Karin:

Tudo aconteceu muito rápido para eu assimilar. Não sabia como explicar, não sabia o que dizer. Há um minuto, eu estava a ponto de assistir uma briga sem motivo com consequências drásticas, e agora estava nos braços dele mais uma vez. Não sei que loucura foi essa, mas sei que consegui impedir minha irmã de ser morta por um simples mal entendido. Assim que dei o sinal, Yui saiu porta a fora. E eu me toquei no tinha feito.

– Se acalmou? – disse vermelha me afastando

Ele estava vermelho e sem entender direito o que havia acontecido. Dizendo finalmente.

– Sim.

– Você deve deixar de ser tão impulsivo. Isso ainda vai te meter em muitos apuros, - disse em meio a um ar de bronca.

Ele não me respondeu. Olhou para o lado e se calou. Sabia que no fundo não mudaria. Depois de cinco minutos de silencio entre nos dois, finalmente eu disse.

– Bem... È melhor sairmos daqui e encontra o pessoal.

– Tem razão.

Saímos da cabine e andamos em silencio pelo corredor por alguns segundos. Foi quando me deparei com uma cena muito bonitinha. Perto de uma janela que tinha vista panorâmica para o lado de fora, Yui estava com a cabeça no colo de Gon e Killua mexia em seus cabelos carinhosamente. Ela devia estar muito feliz, pois, conseguiu que Kill finalmente desse a ela um pouco de carinho. Uma cena muito fofa e não pude deixar da apontar para eles.

– Olha que bonitinho! - disse com um lardo sorriso.

– Ela parece estar fingindo... – Kurapika parecia desconfiado

– Como?! - me virei interrogativa.

– Ela é perigosa. Saia de perto dela, e estará segura.

Foi quando foi anunciado nos alto-falantes do dirigível:

– Atenção candidatos. Estamos próximos ao local da segunda fase do exame.

– Eu acho que chegamos. Um pouco de ansiedade bate - Eu falei – Irei acordar Yui.

–Hum...

– Está com medo de alguma coisa? Ela è minha prima, eu já disse.

– Não confio nela... Tem algo que faz meus sentidos dispararem

– O que?- respondi mais interrogativa

– Algo que me faz não confiar nela - disse de cabeça baixa e pensativo

– Então você não confia em mim. Já que eu confio nela. – estava perdendo um pouco a paciência.

– Ela tem algo que você não tem... – ele também.

– E o que seria? - perguntei

– Você não sentiu alguns minutos atrás?

– Do que você esta falando?

– Instinto assassino não se mostra se sente... - Kurapika estava tentando abrir meus olhos

– Eu não senti nada de ameaçador ali. Ela estava apenas te provocando.

– Você é igual ao Gon... - Ele disse dando uma risada de canto de boca.

Fiz uma expressão de não entender.

– Isso é bom ou é ruim?- eu perguntei

– Bom!

– Em que sentido?

– Você é distraída, só vê o lado bom das pessoas... Mas também é leal como ele. Foi por motivo eu o acompanhei.

– Entendi... Mas você não acha que... Se ela os quisesse, já teria me matado? Não faria sentido me manter viva.

– A não ser que ela tenha planejado pegar nos dois juntos. Quatro olhos valem mais que dois...

– Ela teve a sua chance... Não se lembra da cabine? -

– Nos matar na prova será mais vantajoso do que nos matar no dirigível com três examinadores e o presidente junto.

– Ok... Você venceu... - disse me afastando - Vou acordar a “Bela adormecida”

Dei as costas e sai andando. Ele me acompanhou até onde minha prima e os meninos estavam. Ela tinha apagado mesmo, eles estavam conversando baixinho para que ela não acordasse. Foi quando disse aos meninos me abaixando perto deles:

– Podem deixar comigo agora. Espero que ela não tenha dado muito trabalho para vocês! - sorri

– Que nada... Todos nos estamos cansados. Por isso temos que renovar nossas energias para as próximas provas!- Gon como sempre sabia da onde tirar motivação – Posso te fazer um pergunta?

– Pode, porque não?

– Eu quero a licença para poder achar o meu pai. Seu nome é Gin Freccs? Você o conhece?

– Gon eu acho que ela... – disse Killua olhando a o meu rosto

– Sim, eu já ouvi falar de seu pai. Ele é um grande Hunter. Mas... Não sei nada sobre ele, é um mistério. Queria que ele soubesse sobre o excelente garoto que teve. Ele se sentiria orgulhoso!

Passei as mão em seus cabelos e ele sorriu de um jeito meigo e inocente. Meio sem graça ele disse:

– Obrigado!

–Mas... Sinto que você quer me perguntar algo mais...

– Porque você quer se tornar uma hunter?

De repente minha prima levanta e grita:

– EU QUERO PROTEGER TODAS AS PESSOAS E CAÇAR MUITOS TESOUROS!

Os meninos se assustaram assim como eu, mas começamos a rir. Ela devia estar acordada esse tempo todo.

– Que incrível! Vocês nunca falaram que queriam ser caçadoras de tesouros!- Gon como sempre com sua inocência

Foi então que eu reparei em algo.

– Yui... Vem aqui!

Ela se levantou e puxei-a para o canto. Fui direto ao ponto.

– Seus olhos estão vermelhos!

– Deve ser porque eu dormi de mais... Aquele cafuné estava tão bom...

– Seus olhos estão vermelhos.

– E daí... É normal depois que você dorme...

– Não é isso... Olha para o seu reflexo no espelho.

– Claro!

Ela se virou para o vidro com os olhos semi cerrados e levou um susto ao ver sua imagem refletida

– AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! EU TO COM CONJUTIVITE!

Percebi que Kurapika se aproximara e acho que ele viu o a cor nos olhos da minha prima. Ele ficou ao nosso lado e disse finalmente:

– Me desculpe pelas minhas ofensas. Apenas queria protege-la!

– AGORA VOCÊ É GENTIL! - ela continua brava

– Yui... – tentei dizer

– Ata, entendi... Vocês vão continuar a raça Kuruta...

–Yui... - continuei

– VOCÊS PODERIAM TER CONSIDERAÇÃO PELA MADRINHA DOS SEUS FILHOS!

– Yui... –continuei calmamente

–QUE É! ISSO É INJUSTO!

– PARA DE FALAR BESTEIRA!- eu acabei dando um tapa em seu rosto pra ver se ela parava.

Alguém me explica porque eu fiz isso, até hoje eu não entendo. Foi um reflexo rápido, minha mão não obedeceu.

– SUA VAQUINHA!- ela se ofendeu colocando a mão no rosto vermelho.

Agora foi de mais. Meu rosto estava rubro de raiva. E Kurapika estava observando tudo de uma distancia que fosse segura.

– NÃO ME COMPARE AQUELA QUADRÚPEDE SEM DEDO OPOSITOR E CATARATA CONGÊNITA!

Como em toda situação há os idiotas, um multidão se juntou no corredor do dirigível e... Bem, vocês sabem o que acontecem quando esse tipo de gente se junta.

– BRIGA DE GAROTAS! – Gritou o ninja Hanzo na multidão

Começamos a nos bater de uma forma bem agressiva. Era meio difícil uma luta entre nos. Eu era rápida, ela era rápida. Apenas flashes ocorriam. Ela tentava me atacar e eu me esquivava, e vice-versa. A multidão ia a loucura com aquela luta. Sem falar nos nossos insultos:

– Como VOCÊ pode fazer isso comigo! Eu! Que sempre estive ao seu lado! – fala Yui tentando desferir um golpe com suas unhas felinas. Desviando eu disse:

– Você tem que se controlar!- eu disse em meio a esquivas e invertidas.

E os idiotas:

– BRIGA! BRIGA! BRIGA! BRIGA!

– NÃO VOU TE PERDOAR POR ISSO! –disse Yui – VOCÊ FERIU A MINHA HONRA!

– AHHHHHHHHHH! CALA A BOCA SUA PROTOZOÁRIA!- eu gritei

– QUE VOCÊ TA CHAMANDO DE PROTOZOÁRIA! SUA NERD INÚTIL!

– PAREM VOCÊS DUAS!- Kurapika se meteu entre nos

– SAI DA FRENTE! – gritamos juntas – NÃO SE META EM ASSUNTOS DE FAMÍLIA!

Ele não saiu com uma cara de espanto e medo, quase nos matamos e pra piorar um comentário tosco foi dito:

– Cara, você consegui fazer duas primas brigarem entre si! PORQUE EU NÃO CONSIGO FAZER ISSO!- Leorio disse indignado

Gon e Killua estavam assistindo tudo e não entenderam o porquê da briga destrutiva no corredor.

– NÃO SE META VOCÊ TAMBÉM!- Yui gritou para o médico revelando uma aura assustadora.

Nunca tinha sentido isso. Eu queria fugir daquele ser. A pessoa que estava na minha frente não era a Yui que eu conhecia. Não era a sorridente e brincalhona menina que sempre estivera ao meu lado. Eu estava suando frio com as pernas tremendo. Meus pés me traíram porque não se mexiam. Seu olhar era profundo como um caçador que acabou de encurralar a presa indefesa. Mas ai veio a surpresa. Foi quando ela revelou suas unhas e foi pra cima de Kurapika.

– Merda! – Soquei o chão e um senhor rombo havia se formado.

Todos se afastaram. E com razão, já que ficar perto de nos duas era motivo de morte na certa. Não pensei duas vezes me metendo na frente de Yui... E...