Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 40
Epílogo - Visão


Notas iniciais do capítulo

O epílogo foi bem rápido se revisar.
Espero que tenham gostado de tudo o que viram até agora, de coração. Amei todos os reviews que recebi até agora, e gostaria de que vocês comentassem dizendo do que acharam desse final e o que mais gostaram na fic.



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O vento soprava, trazendo consigo a brisa do norte.

As folhagens verdes das plantas do jardim farfalharam ligeiramente diante sua fraca intensidade, a luz passando escapando por entre as sombras, iluminando a grama verde esmeralda e as delicadas flores cujas pétalas lilases abriam-se como silenciosos sinos.

Aquela parte do jardim do grande templo de Sacraelum. Era isso que conseguia ver da imensa janela de seu quarto.

Era ali onde ele costumava sentar-se, esperando por ela.

Não sabia se era impróprio pensar no amante o qual o destino obrigara a se separar poucos dias após a morte de seu marido, mas simplesmente não conseguia evitar. Mesmo durante todos os anos de separação, jamais conseguira amar o homem com quem se casara em um casamento arranjado. Era um ótimo companheiro e amigo, e este sabia sua relação passada com o homem. Era um homem puro que mesmo sabendo que ela amava a outra pessoa, era feliz ao seu lado.

Não conseguia não deixar de se sentir culpada por não amá-lo, mas também não conseguia esquecer o homem por quem se apaixonara antes de se casar.

O homem com quem teve filhos.

Mas as crianças tiveram de ser levadas, sem mesmo terem idade para lembrar-se da mãe.

A ideia de as crianças vissem outra mulher como sua mãe assombrara-a durante tantos anos... Sabia, porém, que deveria ser exatamente isso que ocorrera. Seu papel sendo substituído por outra mulher por culpa de Caoilainn. Não era preciso dizer que jamais a perdoara desde o dia em que fora obrigada a entregar seus filhos para serem levados para longe, sem qualquer motivo. Várias outras sacerdotisas haviam passado pela mesma situação, e seus filhos continuavam consigo. Jamais entendera o porquê de justo os seus terem sidos os escolhidos a serem retirados de perto de si.

Sim, era uma sacerdotisa, como várias outras, porém, sendo mais respeitada.

Levantou-se, seus cabelos negros caindo-lhe como uma cortina de cetim negro até seus joelhos cobertos pelo longo vestido azul, muito mais escuro do que seus olhos azuis claríssimos. As mais caras jóias a adornavam, esbanjando a riqueza do local onde vivia e sua posição.

Rumou até o berço armado perto de sua cama, dentro no qual estava deitado um pequeno e indefeso bebê de apenas poucos dias; quase um mês de vida, com cabelos negros, finos e ralos em contraste com sua pele branca e leitosa, ligeiramente corada nas faces. Os olhos acinzentados escondidos pelas pálpebras fechadas, com uma clara coloração a qual lembrava lavanda. Em seu pescoço, uma pequena gargantilha de ouro adornada com pequenas ametistas, e em seu centro, uma pedra quase do tamanho de um punho, de um intenso rosa com pequenos fios mais claros, que moviam-se quase que a toda hora.

Acariciou o rosto da criança com a ponta dos dedos, sentindo a textura da pele macia e suave da criança, característica de um bebê, velando seu sono por um tempo, verificando se a pequena menina não iria acordar. Após, saiu de perto do berço, passando pela grande cama que ocupava a parede central do quarto, indo em direção à penteadeira de madeira envernizada pintada de dourado com um espelho oval ricamente decorado sobre ela. Pegou uma chave escondida sob um pequeno baú e destrancou uma das gavetas, abrindo-o. Deparando-se com a riqueza com a qual a mulher se vestia e do local onde morava, muitos pensariam que dentro daquele baú escondiam-se os mais caros dos tesouros. Aquela mísera gaveta escondia sim seus tesouros, mas para si, nada a ver eles tinham com bens materiais, e sim com bens sentimentais.

Dentro da gaveta havia três objetos: Duas gargantilhas e um anel.

Uma das gargantilhas era feita de ouro, com pequenas linhas tracejadas verticalmente com ouro vermelho cravejado com pequenas pedras preciosas, em cravejada bem em seu centro, uma pedra de âmbar, da qual saía-se um círculo de ouro o qual emoldurava uma pedra polida um pouco menor do que um punho fechado, de um intenso vermelho sangue, com fios alaranjados pulsando como veias e movendo-se como faíscas de eletricidade. Pegou-a e franziu o cenho. Não era comum que os fios movessem-se deste modo, o que estava ocorrendo?

Pousou-a novamente e cuidadosamente dentro da gaveta e pegou a outra, sequer percebendo que, distraidamente, pegara também o anel simples de ferro. A outra era feita igualmente de ouro, sendo em seu centro, também rodeando-a, uma linha feita com prata encravada com pequenas pedras vermelhas, o fecho sendo de uma pedra de safira azul escura, polida para se tornasse quadrada, e dela saía-se, do mesmo modo que da outra, uma pedra emoldurada em ouro, só que de um belo tom de azul elétrico. Porém, novamente viu algo estranho. Os fios esbranquiçados que se pulsavam com vigor todas as vezes que apanhava aquela gargantilha haviam desaparecido. Por quê? O que acontecera?

Antes que a preocupação começasse a dominá-la, seu olhar tornou-se vazio e distante. A negritude dominou seu olhar, para logo então desaparecer lentamente diante seus olhos.

Branco.

Tudo estava branco.

O céu estava escuro, a neve cobria o chão como um denso lençol branco. O vento vinha fortemente do norte, trazendo consigo tanta neve que poderia muito bem cobrir todos os escombros ali até desaparecerem em meio à imensidão branca. Os olhos azuis vagaram ao redor, procurando localizar o local onde estava, mas a situação do ambiente era tão deteriorada que era praticamente impossível. Quando olhou para o chão à sua frente.

O branco pintado de outra cor.

Pele pálida.

Cabelos que se confundiam àquela cor.

Os mesmos olhos que os seus, abertos, sem sentimentos, sem expressão, sem vida.

Não!

Seus joelhos fraquejaram e caiu ao chão, sua visão retornando para seu quarto. Uma mão tapava-lhe a boca enquanto as lágrimas começavam a marear-lhe os olhos, segurando firmemente a gargantilha, com tanta força que seus delicados dedos ficavam brancos.

Sequer percebia que atrás de si estava um garoto de dez anos encarando a cena sem nada entender, com cabelos lisos e negros e olhos de intenso azul cobalto. A gargantilha de prata em seu pescoço, com uma pedra dourada onde se moviam fios amarelo-esbranquiçados, caindo sobre a toga azul clara que usava, com uma calça branca por baixo. Piscou, sem entender a cena, e chamou:

- Mãe?

Mal escutou ao chamado de seu filho, a dor rasgando seu peito ao constatar...

Um de seus filhos com aquele homem estava morto.




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Notas finais do capítulo

Talvez o final não tenha sido o que vocês esperavam.
Talvez alguns pensassem que terminaria com a queda da Ordem. Outros pensavam que terminaria com a volta da Terra. Mas não.Acho que ninguém esperava a morte do Yudai, por motivos óbvios.
Há algumas coisas que recebi, uns MPs, que me deixaram extremamente magoada, mas decidi pô-los em questão no último cap.
Queria agradecer aqueles que me apoiaram, minha família, minhas amigas: Luiza Shelly DC, Anita Flexa, Tamires Antonussi e Michelle Martins. Também tenho muito a agradecer à escritora de Legados de Luz, Dryka Alves. E também a todos os leitores que leram minha fic até o fim. Hila, Maka, aos que nunca me deixaram um review. Comentem este final, por favor.
Meia Alma vem por aí. Em breve postarei o prólogo.
Até a próxima ^^