamos com uma One escrita de todo coração pra vocês!
É uma One alternativa flores, diferente de todas as fics de The Host aqui no Nyah e esperamos de coração que gostem.
Bom, sem mais, boa leitura e até lá em baixo.



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POV. Peg


Desviei os olhos do livro em minhas mãos por uns instantes, fitando intensamente o céu através da janela do avião. A quase 35 mil pés de altura, as nuvens brancas pareciam pedacinhos de algodão. Lá em baixo, as casas e prédios, assim como as pessoas que andavam nas ruas, pareciam pequenas miniaturas feitas artesanalmente.

Suspirei me ajeitando na poltrona. Eu mal podia acreditar. Depois de três anos longe de Phoenix eu finalmente estava voltando. À medida que o avião ia perdendo altitude eu podia reconhecer, estava em casa novamente. 

Minha vida em Phoenix nunca fora um mar de rosas. Eu e meus irmãos, Melanie e Jamie, sempre tivemos que nos virar sozinhos desde cedo, desde que nossos pais morreram num grave acidente de carro quando voltavam pra casa. Nós três dividíamos um pequeno apartamento desde então. Uma verdadeira família. Sempre estávamos unidos pro que der e vier.

Mel, minha irmã mais velha, com 25 anos atualmente sempre foi bem ativa, de personalidade forte e que nunca se deixou abater pelas dificuldades, ficou noiva de Jared, seu namorado desde o colégio. Eu sou a do meio, com 23, e Jamie, o caçula, com 14.  Jamie é nosso bebezinho, apesar de ser um adolescente ele sempre fora nosso menininho. Aquele garotinho que sempre corria pro meu quarto ou o da Mel, em noites de tempestades, que sempre nos alegrava com seus olhos castanhos esverdeados, brilhantes de curiosidade.

Eu sentia tanta falta deles...

Quando eu parti de Phoenix, era apenas uma garota de dezenove anos, ingênua, cheia de sonhos e expectativas. Eu tinha acabado de ser aceita em uma das melhores universidades, a UCLA, em Los Angeles.

E foi lá que eu o conheci. Jason Carter. Ele estava no segundo semestre do curso música e eu, no primeiro de psicologia. Ele estava sentado embaixo de arvore no imenso jardim fora do campus, com seu violão. O típico musica solitário. Não demorou muito pra que começássemos a nos aproximar, e dois meses depois, estávamos namorando. Jason era tudo pra mim e me ajudara a sair da profunda depressão que eu passava por causa da morte prematura dos meus pais.

Eu estava completamente apaixonada, pra mim ele era um príncipe encantado, o meu príncipe encantado. Educado, galanteador, o único que me entendia. Depois de um ano de namoro, decidimos morar juntos num pequeno apartamento no centro.

Eu estava extremamente feliz. É claro que eu sentia falta de Phoenix e dos meus irmãos, mas mesmo assim, eu não me arrependia... Até aquele dia...

Até aquele dia, que eu descobri toda a verdade. Ele nunca me amara... 

Descobrira isso da pior maneira possível. Aquele dia eu chegara mais cedo do meu trabalho, um estagio no consultório da doutora Anne Parkinson, a mais conceituada psicóloga na região que aceitara de bom grado que eu estagiasse em seu consultório, já que estava no último trimestre da faculdade. Eu me lembro exatamente daquele dia, como se fosse ontem..

# Flashback One #                                                            

‘’ Estranhei ao chegar à frente no meu apartamento e de Jason e ver a porta entre aberta. Ele deveria estar ensaiando com a banda a essa altura. Eram seis e meia da tarde e eu tinha chegado uma hora mais cedo. Ultimamente mal tínhamos tempo pra conversar por causa da nossa rotina frenética, então pedi pra Anne me liberar mais cedo pra que eu pudesse fazer uma surpresa a ele. 

Estanquei ao ouvir risadas ecoarem junto a uma voz melosa feminina de dentro do apartamento. Não, não podia ser o que eu estava pensando... Mas eu era ingênua e preferia acreditar numa mentira. Assim que os risos cessaram, formulei em minha mente mil e uma desculpas e justificativas que explicasse tudo aquilo, então criei coragem e abri a porta.

Meus olhos não queriam acreditar no que estavam vendo e grossas lágrimas caiam pelo meu rosto pálido. Jason estava... Estava com outra garota, beijando com volúpia outra garota no sofá. 

  - Peg!?! – Ele disse assustado, assim que percebeu minha presença lá. Ele estava vermelho e com as roupas amassadas, assim como seu cabelo, que estava bagunçado provavelmente pelo beijo desentupidor de pia que ele dava naquela garota, que aquela altura já tinha saído de fininho. 

Por quê? Por que eu? Por que comigo? Essa era única coisa que eu conseguia pensar. Eu havia dado meu coração a ele, e agora, ele o havia despedaçado.

E aquele fora o fim. Fiz minhas malas entre soluços, é claro que ele tentou se explicar, mas não havia explicação pra cena que eu havia presenciado.

Ódio. Magoa. Traição. Desapontamento. Tristeza. Era a única coisa que eu consegui sentir. Naquele dia eu tive meu coração em migalhas e prometi a mim mesma, que jamais confiaria em alguém de novo. Que jamais me apaixonaria outra vez.’’ 

  # Flashback off#       

 E agora, aqui estou. Prestes a começar uma nova vida ao lado dos meus irmãos e quem sabe, encontrar a cura pro meu coração despedaçado.

  [...]

- Peg, que saudade de você maninha! – Disse Mel me abraçando forte. Ela, Jamie e Jared estavam me esperando no saguão do aeroporto, e vieram ao meu encontro assim que desci do avião.  

- Eu também! – Disse sorrindo. Ah como eu sentia falta da minha família. – E você meu pimentinha, não vai me dar um abraço?    

Jamie sorriu e correu ao meu encontro, me dando um abraço de urso forte e me girando no chão. Só então reparei o quão forte e grande ele estava. Sim, mas apesar disso ele sempre seria nosso pimentinha. Ele tinha esse apelido desde seis anos, por causa das artes que ele aprontara, como quando ele colara chiclete no assento da professora...     

- Viu, não é legal? Sou maior que você agora. – Jamie se gabou todo sorridente com seus olhos castanhos esverdeados brilhando. 

- Jamie, pare de importunar a Peg! – Mel reclamou dando um risinho, ela sabia que ele adorava se comparar a mim, no ‘’ quesito’’ altura. Jamie simplesmente deu de ombros, mostrando a língua pra Mel.  

- Você é uma chata Mel! – Jamie disse brincalhão – É por isso que eu prefiro a Peg, ela não briga comigo. 

- Bom, fico feliz que estejam se dando bem na minha ausência – Falei brincalhona, mas eu sabia que eles adoravam se provocar, mas um não vivia sem o outro.

- E então, como foi à viagem? – Mel perguntou, arqueando as sobrancelhas. É claro que ela sabia o motivo de eu ter voltado pra Phoenix. A traição de Jason. Ela sabia de tudo que havia acontecido aquele fatídico dia, pois eu havia ligado aos prantos pra ela naquele dia, contando tudo. E eu sabia onde ela estava querendo chegar.

- Foi boa. Só estou um pouco cansada. – Respondi desviando de assunto – Será que podemos ir pra casa? Estou louca pra tomar um banho.

  - Claro, vamos sim. – Mel disse sorrindo. 

  A viagem até nosso apartamento foi tranquila. A cidade não parecia ter mudado nada por aqui desde a minha última visita, no Natal passado. As ruas, as casas, as lojas, os prédios...   

Assim que cheguei no apartamento fui desfazer minha malas, enquanto Mel preparava o jantar, pois já havia escurecido. Jamie não desgrudou de mim um minuto, contando as novidades da escola, e que a semana que vem um novo morador se mudaria pro nosso prédio, pro apartamento da frente, que antes era ocupado pela senhora Johnson.

A hora passara rapidamente e depois do jantar, Jamie e Jared ficaram assistindo um Jogo de basquete na televisão enquanto eu e Mel conversávamos um pouco e ela me contou que ela e Jared logo marcariam a data do casamento.

Depois de matar um pouco da saudade da minha família, resolvi tomar um banho morno e me deitar, afinal, eu estava exausta por causa da viagem. Assim que estava deitada em minha antiga cama, prestes a dormir, meu celular, que estava mesa de cabeceira começou a tocar.

Peguei o aparelho e suspirei assim que vi o nome que piscava no visor. Jason. Jason estava me ligando. Ele havia me ligado mais de dez vezes.

E aquele seria o meu recomeço. Desliguei o celular, voltando a me embolar nos lençóis, deixando a inconsciência me tomar. 

Assim que eu abrisse os olhos, minha vida tomaria outro rumo. Eu iria recomeçar. Sem Jason.

POV. Ian


Minha vida finalmente estava dando seus próprios passos. Passos pequenos e cambaleantes, dignos de um bebê de um ano. Mais ainda assim eram passos. E eram só meus e de mais ninguém.

Se eu nunca tivesse tomado aquela atitude naquela noite, eu ficaria até a morte com Cassie dando sopa na minha boca e trocando minhas fraldas geriátricas. Eu podia dizer o que quisesse sobre Cassie, mas ela era prestativa. Na compra daquele apartamento que eu estava morando fazia alguns dias, eu passara por processos que nunca tinha passado antes, processos que Cassie nem se incomodou em me mostrar quando compramos nossa primeira casa no subúrbio.

E apesar das dificuldades que eu estava enfrentando, acho que nunca tinha me sentido tão feliz desde que Carly Adams, a menina que meu irmão Kyle gostava, me beijou na saída da escola. Fio a surra que mais valeu a pena na vida. Desde a oitava série eu estava acorrentado a Cassie e suas manias manipuladoras. Tudo era lindo até o noivado. E só depois do casamento eu descobri que não tinha vivido nada e que era tudo culpa de Cassie. Só depois do casamento percebi o quanto ela era controladora.

# Flashback on #

“Fechei a porta levemente com cuidado par não acordar Cassie. Esgueirei-me para a cozinha para tomar um copo d’água e a luz se acendeu de repente, deixando-me cego por curtos segundos. Cassie se encontrava na porta de braços cruzados, com uma expressão contrariada.

  -Oi amor. -  Eu disse andando na sua direção, sorrindo levemente. A noite fora dura e longa. Eu precisava de um pouco de conforto. Mas ela me parou com a mão antes que eu chegasse até ela.

-Qual o nome dela? -  Ela perguntou, com os olhos frios e duros como concreto. Suspirei esfregando o rosto com as duas mãos tentando espantar o sono para aquela conversa.

   -Gina.

  -Eu sabia. – Ela disse cruzando os braços – Como tem a coragem... A audácia... De aparecer aqui? De cara limpa? E ainda confessar!

Não sabia onde aquilo ia dar. Mas quando abri a boca, já sabia que não dormiríamos na mesma cama. Aquilo vinha acontecendo com mais freqüência do que eu gostaria ultimamente.

  -Porque está morta. Eu estava em um velório. - Eu disse pousando o copo vazio na bancada.

Gina e eu costumávamos jogar futebol no mesmo time na escola. Ah a garota sabia jogar. Se foi muito cedo. Foi um tipo de choque quando recebi a notícia. Se foi muito cedo, de um ataque do coração. Mas Cassie não queria ouvir a verdade. Queria ouvir se que estava certa e que eu era um cafajeste que não merecia o seu ‘amor’, não que eu tivesse tido algum de uns meses para cá. Será que eu recebera desde que saí da casa da minha mãe? Ou era só dar, dar e dar.

  -Oh. E eu não fui convidada para esse velório?

  -Eu te convidei para ir. Você me disse que estaria ocupada -  Eu disse entre os dentes cerrados com tanta força que chegava a doer.

 -Não me lembro disso. -   Ela disse dando um passo a frente como que para me intimidar com seu 1,65. Apontei para a geladeira olhando fundo em seus olhos claros, onde constava o bilhete que avisava que eu iria ao velório.

 -Isso não é um convite.

  -Não interessa Cassity. Estou cansado e vou dormir. Conversamos de manhã.

Avancei na direção da porta mas ela se colocou a minha frente.

-Na minha cama não.

 -Nossa cama

-Não interessa Ian. Vai curar sua canseira longe. Conversamos de manhã. - Disse ela, imitando-me.

E então, próximo a meia noite, carente de um conforto, deprimido até os ossos, fui até o quarto, peguei uma mala, derrubei minhas roupas dentro dela. Então sem dizer nada a Cassie, passei pela porta, tomando a melhor decisão de toda a minha vida.”

#Fashback off#

Eu ficara um tempo com Kyle depois disso. Se dependesse da natureza gentil de sua esposa Sunny eu ficaria com eles para sempre, mas insisti em construir a vida que Cassie tinha sugado de mim por todos esses anos. Mas ainda jantava com eles nos sábados. Ficaram felizes e orgulhosos de mim ao saber que comprara meu apartamento, voltara para pegar minhas coisas e deixara as chaves em cima dos documentos do divórcio em cima da mesa. No mesmo jantar Kyle admitiu, mesmo sob as reprimendas de Sunny que nunca gostara de Cassie.

De boca cheia, cobri a mão com o garfo e ri. Engoli e chamei-o para perto

  -Nem eu irmão – Respondi –Nem eu!

Naquele dia em especial eu estava tão feliz por ter fechado o negócio com o apartamento que até subi pelas escadas. Eu estava com energia de sobra para enfrentar o mundo e tudo o que ele tinha para me oferecer de bom e de ruim. Agora eu podia ser feliz. Cuidar de mim.

   Sem Cassie...

   # Uma semana Depois #

                   

      POV. PEG   

- Chegamos! – Anunciei assim que estacionei na frente da escola de Jamie. Phoenix High School ficava no centro da cidade. Era uma ótima escola, uma das melhores, e Jamie estudara lá desde a pré-escola.

- Peg, você não precisava ter me trazido na escola. – Jamie falou enquanto retirava o cinto de segurança. – Você não precisava se preocupar maninha, eu não sou mais criança, poderia vir sozinho, não precisava ter acordado tão cedo.  

- Tudo bem Jamie, não foi incomodo nenhum. – Falei ajeitando o uniforme de Jamie – Eu só queria trazer meu irmãozinho lindo que eu amo muito na sua escola, ou será que não posso? Está com medo que eu descubra suas travessuras?     

- Peg! – Ele me repreendeu com um risinho.  – Eu sou um santo, esqueceu?  

- Sei...

- Tenho que ir. Vou acabar chegando atrasado.

- Ok. Agente se vê mais tarde. – Falei dando-lhe um beijo estalado na bochecha.- Vai lá, as gatinhas então te esperando. – Falei piscando pra ele e ele ruborizou fortemente me fazendo gargalhar.

  -Tchau. 

Depois que Jamie entrou no colégio, eu girei a chave no contato, e dirigi distraidamente de volta pra casa.  O grande relógio na avenida marcava pouco mais de sete da manhã. Suspirei me ajeitando no banco do motorista, ligando o ar condicionado. Apesar de ainda ser cedo, o sol já estava a pino, queimando minha pele branca e fina, e o calor aumentava ainda mais. Eu havia me esquecido de quão quente Phoenix era. 

Por mais que eu tentasse negar ou esconder, eu ainda estava profundamente magoada com tudo que acontecera. O sentimento de traição ainda estava preso ao meu peito, fazendo com que um bolo se formasse em minha garganta. Era como se uma enorme ferida tivesse sido aberta em meu peito, e ela ainda sangrava. 

Será que um dia eu voltaria a amar de novo?                                                                  

  [...]

Cerca de vinte minutos depois, eu estava estacionando o carro na frente do prédio. Notei um estranho movimento na portaria e logo vi um carro de mudança estacionar logo em seguida. Devia ser o tal vizinho que Jamie falara. Prendi meus cabelos num coque frouxo devido ao calor, deixando alguns cachinhos dourados caírem sobre meus ombros e desci do carro acionando as trancas com a chave em minha mão.    

- Peg? – Ouvi uma voz me chamar, apreensiva.  E eu jamais deixaria de reconhecer aquela voz, que cantava tão bem quanto mentia. Levantei meu rosto e me deparei com o rosto Jason me fitando intensamente. Jason Carter estava a alguns metros de mim, ou melhor, vindo em minha direção.

- O que você faz aqui?! – Perguntei com os dentes cerrados. O que diabos ele pensava que estava fazendo? Que viria aqui com essa cara de cachorrinho abandonado e eu voltaria correndo pros braços dele? Se fosse isso, ele estava muito enganado.

- Precisamos conversar Peg. – Ele disse tentando tocar meu rosto, mas eu o afastei com a mão – Você não atendeu as minhas ligações e eu não tive alternativa a não ser vir até aqui.

- Jason, nós não temos mais nada pra conversar. Acabou, entendeu? Eu não acredito em uma palavra do que você diz. Portanto, não gaste suas palavras, não vai adiantar. – Disse tentando me controlar – Ah e mais uma coisa! Você não tem o direito de vir aqui na casa dos meus irmãos! Espero que seja uma passagem com reembolso, porque perdeu a viagem. Agora, me dá licença que eu tenho milhões de coisas pra resolver. 

- Peg, espera... – Ele disse segurando meu braço, me mantendo próxima a ele.  

- Jason, me solta... - Avisei a ele em voz baixa, mesmo sem saber o que fazer.

- Não solto até você me ouvir...

- Me solta, agora! Eu não quero conversar com você!

- Peg, por favor, todo o amor que você sentia por mim, não ter evaporado de um dia pro outro..

- Você tem razão Jason – Concordei com a voz mais irônica que pude - Não evaporou. Foi morto e enterrado lentamente. VOCÊ o matou, VOCÊ destroçou, VOCÊ acabou com ele, transformou ele em ódio, magoa... – Falei sentindo as lágrimas brotarem dos meus olhos – Por isso, por favor, vá embora! ME DEIXA EM PAZ PORQUE TUDO ISSO É CULPA SUA! 

- Eu atravessei o país pra conversar com você Peg, e não vou sair até você me ouvir. 

- Você não a ouviu? – Uma terceira voz masculina desconhecida soou, fazendo uma corrente elétrica percorrer meu corpo. – Ela não quer conversar com você, cara.

Levantei meu rosto encarando o dono do que parecia naquele momento aterrorizante, voz mais bela que eu já ouvira na vida.

- Quem é você? – Jason perguntou com um ar presunçoso dando um passo a frente, assumindo toda a postura de Bad-boy, que não se via quando estava atrás do seu violão e de suas mentiras.

- Olha, acho que quem sou eu não vem ao caso.  Eu não sei o que aconteceu entre vocês e não quero me intrometer, mas, por favor, faça o que ela pediu ok? Ela não quer conversar, é melhor você ir embora ou terei que chamar a policia.  

- Tudo bem, eu vou. – Jason disse levantando os braços com uma expressão debochada de rendição – Mas eu não vou desistir... - Disse apontando para mim como se me avisasse alguma coisa.

Então Jason e afastou girando os calcanhares com passos duros. Suspirei sentindo meus joelhos fraquejarem. Esfreguei meu rosto, encostando-me ao carro, aliviada por ele finalmente ter ido embora. 

- Você está bem? Ele te machucou? 

- N-n-não. Eu estou bem. – Respondi gaguejando e arquejando, meu coração batia descompassado. – Obrigada, por... Ter me ajudado.  

- Não foi nada. Ele é... Seu namorado? 

- Ex-namorado. Ênfase no ex, depois de hoje. – Corrigi sorrindo estendendo a mão pra ele – Me chamo Peregrina, mas pode me chamar de Peg. Todo mundo chama. Você deve ser o novo vizinho, certo? 

- Sim, me chamo Ian. É um prazer conhecê-la. – Ele respondeu sorrindo beijando minha mão num gesto cavalheiro.  Bom, pelo visto eu e o novo vizinho iríamos nos dar bem...

E eu posso ver isso se desdobrando

Estou caindo em seu amor

Mas por favor, não me segure

         

     [..]


Acionei o botão do elevador em direção ao térreo. Eu ainda estava meio desnorteada com os acontecimentos de manhã, minha mente estava vaga e não estava conseguindo me concentrar em minhas atividades. E tudo por quê? Por que o ato heróico de Ian, o novo vizinho de me salvar de Jason não saia da minha cabeça... Afinal, por que ele fizera isso?Éramos completos estranhos. 

Bom, agora eu não tinha tempo pra pensar nisso. Eu tinha prometido ir buscar Jamie na escola e resolver milhares de coisas no centro, como procurar um novo emprego pra me reestabelecer completamente aqui, em Phoenix. Depois de passar a faculdade inteira implorando por dinheiro e sobrevivendo de empregos de meio-período e do dinheiro que Jason ganhava no campus com o violão, eu estava louca para arranjar algo sólido para poder viver de forma digna como uma cidadã americana adulta.  

- Ei espera, segure o elevador! – Ouvi uma voz chamar e eu me apressei para colocar o braço para fora antes que a porta se fechasse. Deparei-me com aquele par de olhos azuis que me fitava m com um lindo sorriso. Ian. Era ele que pedira que eu segurasse o elevador.

Seus cabelos negros estavam levemente molhados e desgrenhados chamando ainda mais atenção pra seus olhos brilhantes. Ele usava agora uma bermuda caqui com uma regata branca, e sorria singelamente pra mim. Um sorriso que me fez retribuir quase instantaneamente. Eu não sei por que, afinal ele era estranho pra mim, mas eu em sentia bem o vendo sorrir.   

- Oi de novo e... Obrigado por... Segurar o elevador. – Ele disse – Bom, parece que vamos nos ver com frequência agora não é? -  Ele disse, parecendo animado com a perspectiva.

- Sim. – Respondi sentindo meu rosto ruborizar. Droga, por que eu estava respondendo a ele com palavras monossilábicas? Eu queria perguntar por que ele me defendera hoje, mas tinha medo que ele me interpretasse de forma errada. A curiosidade estava me matando, e estranhamente, eu me sentia bem perto dele. – E então, como está indo na... Nova casa? 

- Bem, ainda vai demorar um pouco até eu organizar tudo, diga-se de passagem que não sou muito bom nisso – Ele respondeu apertando o botão do subsolo, onde ficava o estacionamento – Mas estou adorando o lugar, é bem tranquilo e... 

Antes que Ian terminasse a frase, a luz dentro do elevador piscou, fazendo-o dar um pequeno solavanco, me deixando desequilibrada. Eu teria caído se braços fortes não tivesse segurado-me, amparando a minha queda poucos segundos antes. Meu olhar se prendeu ao dele por alguns segundos, fazendo meu coração palpitar mais forte e minha respiração acelerar. Oh não, o que eu estou fazendo! Só posso estar ficando louca, isso sim Estou flertando com o vizinho! Que vergonha!

Antes que eu me apaixone

Rápido demais

Beije-me rápido,

Mas faça durar


Desviei meu olhar do dele rapidamente, e eu podia jurar que estava mais vermelha que um pimentão, só então notei que o elevador tinha parado. Oh não, por favor, que não seja o que eu estou pensando... 

- Parece que o elevador parou... Acho que estamos presos aqui.  

- Oh não! – Murmurei sentando-me no chão, tentando não entrar em desespero. Agarrei meus cabelos e levantei, passando a andar de um lado para outro, com o desespero me dominando, por mais que eu tente me controlar. Não dá, é muito forte a sensação de claustrofobia. Detesto lugares fechados. Posso até ficar com a porta fechada, mas desde que ela não esteja trancada e caso esteja à chave esteja a minha disposição. Isso se deve ao fato de eu ter caído em um poço no rancho Stryder, que pertencia ao meu tio Jeb quando era criança e ter ficando quase dois dias presa nele.  

- Ei Peg, se acalme ok? Vai ficar tudo bem. Nós vamos sair daqui logo. A luz deve voltar em algumas horas.

- Eu... Eu... Tenho pavor de lugares fechados. – Revelei sentindo minhas pernas amolecerem, como gelatina. Ótimo, além de tudo agora ele sabia que eu era claustrofóbica. Senti meu corpo escorregar, e me sentei, envolvendo minhas pernas com os braços, começando a chorar totalmente histérica. Era como se não houvesse ar o bastante lá dentro. Senti uma respiração próxima a mim e quando me dei conta, Ian estava sentado ao meu lado, segurando minha mão.   

– Ei, olha pra mim. – Ele pediu e eu olhei em seus olhos. Não havia realmente notado a tonalidade incomum daqueles olhos. Um azul especial. Neve, Safira e Meia noite, juntas em uma linda combinação – Nós vamos sair daqui, ok? Apenas fique calma, eu não vou deixar que nada de ruim aconteça a você. É só continuar respirando e tudo vai ficar bem.

Eu apenas assenti, e me deixei perder naqueles olhos azuis que pareciam me acalentar. Aos poucos eu sentia meu coração se tranquilizar e todo desespero ir evaporar das minhas veias aos pouquinhos.

- E então, sobre o que quer conversar? Parece que vamos ter bastante tempo pra nos conhecer agora. – Ele disse sorrindo. Como ele podia sorrir numa situação daquela?! Afinal estávamos presos num elevador, sozinhos e incomunicáveis. Aquilo era ruim, não era? 

Mas eu tinha que admitir, talvez conhecê-lo melhor não fosse tão ruim assim...

Mas esta noite eu poderia me apaixonar tão rápido

Sob esse luar bonito


       POV. Ian

      

      Era difícil convencer Peg a se manter estável e continuar falando para que se distraísse de o que quer que tivesse causado aquela aversão a lugares pequenos. Ela me contou sobre seus estudos de psicologia e do que levou seu ex-namorado até a frente do portão daquela maneira. Era engraçado como nos encontrávamos na situação oposta. Ela tinha sido traída e resolvido sair. Eu era o que – supostamente –tinha traído e tinha resolvido sair de casa.

De vez em quanto, eu até consegui fazê-la rir com alguma piadinha sem graça, mas seu riso logo morria, o que me deixava muito triste. Gostava do seu riso.

 POV. Peg

- Então você acabou de se divorciar? – Perguntei arqueando as sobrancelhas assim que ele acabara de me contar sobre o seu casamento mal sucedido e ele assentiu. Pelo visto, tínhamos mais em comum do que imaginávamos...

Já fazia quase sete horas que estávamos presos naquele elevador, e nesse tempo, conversamos sobre os assuntos mais variados. Contei um pouco da minha vida por ele, e ele contara um pouco da minha dele mim, e como psicóloga, tinha que admitir que nós dois passamos por quase a mesma coisa no campo do amor. Ambos sofremos por amor, e agora, estávamos tentando recomeçar nossa vida.  

Pra falar a verdade, eu já estava me esquecendo que estava presa num elevador a tanto o tempo, apesar da escuridão das luzes apagadas e o calor do ar viciado me lembrando o tempo todo. Parecia que eu e Ian nos conhecíamos há décadas e não há apenas algumas horas. Eu estava gostando e muito da companhia dele.   

- Bom, parece que nós dois não demos sorte no amor. – Ele disse sorrindo. – Azar no amor, sorte na guerra não é isso o que dizem?

Ele levantou-se para esticar a coluna e me estendeu a mão para que eu ficasse de pé e fizesse o mesmo. Estávamos sentados fazia tanto tempo.  Apenas assenti e quando eu ia abrir a boca pra falar responder, já de pé, o elevador deu outro solavanco, voltado a se mover e novamente jogando-me para os braços de Ian. Dessa vez com uma conseqüência a mais. Por acidente nossos lábios se tocaram por um milésimo de segundo. Eu não sei se ele notou, mas eu estava distraída demais para isso. Só lembrei-me disso mais tarde. Naquela hora tudo o que conseguir pensar era: Finalmente estávamos livres!

Nós dois nos firmamos e ajeitamos nossas roupas amassadas. Não demorou muito e estávamos chegando ao térreo e a porta do elevador se abriu.

- Chegamos – Ele disse suspirando e antes que eu pudesse agradecê-lo por tudo o que fizera para que eu não perdesse o controle, Mel veio correndo em minha direção, e Jamie ao seu encalço e os dois carregavam expressões de desespero no rosto. 

-Ah Peg, minha irmãzinha, você está bem? – Ela perguntou me abraçando aflita e depois me analisando de cima a baixo. – Fiquei tão preocupada! Quando Jamie me ligou dizendo que não tinha parecido eu... Ai, eu nem sei o que me deu!

- Eu estou bem Mel.

- Tem certeza? – Ela perguntou de novo e eu revirei os olhos. Ian me olhava de um jeito estranho. Talvez estivesse aliviado de nos ver livres – Ok, desculpe.

- Eu... Tenho que entrar agora. - Ele disse se afastando, pelas escadas obviamente. Nem ele nem eu usaríamos aquele elevador em um bom tempo.

- Ian... Obrigada. – Falei puxando-o pelo braço, impedindo-o de descer por alguns segundos – Você me ajudou muito hoje, acho que teria pirado se não fosse você.

- Não foi nada, foi bom passar à tarde com você.

-O-obrigada.

Nos aproximamos, desajeitados, um do outro, eu ia lhe dar um beijo na bochecha esquerda de Ian, mas ele foi para o mesmo lado, acabamos batendo as testas uma na outra. Mas como eu era desajeitada!

  - Ai - Resmungamos juntos, depois rimos.    

- Espere. – Ele segurou meu rosto, assim não nos atrapalharíamos novamente. Seus lábios pousaram minha testa e no mesmo momento eu senti todo meu corpo estremecer. – Tchau Peg.   

- Tchau Ian. – Falei sorrindo colando a mão no bolso da minha jaqueta. Estranhei ao sentir um pequeno pedaço de papel dobrado entre os meus dedos. Era o número do celular de Ian. Talvez aquele fosse um novo recomeço. Uma nova chance. Para nós dois.

Torne doce

Torne lento

Deixe passar o futuro

E não deixe ir



Catch Me - Demi Lovato

                                              


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Notas finais do capítulo

E ai, e ai? Gostaram?
Gente, precisamos de reviews pra saber o que você acharam, mas esperamos de coração que tenham gostado nessa One bem diferente, mas nós demos um jeitinho de fazer o Ian e a Peg se encontrarem. hihi. Afinal, eles são perfeitos juntos não são?
Bom flores, essa One tem um capitulo bonus, ok? EStou postando ele agorinha mesmo, então, esperamos que gostem, ele vai contar o que aconteceu com nosso thucchucos. hihi.
Que tal reviews, recomendações? ;D
Bjos e Até o Capitulo bonus. hihi