A Garota Da Capa Branca (mega parada) escrita por onigiridesu


Capítulo 5
Mudança de vida


Notas iniciais do capítulo

Finalmente um capítulo grande (nem tanto, mas maior que o outros)! Desculpem a demora, provas, outras duas histórias que eu to escrevendo, colégio, tumblr, animes etc.
Mas, enfim, eu vou tentar não demorar tanto no próximo, ok?
Ah, sim, eu vou botar um novo cap. para mostrar como são os personagens, ok? O, pelo menos, como eu imaginei eles...



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Susto, medo, dúvida, prazer, tristeza... Eu não sei qual desses eu devo escolher para representar o que eu senti no momento em que aqueles lábios desconhecidos, mas de uma maneira incompreensivelmente familiares, tocaram os meus. A tristeza, a alegria e o prazer estão travando uma batalha em minha mente. A tristeza ganha.

É uma tristeza enorme e antiga que eu nunca havia sentido antes, mas, ao mesmo tempo, tão familiar! Era como se ela estivesse presa dentro de mim durante toda a minha vida, porém nunca teve uma oportunidade para escapar.

Meus lábios se fundem aos de Je'aunt, passando uma sensação de que eles estão sendo marcado à fogo. Nossas bocas se movem em perfeita sincronia, como se houvessem sido moldadas uma para a outra.

De repente aqueles lábios perfeitos são separados dos meus, sendo puxados violentamente para trás. Sons de uma discução se propagam pelo lugar onde eu estou, porém minha mente está se concentrando em encontrar meu nome, e meu cérebro está procurando reestabelecer controle sobre meus membros inativos.

Minhas pálpebras são encontradas e eu as abro, me deparando com o ambiente em que estou.

Definitivamente não é minha escola, onde as paredes tem um tom doentio de amaro. Aqui tudo brilha em branco.

Eu olho em volta.

                À minha frente, há uma janela de vidro que vai até o alto teto, ela dá para uma linda praia de areias brancas e águas tão claras que eu consigo ver as pedras que repousam no fundo do oceano.

Mesmo não me mexendo, eu, de algum modo, sei como é o ambiente à minha volta. Uma sala de teto alto, como já citei antes, e lotada de prateleiras de livros, que estão fixadas à parede.

O teto também é de vidro, o que faz com que o brilho do ambiente seja ainda maior.

Os sons de discução voltam, porém agora sou capaz de distinguir as palavras. Uma voz conhecida fala:

-...beijar ela?! Foi uma idéia estúpida, no mínimo! e se ela não acordar?!

-Você diz isso, mas apenas está com ciúmes, por que fui eu que a beijei! - meu coração acelera involuntariamente quando escuto a voz do meu beijador - Aposto que isso vai apenas fazê-la acordar mais rápido!

-Sim, como ela acordou da última vez?! E se ela...! - ele é interrompido por uma voz feminina que conheço perfeitamente.

-Calados! Eu acho que ela está acordando! - fala Grace.

Eu escuto o barulho de passos se aproximando do lugar onde estou.

-Lizzy? Lizzy, você está me ouvindo? - repete minha amiga.

Eu sinto a mão de Grace segurando a minha, e outras duas brigando pela outra. Falo:

-Eu já falei para não me chamar de Lizzy.

Escuto suspiros de alívio e alguem me ajuda a me sentar. Olho novamente em volta e vejo que estou sentada em um divã(1), com uma cadeira do meu lado direito, onde minha amiga está sentada, e outra do lado esquerdo, onde Je'aunt e meu professor de história brigavam para sentar.

-Quem é você? Quem são vocês? - me escuto falando.

Aponto para os dois homens à minha esquerda. Je'aunt fala:

-Eu sou Je'aunt Françoise, embora ache que você não se lembre de mim. - como eu poderia não me lembrar dele? Bem, minha memória não é lá essas coisas, mas após um sonho como aqueles, ninguém seria capaz de se esquecer - Mudei meu nome para Jean, então, por favor, se refira à mim assim, certo?

-Como você é Je'aunt?! Na hora que eu vi ele, - aponto para meu "professor" de história - algo me disse que ele era Je'aunt! E você, Grace? - me viro para Grace - Meus pesadelos tem algo a ver com isso certo, por isso você fez aquela cara assustada quando eu disse que meu sonho mudou? Se você está envolvida nisso tudo, por que não me contou?!

-É que... - ela é interrompida por Jean.

-Como você sabia sobre ele ser Je'aunt?

-Eu não sei! Foi algo involuntário quando eu falei isso! Como se eu apenas soubesse e estivesse dizendo em voz alta!

-E sonhos?! Não era para ela os estar tendo! - Jean fala para Grace. Os dois se afastam e vão conversar no outro lado da sala.

-Ei! Não vá agora! Eu ainda tenho muitas perguntas pra fazer! - vendo eles se afastarem, eu me viro para meu professor, que estava me apoiando no divã, por algum motivo - E você?! Não vai falar nada?! Porque, pelo que estou vendo, nenhuma explicação vai sair da boca desses dois! Ou você também vai ficar sem responder minhas perguntas?!

Sinto o braço que me apoia no divã (ele ainda está lá?) estremecer levemente. A voz de meu professor é grossa e um pouco áspera quando fala comigo:

-Meu nome é Ian, e eu não posso lhe explicar toda a nossa história, pois eu espero que meu irmão, se é que devo chamá-lo assim, o faça. Porém, explicarei o máximo que eu puder. Sim, eu sou Je'aunt Françoise, mas Jean também é, embora seja mais do que eu. - vendo a dúvida estampada em meu rosto, ele continua – Sim, isto deve ser complicado para você, mas essa é uma das partes que Jean deve lhe explicar. Agora vamos começar com a história que me levou ao seu colégio.

“Primeiramente: eu entrei lá para falar com Grace, não esperava que você estivesse lá, então não, eu não fui lá para te encontrar.”

- Que assuntos você foi tratar com Grace?

- Não posso dizer, mas, continuando...

“Eu tentei continuar calmo quando lhe vi lá, mas você me chamou de Je’aunt, então eu não consegui manter mais a minha fachada e fiquei naquele estado que você viu, a mesma coisa aconteceu com Grace, que também entrou em estado de choque ao ouvir suas palavras. Porém, aquelas sombras apareceram e já era tarde de mais para mim ou Grace tentarmos fazer alguma coisa. As sombras nos “sugaram” e aqui estamos. Alguma pergunta?”

- É claro que sim! Primeiro: eu vou perguntar de novo, o que você foi fazer com a Grace? Segundo: o que são as sombras? Terceiro: onde estamos? Ah, e...

Escuto barulho de passos e Grace e Jean voltam, este está com uma aparência um tanto abalada no rosto.

- Você não acha que está fazendo perguntas de mais, não, Lizzy? – pergunta Grace.

- Certo, talvez eu não precise saber o que ele queria com você, mas eu tenho o direito de saber pelo menos onde estou. – falo irritada.

- Certo, certo, você está certa! Nós estamos em um ambiente criado pelas sombras e não sabemos como sair daqui. Os únicos modos de sair são pela janela, que fica muito distante do chão para pularmos, e pelo teto, o qual nós não conseguimos nem alcançar. Se você quiser, pode até tentar falar com as sombras, mas tenho certeza de que não adiantará de nada.

- Como eu faço pra falar com as sombras?

- Apenas tente falar o que você quer, talvez elas obedeçam, provavelmente não, e, mesmo que elas obedeçam, ainda vai levar um bom tempo até que...

- Sombras, me deixem sair daqui e me levem para a minha casa.

Durante alguns segundos, nada acontece, e então eu sinto um leve tremor. Cores amenas, as mesmas de meus sonhos, aparecem e somem com uma enorme velocidade e de repende eu estou encarando o grande relógio da minha sala de estar, que diz ser quatro da manhã. Estranho, ele parece diferente de quando eu o olhei pela manhã. Naquela hora era como se ele estivesse mais escuro, sei lá, com um ar mais misterioso, como se fosse algo diferente, ou com algo de diferente...

Olho em volta. Fora o relógio, parece ser a mesma cena em que eu estava presente esta manhã, quando meu despertador tocou adiantado, mas eu estou uma hora mais cedo.

Eu me perco em minhas explicações, tentando justificar o fato de que eu “voltei no tempo”, quando um barulho de queda abafado vem do meu quarto.

Olho para o relógio. Quatro e quarenta, perto do horário em que eu me acordei pela manhã. Será que foi isso que fez meu despertador adiantar nessa manhã? Porque eu tenho certeza de que eu o botei pra me acordar às oito.

Ando até meu quarto e procuro algo de anormal.

Nada.

Espera... O que é aquilo na janela?

Uma sombra se move pela janela. Ou melhor, não uma sombra, uma pessoa de capa branca acinzentada que pula pela janela e sai correndo, o que é estranho, já que eu moro no sexto andar de um prédio.

O que foi isso?

Eu tento rever tudo o que aconteceu comigo hoje. Ok, eu acordei adiantada, tive o pesadelo estranho, fui pra aula. Certo, tudo normal até agora. O Ian apareceu e eu o chamei de Je’Aunt, as sombras me atacaram e eu fui parar naquele quarto branco com Grace e Ian, onde Jean apareceu e me beijou, depois ele ficou com raiva de mim, Ian me disse que eles dois eram Je’aunt e o mais estranho é que Grace parecia entender tudo! Ok, nada normal depois de eu ter chegado à escola.

Não, com certeza o mais estranho foi eu ter controlado aquela sombra. Quer dizer, eu sempre gostei de locais escuros e etc., mas isso já é demais!

Tudo aconteceu muito rápido! E o que, não, quem, era aquela pessoa que eu vi pela janela? Pelo pouco que deu pra eu ver, ele ou ela tinha cabelos pretos, mas isso não ajuda muito...

Meu Deus! Minha cabeça está muito confusa! Quem é Je’Aunt, Ian ou Jean? Por que Grace parece entender tudo isso? Como aquela sombra me obedeceu? Por que tudo aconteceu tão rápido? Por que comigo?

Mesmo que pareça que eu sou durona e forte, na realidade eu sou uma garota realmente muito assustada e fraca, sem falar de o quanto eu sou confusa. Eu sempre sinto como se eu estivesse sendo deixada para trás, como se o mundo andasse rápido demais e eu não conseguisse acompanhar o ritmo.

Entenda, depois de perder meus pais e ter que morar com tios que me odiavam e judiavam de mim, tudo passou a me assustar e eu comecei a sofrer bullyng das pessoas da minha escola por ser estranha. A minha única salvação era, e ainda é, a escuridão, onde o tempo não passa e as pessoas não trabalham, não existem bem e mal, onde eu não tenho de fazer nada, onde não existem pessoas que me façam sentir inútil.

Estou começando a ficar realmente assustada. Eu quero voltar para o presente! Não, eu quero voltar para até quando nada disso aconteceu! Minha vida vai voltar a ser normal, e eu vou poder voltar a pensar normalmente e não me meter em nada disso.

Eu avanço para o despertador. Se eu não acordar adiantada então eu não vou ver o relógio estranho e provavelmente nada disso vai acontecer, certo?

Mas se nada disso acontecer eu vou continuar sendo a mesma garota medrosa de sempre e vou ter de voltar para o meu mundo de escuridão. Eu não quero isso. Não quero mais sentir como se eu estivesse sendo deixada para trás.

Eu tenho duas escolhas:

Voltar para a minha vida monótona, onde ninguém, além de Grace, gosta de mim, mas onde tudo é normal e eu não tenho de lidar com mais preocupações ou eu posso fazer algo que vai fazer com que minha vida com certeza vire de cabeça para baixo, onde eu provavelmente terei mais preocupações que o necessário, muito mais trabalho, MS onde, provavelmente, eu irei mudar, ficar mais corajosa talvez, e para de sentir como se fosse deixada para trás por todos.

E pela primeira vez na minha vida eu tomei uma decisão sensata.

Dei as costas para a eu dormindo e caminhei até a sala. Agora o relógio já estava do jeito que eu o vi pela manhã, com aquele ar estranho. Pode ter sido culpa da pessoa de capa que passou e mudou o relógio. Acho que eu vou ter de descobrir depois. Dei adeus à minha vida normal e disse:

- Sombras, me levem de volta para a sala branca.


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Notas finais do capítulo

(1)Bem, eu acho que todos sabem o que é um divã, mas pra que não sabe, eu botei lá pra clicar. Claro que tem outros modelos, mas eu achei que aquele ficou bom, sendo que o quarto é todo branco e o da foto também é....
Eu mudei um pouco o jeito que eu estava escrevendo, vocês gostaram? Novamente desculpa pela demora.
Coloquei um passado trágico na Lizzy e eu personalidade interior bem frágil, e agora caguei com a mente de vocês com esse negócio de "Eu sou o Je'Aunt, mas ele também é" do Ian, né?