Antagônicos escrita por StrawK


Capítulo 13
Lagartixas e Gatos


Notas iniciais do capítulo

Yo! Desculpem a demora e as respostas curtinhas aos reviews!
.
O capítulo não está betado, mas vocês estão cansadas de saber. =/
.
Eu já expliquei em Distopia o por quê do atraso, mas para quem não leu, saiba que as postagens não serão mais regulares pelo menos até o final de julho, pois vou me casar e estou ficando louca. =)
.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/202830/chapter/13

Dessa vez, a televisão de meu quarto exibia um documentário sobre “o banho de água quente das lagartixas da neve” e eu me perguntava porque elas não mudavam logo para um lugar com um clima melhor ao invés de precisar hibernar e procurar água quente para se aquecer. Não é só porque se chamam lagartixas da neve que precisam ficar presas a isso; deveriam expandir seus horizontes. Além disso, lagartixas nem precisam tomar banho.

“A época de reprodução inicia-se pouco tempo após o final da hibernação e o período de acasalamento é geralmente três meses — o narrador falava, enquanto eram mostradas imagens de duas lagartixas albinas se encarando. — É nesta altura que a atividade da espécie é maior. Durante o acasalamento o macho corre atrás da fêmea mordiscando-a em diferentes partes do corpo. No entanto, as fêmeas são igualmente agressivas e respondem da mesma forma”.

Imaginei como Sakura me responderia se eu a agarrasse e lhe mordiscasse a boca, o pescoço, a orelha... Será que também me morderia, ou-

Oh, não.

Não.

Errado.

Impossível.

Não.

Nesse momento que eu soube que estava enlouquecendo; porque só um doente mental poderia cogitar a possibilidade de sentir-se atraído fisicamente por uma garota que definitivamente não preenche seus requisitos de boa companheira. Ainda mais fazer comparações com as reações à atos de acasalamento de lagartixas!

Mas que droga! Eu não conseguia tirar a imagem dela vestida daquela forma elegante e sexy da minha cabeça.

Precisava me acalmar. Era normal. Qualquer mullher ficaria bem naqueles trajes à meus olhos. Qualquer uma. Até mesmo Neji, se estivesse de costas, com aquele cabelo enorme e desnecessário ficaria bem naqueles trajes.

Inferno. Estou mesmo delirando.

Entretanto, o problema não era somente aquela roupa. Não era somente a imagem de Sakura vestida como a mulher dos meus sonhos que povoava meus pensamentos. Era Sakura na bicicleta, toda descabelada, de jeans e All Star; toda suja de tinta roxa, com luvas de borracha assassinas; com aquela touca estranha, falando sobre Capitão Dunha, ou vestida descontraídamente toda vez que cruzava comigo pelo condomínio e me dava aqueles sorrisos calorosos que eu não retribuía, para depois fazer uma careta e mostrar a língua pelas minhas costas, pensando que eu não estava vendo.

Eu não podia pensar nela. Não podia deixar uma atração física estúpida me impedir de conseguir enxergar com clareza e apreciação minhas candidatas à esposa milhões de vezes mais aceitáveis que ela.

Olhei o bloco de anotações em minha cômoda e o apanhei junto com a caneta; comecei a escrever freneticamente os motivos pelos quais eu não poderia sentir-me atraído por Haruno Sakura:

Me atropelou com uma bicicleta verde-limão.

Fui preso por isso.

Banho de café e suco.

Me bateu com a luva.

Descobriu meu segredo sobre o Capitão Dunha.

Gosta de dar sustos aparecendo de surpresa dentro de automóveis alheios.

Perto dela, provavelmente algo ruim acontecerá à minha saúde física.  — A mental já não tenho mais esperanças.

Chute nos países baixos.

Sempre me faz dever uma à ela.

Não possui nenhuma das três qualidades que procuro em uma mulher.

Observei o que acabei de escrever me sentindo ridículo e amassei o papel, arremessando-o no pequeno cesto de lixo ao lado de minha escrivaninha do outro lado do quarto.

Fechei os olhos e suspirei cansado, como se tivesse acabado de correr uma maratona. Então a luz no fim do túnel apareceu. Ele estava lá, escondido em algum canto da minha mente, esperando o momento certo para ser usado: o Plano B.

Minha mãe me disse para eu me apaixonar por alguém que possuísse pelo menos três qualidades que eu julgava essenciais. Ou então...

Havia o resto da frase, mas esse grande “se”, essa exceção, eu nunca saberia, pois ela se foi antes que pudesse me dizer. Por isso, eu usaria o Plano B.

O Plano B — que eu não pensei que precisaria usar tão cedopoderia ser usado somente em duas situações: se eu percebesse que realmente nunca encontraria a mulher ideal, ou se eu viesse a me sentir atraído ou apaixonado por uma garota fora dos padrões para se tornar a senhora Uchiha. Era basicamente, escolher uma das mulheres que mais se aproximava de meus anseios e investir em um relacionamento sem pensar duas vezes, pois afinal, não poderia ser pior do que a garota que me forçou a usá-lo.

Eu tinha uma lista com uns quatro ou cinco nomes de mulheres que não me desagradavam totalmente, e decidi começar pelo último adicionado: Karin.

A bela ruiva de olhar compenetrado seria a pessoa que começaria a espantar Sakura de meus pensamentos, que estabilizaria minha vida novamente e que poderia sair comigo sem me deixar preocupado em ser atingido por um meteoro.

E me faria esquecer a sensação aconchegante de ter Sakura em meus braços e suas mãos em volta do meu pescoço quando a carreguei até meu carro.

Quando percebi, já estava com o celular encostado ao ouvido, esperando que Karin atendesse. Só esperava que ela não se assustasse ao lembrar do Neji bêbado dizendo algo sobre eu querer jantar ela.

— Alô? — A voz feminina séria e contida atendeu.

— Karin, é Uchiha Sasuke.

Eu não estava me precipitando.

— Ah — Karin hesitou depois de alguns segundos. — Uchiha Sasuke, da mesma Companhia em que meu pai trabalha?

— Sim, nos vimos na festa. Acho que meu amigo acabou sendo inconveniente. Peço desculpas.

— Não se preocupe com isso — ela soltou um pequeno riso nervoso. — Mas confesso que estou surpresa. Não achei que realmente ligaria.

Nem eu.

— Deixe-me pedir desculpas apropriadamente, a levando para jantar — depois que a frase saiu de minha boca, me senti um conquistador barato.

.

_______________oOo_______________

.

Tédio era a palavra.

Cheguei muito mais cedo da universidade e à tarde não teria estágio por conta de uma manutenção de última hora. Alguém achou que seria engraçado encher a caixa d’água de anilina. E bem, eu realmente ri quando o professor Kabuto me ligou dizendo que estava com os dentes azuis e eu poderia ficar em casa.

Meus amigos estavam ocupados em seus respectivos empregos e a premissa de um dia solitário em nada me agradava.

Ficar sozinha sempre me deixava deprimida. Fazia-me sentir os mesmo medos e frustrações de anos atrás, quando resolviam que eu era a culpada por qualquer incidente idiota que acontecia naquele internato e me deixavam abandonada em um quarto escuro e frio por longas horas para pensar em minhas supostas atitudes. Toda vez que isso acontecia, eu fechava os olhos e podia sentir o cheiro do mofo impregnado em meu nariz, mesmo depois de seis anos.

Acho que era por isso que eu tinha essa necessidade de cativar as pessoas. Precisava que todos gostassem de mim, então eu sempre teria alguém à minha volta e nunca me sentiria sozinha novamente; embora na prática, não fosse exatamente assim. Veja só, meus amigos que dizem que me adoram nem ao menos conseguem cumprir a promessa de me ajudar a pintar meu apartamento e por mais que eu me esforçasse, meu vizinho seguia me odiando.

Ok, eu não estava realmente me esforçando para cativá-lo, — na verdade, acho que estava fazendo o contrário — mas isso porque ele era um feio. Arrogante e feio. E por mais que eu seja uma pessoa com um coração lindo e amável, tipos como Uchiha Sasuke me irritavam e enjoavam.

Decidi tirar um cochilo até a hora do almoço, então troquei meu vestido retrô bonitinho pelo meu pijama com estampa de vaquinha e me joguei no sofá. Surpreendentemente, o gato aninhou-se a meus pés e eu me animei.

— Agora você gosta de mim, gato? — Me inclinei para afagá-lo, mas ele fugiu de mim me lançando um olhar de desprezo igualzinho ao que o Sasuke-kun me dava. Ele só queria um lugar quentinho para se encostar, mesmo.

Lembrei-me do dia em que o encontrei perdido na universidade. Estava sujo, com fome e logo começou a se enroscar em minhas pernas quando fiz menção em lhe dar um pedaço do meu sanduíche de atum. Parecia tão fofo, ronronando e fazendo gracinhas durante os três dias seguintes, que não resisti e o levei para casa.

Realmente acreditei que havia gostado de mim, porém assim que começou a ficar obeso, de tão bem alimentado, descobri que era só um felino interesseiro sem nem um pouco de amor para dar a uma universitária solitária.

— Seu nome será Sasuke — decidi, enquanto o observava sua trajetória até o outro lado da sala. — Não consigo imaginar nome melhor, e o olhar de aversão é o mesmo.

Eu sabia que era estúpido batizar meu animal de estimação com o nome de alguém que morava ao lado, mas a comparação era inevitável.

Continuei analisando as personalidades de homem e animal até cochilar, quando o telefone tocou. Meu apartamento não estava tão caótico como quando me mudei, então pude facilmente localizar o aparelho sem fio na base.     

— Olá! — Cantarolei, com voz sonolenta.

— Sakura, o que está fazendo em casa? Por que não atende o celular? — A voz de Sai soava alegre e despreocupada, apesar das perguntas.

Esfreguei os olhos.

— Hum... Acho que descarregou. E eu estou em casa por causa da água azul na universidade. O Kabuto me dispensou.

— Ah.

O meu paquera ou quase-qualquer-coisa ficou uns bons segundos mudo, do outro lado da linha.

— Então? — Estimulei, já que ele não prosseguiu.

— Então o quê?

— Eu sei lá, foi você que ligou!

— Ah, é verdade.

Céus.

Sorte dele que era bonitinho.

— Ah, sim — Sai pareceu acordar. — Liguei para te lembrar que você tem até as 14h00 de hoje para preencher e entregar o formulário das reservas da passagem de avião. Tem uma turma que ainda não foi também, então nos encontraremos na administração da universidade mais ou menos uma hora antes.

Correção: bonitinho e atencioso.

— Oh, eu me esqueci completamente! Se eu não fizer isso hoje, terei que ir até lá de carona — ri. — Obrigada, Sai!

Mesmo que às vezes eu pensasse em desistir de nosso flerte, devido à sua personalidade ser mais bizarra que a minha, pequenas coisas como essa — e claro, me presentear com jujubas de vez em quando — me amoleciam e me faziam pensar que existia sim, uma pessoa adorável e sensível atrás daquela casca sem noção e senso-comum.

— Esperaremos por você, então.

.

.

CONTINUA


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não conseguirei responder devidamente, mas obrigada pelos reviews LHENDOS (em Antagônicos e em Distopia)!
Ps: não liguem para os absurdos dos documentários do Sasuke.
Enfim, digam o que acharam!
Besitows,
StrawK!