Entrelinhas escrita por ariiuu


Capítulo 12
Então... Me mostre... - Epílogo Thriller Bark


Notas iniciais do capítulo

Hello galerinha linda ^/
Me desculpem por sempre aparecer aqui com um capítulo mensal, mas como sempre digo: A correria não deixa que os capítulos apareçam com mais frequência. Estou com projeto de várias fanfics, mas não dá pra conciliar o tempo, então estou dando prioridade para Entrelinhas por que quero alcançar o arco atual, então as postagens serão feitas mensalmente mesmo... Me desculpem :/
Assisti alguns epis de Thriller Bark e vi que não conseguiria colocar nada alheio no meio das lutas do Zoro e da Nami (Zoro vs Ryuuma e Nami vs Absalon), então o capítulo acontece num epílogo e depois um pós. Há coisas bem inesperadas nesse... Ao mesmo tempo que vocês podem amar, vão também querer me trucidar... Mas acreditem, os próximos terão cenas muito boas :]
Neste há: Confissões, atrevimento, sinceridade, impulsos, confusão, pesadelo, medo e tristeza.
Divirtam-se ^/



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Capítulo 12 – Então... Me mostre...
[Epílogo Thriller Bark]

– Pessoal! Quero dedicar uma de minhas composições para todos vocês!


– Uhohohohho, uma música de sua!!? Ensine a gente a cantar!!!

– Certo Luffy-San. Mas se prepare, pois ela é comprida!

Os gritos desafinados e fora de sincronia, unidos aos martelatos¹ que Brook incidia sobre as teclas do piano, os chapéus de palha comemoravam juntamente com o bando da pirata Lola. Todos cantavam e dançavam de acordo com o ritmo da música.

Por mais que Zoro estivesse se recuperando em repouso absoluto, toda aquela barulheira estava tirando seu sossego interno. Nami percebeu no mesmo instante e comunicou à rena.

– Será que não podemos levá-lo para um lugar mais calmo? O barulho está ensurdecedor...

– Certo. Vamos levá-lo para um dos quartos no andar de cima.





Depois de algum tempo, Nami finalmente conseguiu se livrar da algazarra e agora Zoro podia descansar confortavelmente numa cama quente e macia. Chopper que permanecia ali mostrava uma postura inquieta. A ruiva logo percebeu seu incômodo.

– Pode ir se divertir com aqueles idiotas... Eu fico aqui cuidando dele...

– Sério!? Posso mesmo!? Você vai ficar de olho nele sem reclamar!? Tem certeza que não quer aproveitar a festa com o pessoal??

– Claro que não. Meus ouvidos já estão zunindo de tanta gritaria. Acho que já deu pra mim hoje. – A navegadora sorriu afadigada. Já estava acordada há horas e queria descansar, ainda que precisasse manter os olhos na recuperação delicada do companheiro sentada numa cadeira.

– Se você reparar que ele começou a esquentar coloque os panos úmidos sobre o corpo dele. Essa febre é perfeitamente normal para o nível dos ferimentos. Ela pode oscilar ao decorrer do dia, então-

– Não se preocupe Chopper. Qualquer anormalidade eu te chamo. Agora vá se divertir. – E mais uma vez a ruiva sorriu. A rena também mostrou um sorriso animado, pois adorava as festas que Luffy propunha, logo depois de uma luta decisiva.

Depois que o médico se ausentou do local, Nami olhou ao redor do quarto, reparando na decoração. Aquela mansão era bem sofisticada por sinal.

– Hn...

Automaticamente o rosto da ruiva se locomoveu na direção onde Zoro estava deitado. Ela precisava prestar atenção a qualquer sinal que ele apresentasse durante a recuperação, então um mísero ruído já lhe fazia estar em total estado de alerta.

Se aproximou da cama e se sentou ao lado do companheiro. Automaticamente levou a mão ao rosto dele e constatou o aumento de temperatura. Havia um criado mudo à frente, onde a mesma deixou um pequeno barril com água. Ela molhou o pano que estava junto do barril na água fria e delicadamente pousou-o sobre o rosto do espadachim. Ele reagiu no mesmo momento mostrando que ainda estava sofrendo com todas aquelas lesões graves. Instintivamente a feição de Nami era de dor. Ela tentou de todas as formas entender por que o moreno havia se machucado tanto daquela forma, sendo que quem deveria estar de cama depois de tudo era Luffy. Era óbvio que algo ali estava errado e muito mal explicado. Mas ela estava disposta a descobrir o que de fato tinha acontecido.

Depois de deixar o pano úmido por alguns minutos, mais uma vez levou-o na água e torceu. Olhou ao redor da cabeceira e resolveu arrumar o travesseiro. Quando encarou o espadachim novamente, lançando-lhe um olhar zeloso de compaixão, não conseguiu segurar as lágrimas. Ela estava mal. Não estava suportando ver o companheiro que sempre manteve uma pose arrogante e viril naquelas condições. Era como se tudo o que fizesse parte dele tivesse se esvaído e restado apenas uma frágil casca. Mas ela sabia que se o mesmo lhe visse daquela forma, podia lhe render uma agitada discussão, onde dissesse para não ter pena dele, pois preferia a morte. Nami podia facilmente materializar em sua mente as palavras que ele certamente diria se olhasse para o rosto dela. Um confino sorriso se formou quando voltou a fitar seu rosto machucado.

– Nunca mais se machuque dessa forma de novo... Seu idiota... – Ela disse baixinho, para logo depois depositar um beijo doce nos lábios dele.





Dois dias se passaram e Nami ficou encarregada de ajudar Chopper na difícil tarefa de manter Zoro em repouso, porém, o mesmo insistia em sair da cama e perambular pelo navio. Dessa vez ele havia acordado logo após o nascer do sol. Quando Nami percebeu que a cama estava vazia, na mesma hora surtou e passou a procurá-lo. O local mais óbvio era o convés e era lá que ele realmente estava.

– O que você está fazendo aqui? Era pra você estar na cama repousando! – A ruiva exclamava com furor.

Zoro apenas lhe lançou um olhar despreocupado. Ele estava sem camisa e com a testa, o peitoral e o abdome enfaixados.

– Estava cansado de ficar deitado...

Houve um silêncio sombrio entre ambos.

– O que você pretende com tudo isto Zoro? Por acaso não ouviu o que Chopper disse?

Zoro sabia que ela manteria seu discurso por horas, e então começou a caminhar na direção da mesma.

– Seu caso é sério e não pode ficar se locomovendo por aí! Portanto volte pra cama agora se não quiser que eu-

Antes que ela pudesse terminar a frase, Zoro havia lhe abraçado forte. Nami arregalou os olhos, perplexa pelo contato físico repentino.

– Obrigado... – Quase como um suspiro, o agradecimento juntamente com o abraço soava enigmático. – Pelo quê ele estava agradecendo? Apenas pelo fato de cuidar dele durante a festa? Algo estava errado.

– Zoro... Agradeça ao Chopper... Foi ele quem cuidou de você... – A ruiva permaneceu estática, parada e chocada com o abraço que não havia se desfeito, porém não deixou transparecer e se manteve passiva. Os braços da garota queriam se mover e retribuir o abraço, travando uma luta intensa consigo mesma para não se entregar ao que estava sentindo, tentando manter a razão até o último momento.

Ele permaneceu em silêncio, ainda enlaçando a navegadora. Suas mãos levemente tocando as costas dela.

Nami continuou não entendendo. O que ele estava fazendo afinal? Será que o choque da situação que o levou a ter aqueles ferimentos lhe fez pensar sobre tal loucura? E por que ele tinha que demonstrar isso na frente dela e com ela?

– Você precisa ir pra cama... Pode se segurar em mim se quiser... – Ela dizia suavemente, no ímpeto de acalmá-lo, mas a mesma se surpreendeu com o sorriso terno que o moreno lhe direcionou logo em seguida após desfazerem o abraço. Agora mais do que nunca ela podia alegar que não entendia as recentes atitudes dele. O espadachim estava manso demais...





– Hey Chopper, não está na hora de colocar outra pessoa pra cuidar daquele marimo!? A Nami-San parece estar muito cansada e-

– Não se preocupe Sanji-Kun. Eu faria a mesma coisa se fosse com você.

– Sério Nami-San!!? Mal vejo a hora de ficar completamente machucado pra que você cuide de mim!!! – O cozinheiro esbanjava seu olhar em forma de coração, enquanto observava a navegadora lavando as mãos para logo depois pegar alguns utensílios e levar para o quarto onde Zoro estava descansando. Todos na cozinha observavam a cena de forma desconfiada, pois já tinha seis dias que ela havia se colocado à disposição da rena como acompanhante na recuperação do espadachim.

Franky e Robin que almoçavam, trocavam olhares e gestos o tempo todo, se comunicando sobre o ocorrido de uma forma que ninguém entendia.

– O Zoro já pode se cuidar sozinho, por que a recuperação dele é diferente de uma pessoa normal. Você pode voltar a navegar sem se preocupar, Nami. – Chopper instruía a garota que internamente não havia gostado do que ouvira. Para ela, era fato que ele ainda precisava de acompanhamento e a mesma não estava disposta a parar de observá-lo, até por que, os ferimentos eram graves. Todo cuidado e zelo eram necessários naquele momento. Ela não entendia por que um médico tão bom como Chopper dizia algo tão irresponsável. Ou será que ela estava exagerando?

– Não se preocupe Chopper. Eu posso continuar fazendo isso por ele sem problemas. E você sabe como ele é cabeça dura com relação à saúde. Se não vigiá-lo é bem capaz de ele voltar a treinar sem falar nada com ninguém.

– Eu o proibi de treinar por no mínimo uma semana. Ele sabe que isso pode reabrir as feridas.

– Ele provavelmente não vai te ouvir...

– Hey, mudando de assunto, o que vocês vão fazer agora à tarde? – Franky interrompia o diálogo da navegadora com o médico.

– Não temos nada pra fazer... Vai demorar até chegarmos à próxima ilha... – Usopp respondia desanimado.

– Eu tenho uma idéia. Por que não pegamos o submarino e caçamos alguns peixes dessa região?

– Hã? Quem garante que nessa região tem peixes bons e-

– Estamos um pouco longe da Redline, mas segundo este livro sobre peixes, há um lugar que se concentra algumas espécies raras no fundo do mar. Achei que isso interessaria vocês...

– Você está falando sério Robin-Chwan!? Tem um lugar assim por perto??

– Sim. E provavelmente chegaremos lá quando o sol começar a se pôr.

– Quantos peixes raros poderemos encontrar!!? – Usopp dizia animado.

– Qual será o sabor deles!!? – Sanji também se mostrava bem interessado.

– Qual será a cor e a textura deles!!? – Os olhos de Chopper brilhavam.

– Certo... Então vamos atrás desses peixes raros. Nami, você vem com a gente? – Franky perguntava, mas já sabia a resposta que ela daria. Provavelmente através de uma desculpa qualquer.

– Aah... Eu prefiro ficar aqui observando a rota...

– Então vamos perguntar para o Luffy e Brook se eles vão. – Usopp sugeria entusiasmado.

– Eles com certeza vão. Ainda mais o esfomeado do Luffy. – Sanji afirmava com convicção.

– Nesse caso. Fique de olho no remédio que o Zoro tem que tomar às cinco horas, Nami.

– Pode deixar Chopper.

Franky e Robin se encararam por alguns segundos e sorriram logo em seguida. Nami que olhou a cena ficou com um ponto de interrogação desenhado na face.




Nami estava enfurecida. Enquanto passara horas desenhando alguns mapas em seu quarto, quando voltou para ver como Zoro estava, se deparou mais uma vez com a cama vazia. E já havia passado da hora dele tomar o remédio.

Enquanto andava por vários cômodos do Sunny carregando um copo com água e um comprimido na mão, a ruiva procurava pelo espadachim que parecia ter se escondido dela. Já era exatamente cinco e meia, ou seja, meia hora que Zoro deveria ter ingerido o comprimido.

Ela abriu a porta para procurar por ele no convés e eis que ele estava ali, apoiado na balaustrada do navio e fitando o oceano. O pôr do sol estava diferente dos outros dias. O céu estava mais alaranjado e a linha do horizonte esverdeada. Quando Zoro percebeu que a ruiva havia chegado ao convés com um copo de água em uma das mãos e um comprimido na outra, instintivamente ele sorriu de canto. Continuou observando o oceano e o céu até a navegadora lhe chamar.

– Acho que você sabe que é hora de tomar o remédio. – A voz dela estava mais branda que o comum. Aquilo soara como música para os ouvidos dele.

– Me desculpe te dar tanto trabalho... Acho que venho me comportando como uma criança...

– Não... Eu é que estou parecendo uma mãe desesperada. Mas logo você estará melhor. – Ela se aproximou e estendeu as duas mãos. Ele tomou o copo com água e o medicamento das mãos dela e ingeriu ambos sem reclamar. Logo depois colocou o recipiente em cima da borda da balaustrada. A ruiva percebeu muita leveza nos gestos dele. Se questionou se o medicamento não poderia mexer com o humor do usuário, pois o mesmo estava dócil demais.

– Nami... Por que sempre brigamos...?

A navegadora arqueou uma sobrancelha em resposta. Ela estava estranhando aquela pergunta fora de hora e que não era natural.

– Acho que é por que... Nós somos insuportáveis! – Nami soltou um risinho bobo e ele a encarou com um sorriso discreto.

– Se você realmente fosse insuportável... Não estaria ao meu lado nesse momento. – Uma longa pausa invadiu o local. Nami continuou sem entender.

– Está dizendo que se você não quisesse, não estaria ao seu lado? Isso é um pouco grosseiro...

– Na maioria das vezes eu torço mentalmente pra que você fique longe de mim o tempo todo...

A ruiva se surpreendeu com a recente afirmação. Ela realmente não sabia aonde aquela conversa estranha chegaria, mas havia se convencido que não brigaria com ele enquanto aquela fase ruim não passasse. Foi então que ela tentou formular uma resposta decente e que não viesse a desencadear alguma nova divergência desnecessária entre ambos.

– Bem... Você tem todo o direito de ficar longe de quem quer, afinal... A vida é sua... – Ela sorriu falsamente. Por dentro estava se questionando se ele realmente lhe queria longe por algum motivo negativo.

Zoro se virou, ficando de frente para ela e então a fitou seriamente. Enfim, a velha e costumeira feição carrancuda havia reaparecido. Nami constatou que aquilo poderia ser a culminância da aversão que sentira por ela.

Em lentos passos, ele se aproximou dela, ficando a alguns centímetros de distância.

– Eu queria me afastar de você, por que estava cansado de presenciar suas expressões todas as vezes que você estava feliz e alegre...

Nami engoliu a seco. Ele estava dizendo abertamente que a odiava? Era isso? Ela se perguntava por que só agora, depois de tantos meses ele lhe dissera isso.

– E-eu... Reconheço que não sou a perfeição... Então se agi errado com você todo esse tempo, te peço descul-

Queria você longe por que só assim eu não precisaria me encantar por seus sorrisos. – Embora a voz soasse séria, ele ainda se mantinha brando o bastante para controlar tudo aquilo que sentira quando se encontrava ao lado dela. Talvez a decisão que tomou ao enfrentar a dor que seu capitão estava sentindo, o fez se dar conta do quanto podia ter se aberto para ela antes. Era óbvio que Nami não havia lhe dado espaço suficiente para isso, pois a mesma sempre inventava desculpas e fugia. Mas se tivesse se esforçado um pouco mais, essa situação poderia ter acontecido.

A ruiva tentou disfarçar o nervosismo e o embaraço depois da última frase do espadachim. Ainda assim decidiu se manter calma o suficiente para não tropeçar nas palavras.

– Isso que você está me dizendo é tão...-

– Sincero?

– Profundo. – Ela completou.

Aos poucos, Nami percebia o grau da situação em que ambos estavam chegando. Ao mesmo tempo em que estava perplexa por ver que alguém como ele podia dizer palavras com um sentido tão intenso, um entusiasmo a preenchia internamente, de uma forma que até mesmo o que ela se permitiu esconder, queria vir à tona. Roronoa Zoro, o ser mais complexo e indecifrável do planeta estava aos poucos revelando segredos que nem seus piores inimigos sonhariam em descobrir.

Por mais que quisesse ocultar o imenso contentamento, a feição da navegadora lhe acusava descaradamente. Ela sorriu de uma forma totalmente diferente para ele naquele momento. Aos poucos comprimiu a distância entre o companheiro, enquanto ergueu uma de suas mãos na direção do rosto dele.

– Então quer dizer que meus sorrisos te agradam...? Por quê...? – Aos poucos a ruiva passou a deslizar suavemente a mão pela face dele. Zoro desviou o olhar e permitiu um riso discreto escapar.

– Eu não preciso mais mentir... Certo...?

– E sobre o que você mentia...? – Nami deixou-se atrair para mais perto de Zoro, e dessa vez a outra mão também tornou a passear pelo rosto dele. O toque carinhoso dela desencadeou a ação repentina do moreno que se recusava a se manter passivo naquele instante. Seus braços cercaram a cintura da ruiva e agora ambos estavam ainda mais próximos.

– Odiar tudo sobre você... – O olhar dele era penetrante. Mesmo com todas aquelas revelações, Nami sentia que ele ainda tinha muito mais de misterioso do que quando a ignorava, ou simplesmente tentava resolver tudo na base da grosseria e arrogância.

– Então... Me mostre... – Ela sussurrou perto do ouvido dele. Aquilo talvez fosse o ponto culminante do autocontrole que Zoro tivera, e a partir dali ele agiria como gostava: Por impulso.

Abordou o pescoço dela que se encontrava convidativo naquele momento e aos poucos aspirou levemente o aroma que se encontrava naquela região. O perfume que ele tanto gostava, juntamente à pele macia como porcelana. Nami fechou os olhos por instinto e sentiu um arrepio intenso quando o mesmo passou a trilhar beijos por ali. Ela sentia aos poucos aquela sensação deliciosa lhe dilacerar, não tendo forças para se manter de pé e muito menos respirar. Estar envolta aos braços dele e sentir um lugar tão sensível de seu corpo ser explorado daquela forma, era apetitosamente a sensação mais incrível e agradável que tivera.

Aos poucos o espadachim passou a estender a trilha para o queixo dela e logo em seguida no canto dos lábios, parando ali. Nami, que já se encontrava extasiada com aquela carícia, sentiu uma adrenalina ardente tomar conta de si. Foi então que resolveu abrir os olhos, e lá estava ele, lhe mirando de um jeito que só ele sabia como. O sorriso petulante lhe tirou o fôlego no mesmo instante.

– Por que está sorrindo desse jeito, Zoro...?

– Queria saber por que você só consegue fazer isso quando estou dormindo...

– Hã...? Do que você está falando...? – A ruiva não entendia o sentido daquela frase.

– Me refiro a isso... – Zoro juntou os dedos indicador e médio, levando-os aos lábios da ruiva. Nami corou violentamente quando se deu conta do que ele estava mencionando.

– Ah... E-eu... Já disse que não te beijei de propósito daquela vez... – Ela tentava escapar da acusação óbvia dele, como se pudesse fazer com que ele acreditasse que ela estava apenas fazendo uma simples respiração boca a boca para lhe salvar a vida.

Houve um grande silêncio entre eles, fazendo com que ela desvencilhasse o olhar para baixo e mantendo-se cabisbaixa durante um tempo.

De repente, o espadachim levantou o queixo da navegadora delicadamente, fazendo com que a mesma voltasse a mirá-lo. Foi então que aproximou novamente seu rosto para perto do dela, dizendo coisas inaudíveis.

– Então se você não conhece o caminho... Vou te ensinar... – E quando Nami pensou que pudesse protestar, ele selou os lábios dela. O movimento embora pudesse ter sido percebido, foi audaz e não deixou espaço para reação. A única coisa que ela pôde sentir foi a sensação íntima revivida com ele naquele momento. Mas dessa vez, era ele quem conduzia o beijo e a forma como o mesmo a guiava era excitante, justamente por ser inesperado. Era um tanto irônico ouvi-lo dizer que a ensinaria o caminho, e justamente por não saber por onde ele iria é que tudo se tornava ainda mais instigante.

Depois de um tempo, ela se deixou levar. Não conseguia e nem queria sair do enlace dele. Aos poucos a ruiva sentiu as mãos do moreno escorregando por seus ombros, enquanto se mantinha paralisada e deslumbrada pela forma como ele lhe beijava. Era quente, ousado, envolvente e único.

Aos poucos, Nami sentiu que ele passou a cessar o toque candente e quando seus lábios se separaram, ela se sentiu incomodada, pois queria provar daquela carícia por mais tempo. A ruiva abriu os olhos lentamente, ainda extasiada.

– Você disse... Que me ensinaria o caminho... – A navegadora articulava manhosa.

– E você aprendeu...? – Ele rebatia de forma provocativa. Nami o encarou seriamente durante três segundos. Ela não precisaria se dominar. Ele já havia aberto a porta o suficiente para ela sair e se perder por aquelas estradas misteriosas.

Dessa vez foi o espadachim quem se sentiu coagido ao provar a ousadia da ruiva e seus lábios ardentes e sedentos pelos dele. Nem mesmo ele havia se libertado de tal forma com ela. Nami mostrou o quanto estava cansada reprimir todos os seus anseios em relação a ele. Tudo o que a navegadora mais queria era estar imediata ao espadachim de uma forma que pudesse se desprender de sua pose imperiosa e mostrar o quanto ele mexia com seus sentimentos mais profundos que estavam aprisionados num lugar distante de seu ser.

Ela passou a fazer tudo o que mais queria, deixando seus instintos se descontrolarem. Com as mãos ao redor do pescoço dele, o puxou para mais perto, aprofundando o beijo abrasador. Zoro se inclinou, dando livre acesso à ruiva que passou a pressionar seus lábios com mais força, arrancando um suspiro abafado do mesmo. Nami se sentiu mais tentada e enquanto o braço esquerdo enlaçava com força o pescoço dele, a outra mão inquieta insistia em acariciar os cabelos esverdeados, arrastando a palma da mão levemente do alto da cabeça à nuca dele, fazendo o caminho inverso dos fios espetados.

O espadachim, que estava demasiadamente fascinado e incitado com as atuais iniciativas da navegadora, sentiu que estava na hora de ambos se separarem, ou em poucos segundos quem estaria desenfreando os instintos em 100% seria ele, o que não deveria acontecer, pois nem mesmo ele poderia prever o que este fenômeno ocasionaria.

– Você... É péssima nisso... Sabia...? – O moreno mentia atrevidamente, pois o sorriso satisfeito mostrava tal.

– É mesmo...? Se estava tão ruim assim, você podia ter me empurrado... – Rebatia desinteressada.

– Confesse que você sempre quis isso...

– Eu nunca quis te agarrar antes, Zoro.

– Mentirosa. Você nunca conseguiu se conter perto de mim. – E mais uma vez Zoro sorriu descaradamente. Nami franziu o cenho ao se familiarizar com aquela cena. Isso sempre acontecia. Ele dizia suas frases instigantes de impacto, e em seguida ela confirmava as suspeitas dele com a feição constrangida, onde seu rosto ruborizava fortemente e os olhos se mantinham mais abertos. Sem contar os outros sinais, que segundo o próprio espadachim, provava o quanto ela se sentia atraída por ele.

Nami não era burra, mas todas aquelas sensações não lhe permitiram revidar as provocações dele. Foi então que resolveu agir de forma diferente, e então se ele reagisse, ela só teria a ganhar.

Ela se afastou dele, ficando de costas e caminhando lentamente pelo gramado.

– Sabe... Você tem razão... Eu sempre quis te ter por perto várias vezes, e quando me dei conta, já estava completamente atraída por você, ao ponto de tentar te atacar de madrugada sem que ninguém visse. – A voz dela soou mais grave e um tanto sarcástica. Era óbvio que ela estava mentindo e Zoro detectou isso. Ele arqueou a sobrancelha em seguida.

– E por que nunca conseguiu?

– Por que sou muita areia pro seu caminhãozinho... – Ela virou de volta em seguida, mostrando um sorriso cínico. Zoro adorou as últimas palavras.

– Heh... Então o seu orgulho te salvou... – Ele dizia sorumbaticamente. Nami não entendeu.

– É mesmo...? E por quê...? - Mais uma vez ele se aproximou dela, enquanto a mesma o encarava firmemente.

– Por que se tivesse feito isso antes... Eu não te pouparia... – Ambos estavam a poucos milímetros um do outro. Nami podia sentir a respiração dele em seu rosto, e dessa vez ela tentou se controlar para não transparecer o constrangimento que sentira. Literalmente ele se referia ao nível mais alto de intimidade entre um homem e uma mulher e aquilo lhe causara uma vergonha descomunal. Era demais até mesmo para ela que se considerava uma garota atraente, porém um tanto conservadora.

– Você é um idiota... – Ela se virou de costas tentando esconder a face super avermelhada, mas foi em vão, pois Zoro já estava rindo da cena.

– Não vou ficar aqui perdendo meu tempo com você. Vou pro meu quart-

– Cala a boca sua idiota. – Ele a repreendeu enquanto segurou seu braço, fazendo-a se virar e por fim lhe abraçando mais uma vez. Um pouco atônita Nami se viu obrigada a encostar a cabeça no peito dele. Por mais que Zoro não soubesse por que de fato aquilo estava acontecendo, não queria que a companheira se afastasse.

– Você sabe exatamente onde me acertar... E sem nenhuma intenção... – Ele sorria modestamente, enquanto sentia o perfume que emanava dos fios ruivos.

– O que quer dizer com isso...?

– Você não precisa entender... - Ele estava disposto a mostrar a ela o que tudo aquilo lhe causara e o quanto não foi fácil segurar o anseio de tê-la perto de si. Nami também estava pronta para expor tudo aquilo que reprimiu por conta da confusão de sentimentos que o companheiro lhe causara. Finalmente, ambos começavam ali a se abrir um para o outro, ainda que não o tivessem feito totalmente.





Era lua cheia e o campo daquela ilha estava vazio. Ele sentia a respiração ofegante, o corpo esgotado, a visão desfocada e os músculos dos braços formigarem... A prática constante daquela técnica havia lhe consumido todas as forças. Ele lutava para se manter de pé, ainda em posição de ataque, pois sabia que em poucos segundos desmaiaria.

Ouviu alguns lentos passos. Alguém se aproximava.

Quando levantou o rosto para encarar a pessoa que estava diante de si naquele momento, teve uma ligeira surpresa.

– Você continua fraco, Zoro...

Aquele timbre, aquela silhueta, aquela aquele olhar... Tudo aquilo ainda estava muito vivo dentro de si, porém, a circunstância não lhe fez correr após ver o fantasma de Kuina em sua frente. Ele sorriu de canto, pois não acreditava que aquela miragem podia ser sua falecida rival.

– O que você quer...? Veio me assombrar por ainda não ter cumprido a promessa...?

A garota sorriu docemente e só respondeu alguns segundos depois.

– Não acredito que seja capaz de cumprir essa promessa. Você ainda continua fraco... – Um sorriso sombrio predominou o rosto dela. Zoro se sentiu incomodado com o fato da mesma ainda lhe achar fraco.

– Você só pode estar se contorcendo de inveja no caixão, pois está nítido que cumprirei o que te prometi. – Rebatia de forma indelicada. Naquele momento ele sentia que a fadiga estava fazendo com que suas recentes palavras soassem desesperadas.

– Não Zoro... Você sequer pode proteger alguém importante... O que dirá de sua ambição...

O espadachim continuava sem entender. Por que ela estava citando sobre ‘alguém importante’? Ela sequer sabia sobre as pessoas as quais ele considerava importantes.

– Eu não sei do que está falando... – Virou-se de costas no intuito de ver aquela miragem sumir de suas vistas. Aquilo só podia ser fruto de seu cansaço. Fechou os olhos e permaneceu em silêncio por algum tempo, mas a sensação que teve logo depois lhe fez despertar por completo.

– Você sabe exatamente do que estou falando... – Kuina agora estava em sua frente e seus olhos estavam escuros o suficiente para refletir um abismo interminável.

– Saia daqui... Eu não acredito em fantasmas... Seja lá o que você for ou queira, eu não me importo...

– Devia se importar... Você quebrou a nossa promessa... Deixou que alguém tirasse sua ambição do topo. Como pôde fazer isso comigo, Zoro...

– Ninguém tirou minha ambição. Não preciso ficar aqui para dar ouvidos a uma ilusão.

– Você não tem forças para continuar treinando, mas tem forças para dar a vida por aquela pessoa...

– De quem você está faland-

Quando Zoro se virou, teve os olhos arregalados após ver Nami completamente ensanguentada no colo de Kuma. Sua primeira reação foi correr rapidamente para perto do Shichibukai e lhe desferir um golpe dianteiro, mas o mesmo repeliu facilmente com uma de suas mãos.

– O que fez com ela!!? – Intimava com fúria, como se Kuma tivesse a obrigação de lhe dizer no mesmo momento.

– Você não tem capacidade de proteger sequer um companheiro... O que será da tripulação quando Monkey D. Luffy não estiver por perto...?

– Por que você foi atrás dela!? Onde estão os outros!!?

– Ela é o seu ponto fraco agora... Se não é forte o suficiente para protegê-la, por que deixou que isto a sobreviesse...?

– Esta garota é apenas uma vítima de sua incompetência, Zoro... Por que deixou sua ambição ser rebaixada pelo que sente por ela...? Você não pode cumprir o que prometeu... Você não pode proteger mais ninguém... – Kuina completava a sentença que Kuma havia começado. Zoro se sentiu desnorteado.

– Zoro... – De repente, ele ouvia a voz da ruiva.

– Nami...?

– Por favor... Proteja... Os outros... – A navegadora proferia tais palavras com muita dificuldade. Mais uma vez Zoro reagiu por impulso e voltou a atacar Kuma.

– Deixe-a fora disso!!!

– Impossível... Você não pode continuar com sua ambição tendo esta garota como obstáculo...

– Ela não tem nada a ver com minha ambição, então a solte!!!

Kuma lançou Nami para longe, e rapidamente posicionou-se para um de seus ataques. Zoro não tinha ideia sobre o que viria, mas não podia deixar a ruiva ser morta.

O Shichibukai se transportou rapidamente para perto do espadachim. Zoro não previu aquele movimento e não teve tempo de reagir.

– Abandone essa garota se quiser viver...

A pata de Kuma acertava o espadachim fatalmente.



– NÃO!!!

– Hã!!? O navio está sendo atacado!!? – Usopp gritava de forma desesperada.

– O quê!!? Eles estão levando toda a carne!!! – Luffy também gritava atônito.

– Ahh... Quem foi gritou tão alto a ponto de me acordar!!? – Sanji protestava com cólera. Os outros também haviam acordado no susto. Já Zoro, estava ofegante e completamente suado. O pesadelo que acabara de ter, havia lhe assustado de tal forma que não somente o acordou, mas também os companheiros que dormiam.

– Zoro, você está bem!? Por que gritou de repente? – Chopper perguntava preocupado.

– O quê!?? Foi esse marimo idiota que gritou?? Por acaso está com dor de barriga é!?? – O Cozinheiro reprovava a posição do moreno.

Zoro ficou em silêncio. Nem mesmo ele havia entendido aquele pesadelo. A única coisa que lhe tirava o sossego no momento era o fato de ver Nami em perigo, ainda que não fosse real. Foi então que resolveu sair do quarto, pois todos estavam agitados.

– Hey Zoro, aonde você vai? – Chopper não teve sua pergunta respondia, pois o moreno já havia saído do quarto e batido a porta com força.





Era noite de lua cheia e o espadachim estava no convés fitando o céu seriamente, um pouco intrigado pelo fato de estar parecido com o céu do pesadelo. Ele ficou um bom tempo refletindo sobre o pesadelo, a aproximação dele com Nami e o quanto as últimas atitudes dela com ele haviam mudado. Ela realmente se importava com ele e este fato com certeza lhe despertava algo incompreensível no mais profundo e íntimo de seu ser. Era tão instigante que não sabia o que tudo aquilo poderia ocasionar no futuro. Se os laços entre eles continuassem se fortalecendo daquela forma, se algo letal acontecesse só restaria dor.

Quando chegou aquela difícil conclusão, a ruiva apareceu repentinamente no local.

– Zoro...? O que está fazendo há essa hora acordado? – Estava muito calor. Provavelmente estavam próximos à uma ilha de verão, mesmo tendo em rota a Ilha dos Tritões.

– Estava apenas... Pensando... – E pensando que ela não deveria ter aparecido na hora mais indevida.

– Ah... É mesmo? Sobre o quê? – Ela perguntava enquanto esbanjava uma expressão jovial, sorrindo de forma compassiva. Ele dizia pra si mesmo que aquele sorriso conseguia transformar o ambiente mais sombrio num lugar iluminado.

– Nada que você precise se preocupar... – Tentava dizer o mais amigável possível, pois teria de passar isso para ela e tal exigiria o máximo de cuidado com as palavras, ainda que fosse péssimo com elas.

Nami ficou encarando o moreno que estava de costas para ela. Quando menos esperava, ela já estava lhe abraçando por trás. Seu corpo se moveu automaticamente. Tudo aquilo que estava vivendo com Zoro era forte demais para resistir. A navegadora não podia imaginar que podia chegar aquele estágio com ele. Uma aproximação tão íntima que nunca havia tido com mais ninguém.

Nami passou a sentir aquele aroma másculo lhe despertar algumas reações misteriosas. Era um momento que julgava um dos mais deleitáveis de sua vida.

Zoro sentia o mesmo. Todo aquele toque era estimulante. Ele tinha vontade de se virar e abraçá-la ainda mais forte. Tinha vontade de explorar seus sentidos se tratando dos toques afetuosos e calorosos da ruiva. Queria estar com ela mais do que qualquer outra pessoa, mas sentia que tudo isso poderia não apenas lhe ser tirado, mas se tornar ainda mais complicado. O envolvimento entre ambos estava cada vez mais perigoso. Precisava afastá-la, ou iriam se machucar ainda mais.

Relutantemente, Zoro afastou os braços da ruiva de seu torso e se virou para ela. Nami não entendeu a expressão enfadonha do espadachim e um ponto de interrogação se materializou em seu rosto em forma de um sorriso. Ela tentou disfarçar, temendo que ele se irritasse com tal.

– Me desculpa... É melhor eu te deixar sozinho... – Quando a garota resolveu se afastar sentiu uma mão segurando seu pulso.

– Nami...

A voz rouca e tenebrosa do companheiro rendeu a sobrancelha arqueada da garota.

– Diga... – O tom de voz da ruiva mudou. Zoro percebeu que ela já estava desconfiada sobre o que ele lhe diria.

– Eu não sei o que está acontecendo... Mas... Nós precisamos acabar com isso de uma vez... – Nem mesmo ele esperava ser tão direto. Se martirizou mentalmente pensando que talvez pudesse ter sido apressado nas palavras.

Nami abriu os olhos mais que o comum por instinto. Ela estava com medo do que ele lhe diria a seguir.

– Acabar com o quê...? – Tentou mostrar uma postura desentendida.

– Acabar com essa aproximação que está acontecendo entre a gente... Eu não quero entender por que estou tendo todas essas reações estranhas quando estou perto de você...

– Não está acontecendo nada de errado conosco, Zoro... Nossa amizade apenas se aprofundou e-

– Amizade? Tem certeza disso? Por que estamos chegando a um estágio onde não conseguimos ficar longe um do outro!?

– Por quê...? O que tem de errado em sermos... Sermos mais companheiros do que costumávamos ser antes...?

Zoro suspirou irritado. Ele sabia que aquilo não seria fácil. Dizer a ela sobre o que estava acontecendo entre ambos com certeza poderia render uma alguma ferida profunda. Mas ele não tinha escolha. O espadachim ficou em silêncio por alguns segundos antes de retornar.

– Eu não quero você em meu coração...

Nami se sentiu abismada depois do que ouviu. Aquilo foi ofensivo e pesado demais para suportar. Não soube o que dizer naquele momento.

– Mas eu... Pensei que sentisse algo diferente por mim...-

– Eu tenho minhas ambições... Não posso deixar que você as mate. Eu não quero nenhum tipo de envolvimento com você.

A ruiva sentiu como se tivesse tido seu coração perfurado. Um tanto irônico vindo de um espadachim. Ela não esperava que o moreno pudesse fazê-la se sentir extremamente resignada. Ela segurou com todas as forças o vestígio de lágrimas nos olhos.

– Você não precisa dizer mais nada... Eu já entendi...

– Eu não sei o que fizemos pra que essa situação chegasse aonde chegou, mas eu não posso permitir que isso continue... – E logo depois os dois ficaram em silêncio. Zoro esperava que ela dissesse palavras árduas e já estava preparado para ser odiado e repudiado por ela.

Nami entendeu tudo muito bem e sabia que uma hora isso aconteceria. A conversa que teve com Robin quando voltaram para Water 7 foi realmente crucial para que ela refletisse e tivesse força para aguentar o que Zoro acabara de lhe dizer. Ela sabia que teria de se afastar. E ainda havia prometido para a arqueóloga que jamais deixaria as coisas entre eles ficarem mais complicadas, pois isso renderia apenas dor. Dor essa que ela já estava sentindo e muito forte por sinal. Então, teria de se render e ser compreensiva, ainda que não quisesse ou achasse que não suportaria.

– Você tem razão... E... Acho que não tem jeito, não é...? – A ruiva sorriu ternamente. Zoro teve uma efêmera surpresa na atual resposta. Ele não esperava que ela pudesse reagir tão bem, ainda que no fundo, aquilo não lhe agradasse.

– Eu fico mais tranqüilo por saber que você entendeu... – Zoro esquivou o rosto para o mar. Não conseguia encará-la. Sabia que ela também esconderia a dor que estava sentindo.

– Mas Zoro... Você... – Ela disse quase de forma sussurrada. O espadachim voltou a encará-la e atentou para o que ela diria em seguida, mas foi surpreendido por um audaz movimento da ruiva, o que ocasionou uma dor aguda e latejante bem lá.

– Me desculpe... – O sorriso da navegadora era sombrio e debochado.

– S-sua... – Zoro encarou com furor a ruiva, que havia chutado a parte mais vulnerável de seu corpo repentinamente.

– Já que você me deu um chute primeiro, resolvi te chutar também, mas de uma forma diferente... Quem sabe assim você não se arrependa de ter dispensado uma garota tão linda e maravilhosa como eu?

– Te chutar...? Eu não te chutei! Não tivemos nenhum-

– Bem... Já que não estamos mais nos envolvendo, não tem por que ser boazinha com você! Foi ótimo enquanto durou!!! – A navegadora ria descaradamente enquanto subia as escadas lentamente.

Zoro ficou sem entender. – Por que ela era tão ruim, tão arrogante, tão egoísta e... Tão bruxa? – Pensava ele.

Nami se perguntava se havia atuado com perfeição o papel da garota que não faz mais questão de estar com a pessoa que gosta por causa do chute que o mesmo lhe deu. Fez de tudo para segurar as lágrimas até chegar a seu quarto, mas elas não se contiveram e acabaram descendo sozinhas. A ruiva percorreu o caminho de seu aposento com uma de suas mãos no rosto, porém foi observada por alguém.

– Nami, o que aconteceu!? – Franky perguntava à ruiva sobre o motivo do choro, mas ela passou direto, entrando em seu quarto rapidamente.

Robin que vinha da cozinha, parou no corredor, junto do companheiro.

– O que aconteceu com ela?

– Eu não sei. Ela entrou aqui segurando o choro.

– Espera um pouco... – Robin atravessou o corredor e abriu a porta que dava ao convés. Foi então que viu o espadachim encostado na balaustrada com um semblante abatido. Franky se aproximou logo depois e também presenciou a cena.

– Acho que teremos trabalho dobrado daqui pra frente... – A arqueóloga afirmava seriamente.

– Por que eles não podem apenas se entender!? – Franky olhava para o espadachim, enquanto segurava as lágrimas, pois o ciborgue era muito sensível com histórias dramáticas.





Ao entrar no quarto, Nami derramou toda a insatisfação através de suas lágrimas incessantes. Se perguntava por que ele havia sido tão duro com ela e por que o envolvimento entre ambos parecia proibido. Por mais que pensasse, não conseguia achar uma razão. Ela se convenceu quando se lembrou da parte em que o companheiro citou sobre suas ambições, que eram levadas tão a sério a ponto de desprezar qualquer tipo de sentimento que tivesse por alguém.

Soava injusto... Logo depois que ela se abriu para ele e expôs o que estava escondido há sete chaves. Se perguntava por que ele não a entendia... Por que tudo aconteceu de repente para simplesmente terminar de forma patética. Literalmente, seu coração estava partido, e ela se martirizava por viver aquele odioso clichê. E por fim...

– Será que tudo o que sei de você... Nunca será suficiente... Para aprofundar o que sentimos...?





















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Notas finais do capítulo

¹ Martelato é uma dinâmica que faz parte de uma das quatro propriedades do som = A intensidade. É uma expressão que os músicos usam para deixar o som mais agressivo, alto e intenso. No caso do piano, toda a força é aplicada nas teclas... E aja dedo, porque teclas de piano são muito duras... Digo isso por experiência própria :DD
Uma ótima notícia: O próximo capítulo que é o do Arquipélago já está todo pronto. Só preciso editar alguns detalhes. Escrevi esse capítulo em Julho do ano passado e tive que fazer de tudo pra encaixar a história nele. Tenho certeza que vocês vão gostar muito, então vamos fazer o seguinte: Vocês deixam os reviews, sugestões e o que mais quiserem e quando esse capítulo alcançar a cota desejada, logo depois posto o do Arquipélago, ok?? Os reviews de todos são muito importantes, então: DEIXEM REVIEWS!!! VOCÊS TAMBÉM, FANTASMAS DE PLANTÃO!!!
Vejo vocês no próximo 0/