Já estava quase anoitecendo e eu estava terminando de varrer o último cômodo da casa quando Haru me chamava muito animada, com certeza havia terminado o vestido.

– Já estou indo Haru-chan. – Eu me apressava em terminar de varrer e guardava a vassoura no armário de baixo da escada e logo depois a subia já a caminho do quarto de costura dela. Não gostava dos bailes, mas se tinha uma coisa que eu realmente amava eram os vestidos dela. Finalmente eu chegava ao quarto e assim me deparava com um lindo vestido, talvez o mais bonito que ela já havia feito. Ele era branco, tinha um grande laço atrás na altura da minha cintura, na parte dos seios havia também pequenas flores roxas bordadas e tinha um pouco de brilho na saia, nada extravagante demais, mas muito lindo, aliás, era por isso que eu gostava tanto dos vestidos da Haru, não eram extravagantes como a maioria dos vestidos das outras mulheres. Eu demorei um pouco para falar algo enquanto admirava o vestido e então Haru logo se preocupou.

– Não gostou Chrome-chan? Eu posso mudar se quiser...

– Não, não... Na verdade está muito lindo Haru-chan... A-arigatou.

Eu não tinha jeito em agradecer quando ficava muito feliz, mas ainda bem que Haru me conhecia e logo abria um grande sorriso e falava de repente me empurrava para fora do quarto.

– Hahi... Está ficando tarde, vamos logo. Você ainda precisa tomar banho, ajeitar o cabelo se arrumar toda.

E assim foi o tempo foi passando, tomei o banho, vesti aquele espartilho apertado que mal me deixava respirar (por Kami-sama como eu odiava aqueles espartilhos) e o vestido e Kyoko-chan me ajudava com o cabelo. Havia o deixado crescer depois da morte do papai... O que ele mais gostava em mim era o cabelo. Acabamos por decidir em deixá-lo solto, ele ia aproximadamente até um palmo depois dos meus ombros.

– Muito obrigada Kyoko-chan...

– Ahhh de nada Chrome-chan... Você está muito bonita.

– Chrome você já est...

Quem entrava agora era Tsuna com Reborn, ele parecia perder a fala por um tempo enquanto olhava para mim. Aquilo me desesperou. Será que ele ia rir por eu estar diferente?

– Está linda...

– A-arigatou Tsuna-kun...

Eu gaguejei um pouco sem jeito com aquilo, mas logo aquela situação passava quando Reborn que estava na cabeça do Tsuna puxava a orelha dele e fala:

– Já chega Tsuna tarado.

– Ahhhh Reborn eu só elogiei...

– Depois conversamos... Agora Chrome...

Dizia o bebê chamando a minha atenção e logo percebia que havia algo em mãos.

– Isso era da sua mãe.

Ele mostrava algo embrulhado em um pano vermelho, eu mais do que de pressa peguei o objeto das mãos dele e o abri. Não tinha lembranças da minha mãe. Ela havia falecido na noite em que nasci. Enfim abri e logo vi uma máscara que cobria apenas a região dos olhos, ela era branca como o vestido que a Haru havia feito também com um pouco de brilho e até mesmo as flores roxas. Quando ia agradecer e perguntar como havia encontrado aquilo, ele adiantava.

– Encontrei nas coisas dela, provavelmente ela a usou quando conheceu seu pai.

– É... Quando eu era pequena me lembro que ele contava que haviam se conhecido num baile de máscaras.

Aquelas lembranças às vezes machucavam, afinal era meu pai...

Com um pequeno sorriso triste, não que eu estivesse triste, mas sentia saudades daqueles tempos, eu colocava a máscara e em seguida o olhava para agradecer.

– Muito obrigada Reborn...

– Não precisa agradecer Chrome, afinal, é um baile de máscaras.

– Chrome-chan... Hahi você ficou linda...

Agora era Haru que parava para me olhar da mesma maneira como Tsuna havia feito. Aquilo era desconfortável, não queria chamar atenção e quando ia novamente agradecer o elogio ela se alterava novamente...

– Ahhhh é... A Adelheid-sama já está te esperando lá embaixo e parece bem impaciente é melhor se apressar e ir descendo.

– H-hai...

Logo me apressava em descer, a última coisa que eu queria era Adelheid de mau humor e me jogando para cima dos homens mais repugnantes do baile por raiva. Quando enfim chegava a sala e a encontrava ela me deu um breve olhar, mas logo desviou.

– Pelo menos valeu a pena essa demora. Agora vamos, a carruagem está esperando.

Eu não pude disfarça o sorriso enquanto a seguia para fora de casa, indo para a carruagem, afinal, aquilo vindo da Adelheid era praticamente um elogio.

A viagem seguiu em total silencio até finalmente chegarmos ao castelo.