Assumir para você mesmo que está apaixonado por alguém que você sabe que nunca será seu não é fácil, ainda mais quando esse alguém é uma sereia. Pensei em falar para Annabeth sobre como eu estava me sentindo, mas e se ela não sentisse o mesmo? Certamente eu a perderia para sempre. Por isso resolvi ficar de boca fechada e não falar nada.

Após o beijo, ficamos quietos, não falamos uma palavra. Estávamos sentados ao pé da macieira olhando o mar. O sol estava quase encostando nas águas.

Eu queria falar alguma coisa, mas só de pensar sobre isso, meu coração acelerava e minhas mãos tremiam.

Como não tomei atitude, Annabeth resolveu fazer isto por mim.

– Percy, você também vai?

Eu a olhei confuso.

– Ao baile. - ela completou.

"Claro, só para ver a garota que eu amo dançar com o príncipe!" pensei, mas para variar disse outra coisa:

– Claro!

Ela continuou me olhando.

– E... bem... o que iremos fazer lá?

O que? Primeiro o beijo, agora ela não sabia o que iríamos fazer no baile!

– Lá no fundo do mar vocês não se divertem não? - brinquei e dei uma risada.

Ela ficou me olhando séria. Tudo bem, sem mais piadas sobre esse assunto.

– Desculpe. - tentei consertar - Nós dançaremos. Na verdade é para comemorar o aniversário de Luke, mas as pessoas vão para dançar. No seu caso você dança com o príncipe! - senti que meu estômago revirou com aquele pensamento. Me dava raiva pensar que daqui a algumas horas, o príncipe estaria com as mão em Annabeth.

Ela continuou séria.

– E você, vai com quem?

Eu não tinha par ainda, mas provavelmente acompanharia Bianca. Nico não gosta de ir aos bailes do palácio. Ele deve se sentir péssimo ao ver Thalia tão bonita e saber que nunca podeira tê-la. Eu o entendia.

– Com a Bianca, dama de companhia de Thalia.

Annabeth franziu a testa e continuou me olhando, como se quisesse perguntar mais. Ela respirou fundo e continuou.

– Sobre dançar... ela disse num tom um pouco envergonhado - eu não... não...

Ela não sabia dançar, que coisa... fofa! Estar apaixonado estava me deixando cada dia mais idiota!

Eu ri para ela e disse:

– Não sabe dançar sabidinha? Então acho que vai precisar de um professor!

Me levantei e lhe ofereci minha mão.

– Senhorita.

Annabeth deu risada e segurou minha mão firmemente para que pudesse se levantar. Isso fez com que os pelinhos de meu braço se arrepiassem.

Segurei sua cintura com minha mão direita.

– Coloque sua mão em meu ombro!

Ela o fez. Pousou a mão em meu ombro com delicadeza. Não pude evitar, meus olhos não conseguia desviar meus olhos dos seus.

Começamos a dançar. No começo ela estava meio insegura e não acompanhava direito, mas logo pegou o jeito. Acabei me distraindo com seus belos olhos acinzentados, quase esqueci que estávamos dançando. Eu a girava as vezes. Annabeth tinha um belo sorriso estampado em seu rosto.

Dançamos muito. Foi mágico. Não havia música, mas era como se tivesse. Não tem como descrever. TInha alguma coisa que me ligava à ela, como se ela fosse parte de mim por algum motivo.

Naquele momento, só nós dois, tive certeza de duas coisas: 1- eu a amava e 2- eu ia fazer qualquer coisa para ajudá-la. Não ia permitir de maneira nenhuma que sr D. a fizesse algum mal.

Estávamos dançando à algum tempo, eu havia perdido a noção. Dei um giro nela e ela parou, continuava sorrindo.

– Isso foi divertido!

Seu sorriso chegava às orelhas.

– É claro que foi divertido, você acabou de de dançar com o mellhor dançar o melhor dançarino da vila! - se eu era convencido? Magina!

Annie revirou os olhos e me deu um soco no braço.

– Cabeça de alga metido! - mesmo sendo mulher, ela tinha uma mão pesada.

Mas então ela fez algo que me surpreendeu, ela se aproximou. Meu coração disparou quando pensei que ela fosse me beijar, mas não, ela me empurrou e eu caí sentado no chão!

Rindo da minha cara, Annabeth saiu correndo.

– Isso não vai ficar assim! - gritei e saí correndo atrás dela.

Annie corria rápido, mas eu corria mais. Logo já estava quase a alcançando. Estiquei meu braço para tentar alcançar ela, mas não consegui. Acelerei mais um pouco e me aproximei mais. Ela olhou para trás e se assustou ao me ver tão perto. Então ela tropeçou em uma pedra e caiu, acabei caindo em cima.

Não foi aquela coisa romântica, tipo eu caí em cima, nossos rostos ficaram próximos... não, Annabeth caiu de cara no chão e eu caí em cima. Ela gemeu um pouco, acho que tinha machucado. Imediatamente saí de suas costas.

– Tudo bem?

A ajudei a sentar. Ela estava com a cara cheia de terra.

– Doía menos quando estava debaixo d'água!

Annie riu. Mesmo tendo acabado de levar um tombo, e estar cheia de terra, ela estava rindo.

– Tem certeza que está bem?

Lhe perguntei limpando um pouco da terra que estava em seu rosto. Tirei também algumas graminhas que estavam em seus cabelo. Agora seu rabo de cavalo não estava mais perfeito, mas Annabeth não pareceu se importar com isso. Mesmo desarrumados, seus cabelos eram perfeitos. Alguns cachos loiros estavam desfeitos. Me perdi em seus cabelos por alguns segundos.

– Eu estou bem Percy, sério!

Ela disse se levantando. Seu belo vestido azul estava sujo de terra e cheio de grama. Não deixava de ser engraçado.

– Isso é culpa sua, quem mandou me impurrar! - eu disse a ajudando, ou pelo menos tentando, limpar seu vestido.

– Quem manda ser tão convencido!

Eu ri e ela me acompanhou.

Annabeth já estava um pouco melhor, então resolvemos voltar para a vila e depois ir embora.

O caminho de volta foi silêncioso. Nenhum de nós disse uma palavra. Estava começando a ficar constrangedor. As vezes, as lembranças de nosso beijo voltavam e eu sorria instantaneamente que nem um idiota. Sentia minhas bochechas queimarem e torcia para ela não virar e perceber que estava caminhando ao lado de um pimentão. Para minha sorte, Annabeth estava distraída olhando as flores.

Quando chegamos à vila, o sol estava prestes a se por, o que queria dizer que o baile estava próximo.

Fui até a hospedaria buscar Blackjack e a caixa com o vestido de Annabeth. Paguei o homem e fui até seu encontro.

– Acha que pode segurar a caixa e se segurar em mim ao mesmo tempo? - lhe perguntei entregando a caixa.

Ela pensou por um minuto e fez que sim com a cabeça.

Montei em Blackjack e ajudei Annabeth a subir. Ela se atrapalhou um pouco por causa da caixa, mas conseguiu subir. Ela se sentou de lado e se segurou em mim.

Dei um cutucão em meu cavalo, o que fez com que ela se assustasse e me apertasse um pouco mais. Eu estava me aproveitando um pouco da situação, mas eu amava sentir suas mãos em minha barriga.

Continuamos cavalgando até alcançar o caastelo. Quando passamos pelo portão, avistei Thalia e Bianca. Estava no jardim, sentadas, enquanto Bianca trançava os longos cabelos pretos de Thalia. Ela me viu e acenou para mim. Acenei para ela também.

Parei no jardim e Annabeth desceu

– Bem senhorita, está entregue!

Havia um brilho intenso em seus olhos. Ela mordeu o lábio inferior e disse:

– Obrigada por tudo Percy, pelo vestido, pelo passeio, pelo... beijo. - ela corou quando disso beijo - Foi o melhor dia da minha vida!

Annie sorria e abraçava a caixa.

– Fazia muito tempo que eu não me divertia assim Annabeth. Obrigado você, por me proporcionar o melhor dia de todos!

Então fiz uma coisa que nem sei de onde eu tirei coragem para fazer. Desci de Blackjack, segurei seu rosto com as duas mãos e lhe dei um beijo. Apenas toquei nossos lábios de leve, mas foi o suficiênte para meu coração disparar.

– É melhor você ir, afinal temos um baile mais tarde. - eu disse.

Annabeth me olhava mais confusa do que nunca. Não sei se o que eu fiz foi certo, mas era o que eu queria. Agora eu tinha uma decisão a tomar, contar ou não para Annie sobre meus sentimentos. Resolvi esperar até de noite, quem sabe até lá eu tenha feito minha escolha.