Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 18
Capítulo 17: Doninha!?


Notas iniciais do capítulo

AEEEEE FINALMENTE POSTEI ESSA JOÇA! UHUL, TUTS TUTS TUTS QUERO VER -não
Eu estava com mind block, não conseguia escrever nada, então... Então... se estiver ruim, me batam, me joguem pedras, um piano, um ps4, um 3ds, comida, também serve -okn
Boa leitura :3



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– Skun...? – repetiu Amber, parecendo incrédula. A enorme Arcanine piscou, como se não acreditasse no que estava vendo.

Growlithe olhou de volta para a Pokémon que possuía sua futura evolução, parecendo assustado e ao mesmo impressionado ao vê-la. Ela o encarou, ignorando completamente Satoru, que olhava para cada um deles, alternando o olhar. O cão estava confuso. O que estava acontecendo?

– É você mesmo? – Perguntou ela,visto que ninguém havia dito absolutamente nada sobre sua pergunta de antes.

– Um... – Tímido, Growlithe hesitou, se perguntando em como deveria falar com a Arcanine. – Está falando comigo, moça?

– heh. – Ela parecia achar aquilo engraçado. – Onde você esteve esse tempo todo?

– Uh, eu... Estive com Satoru. Por quê?

– “Por quê?” – Ela disse aquilo de um modo estranho, mas Growlithe podia ver que parecia nervosa. – Você sumiu por tanto tempo, e ainda me pergunta por quê?

– Mas... – Hesitou, e então, resolveu ir direto ao ponto: - Eu não sei quem você é.

Amber franziu o cenho, confusa.

– Você... Você não se lembra de mim?

– Não... Na verdade, eu não me lembro de nada antes de conhecer o Satoru, então eu não sei quem você é ou se já a conheci. Desculpe.

E aquilo era verdade. Growlithe realmente não se lembrava se já havia conhecido Amber ou não, não se lembrava de nada de antes de ter conhecido Satoru. Somente de estar num campo, e então, dor, e depois... Depois não houve mais nada. Só havia sido liberado da Pokeball, e encontrado Satoru e Clair olhando para ele, e então se seguiam os acontecimentos até agora.

Por muitas vezes encontrava coisas familiares, ou sabia de coisas, mas não se lembrava delas ou como viera a saber, como por exemplo, no dia em que conhecera Satoru, sabia como uma Pokeball funcionava, quase como se já estivesse em uma antes, mas não tinha ideia de como sabia ou porque sabia. E nem tentava saber. Imaginava que, algum dia sua memória poderia voltar, e então Growlithe descobriria quem era, e porque achava o nome de Satoru tão familiar.

Ainda assim, olhando para a incrédula Arcanine a sua frente, não a achava familiar, como se a tivesse conhecido-a antes. Ela era exatamente como todas aquelas outras pessoas ali; só viera a conhecer agora, e tinha certeza de nunca tê-las visto antes.

– Para de brincar, Skun. – Continuou Amber sem acreditar. Sua voz estava estranha. Sua treinadora olhava para ela, também confusa, mas nem ela e nem os outros falaram alguma coisa.

– Eu não estou brincando! – Exclamou o cachorro, nervoso, e recuou até sentir os pés de seu treinador atrás dele. Talvez Satoru pudesse protegê-lo.

Amber parecia desesperada.

– Mas eu tenho certeza de que você é o meu filho!

Growlithe congelou. Todos, com exceção da aborrecida Clair, olharam para os dois, em absoluto silêncio. Aquela era um noticia um tanto... Impactante, tanto para Satoru quanto para seu Pokémon.

Os Pokémons de Alyss, Lawliet, Larysse, Clair e até os seus próprios olhavam para os dois, confusos. Growlithe nunca imaginara que poderia ter uma mãe. Ele mal sabia quem era, quanto mais saber quem eram seus pais. Mas ali estava Amber, alegando que o pequeno Growlithe era seu filho, e que, aparentemente, seu nome era Skun. Como era possível?

Se bem que, até aquele momento, nunca se preocupara em descobrir se tinha um nome ou não, se tinha pais ou não. Contentava-se com o fato de que algum dia poderia se lembrar. Além disso, tinha seus amigos com ele, e a vida com um treinador como Satoru era bastante divertida, tanto quanto movimentada. Growlithe não tinha tempo para pensar em coisas como aquela.

Até aquele momento.

Pela primeira vez desde que conhecera Satoru, se perguntou quem era ele, e quem eram seus pais. E porque havia sido capturado e levado até Satoru, e porque não tinha memória. O que havia acontecido para que Growlithe houvesse ter perdido a memória? E porque Amber havia dito “você sumiu”?

Sentiu-se desconfortável com o olhar de todos sobre si, principalmente o de Amber, parecendo triste. Finalmente, depois de mais um olhar de descrença, Amber se afastou de seu suposto filho, e permaneceu calada, mirando o nada. Logo, ouviu Larysse explicar o que estava acontecendo a Clair, a única que não entendia os Pokémons ali. Growlithe raspou suas patinhas o chão, sentindo pena da garota de cabelos de seda e de Amber.

Ninguém falou nada sobre aquilo, apenas continuaram o assunto, como se nada tivesse acontecido.

Satoru também ignorou, decidindo falar com o pequeno cão mais tarde, para não aborrecê-lo com as milhares de perguntas que invadiram sua mente na frente de todos eles. Sentiu o olhar de Altaris sobe si, mas ignorou, e observou os outros apresentarem seus Pokémons, até que ele mesmo apresentou seus próprios, que consistiam apenas em Growlithe e Typhon. Agora o pequeno cachorro de fogo parecia ainda mais tímido nervoso que o normal, além de estar um pouco distante. Evitava cruzar olhares com a Arcanine de Alyss, mesmo sentindo que ela o olhava.

O menino mais novo ficou preocupado, mas, novamente, não disse nada. Deixou-se impressionar novamente pelos Pokémons de Alyss e Lawliet, as novas integrantes de seu estranho grupo. Todos os seus Pokémons eram tão incomuns e tão diferentes do que a Pokedex dizia. A forma humanóide, os dedos no lugar das garras, e se erguendo em duas pernas, geralmente levemente curvadas, mas mesmo assim, se erguendo em ambas, como se não tivesse dificuldade em caminhar dessa forma.

Por algum tempo, permaneceram ali, deixando que seus Pokémons conhecessem uns aos outros, e que as crianças pudessem conhecê-los também, trocando algumas poucas palavras com cada um. Oktavia não se preocupou em tentar se socializar com o grupo, ao invés disso continuou incomodando Lawliet, sob olhares reprovadores se seus Meowstic’s, sendo a única expressão que haviam demonstrado até agora. Aquilo parecia estar virando uma cena comum entre elas, mas Satoru ainda achava um pouco estranho ver aquilo.

Satoru lançou um olhar disfarçado para Clair, e se sentiu aliviado ao ver que ela parecia bem, e impressionada com tudo o que via. Altaris estava “traduzindo” o que os Pokémons diziam, já que, diferentemente deles, não podia entender o que eles diziam.

Enquanto observava-os, sentindo-se um pouco nervoso, sentiu um toque em si. Não podia dizer exatamente onde havia sido aquele toque, e, por isso, franziu o cenho. Era como um dedo passando de leve por... Por algum lugar a qual não sabia definir. Sentia o toque, mas não sabia determinar exatamente onde. Era como se tocassem através de sua pele, dando-lhe uma sensação esquisita. Era como se...

Como se tocassem em sua consciência.

Imediatamente, lembrou-se das palavras de Altaris no dia anterior, e em como havia invadido a mente de Clair. Mas, pelo o que havia dito e o garoto se lembrara, não era bem assim. Não podia invadir a mente de Satoru, então, porque continuava sentindo aquele estranho toque?

Olhou em volta, e percebeu o olhar de um dos Pokémons de Lawliet sobre si. Minoru piscou, ainda inexpressivo, e tão rápido quanto havia aparecido a sensação, sumiu, como se estivessem retirando o dedo que passeava pela sua consciência. Seus dedos ainda estavam entrelaçados nos de Ellie, a Meowstic fêmea, tão inexpressiva quanto o macho de sua espécie. Franziu o cenho, confuso, e voltou a se distrair com outras coisas.

Ao menos agora sabia qual era a sensação de alguém tocando sua mente, tentando observá-la, e sabia que um Pokémon psíquico como Minoru não era impedido de invadir seus pensamentos. Isso provava algo que tentava ignorar até agora, embora não tivesse sido Altaris a tentar invadir sua mente. Provava que aquilo tudo era surreal demais, e que Satoru fora jogado num mundo em que não sabia que existia.

Como deveria reagir aquilo?

***

Mais tarde, naquele mesmo dia, depois de um bom tempo ter passado depois da apresentação dos Pokémons, ou seja, depois de escurecer, e depois de terem jantado e decidido que iram continuar viagem ao amanhecer, e, depois de ter enrolado um pouco para ir dormir, Satoru finalmente foi em direção ao seu quarto, na companhia de Growlithe e Typhon. Desde o acontecimento de mais cedo, não havia perguntado nada para o cão, e esperava poder perguntar para ele assim que estivessem a sós. Ou ao menos quando estivessem no quarto. A ideia de Altaris ouvir o que conversariam era estranha.

E, de certa forma, sentia falta de compartilhar o quarto com Larysse. Pelo menos a conhecia, podia conversar com ela, e conversar com Growlithe e Typhon sem problemas, além de gostar da companhia dela e da sensação agradável que tinha ao estar perto dela. Só havia percebido aquilo quando passara um tempo com Altaris no quarto, que mesmo sendo pouco, era o suficiente para lhe fazer sentir um pouco desconfortável, tanto por não saber o que conversar quanto por medo. Mas sua presença não o incomodava mais tanto quanto antes. Só achava estranho ficarem calados.

E Satoru acreditava ou não em Altaris sobre ele ser da Equipe Rocket? Ele deveria. Havia visto o próprio garoto ter dito e ameaçado-o com essa informação, mas também não sabia porque justo ele tinha que saber tal coisa,ainda mais de um modo tão estranho. Mas não sabia se continuava a acreditar ou não.

Descartou esses pensamentos, pelo menos por hora, e voltou sua atenção a Growlithe. Evitou de ir até o quarto, e se sentou no saguão do Centro, nas costumeiras cadeiras que vira os mesmos possuírem. Além disso, havia sofás, uma TV não muito grande e cadeiras mais confortáveis, mas Satoru se sentou em uma de madeira perto da parede. Deu uma olhada na TV. Nos últimos dias, nem ao menos queria ligá-la, por medo de encontrar alguma coisa referente a Jubilife e o que havia acontecido. E mais ninguém do grupo parecia querer saber.

– Satoru? – Perguntou Typhon, estranhando a atitude de seu treinador. – Não vamos para o quarto?

– Sim, vamos. – Respondeu ele, enquanto fitava o chão escurecido.

Growlithe franziu o cenho confuso, mas se sentaram ali, na esperança de que o menino fosse se levantar logo de uma vez. Satoru olhou para ele e suas marcas. Realmente, o cãozinho era como uma versão menor de Amber. Seus olhos dourados, a marca idêntica de sua testa e as de seu corpo, porém claramente menos cheias, os mesmos pêlos macios.

Quais eram as chances daquilo acontecer?

– Growlithe... – Murmurou ele, e o cão virou a cabeça na direção de seu treinador, curioso. – De onde você veio, exatamente?

– Uh... – Ele hesitou, desconcertado com a pergunta. – Eu não tenho certeza.

– Como assim? – Perguntou Typhon, no lugar de Satoru.

– Eu não me lembro de nada antes de conhecer o Satoru... Só de estar num campo, lutar com alguém, e então... – Ele franziu o cenho. - Alguém me capturou. Depois, eu não estava mais nesse mesmo lugar.

– Então você meio que perdeu a memória?

O cão assentiu, e então olhou para Satoru.

– Você acha que eu sou mesmo filho da Amber?

– Não sei. – Respondeu ele. – Você é... Bem parecido.

– Eu não me lembro de ter uma mãe, nem um pai, e nem de nada. Então não pergunte. – Respondeu ele, ríspido, o que fez o menino se calar.

Então, se levantou, perturbado, e seus dois Pokémons o seguiram. Quando entrou no quarto, mais uma vez encontrou Altaris acordado, dessa vez, estava sentado na cama de cima, olhando para o nada. Satoru o ignorou, e se deitou em sua cama, com seus Pokémons ao lado.

Ele sentia falta da mãe. E Growlithe? Como seria ter perdido a memória e simplesmente não se lembrar de ter ou quem foram seus pais? Ou quem fora ele mesmo?

Adormeceu com aquilo na mente. Desta vez, o sonho foi um pouco diferente, mas não soube dizer por que fora diferente. Não conseguia se lembrar.

Na manhã seguinte, acordou com o som de Altaris saltando em direção ao chão, fazendo barulho. O menino olhou para ele acordado, parecendo segurar um sorriso sarcástico, e então foi para o banheiro. O mais novo franziu o cenho, e se sentou na cama, encostando a cabeça até Altaris voltar. Trocaram poucas palavras quando o mesmo voltou, o que já era um começo, comparado a antes, quando haviam se conhecido.

Logo após se arrumar, e encontrar o resto do grupo no refeitório, saíram do Centro, despedindo-se da enfermeira Joy. Satoru bocejava enquanto andava, cansado. Growlithe e Typhon andavam ao lado. Khurtnney estava perto dos dois Pokémons do menino, parecendo cansada. Dessa vez, Lawliet trazia cada um de seus Meowstics em cada um de seus ombros, ainda com expressões estranhas e inexpressivas. Eles não disseram uma única palavra desde que o menino os viu pela primeira vez, mas diversas vezes ouvira Lawliet parecer respondê-los ou dizer algo direcionado aos felinos.

Continuou caminhando, sonolento, aproveitando a caminhada pela floresta. Mal percebeu quando a tarde chegou, sempre no mesmo cenário duma floresta em volta da estrada, ou um bosque, ele não sabia dizer. Mas agradeceu quando Alyss e Lawliet resolveram parar para o almoço. A esse ponto, todos já estavam muito bem acordados, com exceção de Minoru e Ellie, mas não pareciam nem acordados e nem sonolentos. Só... Inexpressivos. Aquilo perturbava o garoto.

Assim que encontraram uma clareira boa o suficiente para ficarem e descansarem um pouco da caminhada, o menino mal se sentou, e Clair já pediu para que ele fosse pegar lenha e fazer a fogueira. O menino bufou, e de má vontade, obedeceu, trazendo Growlithe e Typhon consigo.

Enquanto caminhava e pegava os pedaços de galho e madeira seca que encontrava, com Growlithe e Typhon ajudando-o, ficou pensando na próxima cidade que logo chegariam. Estava tão distraído com isso que mal viu o vulto que passou por ele, a qual Growlithe logo percebeu e olhou em sua direção. Satoru fez o mesmo, assustado.

Uma Pokémon laranja se revelou para eles. Ela se mantinha de pé nas patas traseiras, e estas, eram longas e magras, assim como o seu corpo cheio de curvas, porém tão magra que Satoru tinha a impressão que quanto mais olhava para ela, poderia contar cada um de seus ossos. A maior parte de seus pêlos era na cor laranja, e a segunda cor que possuía era o creme, mais para o tom de um marrom claro do que creme. Em seu rosto, boa parte do focinho e das bochechas era coberto por essa cor, e então desciam para o pescoço, onde pelo o que parecia ser, era uma bóia amarela ao redor do mesmo, como um estranho colar. Parte da cor que continuava ali era escondida, mas continuava em seu peito, que lhe dava a impressão de possuir seios. Os pêlos marrom claro cobriam toda a barriga também, finalizando seu caminho.

O rosto da Pokémon era delicado, e um pouco estranho. Tinha um focinho não muito longo, e onde era marrom claro, exatamente nas bochechas, duas marcas onduladas em forma de raio se encontravam ali, paralelas as suas bochechas. As marcas na bochecha esquerda eram bem mais ondulada. Possuía mais um par dessas marcas, uma abaixo de cada um de seus olhos. Estes eram na cor azul, na mesma cor que os olhos de Altaris, um azul como o mar. Não parecia possuir orelhas, ou estas eram cobertas pelo seu cabelo laranja ondulado, caindo por seus ombros e pelas costas, cobrindo boa parte do colar em forma de bóia de seu pescoço.

Possuía braços longos, ajudando-lhe a lhe dar o aspecto humanóide que já tinha. Suas mãos eram no mesmo marrom claro, com dedos longos e com garras também longas. Em seus antebraços, tinha o que parecia ser barbatanas azuis, dando-lhe ainda mais a impressão de ser um Pokémon aquático. Os pés, ou melhor, suas patas traseiras também eram da mesma cor marrom clara cobrindo os dedos, e o tornozelo também, na pata esquerda terminando numa forma enrolada, semelhante a uma grande onda curvada para baixo, tão curvada que quase podia ser confundida com o ondular de um caracol. Na pata direita, era apenas um tufo de pêlos fora do lugar, como em suas mãos.

Por fim, a Pokémon possuía um par de caudas tão grandes quanto o seu corpo, e talvez maior até que o mesmo, mas o menino não teve certeza. As grandes caudas possuíam pelos bagunçados, e eram tantos que faziam parecer ainda maiores do que já eram. A parte superior era na mesma cor marrom, continuando o padrão de cores. Elas balançavam, cada uma para um lado, tornando difícil de se concentrar no movimento de uma só.

Apesar de ser claramente um Pokémon, era muito bonita, e parada ali, na frente de Satoru, encarando-o com um estranho medo no olhar, parecia vulnerável.

Rapidamente, o menino pegou sua Pokedex, deixando toda a lenha que carregava nos braços no chão, ao seu lado. Growlithe e Typhon fizeram o mesmo, adicionando os pequenos galhos que carregavam ao lado da pilha eu Satoru formava. Apontou a Pokedex para ela, e logo, a costumeira voz do Dexter soou:

Buizel, a doninha do mar

Nativo da região de Sinnoh, Buizel possui um colar ao redor de seu pescoço semelhante a uma bóia, e pode inflá-lo para poder flutuar na água e armazenar ar enquanto permanece debaixo d’água. Buizel nada mais rápido ao girar suas caudas como as hélices de um barco, projetando assim o seu corpo pela água.

– D-doninha...? – Disse a Pokémon, parecendo extremamente ofendida. – Você me chamou de doninha?

– Er... – Satoru hesitou. – Não fui eu. Foi o Dexter. - E apontou para a Pokedex em sua mão, mostrando para a Pokémon.

Hesitante, ela se aproximou, estranhando o garoto e seus Pokémons perto dele, que permaneciam calados, e examinou a Pokedex. Perto dele, a Buizel parecia não maior que Larysse. Ela parecia curiosa, como se nunca houvesse visto um objeto daquele antes.

– Esse troço fala? – Ela arregalou os olhos.

– Sim, fala. – Respondeu o menino, apertando um botão da Pokedex para que o Dexter repetisse o que havia acabado de dizer. Surpresa, a Buizel recuou, e depois fez uma careta.

– Esse negócio está errado, então. Me chamou de doninha! – Ela levou a mão ao peito, fingindo indignação, e logo depois, com orgulho na voz, completou: - Eu não sou uma doninha, sou uma raposa.

– A Pokedex quase sempre está errada. – Bufou Growlithe.

– Pokedex...? – A Pokémon parecia pensativa.

Aquilo era, no mínimo, estranho. Satoru começou a se perguntar por que aquela Pokémon não havia perguntado ainda por que ele podia entendê-la, mas também não reclamou. Era bem melhor assim, ela conversando com ele como se fosse uma pessoa qualquer. Fazia o menino se sentir bem mais confortável.

– Eu já vi uma dessas antes. – Exclamou ela, animada, enquanto suas caudas faziam curvas no ar. – Sabe, eu conhecia uma pessoa, era um treinadora também, que nem você. Você é um treinador, certo? Então, essa pessoa tinha um troço desses, e chamava de Pokedex, e falava coisas tão estranhas quanto esse tal de Dexter falou agora a pouco.

Satoru piscou confuso, precisando de alguns segundos para assimilar por completo o que a Buizel havia dito. Ela falava um bocado.

– Uh... Como você se chama? – Perguntou ele, curioso.

– Eu? Meu nome é Maya, e eu sou uma raposa, não ouça esse... – Ela hesitou um momento, como se tentasse se lembrar do nome, mas logo continuou: - Como era o nome mesmo? Pokedex? Isso, não ouça esse negocio. E você? O que está fazendo aqui, aliás?

– Meu nome é Satoru, e eu sou um... um... um treinador. Eu vim pegar lenha para fazer a fogueira.

– Fogueira? Ah, então você sabe fazer fogo?

– Na verdade não... São meus amigos. Eu viajo junto com algumas pessoas.

– Se você quiser, eu posso te ajudar. Quer dizer, além de eu estar procurando comida, o que não é nada fácil, eu não estou fazendo nada, então, se quiser ajuda... E eu nunca vi uma fogueira antes, então, eu queria poder ver como vocês humanos fazem fogo.

Satoru riu. Maya era de certa forma, um pouco engraçada, e divertida de se conversar. Falava demais, mas não achava aquilo necessariamente ruim. Aceitou sua ajuda, e voltou a pegar a lenha que havia deixado no chão quando a encontrara, e Growlithe e Typhon fizeram o mesmo, mas Maya não permitiu. Ofereceu-se para carregar, visto que podia carregar nas mãos, já que ficava de pé e podia muito bem andar assim se preferisse, e depois de muito insistir e ressaltar o fato de que era forte também, os dois aceitaram, embora desconfiassem. Maya era muito magra, como se não comesse direito há muito tempo.

Isso desconcentrava Satoru. A vida dos Pokémons selvagens era tão difícil assim?

Logo, a Buizel conseguiu que Growlithe e Typhon conversassem com ela, assim como Satoru, embora mais ouvissem do que realmente falassem algo. Satoru conseguiu contar sobre Clair, Larysse, Alyss, Lawliet e Altaris, tentando descrever seus Pokémons. Em certo ponto, se viu convidando a Buizel para almoçar com eles, e Maya, tímida, recusou, mas como ela havia feito antes, ele, Growlithe e Typhon insistiram até aceitar.

Quando chegaram, Maya, se mostrando timida tentou se esconder atrás de Satoru, principalmente quando Larysse veio a seu encontro, reclamando que demorara demais.

– Ei, quem é essa aí? – Perguntou Altaris, percebendo a Buizel primeiro. Seu olhar estava cheio de curiosidade.

A maioria dos Pokémons de Lawliet e de Alyss estavam fora da Pokeball. Quando Growlithe viu Amber, fechou a cara, e desviou o olhar, parecendo levemente aborrecido ou até mesmo tímido, Satoru não sabia dizer. Apresentou Maya aos outros, que lhe deram um “oi” ou um aceno de cabeça, ou, no caso de Minoru e Ellie, os Meowstics de Lawliet, simplesmente ignoraram a existência da Pokémon aquática ali. Esta parecia um pouco tímida ao vê-los, mas ficou, e logo começou a conversar com Growlithe e Typhon de novo, perguntando algo sobre o fogo e como ele era feito. Prontamente, Alyss mostrou a ela, enquanto acendia a fogueira, e, embora receosa, deixou que Satoru cuidasse do almoço. Parecia estranho deixar uma criança cozinhar, mas não protestou.

A companhia dos novos integrantes do grupo não aborrecia o menino. Até mesmo podia dizer que gostava de tê-los ali, e começara a se acostumar com a estranha presença de Altaris, que, no momento, permanecia calado em seu canto, junto com Igna.

– Vocês são treinadores, certo? – Perguntou Maya, a um certo ponto da conversa. – E treinadores vão a ginásios, essas coisas, e tal...

– Uhum. – Respondeu Satoru.

– Então, eu posso ir com você?

A pergunta o surpreendeu, e o menino congelou por um momento, tamanha era a sua surpresa. Os outros olharam para o menino, curiosos. Altaris estava com um sorriso sarcástico no rosto. Percebendo a hesitação do garoto, logo Maya começou a se explicar:

– Ah, o que eu quis dizer é que... Que eu quero batalhar em ginásios também, sabe? Pra ser famosa, e mais forte e... Ah, parece tão legal ver os treinadores e seus Pokémons batalhando, e, além disso, viver na floresta não é exatamente legal.

– Tá, já entendi. – Satoru riu, assim que se recompôs. – Tudo bem então. Você pode vir.

– Posso mesmo? – Ela se animou, e seus olhos azuis brilharam de excitação. – E podemos ter uma batalha primeiro? Igual a que os treinadores fazem pra capturar um Pokémon?

– Já que você prefere assim. – Ele deu uma olhada para a comida, mas Alyss logo foi pra perto, sinalizando que cuidaria da mesma para ele enquanto batalhava. Depois, olhou para Typhon e, hesitante, o Shinx concordou.

Abriram espaço o suficiente para que a batalha ocorresse, e, animada, Maya foi para o seu lugar na arena improvisada, que consistia apenas num grande espaço de grama dentro da clareira onde estavam. Balançando suas duas caudas para os lados, ela esperou que o Pokémon e seu treinador se preparassem e começassem a batalha. Alyss, Lawliet e Altaris pareciam curiosos para vê-lo batalhar, o que deixou Satoru um pouco nervoso. Eram muitas pessoas assistindo-o, e pela aparência de Maya, se sentia um pouco ruim por batalhar com ela.

O Shinx aos seus pés parecia levemente nervoso. O menino lhe lançou um sorriso que esperou ser confiante, enquanto observava Maya encará-los, séria, parecendo ser uma Pokémon completamente diferente da que havia visto minutos atrás. Antes que Satoru pudesse fazer qualquer coisa ou mesmo dizer algumas palavras para aumentar a confiança de Typhon, a Buizel simplesmente... Sumiu. Num segundo ela estava ali, no outro se moveu tão rápido, que quando Satoru percebeu o que estava acontecendo, Typhon já havia sido jogado para o lado pela força do corpo da Pokémon maior, gritando tanto de dor quanto de surpresa.

Não ficou muito tempo no chão. Se levantou rapidamente, parecendo furioso, e Satoru logo lhe ordenou:

– Tackle e Thunder Fang!

Prontamente, o Pokémon elétrico obedeceu, correndo o mais rápido que pôde contra Maya. Se mostrando mais rápida, logo ela se desviou sem problemas, e ainda mais rapidamente do que Satoru pensou que fosse possível, girou seu corpo, enquanto suas caudas pareciam brilhar, até se tornarem azuis, muito semelhantes à água, e então jogá-las contra Typhon, mandando-o para trás mais uma vez. Quando bateu no chão duro, Typhon gemeu, e mais uma vez, não demorou muito para se levantar.

O menino mordeu o lábio. Aquela batalha não iria ser assim tão fácil quanto pensava, considerando a velocidade de Buizel, tanto para preparar os ataques quanto para se mover. E Typhon só sabia movimentos que precisavam de um contato direto para realmente fazer efeito, mas a Buizel já se mostrava rápida o suficiente para se desviar deles, sem nenhuma dificuldade. Então, o que poderia fazer?

Já que seu treinador não havia dito nada ou mudou a ordem, Typhon tentou novamente, projetando suas pernas o mais rapidamente que pôde para frente, esforçando-se para acompanhar o ritmo da raposa laranja. Facilmente ela se desviou, afastando-se para trás, e então saltou, ainda mais alto do que todos ali esperavam, ficando suspensa no ar por alguns poucos segundos. Esses segundos foram o suficiente para girar seu corpo novamente, fazendo as caudas ficarem totalmente brancas e lançarem um par de lâminas transparentes e encurvadas, como um bumerangue, na direção de Typhon. O felino azul conseguiu se desviar de ambas as lâminas a tempo, surpreendendo Satoru pela sua súbita velocidade.

Visto que não acertaram o Shinx, as lâminas fizeram seu caminho na direção de Satoru, obrigando-o a desviar, e obrigando Lawliet, que estava no caminho também, a desviar, permitindo que ambas as laminas se chocassem contra uma arvore e se desfizessem, deixando um grande talho no tronco em seu lugar. Satoru piscou, surpreso. Estava lidando com uma Pokémon mais forte que esperava.

E isso o deixava inquieto. E se perdessem? E se não conseguisse fazer nada a não ser ficar na defensiva? Isso não seria nada bom para ele, e nem para Typhon. Perdido em pensamentos, quase não percebeu a atitude de seu Pokémon, o que surpreendeu o garoto.

Enquanto Maya ainda permanecia por poucos segundos no ar, o corpo de Typhon se contraiu, e um brilho amarelo ao redor de seu corpo surgiu, e então se intensificou, mostrando que estava realizando o Charge, um movimento que consistia em juntar energia em seu corpo para fazer outros movimentos ficarem mais efetivos do que seriam normalmente caso realizado sem o primeiro movimento. Mas não foi exatamente isso que o surpreendeu. O que o surpreendeu foi, exatamente quando os pés de Maya tocaram levemente o chão, com as caudas já normais, o corpo de Typhon pareceu explodir em eletricidade, brilhando tanto quanto uma tocha de eletricidade, embora o menino tivesse certeza de que aquele era o Spark.

E também tinha certeza de que Typhon não conseguia manter o movimento por muito tempo. E não se atrevia a usar em batalhas.

Ainda assim, lá estava ele, deixando Maya desconcertada por um momento, e no outro, o felino azul correu em disparada na sua direção, e saltou contra sua barriga, que parecia ser o máximo que o pequeno podia chegar. Imediatamente, o corpo todo da Buizel brilhou ao contato com a eletricidade, e ela gritou de dor. Seus olhos azuis estavam arregalados, e seus dentes estavam cerrados, como se não ao mesmo tempo em que sentia a dor do ataque, não conseguisse acreditar que havia sido atingida tão facilmente assim.

O garoto piscou surpreso, quando viu que a Buizel caiu no chão pela força do impacto criado pelo corpo do pequeno Shinx, e depois de alguns segundos, o estranho brilho da eletricidade desapareceu, como se nunca houvesse existido.

Por fim, Typhon se afastou, ofegando. Todos, inclusive Clair e Larysse, estavam surpresos com a performance de Typhon, e ainda mais surpresos pela batalha não ter durado tanto tempo assim quanto pensavam. É claro que não duraria muito, já que a Pokémon era do tipo água, e Typhon era elétrico, efetivo contra o tipo de sua adversária, além de ter usado o Charge antes de realizar o Spark, então a força do ataque fora muito maior do que antes. Ainda assim, o menino não deixava de estar surpreso e orgulhoso do próprio Pokémon, visto que o trabalho que tiveram para treinar vinha mostrando seus frutos.

Rapidamente, tirou uma Pokeball vazia de seu cinto, apertou o botão central para que ela se inflasse e se ajustasse ao tamanho de sua mão, e uma ultima vez para que se destravasse, e por fim, jogou-a contra a Buizel gemendo na grama, já lutando para se levantar.

A meio caminho, a Pokeball se abriu e um brilho vermelho foi lançado contra a Buizel, envolvendo-a e então sugando para dentro da esfera vermelha, que caiu no chão, fechando-se. Imediatamente, o botão central começou a piscar em vermelho e a balançar descontroladamente, demonstrando que mesmo que Maya tivesse se oferecido para ir com Satoru, não iria se deixar vencer assim tão facilmente. Chacoalhava tão rápido que ele mal podia contar, e então simplesmente esperou, na esperança de que a esfera fosse parar e sinalizar que a captura havia sido feita.

Atrás e ao redor de Satoru, só havia o silencio, como se todos que o estavam observando tivessem prendido a respiração, para que a mesma não se fosse ouvida. O único som além do da Pokeball, era o das chamas queimando a madeira seca.

Finalmente, depois de longos e pesados segundos cheios de silêncio, um som se foi ouvido, e a esfera resolveu parar, brilhando mais uma única e demorada vez em seu botão no centro, indicando que, finalmente, a captura havia sido feita.

A felicidade invadiu mesmo assim, mesmo que aquela fosse a sua segunda captura, e que fosse a Pokémon que havia se oferecido para ir com ele. O menino abriu um enorme sorriso ao ver a Pokeball parar com seu balançar, e o mesmo quando pegou e liberou a Buizel. Ao sair da pokeball, a Pokémon resmungou e fingiu limpar uma sujeira em seus pêlos, mas parecia estar bem.

– Você é bom como treinador. – Parabenizou Maya, e depois se voltou para Typhon, que tinha um enorme sorriso também. Afinal, conseguira derrotar Maya e realizar um movimento que não conseguia antes, tudo em uma única batalha.

Logo depois, a Buizel se sentou ao lado do novo treinador, e este voltou para a comida a qual Alyss estava olhando. Não demorou muito para que logo que ficasse pronta, e nem muito mais tempo do que ele realmente esperava, seguiram viagem, agora com Maya, a mais nova integrante de seu time. Isso fazia o garoto se sentir feliz, já que estava conseguindo se virar muito bem no mundo lá fora, e apesar de ele e de Larysse gostarem do conforto de uma cama, não ouviu a menina reclamar sobre dormir no chão, com o céu como teto, no meio da floresta, e cozinhar em uma fogueira, como um acampamento, só que sem as cabanas.

A única coisa que realmente o preocupava era o fato sobre ter poderes, sendo que até o momento, não tinha nada que lhe provasse que o garoto realmente tinha algo, além da própria Lawliet, que alegava que aquilo era real. E, mais uma vez, era tão estranho. Era normal Pokémons terem poderes, mas humanos? Não era nada normal.

Desde que saíra de casa, sua vida havia se tornado tão estranha, ainda mais do que já era. Um membro da Equipe Rocket em seu grupo, Pokémons falando e com formas humanóides, muito diferentes do que a Pokedex ou os livros diziam, uma garota que criava gelo e outra que podia sentir poderes, sua melhor amiga ver o futuro.

E o Cavaleiro atrás dele novamente.

E tudo estava acontecendo muito longe do que esperava. A começar com Clair, e continuando com o fato de que até agora, a vida longe de seu pai estava mais estranha do que o normal, muito diferente do que havia imaginado ao sair para realizar seu sonho de ser um treinador.

Seu pai. Somente lembrar-se dele o fez estremecer por dentro. Não havia falado com Thomas desde que tentara ligar para ele em Sandgem, a qual se resultara numa conversa medíocre, ainda mais distante do que todas as vezes que conversavam. E, de certa forma, o magoara, pois parecia que o homem que cuidara dele desde o incidente com sua mãe não queria conversar com o filho, e não se preocupava para onde ele estava indo. Satoru se perguntou o que ele estaria fazendo no momento, e se sentia falta do menino.

E, de repente, descobriu que não sentia a menor falta do pai. Na verdade, estava até feliz por ter saído de casa, longe dele e de seu modo autoritário.


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Notas finais do capítulo

Ok, eu estava com um mega mind block, então, se o final estiver horrível, podem me bater qq E, de novo, não é todo dia que podemos ter algo movimentado e tals, né...
Eu gostei de ter escrito a batalha da Maya, really, uma das mais legais que eu fiz até agora, em minha opinião. E, ah, sim, ela usou os moves Quick Attack, SonicBoom e Aqua Tail. Aqua Tail e mais um outro moveé um de breed, ou seja, sabe desde o nascimento e tals, blánblá.
Eu não sei se próximo vai sair logo... Quer dizer, eu tenho ele todo planejado e os acontecimentos todos na minha cabecinha, mas, se vai sair logo ou não, não faço ideia, principalmente porque estou com mind block e não consigo escrever merda alguma.
Então... ç_ç



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