Contra Todas As Probabilidades escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 12
Tramando nas sombras


Notas iniciais do capítulo

O bicho vai pegar!



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– Caramba, parece que suas amigas piraram mesmo, heim?

– Dá pra acreditar? Elas viviam buzinando pra deixar o Cebola de lado e quando eu faço isso, elas ficam malucas!

– Vai ver porque não queriam que você terminasse com ele de vez. Pelo que elas falaram, todo mundo espera mesmo que os dois fiquem juntos.

– Ai, que coisa! Agora elas ficam cuidando da minha vida, eu detesto isso!

– Detesta? Que pena... agora eu também vou cuidar muito bem da sua vida!


O rosto dela se iluminou.


– Ah, mas você pode!


Eles estavam caminhando pelos corredores do shopping, abraçados, e Felipe inclinou um pouco para lhe dar um beijo carinhoso na boca. Nenhum dos dois percebeu que estavam sendo observados.


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DC acompanhava o movimento deles de longe e sentindo o sangue ferver. Então era mesmo verdade que estava acontecendo algo entre Mônica e Felipe? Aquilo não tinha a menor graça! E ver os dois se beijando daquela forma fez com que sua raiva aumentasse mais ainda. Pela primeira vez, ele desejou que o Cebola voltasse logo de viagem e terminasse com aquilo.


Ele estava se esforçando para merecer a Mônica e aquele imbecil estava ficando com ela assim, com tanta facilidade? O que ele fez para merecê-la? Certamente nada. Ele não estava disposto a permitir que aquele idiota ficasse com ela de graça. Nada disso!


Os dois se beijaram de novo e ele acabou tendo uma idéia. DC pegou o celular e ficou tirando várias fotos dos dois juntos, procurando o melhor ângulo. O shopping estava cheio, tornando mais fácil para ele se esconder entre as pessoas. Estava na hora do Cebola saber o que estava se passando pelas suas costas. Quando viu que já tinha fotos suficientes, ele foi embora para casa sorrindo de satisfação. Ele tinha acabado com o namoro da Mônica com o Cebola e pretendia fazer a mesma coisa com o Felipe. Ninguém ia ficar no seu caminho.


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– Sei não... eu acho que o Cebola devia ficar sabendo disso...

– Também acho, mas você não vai falar nada! Isso é entre a Mônica e ele!


Cascão coçou a cabeça, pensativo. A sua frente, tinha o aparelho de televisão mostrando game-over. Estava difícil se concentrar com aquele problema na sua mente. Se falasse alguma coisa, Cascuda ia lhe matar. Se não falasse, era o Cebola quem ia acabar arrancando suas tripas. Que dilema!


– Sei lá... ainda falta umas três semanas pro Cebola voltar. Seria justo deixar ele saber só depois de chegar? Não seria melhor ir preparando ele antes?

– Eu vou falar isso com a Mônica. Aí ela vê o que faz. Fora isso, melhor a gente não interferir.

– Claro... vocês devem ter a maior birra do Cebola, né? Olha, eu sei que ele é meio sem noção por causa dessa demora e desse papo em derrotar a Mônica, mas ele gosta mesmo dela!

– E você pensa que não falamos isso pra Mônica? Falamos sim e não resolveu nada. Parece que ela não tá mais querendo esperar por ele de jeito nenhum e resolveu ficar com outro cara. E pensando bem... Às vezes eu acho que não é justo a Mônica ficar sozinha indefinidamente só por causa da indecisão do Cebola.

– Eu também não, você sabe disso. Só que... sei lá! O Cebola é meu melhor amigo e eu não quero ver ele sofrendo por causa de ninguém!

– Se ele não quisesse sofrer, então deveria ter pedido ela em namoro, isso teria resolvido um monte de coisas. Agora, ele que se vire para reconquistá-la!


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“Vejamos... essas aqui ficaram boas. É, acho que são suficientes. Hehehe!”


DC pegou as fotos anexou todas a um e-mail e mandou para o Cebola. Qualquer outra pessoa teria tido o cuidado de enviar um e-mail anônimo. Só que ele não era qualquer pessoa, era o Do Contra. Além do mais, não havia razão para ele ter medo do Cebola. Afinal, ele só estava “ajudando”.


Ele deu uma risada cínica ao pensar nisso. Ajudando coisa nenhuma! Ele só estava fazendo aquilo porque sabia que o Cebola era especialista em jogar areia em qualquer lance da Mônica com outro rapaz. Quando ela se interessava por alguém, ele sabia muito bem como fazê-la mudar de idéia. Era com isso que ele contava. Depois, tudo continuaria na mesma como sempre e assim ele teria sua chance com ela.


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Era cerca de oito horas da noite e Cebola tinha acabado de sair de um banho relaxante depois de um dia puxado de estudos. Que canseira! Ali, ninguém dormia em serviço e o ritmo era acelerado. Não fazia mal. Ele estava adorando aquilo tudo e se pudesse, ficaria pelo menos mais uns seis meses.


Ainda usando o roupão de banho, ele ligou seu notebook para checar seus e-mails. Os da Mônica ele deixava para ler depois, quando tivesse tempo (havia uma quantidade enorme de e-mails dela não lidos). E também havia emails do Cascão, Xaveco (esse foi direto para a lixeira), do seu pai (prioridade máxima para esse). E também um do DC. Do DC? Ele sentou-se na cadeira, intrigado.


“Veja o que estão fazendo pelas suas costas” era o assunto do e-mail e ele não pensou duas vezes antes de abrir. As imagens que surgiram a sua frente fizeram com que ele se levantasse num pulo só, derrubando a cadeira onde estava sentado e por pouco ele não perdeu o equilíbrio. A imagem não era exatamente de boa qualidade, mas estava bem clara para ele. A Mônica trocando beijos com o Felipe? Quando? Como? E por que ninguém tinha lhe avisado?


Sua respiração estava alterada e uma descarga de adrenalina corria pelo seu corpo, fazendo seu coração bater de forma desordenada. Ele trincava os dentes com raiva e por pouco não atirou o notebook contra a parede. Por muito pouco.


Como a Mônica foi capaz de fazer aquilo com ele? Era para ela esperá-lo, não ficar aos beijos e abraços com outro rapaz pelas suas costas! Ele ficou andando de um lado para outro, esfregando o rosto e os cabelos com as mãos como que tentando assimilar o que estava acontecendo.


A única coisa que vinha a sua cabeça era que ela o tinha traído com outro rapaz. Aquele imbecil maloqueiro e descabelado estava provando seus beijos e abraçando aquele corpo que deveria ser somente dele e de mais ninguém. E o coração da Mônica jamais deveria ter espaço para outra pessoa. Como ela se atrevia a ter sentimentos pelo Felipe? Como ela se atrevia a dar para ele o afeto que deveria ser só seu? E como ela se atrevia a fugir do seu controle, agindo daquela forma rebelde achando que pode seguir sua vida sem ele?


Após andar de um lado para outro várias vezes, ele parou com os olhos fixos em uma foto dele com a Mônica em cima de um criado. Ele pegou a foto e ficou contemplando em silêncio por alguns segundos. Alguma coisa parecia estar se revirando dentro dele, algo que foi crescendo até tomar conta de todo seu ser. De repente, um grito furioso saiu da sua garganta e ele jogou o retrato no chão, fazendo o vidro espatifar em vários pedaços.


Em seguida, ele passou o braço sobre sua mesa de estudos, derrubando tudo o que tinha em cima, jogou vários objetos no chão e contra a parede, chutou alguns móveis e socou as paredes até seus punhos sangrarem.


O quarto ficou todo bagunçado e havia manchas de sangue na parede. Depois ele teria que arrumar um jeito de limpar aquilo. Algumas gotas de sangue saiam dos seus punhos, mas ele não sentia dor. Sentia raiva. Muita raiva. Raiva do Felipe, que tinha se atrevido a cruzar seu caminho e lhe roubar a Mônica. Raiva de si mesmo por não ter percebido isso antes e tomado alguma atitude. E principalmente raiva da Mônica que não soube esperá-lo e acabou o deixando para ficar com outro.


Ele se sentia traído, enganado e passado para trás. E ninguém fazia isso com ele, nem mesmo a Mônica. Não, aquilo não ia ficar assim de jeito nenhum! Ele consultou o relógio e viu que apesar da diferença no fuso horário, havia chances de o Cascão ainda estar acordado já que ele não costumava dormir cedo quando não tinha aula. Era hora de ter uma conversa muito séria com seu amigo.


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A leitura do gibi foi interrompida quando ele ouviu o som do Skype indicando que havia alguém chamando. Que coisa... justo quando ele estava chegando na melhor parte da história? Cascão foi atender a chamada e viu que era o Cebola. O que ele queria naquela hora da noite?


Quando ele atendeu e ligou a câmera, a imagem do Cebola apareceu na tela quase fazendo com que ele caísse para trás. Seu amigo estava com os olhos esbugalhados, bufando de raiva e com o rosto vermelho. Ele até teve impressão de ter visto fumaça saindo pelos ouvidos dele! E o que era aquela mancha vermelha no roupão dele?


– Cascão! – as caixas de som chegaram a tremer por causa do grito dele. – por que diabos você não me falou o que tava acontecendo?

– Eu... er... peraí! Como você ficou sabendo disso?

– Eu fique sabendo porque o imbecil do DC me mandou uma porra de um e-mail cheio de fotos da Mônica se agarrando com o desgraçado do Felipe!

– Ah, tá...

– E então? Por que você não me falou nada? Você estava vendo tudo isso acontecer e não me avisou?

– Vem com essa não, tá legal? Eu avisei uma pancada de vezes que isso poderia acontecer e você não quis ouvir!


Cebola engoliu em seco e continuou.


– Você me avisou que isso tinha probabilidade de acontecer, não que já está acontecendo de verdade!

– Olha, eu quis te avisar, juro! Só que a Cascuda falou para eu não...

– E desde quando você obedece ordens dessa garota? – ele gritou novamente, fazendo Cascão ficar irritado.

– Êpa! “Essa garota” é a minha namorada, ouviu? Olha lá como fala! E não grita comigo não, tá legal? Você inventou essa viagem, deixou a Mônica sozinha, praticamente esqueceu que ela existe e agora tá achando ruim dela ficar com outro? Você queria o que?

– Que ela continuasse me esperando como sempre fez! Por que agora ela resolveu virar a cabeça com o maldito do Felipe?

– Sei lá! Ela falou que vai conversar com você quando as férias acabarem, então você pergunta pra ela.

– Eu não vou perguntar porra nenhuma! – as caixas de som tremeram de novo. – e você não vai falar pra ela que eu já sei, ouviu? Eu vou pensar em alguma coisa aqui pra acabar com essa palhaçada toda.


Ele arregalou os olhos. Aquilo estava com jeito de plano infalível e não gostou nem um pouco da cara que o Cebola estava fazendo. Ele tinha ficado irreconhecível daquele jeito!


– Cara, não inventa! Quando você chegar, conversa com a Mônica e põe tudo em pratos limpos. Não vem com esses planos que não vai dar certo.

– Claro que vai, cabeção! Eu sempre consegui fazer com que ela desistisse de qualquer um pra ficar comigo e dessa vez não vai ser diferente. Só terei que pegar mais pesado, mas vou conseguir com certeza!

– Cebola...

– Está decidido. Eu até já tenho um plano na minha cabeça, vou apenas planejar os detalhes. Não fala nada nem para a Mônica e nem para as meninas. Para todos os efeitos, eu não tô sabendo de nada, ouviu?

– Ouvi. Você é quem sabe, só tô achando isso uma grande palhaçada!

– Palhaçada coisa nenhuma. Vai dar tudo certo. agora vou desligar. Tchau.

– Tchau...


Cebola desligou o Skype e sentou-se na cama para pensar melhor. Sim, o plano era perfeito. Ele pretendia bolar uma armadilha da qual a Mônica não tivesse condições de sair. Se para isso ele tivesse que pedi-la em namoro, tudo bem. Ele não se importava em fazer esse pequeno sacrifício antes da hora.


Ainda assim, a raiva não passava. Suas férias estavam totalmente estragadas enquanto aquele imbecil se divertia com a sua garota! E a Mônica também parecia estar muito feliz sem ele, o que era inadmissível! Ela não podia ser feliz com mais ninguém além dele!

Ainda furioso, Cebola pegou a foto no chão e passou um dedo no rosto da Mônica. Como o dedo ainda estava sujo, um pequeno rastro de sangue foi feito sobre os lábios dela. “Você vai me pagar, Mônica, vai me pagar muito caro! Pode esperar!” aquilo não podia ser apenas um plano para fazê-la terminar com o Felipe. Tinha que ser também para derrotá-la de vez, deixá-la humilhada aos seus pés. Nada de ser bonzinho!


“É isso aí! Primeiro, vou fazer com que ela termine com aquele idiota e namore comigo. Depois, quando a poeira abaixar, vou terminar com ela. E do jeito mais humilhante e doloroso que eu puder!”


O plano parecia ser perfeito. Depois de terminar com a Mônica, ele pretendia sair com outras garotas bem debaixo do nariz dela. E se ela ameaçasse ficar com outro, ele ia dar um jeito de fazê-la mudar de idéia. Um belo jogo de gato-e-rato. Com aquilo, ela ia ficar cada vez mais presa a ele e incapaz de escapar. E também seria uma boa chance de ele ficar com outras garotas também, coisa que ele não fazia por causa dela.


Então, depois de se divertir muito e também de finalmente ter a Mônica derrotada, ele reataria o namoro em definitivo. Com isso, seria o fim do castigo dela. Claro que depois de tudo isso, ela se tornaria submissa a ele e com medo de perdê-lo, o que lhe manteria sempre no controle da situação. Perfeito! Era ao mesmo tempo uma saborosa vingança e um plano infalível para deixá-la totalmente derrotada. Não podia haver coisa melhor.


Sua primeira providencia foi mandar um e-mail para DC pedindo que ele não falasse nada para ninguém. Mesmo sabendo que o amigo tinha costume de fazer o contrário do que lhe pediam, ele sabia que daquela vez seria uma exceção. Do Contra estava tão interessado em acabar com aquilo quanto ele.


Após mandar o e-mail, ele pegou um lápis e papel e começou a escrever os detalhes do seu novo plano. Aquele ia realmente funcionar e em grande estilo! A Mônica não tinha como escapar daquilo.


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