Morning Light escrita por Dani


Capítulo 34
XXX - Madness


Notas iniciais do capítulo

Oie amores, mil desculpas pelos atrasos, dona Ruth seja mais paciente, eu estava procurando gifs ok? kkkk Eu queria agradecer as duas lindas recomendações que recebi essa semana da Lola, essa linda, e da Jessica, muito obrigada fofas. Esse cap é super hiper mega especial porque duas leitoras me mandaram coisas escritas por elas para que eu colocasse no cap, então eu escrevi apenas o começo e ajustei as duas partes que as lindas letter e Ruth me mandaram. Muito obrigada linda, eu tive que alterar algumas coisas já que vocês tiveram ideias completamente diferentes, mas espero que gostem. E nesse cap tem um POV diferente, ideia da leitora Ruth que vai me matar se eu não postar logo. Semana que vem NÃO postarei na sexta, leia as notas finais. E agora...BOA LEITURA!
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PS. No último capítulo a leitora Ruth deixou milhões de observações sobre como a segunda temporada(se houver uma) pode ser então se vocês tem alguma ideia, ou acham que ficou faltando algo nessa temporada me falem por review.



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Sento-me na biblioteca enorme da mansão de Vênus. A biblioteca é um dos meus lugares preferidos na casa. É amarrotada de livros antigos, livros de até mesmo antes dos Dias Escuros. Também contém várias pinturas e discos, mas o que eu mais amo no lugar é a enorme sacada que me revela enormes campos, repletos de árvores e animais domesticados.


- Essas pinturas são incríveis. – meu pai diz entrando no cômodo. O fascínio de meu pai por pinturas é explicado pelo fato dele mesmo amar pintar, pelo simples ato de fazê-lo. Vários empresários da Capital já tentaram vender os quadros de meu pai por fortunas assustadoras, mas ele nunca os vendeu, sempre os usou para decorar as paredes de nossa casa.


Nossa casa. Pensar nela parece algo tão distante, como se há muitos anos atrás eu a tivesse visto pela última vez. Eu sei que a deixei faz apenas alguns meses, mesmo tendo já perdido a conta de quantos foram.


- Não são mais incríveis que as suas. – digo e meu pai senta-se ao meu lado. Quando sinto seu perfume familiar de pães frescos, percebo que há muito tempo não conversamos.


Ele dá de ombros sorrindo com o rosto tão pacífico que quase sinto sua paz interior. A presença de meu pai sempre me acalmou, desde criança. Não é a toa que ele é o único que consegue acalmar minha mãe quando ela e tio Haymitch tem alguma discussão.


- Eu senti saudades. – começo dizendo e ele me olha. – Quando me internaram, porque vocês nunca apareceram?


Ele deita minha cabeça no seu ombro e me sinto com 12 anos novamente.


- No começo eles disseram que você não estava apta a receber visitas. Sua mãe disse que iria quebrar a cara de Mist. – ele diz rindo, mas então o riso cessa. – Mas eles são poderosos demais. Quando vimos que Haymitch fora te visitar e sumira, ficamos preocupados e decidimos que te tiraríamos de lá, mas então as distrações começaram.


- Distrações? – pergunto.


- Sim. – ele mexe a cabeça em negação como se não acreditasse no que havia ocorrido agora que olha para trás. – Eles começaram a inventar milhões de passeios e coisas para os Grandes Vitoriosos fazerem. Visitas a hospitais, aberturas de confeitarias, reuniões em escolas... Eles nos manteram entretidos até que Gale e Johanna decidiram que tirariam você e Annelys de lá por bem ou por mal. – ele diz. – Sempre tiveram essa rebeldia dentro deles, exatamente como sua mãe. – ele comenta. – Quando tentaram e não conseguiram, então armaram um plano. Haymitch e Lucca também estavam presos, mas não sabíamos, recebemos cartas estranhas dizendo que os dois por mal estar, haviam voltado a seus respectivos distritos.


- E vocês acreditaram nisso? – pergunto.


- Em momento algum, mas eu e sua mãe já tivemos que lidar com os Snow, então fingimos acreditar. Enquanto isso, Gale e Johanna, com a ajuda de Dean e Vênus, armaram um plano, mas não sabiam aonde te procurar já que não te acharam em seu dormitório. Até que Lucca chegou no hotel todo machucado dizendo que Haymitch estava quase morto e que ele tinha alguma ideia de onde você estaria. – ele termina.


Olho para baixo pensando na cena toda. Começo a entender todo o ódio que tio Haymitch sente pela Capital.


- O garoto provavelmente salvou sua vida e a de Haymitch. – ele conclui. – E Finnick, quem imaginaria?


- Minha mãe nunca vai se recuperar da volta de Finnick. – digo a ele e rimos um pouco dela que praticamente grudou em Finnick desde que chegamos. Também grudou em Rue e começou a conversar com Clove. Ela me disse que nunca pensou que Clove fosse alguém tão interessante, agora que a atmosfera que elas estão, não as obriga a uma tentar a morte da outra, elas estar começando a ter um bom relacionamento.


- Lucca também não. Ele tem estado muito agitado, mas às vezes, na verdade, todas as vezes em que ele passava um tempo conversando comigo ou com sua mãe, ele fazia muitas perguntas sobre o pai.


­- Eles parecem ter uma ligação. – comento.


- Eles certamente tem. – meu pai diz colocando a mão em meu ombro. – Mandaram buscar Annie.


Arregalo os olhos.


- Os Cavaleiros a trarão aqui. – meu pai me conta. – Depois da revolução, ela nunca mais saiu de seu distrito. Parecia nervosa ao telefone, mas disse que viria por Lucca.


- Lucca ficará tão contente com pai e mãe reunidos. – digo pensando em quanto sorrisos ele dará em um só dia. Ficará facialmente cansado provavelmente, o que não é meu caso, já que amo cada sorriso que ele dá.



Alguns dias depois...


Lucca está tão animado quanto uma criança que recebe brinquedos novos. Não o julgo, embora a força com que segura minha mão a faça formigar.


- Tenho certeza que vão adorar – a voz de Annie vem de um dos cômodos da enorme casa de hospedes em que os Reed colocaram suas coisas. Por mais que seja uma casa provisória, Annie a fez parecer um lar com tantos porta-retratos e com sua gatinha preta dos olhos azuis, Pandora. Eu e Lucca estamos sentados na sala de estar enquanto Pandora me olha com olhos nervosos, como se não gostasse de mim perto de Lucca.


- Tenha paciência com ela – pede Lucca em tom de desculpas.


- Está tudo bem – falo sorrindo e lembrando-me da doçura de Annie. Senti saudades.

Lucca assente com a cabeça para mim, olhando da porta do hall de entrada, para o corredor que leva a cozinha. É uma casa de hospedes mas parece na verdade uma mini-mansão. Tão Reed.


Quando Annie chegou, Lucca parecia uma criança, puxando-a pela mão, mas tentando manter segredo. Finnick Odair, por mais ansioso que estivesse por esse momento, convenceu o filho a conversar com a mãe primeiro e a prepará-la para o que estaria por vir. Finnick conhecia Annie bem de mais e sabia de sua estabilidade psicológica. Imaginava que, com o passar dos anos, o problema não teria melhorado e ele provavelmente estava certo.


Annie nos recebeu com calorosos abraços quando chegou. Os olhos cheios de lágrimas ao avistar o filho “eu tive medo de que não o veria voltar para mim... Seu pai não voltou ainda da Capital... Eu tive medo” balbuciou Annie sem largar Lucca de seus braços.


Mas Lucca sabia bem como acalmá-la e um instante depois, Annie Odair se lembrou que estava assando biscoitos e correu para cozinha, que devia ser desconhecida para a vitoriosa, mas que já estava cheia de objetos com formatos de animais marinhos e coisas que Annie trouxe de sua casa.


- A receita é tradicional do Distrito – explica ela colocando uma bandeja de biscoitos recém saídos do forno, com um delicioso cheiro e formato de estrelas do mar, sobre a mesinha à nossa frente


– Devem estar deliciosos – garanti a Annie lembrando-me de nosso momento culinário no 4. Ela carregava um sorriso que ia de uma extremidade a outra, ao se sentar no sofá a nossa frente.


Levo a mão a um dos biscoitos, antes de ver Lucca balançando a cabeça disfarçadamente. O que ele está fazendo? Sinto vontade de rir de sua expressão, mas me mantenho séria.


- Vocês aceitam suco? Leite? Vinho? – pergunta ela.


- Obrigada mãe, mas temos de conversar...


Annie levanta da cadeira e balança o polegar para Lucca.


- Leite, boa escolha – diz ela saindo novamente da sala.


- Eu queria um biscoito – admito olhando para Lucca. Pareço uma criança emburrada, mas os biscoitos parecem tão deliciosos.


- Minha mãe não cozinha tão bem quanto seu pai, acredite. – ele afirma. – Talvez ela seja boa com bolos, mas não passa disso. Porque seu pai tentou ensiná-la.


Abro um sorriso e Annie já esta de volta com uma jarra de leite e copos descartáveis na mão.


- Lucca sempre foi impaciente – conta ela ao colocar a jarra e os copos na mesinha e se sentar novamente.


- Mãe – chama Lucca em tom sério – Precisamos conversar.


Annie assente a cabeça para o filho e Lucca solta um pesado suspiro.


- Trouxemos algumas pessoas da Capital... – Lucca balança a cabeça – Mãe, não sei como contar isso, mas... – Lucca trava com as palavras e olha para mim clamando ajuda. Não sei o que fazer ou dizer – Não tem como dizer isso – Lucca diz para si mesmo e se levanta do sofá indo em direção a porta.


- Ele está bem? – ela pergunta para mim com seus olhos redondos e azuis cheios de preocupação.


- Está sim, só que...


Antes que eu termine de falar, Lucca abre a porta e grita um audível “pai”.


Tanto eu, quanto Annie, o olhamos assustadas.


Annie salta de seu sofá e eu me levanto, preocupada com sua reação. Não sei o que fazer.


- Lucca... – ela murmura, baixo de mais para que ele ouvisse – O que... – mas sua voz não passa de guincho e Annie leva ambas as mãos à boca.


Finnick Odair está entrando na casa. Ele veste uma bermuda, camiseta larga e chinelos maiores que seus pés. Ao sorrir, pequenos traços aparecem em volta de seus olhos e boca. Sempre ouvi falar da beleza lendária de Finnick Odair e ainda podia ver um pouco dela estampada em seu sorriso e olhos claros, mas a idade e os maus-tratos fizeram parte dela se acanhar dentro do vitorioso.


- Annie – diz ele sorrindo, seus olhos se enchendo de lágrimas.


Annie balança a cabeça, enquanto lágrimas ameaçam escapar de seus olhos.


- Eu não estou louca – diz ela – Não estou – Annie já não controla a si mesma e caí no sofá novamente, pressionando ambas as mãos contra as têmporas e se balançando de um lado para o outro – Não estou louca, não estou louca.


- Mãe – Lucca se apressa para o lado de Annie e se ajoelha a sua frente – Mãe, olhe para mim – pede Lucca enquanto Annie pressiona as pálpebras uma contra a outra e continua a repetir que não está louca.


- As alucinações voltaram – diz ela – Voltaram Lucca, faça elas irem embora – pede ela, abrindo os olhos, olhando rapidamente para Finnick e se virando mais rápido ainda, fechando os olhos – Mande-as embora.


- Mãe, não são alucinações – agora Lucca também está com os olhos marejados e olha para o pai pedindo ajuda – Papai está aqui, mãe.


- Não, não, não – Annie balança a cabeça – Ele se foi, a Capital o roubou de mim... Finnick me abandonou – Lágrimas escapolem dos olhos Annie sem piedade.


- Eu nunca a abandonei – diz Finnick, se aproximando de sua família – Annie eu estou aqui.


- Vá embora! – exclama Annie com a voz falhando fechando os olhos – Por favor, vá embora!


- Vocês querem que eu chame ajuda? – pergunto incerta.


- Prim, nos deixe. Depois eu te procuro – pede Lucca com os olhos fixos na mãe, tentando fazer com que Annie parasse de pressionar as mãos contra os ouvidos.


- Lucca, eu posso pedir para alguém vir. Algum curandeiro, não sei...


- Prim, por favor – Lucca olha para mim e sinto como se o mundo tivesse caído em minhas costas. Uma lágrima escorria por sua bochecha e seus olhos mostravam quanta dor sentia nesse momento.


- Nada disso. – uma voz cala nós dois e também os soluços desesperados de Annie. – Eu, eu posso prová-la que não sou uma alucinação. – Finnick fala com tanta certeza que Annie apenas o olha e não parece novamente tão assustada, parece... Curiosa.


Finnick Odair fecha eu e Lucca do lado de fora da casa e nós nos fitamos calados.



Eu entro rapidamente pela porta de madeira maciça. Quando a toco, sua textura é macia e acolhedora, como se soubesse do fato que eu posso sentí-la.


- Eu sei o que é sentir isso.... - sussurro calmamente. Faço uma nota mental de tentar evitar os sussurros. Nos distritos mais próximos à Capital, as pessoas não costumam me tolerar tão bem, eles não estão acostumados comigo.


Desde que pus os pés nesse distrito, me senti como se estivesse de volta a Capital, o cheiro dessa cidade é o mesmo. Aveludado e ocre. Para esconder, para manipular...


Meu corpo reage mais rápido que minha mente possa processar. Estou encostada na parede ofegando. Eu sinto um buraco em meu coração. Fecho os olhos e com o fôlego acelerado, me abraço. Tenho que me acalmar. Não posso deixar meu filho me ver dessa forma. Foi por ele que saí de meu lar e me aproximei tanto da Capital. Foi por ele. E pela Katniss, ela me pediu.


Esse pensamento me acalma. Sei que Katniss sente-se culpada pela morte de meu Finnick. Compartilhamos a dor da perda. Nós entendemos isso, uma sobre a outra, temos essa mesma dor em comum.


Eu tenho que me controlar. Lucca. Katniss. Peeta. Primrose.


Eu gosto dela e do meu Lucca juntos, fico me perguntando se eles já descobriram esse sentimento entre eles. Eu tive certeza que havia algo ali assim que os vi juntos, eu apenas senti. Talvez eu seja realmente tão perceptiva quanto Finnick dizia.


Me recomponho.


Ando pelo corredor da casa que não conheço, prestando atenção aos detalhes do piso e da pintura. São esses detalhes que me mantêm presa ao mundo. Eu me agarro neles, eles me tiram de meus constantes devaneios.


Estou me aproximando de mais uma porta maciça. Fico pensando se ela terá o mesmo toque que senti da primeira porta, quando um som me tira dos meus devaneios. São vozes. As vozes da pequena Prim e de Lucca. Eles conversam baixo, eles falam rápido, como se transmitissem segredos um ao outro. Reconheço apenas um nome em suas conversas: Finnick. Annie e Finnick.


Porque eles falam de Finnick? Porque eles parecem tão felizes ao falar de Finnick?


Eu me seguro firmemente, mas minha vontade é de desmoronar. Minha mente está pregando peças em mim agora, porque eles falam coisas estranhas sobre Finnick estar aqui? Não agora. Lucca está aqui, ele precisa de mim. Katniss precisa de mim. Primrose precisa de mim. Ela andava muito magra, me lembrei de avisar a ela que aprendi um bolo novo especial para ela. Gosto de cozinhar com ela.


Eu toco a porta. O toque é suave. Abro lentamente e entro sorrindo, esquecendo-me da ansiedade que me prendeu tanto tempo na cozinha quando vejo meu doce filho. Tão parecido com o pai.


Quando reparam que a porta se abriu, os dois ficam em silêncio.



Lucca e Primrue estão de mãos dadas, mas libertam-se para me dar um abraço apertado. Não é a primeira vez que os vejo desde que cheguei, mas Lucca me disse que havia algo muito importante para me falar no dia seguinte à noite que cheguei no 1. Como estava muito sonolenta, aceitei conversar com ele apenas no outro dia.


Quando meu filho me abraça, vejo como ele é alto como o pai. Meu rosto fica escondido em seu peitoral e por entre seus braços.


Eu sinto um cheiro conhecido nas roupas de Lucca, mas mantenho o sorriso.


Todos estão em silêncio.


Eu conheço esse cheiro. É o cheiro do Finnick.


Depois de conversarmos um pouco, faço milhares de notas mentais. Como o fato de Prim e Lucca agora serem um casal, um dos casais mais belos que já vi. Também noto que Lucca parece ter envelhecido neste período de tempo em que estivemos separados, um tipo de envelhecimento que não é o tempo que trás, mas sim a dor. Algo que eu entendo bem, mas o que mais noto, é que ele tenta me dizer algo.


Em algum momento ele desiste de tentar me dizer e chama alguém na porta, a pessoa entra e eu sinto todo o ar fugir de meus pulmões. Meus olhos parecem estar ardendo e minha entranhas pegando fogo.


A pessoa tenta falar e então eu estou quase pulando no sofá. Prim diz algo para que eu me acalme, mas nada importa, os devaneios estão ali, mais fortes do que nunca estiveram, posso ouvir até mesmo sua voz. Nos outros devaneios nunca ouço a voz.


A voz dele. Também sinto o cheiro dele. Eu queria que ele estivesse aqui. A voz dele. Ele não está aqui. A voz dele. Eu ouvi a voz dele, mas sei que ele não está aqui.


Estou paralisada. Olhando para o chão, minhas mãos instintivamente agarram meu coração. Estou ofegante. Meus pulmões não recebem ar. Mantenho meus olhos fechados.

Se isso for uma alucinação, não sei se quero que ela acabe, mas ela me assusta. Eu... Eu não quero que os devaneios voltem e me tirem de novo a vida. Não quero viver através da morfina novamente e esquecer a cor dos olhos de meu filho, como antes fiz quando vivia presa em casa, sedada pelos remédios que me prometiam uma vida sem dor.


Ouço passos se aproximando. Parecem muito os passos dele. Não é real. Não é real. Eu queria que fosse real, mas não é real.


Lucca ajoelha-se na minha frente, mas nada que ele diz faz sentido. Nada. Nada é real, nem sei se a imagem de Lucca em minha frente é real. Porque meu próprio filho está fazendo isso comigo? Machuca tanto. Ele não sabe que isso me machuca?


Lucca e Prim parecem discutir e eu tento pensar em uma forma de fugir dali, ou, acordar. Minha mente está me pregando peças, talvez eu ainda esteja no 4 tendo mais um pesadelo.


Mas então algo cala todas as vozes, até meus sussurros.


É a voz dele.


- Eu, eu posso prová-la que não sou uma alucinação. – ele diz e então uma nova onda de confusão me toma. Em meus devaneios nunca ouço sua voz e ele sempre parece tão jovem, agora ele está envelhecido. Como é possível?


É a voz dele. Me recuso a abrir os olhos ou me mover enquanto Prim e Lucca deixam a sala. Deixando-me sozinha com ele, seja quem ou o que for.


Ele vem para minha frente.


-Annie.


Não abro os olhos.


Sinto o cheiro dele. Sinto o toque dele.


-Você não me deixa alternativa. – ouço a voz dizer. Minha mente nunca reproduziu sua voz com tanta perfeição, presa em minhas próprias teorias que tentam explicar-me o que está acontecendo, ele me beija. São os lábios dele. Não pode ser ele. Desligo essa parte do meu cérebro que me diz que isso é impossível, sinto somente o beijo dele.


Os lábios são dele. Só ele pode beijar dessa forma. Sinto seu hálito.


Uma fome que não sentia a muito tempo, que foi saciada tão pouco, toma conta de mim.


Sinto seu corpo. Seu corpo está diferente, mas é ele.


Seguro seu rosto e interrompo o beijo.


Abro os olhos.


Olhando diretamente para os olhos dele. É ele. É o meu Finnick.


Gravo na memória cada um de seus novos traços adquiridos pelos anos. Ele é tão bonito quanto me recordo, só que agora há um ar de cansaço e sabedoria em seus olhos azuis, tão cristalinos quanto as águas do 4.


- Finnick. Meu Finnick.


- Minha Annie.


Estamos nos olhando diretamente nos olhos.


- Finnick, é como se um pedaço da minha alma estivesse voltando para o meu corpo. Você está aqui. Real ou não Real? – pergunto a ele a mesma pergunta que sempre fiz quando não tinha certeza de algo, era como o nosso próprio jogo da verdade. Finnick nunca mentia.


- Eu estou aqui. É real.


E cuidadosamente como na primeira vez, ele sorri de lado, me abraça delicadamente e me beija docemente. Eu me lembro disso. Me lembro dessa sensação. Então ele fala:


- Abra os olhos. Olhe nos meus. – ele me pede com o carinho, que senti saudades, em sua voz.


Eu abro lentamente e vejo novamente minha imagem refletida naquele olhar. Está tudo em seu devido lugar.


- Você não quer saber o que aconteceu Annie? – ele pergunta curioso. Sempre assim.

Enquanto todo o mundo parecia aborrecido com minha maneira de agir ou com as coisas que eu dizia, Finnick sempre parecia apenas curioso.


- Temos tempo para descobrir. Só uma coisa importa agora. – digo a ele, beijando a ponta de seu nariz.


- O que?


- Estou inteira novamente. – sussurro em seus lábios.




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Notas finais do capítulo

O que acharam? Se gostaram, amaram ou odiaram conversem com uma tal de letter e uma tal de Ruth kkk amores, esse pode não parecer, mas é o ÚLTIMO capítulo da fic. Semana que vem na SEGUNDA-FEIRA, postarei o epílogo. Espero que gostem, e agora que estamos na reta final comentem, favoritem e recomendem, foram praticamente 6 meses nessa viajem e eu me diverti muito e quero saber se vocês também. Agora eu vou responder os reviews e depois ir pro curso. ODAIRKISSES.