Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 10
Capítulo 9 - Escola


Notas iniciais do capítulo

E... A visão de um guerreiro sobre a escola exposta neste capítulo. O que você faria se fosse um guerreiro e tivesse que ir para a escola?



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O Sr. Morgan segurou a porta, mantendo-a aberta e fez um sinal para que eu entrasse, e foi o que fiz. A sala era grande, e todos os alunos estavam sentados em mesas individuais. Todos me encararam, em silêncio quase mortal, e olhei envolta antes de olhar para o professor. Ele era mais alto que eu ou o diretor, era um tanto careca e tinha uma barriga proeminente, sua pele era escura, mas não tanto quanto a do diretor. Ele sorriu, revelando os dentes tortos e ajeitou os óculos enquanto o diretor fechava a porta.

– ¿Hablas español? – perguntou e entendi imediatamente, assim como conseguira ler.

– Sí señor. – respondi, e achei estranho conseguir responder - e pronunciar - direito.

Seu sorriso tornou-se ainda maior.

– ¿Cómo se llama?

– Yudai Hentric, señor.

Ele se virou para a turma e disse:

– Démosle la bienvenida lo nuevo alumno!

– Bienvenido. – responderam num ânimo que eu achei estranho. Quer dizer, as garotas disseram num ânimo estranho. Hã?

– Ótimo! De onde você é? – perguntou, já em inglês.

– Flórida. – respondi.

– Você é muito pálido pra quem veio da Flórida. – alguém disse, mas pelo modo abruto que se calou, percebi que alguém tapou sua boca.

– Sempre fui assim. – respondi e dei de ombros. – E quase todos meus parentes são pálidos.

O professor pareceu ponderar por um instante, antes de me mandar sentar numa carteira vazia no fundo da sala, entre duas garotas, sendo que reconheci uma delas como sendo a ruiva que estava conversando com Sophie, a outra era uma garota morena de cabelo crespo. Me dirigi até a carteira, sentindo muitos olhares da sala voltados a mim, acompanhados por cochichos, risadinhas e pelo que senti, olhares mortais, mas não entendi o porquê. Simplesmente me sentei, dessa vez tentando ignorar a reação dos outros.

Logo o professor retomou a sua aula, chamando assim a atenção dos alunos. Em sua mesa vi uma placa escrita “Professor Elliot Sloan”, e percebi que sua aula não era nenhum pouco difícil. Não quando consegue se entender tudo o que ele fala. Então peguei o meu caderno discretamente, abri na última página e comecei a desenhar, nem prestando atenção no que fazia e escutando parcialmente o que o professor dizia. Quer dizer, eu escutava o que ele dizia, e se me perguntasse algo, eu saberia o que tinha que responder.

Para minha sorte, ele não me perguntou nada durante todo o horário, e quando o sinal tocou, eu havia desenhado o Despertado no qual havia lutado dias antes com Anita, Nina e Alec, o que não me deixou muito satisfeito.

Peguei minhas coisas e dei uma olhada na minha próxima aula, e segui para ela. Felizmente, não tive de fazer nenhuma apresentação para a turma, o professor de Química, “Richard Nix”, como dizia a placa em sua mesa, apenas me mandou sentar numa cadeira vazia no canto da sala, meio escondida por um grandalhão. Ele era alto e magricela, com o cabelo arrumado e óculos de armação quadrada, usava também um pulôver vermelho e gravata borboleta. Ele tinha uma voz anasalada e antipática. Já prevendo como seria sua aula, sentei na carteira e um rapaz gordo se sentou ao meu lado, me deixando meio espremido entre a janela, a parede, ele e o “armário” à minha frente, mas a boa notícia era que se eu não prestasse atenção na aula e fizesse qualquer outra coisa, eu seria facilmente “camuflado”.

A aula foi ainda pior do que eu imaginava. Além da voz terrível, ele parecia fazer questão de explicar e falar cada palavra da maneira mais degradante e entediante quanto o possível, mas reparei que a grande maioria da turma sequer prestava atenção no que ele dizia, e novamente pude sentir olhares voltados para mim, junto com cochichos e risadinhas. Por um instante levantei o olha e vi um cara me olhar com uma expressão assassina por um motivo que não consegui entender. Novamente peguei meu caderno e peguei a última página novamente. Mesmo que não gostasse da figura ali, decidi terminar de desenhar o Despertado. Eu já havia desenhado seu tronco, o corpo de formiga, todos os braços e duas pernas. Faltavam terminar seis pernas e a viseira de seu rosto. Continuei desenhando e percebi que o cara ao meu lado olhava para o monstro que eu desenhava pelo canto do olho, de vez enquanto olhando para o professor para disfarçar, como eu fazia.

– Concentração molar ou molaridade é a quantidade de soluto, em mol, dissolvidos num volume de solução em litros. O mol nada mais é que a quantidade de substâncias de um sistema que contém tantas unidades elementares quantas existem em átomos de carbono em 0, 012 kg de carbono-12. – ouvi-o dizer em sua voz anasalada.

Pouco depois de terminar de desenhar viseira, após desenhar todas as pernas restantes, o sinal tocou. Guardei minhas coisas e estava fechando meu caderno quando ele pediu:

– Posso ver seu desenho?

Sem dizer nada, apenas lhe passei o caderno. Ele analisou cada detalhe do monstro, parecendo gostar, enquanto eu escutava o professor ralhando com alunos que faziam bagunça. Fechou então o caderno e o devolveu.

– Você desenha muito bem. – elogiou. – Você fez esse monstro aí como se tivesse visto cada detalhe dele.

– Obrigado. – Respondi. “Na verdade, eu vi cada detalhe desta coisa mais de perto do que gostaria.” acrescentei por pensamento.

Abri minha mochila novamente e vi algo que não havia reparado e que com certeza não era o melhor momento para reparar. Era uma bolsa de couro como a dos Supressores e Transfiguradores e algo me dizia que boa coisa não era. Só coloquei um dedo dentro dela e ofeguei baixo. Eu tinha me cortado. Ao menos já tinha uma ideia do que era, e que deveria deixar ela longe do alcance de outras pessoas.

Trouxe meu dedo próximo a beira da mochila para ver o estrago e vi que meu dedo sangrava bastante, mas não me preocupei. Vi outra coisa de couro, e percebi que era uma carteira. Ainda disfarçadamente, abri-a e gemi. Tinha tantas notas ali dentro que ela mal fechava direito. Peguei algumas e pus no bolso, me amaldiçoando mentalmente por não ter olhado a mochila direito.

Depois do intervalo – no qual passei sozinho, o que já era bastante esperado. – tive mais duas aulas, e então tocou o sinal da saída. Percebi que não deveria ter me preocupado tanto com a escola, pois nunca vira coisa mais fácil. Quer dizer, talvez a transformação em híbrido ajude, pois aprendemos coisas teóricas com muita rapidez, pelo visto, e a velocidade em que consigo ler também entra em conta. Tenho certeza que estaria ferrado se fosse um humano normal.

Saí do ônibus e fui para a casa de Harrys, – tinha que agradecer pelo fato dele ter cópias da chave. – subi e fui até o meu quarto. Teria de pegar Raquel na casa da Sra. Garcia, mas isso podia esperar um pouco, abri a mochila, tirei a carteira de lá e dei uma olhada nas notas. A grande maioria eram notas de cem dólares, mas havia umas menores – as que eu pegara eram, por sorte, notas de vinte. Guardei-as numa gaveta do guarda roupa e então peguei a bolsa de dentro da mochila. Era um tanto pequena e vinha com uma correia que dava para prender no cinto ou na minha perna. Abri-a e despejei o conteúdo encima da cama, e reconheci o metal. Aquele tipo existia somente em Darneliyan, chamado popularmente de Ferro dos Deuses. É desse material que são forjadas nossas armas, e são extremamente resistentes a ponto de suportarem ataques de Despertados e duelos de híbridos e saírem sem nenhum arranhão.

Peguei o objeto que estava com uma pequena mancha de sangue, quase imperceptível. Era uma coisa redonda camuflada cronômetro, mas na ponta havia um gancho de quatro pontas, girei um dos botões que possuía e o gancho tornou-se maior. Só por precaução, virei na direção da porta e apertei o outro botão.

O gancho voou e se engatou na maçaneta da porta, preso a ele saía uma corda com pedaços do mesmo metal que o gancho e quando puxei, os pedaços se juntaram e em vez de continuar maleável, tornou-se rija. Girei um pouco o objeto e achei algo como uma pulseira nele. Apertei o botão novamente e a corda se retraiu.

Diminuí o tamanho dos ganchos, e depois de girar após algum tempo, os ganchos ficaram retos e se retraíram para dentro do cronômetro, aquilo seria bastante útil. Na cama tinha também umas luvas de couro com o recado “Não deixe digitais” e dois punhais. – se eu tenho a minha espada, pra quê isso? Como eu não fui reparar nessa bolsa de couro? Devo ser cego para tal.

Guardei tudo dentro do armário novamente e desci. A casa da Sra. Garcia era duas casas ao lado, e eu tinha que buscar Raquel. Fui duas casas ao lado, algo me dizia que era a casa com cercas brancas e um jardim colorido em frente à casa amarela. Aquele lugar, por algum motivo, parecia me passar a sensação de calma e alegria, talvez pela escolha de cores. Toquei a campainha e ouvi diversos latidos, até que escutei a chave girando e uma senhora baixinha e um tanto enrugada com os cabelos brancos parecendo um tufo de algodão abriu a porta.

– Oh, olá. – exclamou, e então deu um sorriso. – Presumo que seja o irmão de Raquel, não?

– Ah, sim. – respondi, piscando com o modo direto em que ela dissera.

– Vocês são parecidos. – comentou, afastando-se um pouco. – Entre!

Entrei na casa, que era pintada com cores claras, tendo ocasionalmente papéis de parede e quando pus os pés dentro da casa, escutei uma explosão de latidos. Raquel estava sentada no tapete felpudo com um minúsculo cachorrinho com o pêlo liso e branco de olhos pretos no colo, que latia furiosamente para mim com seu latido fino.

Outro cachorro, da mesma raça que o outro talvez e do mesmo tamanho, só que com o pêlo encaracolado apareceu em disparada pelo corredor me acuando e saltou em minha perna, só que apenas conseguiu se pendurar em minha calça pelos dentes, enquanto rosnava furiosamente.

Havia também outro, que estava encima do sofá e era maior dos três, claramente já um adulto enquanto os outros dois eram filhotes, de pelo longo e liso, e latia para mim do mesmo modo. Os olhos castanhos estavam arregalados e os dentes à mostra. Estava pronto para atacar.

– Nino! Solte a calça do rapaz! – a Sra. Garcia ralhou.

Me abaixei e tirei o cachorro de minha calça. – tentando não rir do nome, que lembrava o de Nina. Ele imediatamente começou a se contorcer, tentando me morder, e o entreguei rapidamente a ela.

– Eles normalmente são dóceis, você é a segunda pessoa com quem eles agem assim. – suspirou. – Eles sempre agem assim quando Harrys aparece.

– Ah, tudo... Bem.

Ela o pôs no chão e o mandou ficar quieto, mas ele continuou rosnando para mim.

– Sente-se. – disse. – Eu vou fazer algo para o lanche.

– Ah, não...

– Precisa sim. – disse. – Eu ia fazer de qualquer jeito.

Ela entrou e então eu me aproximei de um dos sofás, com Nino tentando furiosamente morder meus cadarços ou minha calça. O outro se escondeu na curva do pescoço da Raquel, ganindo.

– Parece que eles não gostaram de mim. – falei.

Fui me sentar no sofá, mas o adulto imediatamente pulou para o assento no qual eu iria sentar, ainda rosnando.

– Tá bom. – falei a ele. – Eu sento no chão mesmo.

Sentei no chão, sendo seguido pelos olhos do maior, e Nino começou a puxar meu casaco, tentando estraçalhá-lo, visto a ferocidade que o puxava e rosnava. Raquel colocou o outro no chão, que logo se juntou a Nino na tentativa de acabar com meu casaco. Tirei-o então, só para testá-los, e pus no chão. Ambos cheiraram-no brevemente, como se para ter certeza do que era, e então voltaram sua atenção à manga de minha camisa.

– Você acha que tem a ver com o fato de você ser...? – Raquel perguntou.

– Deve ser. – respondi, tentando ignorar a insistência dos dois em minha camisa.

Ergui a mão e eles começaram a saltitar e apoiar-se nas patas traseiras, tentando alcançar meus dedos para mordê-los.

– Mas ela disse que isso acontece com o Sr. Harrys também. – lembrou.

– Talvez eles apenas não vão com a cara dele. – comentei.

Baixei um pouco a mão, mas me arrependi logo após, pois o de pêlo liso logo mordeu minha mão com força.

– Ei, me solta! – exclamei, tentando afastá-lo sem machucá-lo, mas ele me mordera com real força, e doía muito. Não fazia ideia que um filhote podia morder alguém até sangrar, mas aqueles dentinhos realmente doíam. Raquel se aproximou, pegando-o para que eu pudesse erguer a mão, e logo conseguimos tirá-lo. Haviam dois furinhos com a marca de dentes em minha mão e sangravam minimamente. Realmente, o cachorro não tinha gostado de mim.

– Essa daqui é a Lily. – disse, referindo-se ao filhote em seu colo. – A que está no sofá é a mãe deles, a Polyana.

– Lily tem força nos dentes. – bufei.

Ela pôs Lily no chão, rindo, e eu olhei envolta. Encima da mesinha de centro havia vários retratos. Um mostrava a Sra. Garcia com um senhor, creio que o marido dela, e outro mostrava ela com dois rapazes e uma moça, provavelmente seus filhos.

Polyana continuava rosnando para mim, provavelmente para impedir que eu fizesse algo a seus filhotes. Ela saltou do sofá e se interpôs entre mim e Raquel, que estava com os filhotes, embora sequer me passara na cabeça fazer um churrasco de cachorro.

Nino pareceu desinteressar-se em Raquel, e então rodeou sua mãe saltitando e se aproximou de mim novamente, peguei meu casaco e por precaução o enrolei em minhas mãos. E Nino voltou a puxar a manga de minha camisa, só que com menos força. Parecia que estava mais brincando.

Polyana continuou a me encarar. Mesmo sendo um animal, seu olhar passava uma inteligência impensável, e ela parara de rosnar.

– Como foi a escola? – Raquel perguntou, quebrando o silêncio.

– Muito mais fácil do que eu imaginei. – respondi. – E o que você fez aqui?

– Eu conversei com a Sra. Garcia quase o tempo todo e fiquei brincando com o Nino e a Lily. – disse, com um ar infantil que até então eu nunca a vira demonstrar.

O cheiro de doce começou a se tornar evidente. Biscoitos?

Ela tirou Lily do colo, que começou a andar de um jeito engraçado. Ela estendia as patinhas completamente tesas e andava de modo rápido e curioso. Não costumo a usar esse adjetivo, mas ela estava andando de um modo “fofo”.

– É engraçado ver eles andando. – Raquel comentou.

– Sim. – concordei, e Nino finalmente soltou a manga de minha camisa e foi lutar com Lily. Logo de primeira, girou-a de pernas para cima.

Desenrolei o casaco verde de minhas mãos e a Sra. Garcia apareceu, convidando para que entrássemos na cozinha para comer os biscoitos que ela fizera, junto com mais algumas coisas, para que conversássemos também.

Depois de quase duas horas e de nos entupir tanto de biscoitos que cheguei a cogitar a possibilidade de sequer jantar, ela finalmente nos deixou ir embora. Nisso, ela perguntou de tudo: família, escola, cidade. Acho que nunca contei tantas mentiras em uma conversa quanto nessa.

Depois disso, Harrys chegou lá pelas sete da noite, e a essa altura os efeitos tanto do Supressor quanto dos Transfiguradores havia se esgotado. Eu estava no andar de cima e desci quando escutei a porta se batendo, e dessa vez ele reagiu normalmente ao ver a cor e do meu cabelo e de meus olhos.

Fiz os deveres de casa rapidamente, e passei o resto do tempo praticamente sem fazer nada, enquanto Harrys começou a passar algumas coisas para Raquel, e pelo que escutei, o assunto era história. Liguei a TV só para ver o noticiário e para saber se não houvera nada como mortes, para que pudesse me ajudar. Mas só estavam passando notícias banais, como um assalto frustrado, coisas sobre esporte e nada que me interessasse realmente.

– Você irá começar sua ronda pela cidade hoje, não é? – Harrys disse de modo direto, enquanto descia a escada.

– Sim. – respondi. – Mas acho que apenas perto de meia-noite.

– Menos pessoas acordadas?

– Também.

Ele pareceu se contentar com isso e foi para a cozinha. Novamente, senti a Aura com cheiro de mar. Era uma Aura de guerreiro, mas era muito fraca, e o cheiro empestava todo o ambiente, estava em todo lugar. Mas tão logo eu a sentia, ela voltava a fraquejar e desaparecia, antes que eu fosse ver de onde ela surgia.

Passou-se mais algum tempo até que eu decidisse subir. A essa altura eram onze da noite, então talvez já fosse uma boa hora para começar. Peguei só o meu casaco preto com capuz, prendi a bolsa no cinto, coloquei as luvas e o cronômetro e espiei pela janela. Quase todas as casas estavam com as luzes de suas janelas apagadas, as que estavam ligadas, coincidentemente tinham cortinas, que estavam fechadas. Abri a janela e pus meu tronco para fora, e apoiei meus pés na beirada, então saltei para o telhado da casa ao lado, com cuidado para não emitir nenhum som.

Fechei meus olhos, e então comecei a estender minha mente para conseguir estender minha área de rastreio. Consegui estende-la por alguns quilômetros, porém, quanto mais afastada, mais incerta seria a possibilidade de ter uma Aura. Eu poderia acabar confundindo algo, e a cidade também era muito grande, e cheia de coisas que poderiam facilmente me confundir. Mas eu iria mesmo assim.

Virei para o sul. Era por lá que eu iria começar.

Comecei a correr.





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Notas finais do capítulo

Desenho deste cap: Nina ^^
Não sei quando saem os outros, só sei que saírão... Um dia.
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