Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Minhas lindas leitoras, peço mil perdões por este hiatus!
Mas não foi por vontade. Já faz um tempo que torci meu braço e ele tem me dado um trabalho daqueles! :((((((((
Mas vamos lá, em frente...
Segue mais um cap muito chato, como uma preparação para outro pior ainda que é o fora que Dimitri dá em Rose na igreja.
Gente, sinceramente, tenho odiado Dimitri nessa parte do livro. arrgg!!
Ingrato!



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Imediatamente entendi o que Rose queria. Ela sempre queria entrar em ação e era a favor que os Strigois fossem caçados. Os guardiões se mantinham em posição de apenas se defenderem quando eram atacados, mas ela era da opinião de se antecipar, atacando primeiro. Apesa daquela pergunta dela ser astuta, também podia cair como uma armadilha contra mim. Rapidamente, pensei em uma resposta evasiva, para que ela prosseguisse com sua linha de raciocínio e me desse pistas de onde queria chegar.

“Sim, desde que nenhum deles tenha se mudado.”

“Você compartilharia essa informação com os guardiões? Você nos contaria o esconderijo de todos os Strigoi para que pudéssemos atacá-los?”

O pensamento dela era exatamente o que eu tinha previsto. Atacar os inimigos antes de sermos atacados. Aquele era um assunto controverso para maioria das pessoas, por isso causou um burburinho entre os presentes. Muitos era contra, mas outros se mostravam favoráveis. Eu, particularmente, tinha que admitir que aquela idéia me entusiasmava. Antes eu tinha a prudência de não pensar nisso, mas agora, eu via isso como uma possibilidade bastante atrativa. Atacar e matar Strigois soava para mim quase como uma forma de remissão. Neste ponto eu tinha que concordar com os sentimentos de Rose. Eu a olhei, tentando demonstrar que eu sabia exatamente sua intenção.

“Sim,” falei firmemente. “Eu posso contar tudo que eu sei sobre os planos dos Strigois e suas localizações. Eu posso enfrentá-los co vocês – ou não, como vocês quiserem.”

“Isso poderia ser muito valioso.” Hans falou, não muito alto, mas em um tom perfeitamente audível, se inclinando na cadeira, demonstrando total interesse no assunto.

“Esperem aí,” Reece exclamou, tentando ultrapassar o barulho da multidão. “Essa nunca foi uma tática que endossamos. Além do mais, ele pode mentir...”

Aquela afirmação provocou um barulho sem tamanho. As pessoas falavam umas por cima das outras, de forma que não se podia distinguir a opinião de ninguém. De repente um grito de uma mulher fez o barulho parar repentinamente. Logo percebi que se tratava de uma mãe aflita, correndo atrás do seu filho que veio em minha direção.

“Eu tenho perguntas,” o garotinho falou baixo, olhando para mim, Reece e Hans. Ele deveria ter cerca de sete anos e parecia muito esperto, tentando soar corajoso.  A mãe dele o alcançou e começou a puxá-lo pelo braço.

“Espera um segundo.” Rose disse tranquilamente para a mulher e depois voltou-se sorrindo para o menino. “O que você quer perguntar? Vá em frente.”

A mãe olhou apreensiva para mim. “Eu não vou deixar nada acontecer com ele,” Rose garantiu para ela.

“Isso é rídic –“ Reece exclamou, rolando os olhos.

“Se você é um Strigoi,” o garoto o interrompeu falando alto, “então porque você não tem chifres? Meu amigo Jeffrey disse que Strigoi tem chifres.”

Eu não conseguia tirar os olhos de Rose. Era como reviver os tempos em que nós trabalhávamos tão bem juntos. Eu sempre gostava de ver a inteligência dela em ação. Sempre atenta, Rose tinha percebido que a opinião de uma criança inocente poderia valer muito em uma circunstância destas.

“Strigoi não tem chifres. E mesmo que tivessem, não iria importar porque não sou um Strigoi.” Respondi serenamente, me voltando para o menino.

“Strigoi tem olhos vermelhos,” Rose atiçou o garoto, como se desse uma explicação. “Os olhos dele parecem vermelhos?”

“Não. Eles são castanhos.” O menino respondeu, me olhando nos olhos.

“O que mais você sabe sobre Strigoi?” Rose questionou.

“Eles tem presas como nós.”

“Você tem presas?” Rose perguntou para mim, com a voz extremamente adocicada. Eu podia simplesmente abrir a boca e mostrar os dentes, como tinha feito tantas outras vezes, desde que fui restaurado. Mas eu apenas sorri. Um sorriso sincero e espontâneo, embalado, em parte, pela intervenção de Rose naquilo tudo. Eu não podia evitar de sentir admiração pelo que ela fazia.

O garoto olhou para mim abismado e a mãe dele concluiu que ele já tinha se exposto o bastante. “Ok, Jonathan,” disse sua mãe ansiosa. “Você já perguntou o que queria. Agora vamos embora.”

“Strigoi são super fortes,” ele falou, sem se importar com sua mãe que queria tirá-lo dali. “Nada pode feri-los. Você é super forte? Você pode se ferir?”

“É claro que posso,” eu respondi seriamente. “Sou forte, mas todo tipo de coisa ainda pode me ferir.”

“Você deveria ir socar ele e descobrir.” Rose sugeriu. Eu deveria saber que isso poderia vir dela.

“Não faça isso, Jonathan!” A mãe dele gritou em vão. Antes que qualquer pessoa pudesse impedir, o menino correu na minha direção, com os pulsos cerrados e deu um soco contra o meu joelho. Aceitando aquela pequena brincadeira, eu me joguei para trás, fingindo que tinha sido atingido com força. Segurei meu joelho teatralmente e fingi sentir dor. Durante a minha encenação, não pude deixar de olhar para Rose, com um pequeno sorriso. Ouvi muitas pessoas da multidão sorrindo. Era obvio que uma brincadeira dessas nunca poderia ser feita entre uma criança Moroi e um adulto Strigoi.

Rapidamente, um dos guardiões segurou Jonathan e o levou para sua mãe. Mas antes, ele me olhou por cima do ombro, com ar de superioridade.

“Ele não parece muito forte para mim. Eu não acho que ele é um Strigoi.”

Isso provocou um eco maior de risadas. Eu não podia negar que tinha sido uma excelente ideia a de Rose em dar crédito a uma criança tão pequena.

“Eu vi tudo que precisava.” Um dos interrogadores Moroi bradou. “Eu não acho que ele deveria andar por aí sem guardas, mas ele não é um Strigoi. Dê a ele um lugar para ficar e mantenha a guarda sobre ele até que mais decisões sejam tomadas.”

“Mas –“ Reece tentou começar a protestar, mas ficou evidente que qualquer outra pergunta sobre o meu estado era inútil. Eles podiam não saber o que eu era, mas eu podia ver nos olhos deles a certeza que eu não era mais um Strigoi. Isso me dava um estranho alívio, apesar de não diminuir a minha culpa.

“Não perca mais tempo. Está quente, e eu quero ir para cama.” Um outro Moroi da realeza falou autoritariamente. “Não estou dizendo que entendo o que aconteceu, mas esse é o menor de nossos problemas no momento, com metade do Conselho querendo arrancar a cabeça um do outro por causa do decreto de idade. Se alguma coisa, o que vimos hoje é algo bom – até milagroso. Pode alterar a forma como vivemos. Eu vou me reportar para Vossa Majestade.”

Com isso, as pessoas começaram a se retirar, mas os guardiões permaneceram atentos a mim e a Lissa. Eu mal podia processar as palavras daquele último Moroi. Mesmo muito pequeno, um fio de esperança surgiu em mim. Esperança que se deparou na minha dura realidade. A realidade que retornou, quando vi Rose se aproximando de nós.

“Estávamos bem sem você,” falei assim que ela parou à nossa frente.

“Ah, sim?” Seu rosto era absolutamente incrédulo. “Você parecia bem agradecido alguns minutos atrás, quando eu sugeri a ideia de você nos ajudar contra os Strigoi.”

Eu realmente não conseguia olhar para Rose sem que todo remorso e culpa me invadisse. Os sentimentos tão controversos de amor e raiva me tomavam. Eu podia sentir novamente tudo que eu sentia por ela, quando era um Strigoi. Obsessão, raiva, possessão, desejo de morte, desejo pelo seu sangue. As memórias surgiam vivas e claras, juntamente com tudo que estes sentimentos me levaram a fazer contra ela. Eu me sentia mal, a pior das criaturas.

“Eu não quero vê-la.” Falei baixo para Lissa. Realmente, era uma dor muito grande lembrar tão claramente do que eu era, do que eu fiz.

“Você precisa!” Ela gritou em desespero. “Você não pode me ignorar.”

“Faça ela ir embora,” eu rosnei, tentando conter aquelas emoções que me tomavam. Eu sempre tinha sido bom em guardar tudo dentro de mim, mas não estava tendo um bom resultado com isso. Tudo era forte e intenso demais.

“Eu não –“ Ela parou abruptamente, enquanto Lissa a encarava com a expressão firme.

Rose olhou entre mim e Lissa, com a respiração ofegante e o rosto completo de sentimentos. Era com se eu pudesse ver nele tudo que se passava dentro dela. Paixão, amor, indignação, compreensão, medo. Senti minha alma se agitar em mim. Definitivamente, eu não podia suportar aquilo. Era algo forte que me arrebatava e consumia ao mesmo tempo.

Ela ainda nos olhou por poucos minutos e sem dizer qualquer palavra, se afastou. Imediatamente, Lissa se voltou para mim.

“Você está bem?”

Eu não consegui responder, eu fechava os olhos tentando empurrar aquelas memórias para longe de mim, mas elas pareciam cada vez piores.

“Dimitri?” Lissa insistiu. “Ela já foi. Você precisa entender. É difícil para Rose também.”

“Precisamos ir.” A voz grave de Hans entrou nos meus pensamentos. “Ele deverá voltar para sua cela agora. E você, Princesa, já ajudou bastante. Deveria ir descansar. O sol já brilha forte.” Ele disse fazendo um gesto para o céu.

“Você não deveria levá-lo para cela! Será que não viu nada do que se passou aqui?” A voz de Lissa era autoritária, apesar de não perder a doçura. “Todos estão praticamente convencidos que ele não é um Strigoi.”

“Sim eu vi.” Ele falou curtamente. “Mas apenas cumpro ordens. Enquanto o Conselho não definir o que será dele, as ordens iniciais estão mantidas. Agora vamos.”

“Eu irei com ele até o prédio dos guardiões e ninguém tente me impedir.” Lissa disse bravamente. Depois voltou-se para mim. “Eu não lhe deixarei sozinho, está bem?”

Eu a olhei agradecido. Realmente não tinha como retribuir a Lissa tanta bondade e generosidade. A cada dia eu tinha certeza que a devia muito e por toda a minha vida eu a serviria como forma de gratidão. Eu não relutei em acompanhá-los. Pelo menos, não havia mais algemas e correntes. E os guardiões pareciam não me escoltar mais. Eles apenas andavam ao meu lado totalmente relaxados, sem aquela apreensão ou tensão. Ninguém falou nada e a expressão de todos ainda era compenetrada e imparcial, mas pela primeira vez, desde que eu tinha retornado, senti que eles agiam como se eu fosse um deles e não um inimigo cruel. Era quase como ser um guardião novamente.


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