Crônicas De Uma Deusa escrita por jujuicer


Capítulo 11
Capítulo 10




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Resolvi escrever aqui pois as notas iniciais e finais nunca são lidas (eu sei que não são!): esse foi o primeiro capítulo que eu escrevi. A história inteira foi escrita graças a esse capítulo numa madrugada há exatos dois anos. Façam bom proveito e comentem.

Ele já deveria ter saído. Sempre foi um dos primeiros a sair da escola!

No meu Camaro verde eu chamava muita atenção, enquanto esperava meu melhor amigo sair da escola para nós conversarmos. Avistei-o e desci do carro, tentando controlar meu cabelo que seria rebelde pelo resto da eternidade.

- E ai Al, dá para vir aqui me cumprimentar ou vai ficar ai, parado feito um pilar? – Porra, eu estava tão diferente assim? Mas Palas havia me dito que eu não tinha exagerado muito na mudança. – Cola ai e entra no carro – eu convidei, já abrindo a porta do motorista.

- Esse carro é seu? Onde você aprendeu a dirigir?

- Não, eu roubei e vim te pegar para nós fugirmos para uma ilha deserta. – Revirei os olhos, ouvindo risos das pessoas ao nosso redor. – E eu disse que meu pai me ensinaria por bem ou por mal. Monta logo Al!

Nesse diálogo todo ele estava parado feito dois de paus ao lado do meu lindinho. Arqueando uma sobrancelha e com muita desconfiança, ele entrou e eu roubei um selinho dele e pisquei um olho. Depois disso, sai dali o mais rápido possível, acelerando acima do permitido, sempre acompanhada pelo olhar penetrante de Al.

- Perguntas depois meu preto. Agora só curte.

~*~

Parei no acostamento.

- Al, se você tivesse que abandonar quase tudo por alguém, por quem você faria isso?

- Por você. – Ele mais deixou escapar do que disse. Foi inconsciente. Ser direto não era muito a cara do Alceu. Saberia que isso tinha o dedo de Afrodite mesmo que eu não pudesse sentir seu cheiro e poder.

- Afro, apareça agora. Você está no banco traseiro atrás de mim. Seu cheiro e seus poderes são muito fortes para que eu não te perceba.

Bufando, Afro apareceu.

- Seu amiguinho não tinha percebido.

- Claro que tinha. Mas a Névoa te mascarou, sem contar que ele é apenas um mortal! – E então eu me dei ao trabalho de olhar para o Al. Várias emoções estavam passando pelo seu rosto, a mais freqüente era confusão.

- Você terá tempo para fazer perguntas. Uma eu já te respondo: você falou direto daquela maneira graças a Afro. Ela tem esse efeito: faz com que todos falem a verdade sobre seus sentimentos. É por isso que ela está aqui.

Quando eu reparei o olhar avaliativo que estava sendo lançado ao Alceu, ouvi Afro em minha cabeça.

“Parabéns. Belo espécime, 17 anos, cerca de 190 centímetros, magro, mas forte, excelente na vida, péssimo na escola. Recebeu a educação de um gentleman. As Parcas realmente gostam de você.”

“Obrigada Afro. Mais tarde nós fofocamos.”

E pisquei marotamente para ela.

- Al, você acredita em Deus, certo? Um Deus único e poderoso, que controla todos os elementos até o infinito, correto? – Ele assentiu. – E se eu te disser que esse Deus único existe? Assim como os deuses gregos, os romanos e os nórdicos? E se eu disser que eu conheci, por exemplo, os gregos?

- Eu diria que você pirou.

- Ok, tudo vai piorar antes de melhorar. Só confie em mim e me ouça. Eu sou uma deusa grega e uma Olimpiana por direito. Sou filha de Poseidon, Rei dos Mares e um dos Três Grandes, com Palas Athena, deusa da sabedoria, inteligência e guerra justa, a Rainha dos Mares. Eu sou fruto da quebra de um juramento milenar e poderoso de minha mãe. Apesar de ser parecida fisicamente com meus pais mortais, minhas características psicológicas vieram todas do Olimpo. Acompanhou?

- Bem, sim. Uma deusa, hã?! Poderes ilimitados e boa vida.

- Não é bem assim. Eu sou a deusa da tecnologia, dos aventureiros, desbravadores e da reconciliação. A parte da tecnologia era meio óbvia, desde que eu sempre amei todas as inovações. A parte dos aventureiros e desbravadores deve vir do meu lado de escoteira. A reconciliação nasceu comigo para que uma profecia fosse cumprida. Essa minha mudança corporal deve-se a isso. Um deus pode assumir a forma que mais lhe for conveniente. Duas características, porém, são imutáveis: cabelo e olhos. Bom, menos para Afro.

- Então ela também é uma deusa?

- Prazer, Afrodite. Deusa do amor, da beleza e da sexualidade, nascida das genitais de Urano, avô de todos os deuses e a primeira Olimpiana.

- E por que eu estou aqui Melanie?

- Simples. A não ser alguns deuses como Apollo e Hermes, e as donzelas como Artemis e Héstia, todos os outros deuses se casam. Geralmente por livre arbítrio. Hera e Afro fazem todos os arranjos, mas meu caso é bem específico. Tem a profecia que foi destinada a mim. Ela diz que aquela nascida do amor e ódio entre a justiça e o mar teria como cônjuge o amor não declarado e amigo nunca conquistado. Então eu fui procurar ajuda de Afro, que sabe muito sobre mim e eu sobre ela, e ela deixou escapar uma dica que me fez ter certeza que era você.

- E qual foi a dica?

- Enquanto eu a pressionava para que me contasse quem era o amigo da profecia, ela deixou escapar que ele era alto. O único alto, amigo e que eu não conquistei foi você. Caso você realmente aceite ficar comigo, o que você pode recusar, nós deixaremos algumas coisas bem claras, como nada de ciúmes de casos com mortais.

- Mas, se eu aceitar, o que eu ganharia?

- Imortalidade. Na verdade, você seria transformado em deus, o que o Conselho Olimpiano já autorizou. Provavelmente alguns deuses iriam te abençoar, como meus pais. Você passaria a ser como um filho de Poseidon e Athena. Você aceita ficar comigo por toda a eternidade, aceitando meus dons e deveres como deusa da tecnologia, dos aventureiros e desbravadores e da reconciliação, aceita meus filhos semideuses e minha família Olimpiana?

- Eu aceito.

- Ótimo! Vamos ao Olimpo.

Peguei na mão dele e desapareci.

~*~

- Sua bênção mãe. – Pedi, ajoelhando.

- Eu te abençôo. Levante-se, seu pai se aproxima.

- Sua bênção, pai. – Ajoelhei-me novamente.

- Eu te abençôo. Apresente-nos logo seu companheiro. Seu avô odeia atrasos.

- Pai, mãe, esse é Alceu. Eu sou a escolhida dele e ele é o meu escolhido.

Alceu tomou minha frente e se ajoelhou perante meus pais.

- Senhores, eu peço a mão de sua filha. Apesar de sermos jovens, eu sou dela e ela é minha desde sempre e para sempre.

Poseidon, como o homem da família, assumiu.

- Eu concedo a mão de minha filha, e o julgo digno de meu palácio e reino. Terás poderes sobre o mar assim como qualquer deus por mim gerado.

- E meus dons serão passados a você assim que tornar-se um deus. Agora, vamos entrar.

Eles assumiram a sua forma Olimpiana para o Conselho enquanto eu segui com o tamanho humano ao lado do meu noivo. Ele me abraçou pela cintura e cheirou meu cabelo. Eu passei a mão por suas costas em um carinho contido. Assim que entramos no salão, ele me soltou e eu assumi minha forma Olimpiana também, sentei-me e anunciei:

- Eis aqui meu escolhido. A profecia se mostra cumprida “Concebida do amor e ódio entre a justiça e as águas/Seu cônjuge será aquele cujo amor não declarado não foi conquistado/Entre os Olimpianos curará as mágoas/Ela será um erro que não pode ser concertado.” Vocês juraram pelo Estige que, caso eu curasse todas as mágoas do Olimpo, eu teria meu cônjuge transformado em deus antes de nossa cerimônia. Eu cobro esse juramento Olimpianos.

- Aproxime-se rapaz. Qual é seu nome?

Zeus perguntou. Alceu ajoelhou de cabeça erguida e disse:

- Sou Alceu, o escolhido da deusa da reconciliação, aquele citado na profecia, que honrará sua esposa e família, e não os abandonará. Eu a escolhi e ela me escolheu.

Todos se impressionaram, e eu fiquei muito orgulhosa.

- Eu te concedo a graça de um deus Alceu. Que sua personalidade e dons decidam suas bênçãos.

Então ele caiu no chão, se contorcendo de dor, dor que eu conhecia muito bem. Imobilizei seu pescoço enquanto a transformação ocorria. Quando, de repente, ele parou de se contorcer e se levantou, assumindo uma forma Olimpiana. Caçamba, mas os deuses menores não têm forma Olimpiana, a não ser que...

- Eu sou Alceu, deus dos armamentos e da ética. Aquele que receber minha benção terá habilidades com armas de fogo e armas brancas e terá um senso de certo e errado apurado. Minha companheira é a deusa da reconciliação e juntos nós somos os novos Olimpianos.

Zeus olhou para mim, surpreso e chocado. Palas e Apollo estavam satisfeitos, e os outros deuses estavam embasbacados. Como ele poderia ser um Olimpiano?

- Calma família, eu explico. – Febo Apollo, deus das profecias, tomou a frente. – Trata-se de uma profecia da Era de Ouro, que dizia que o equilíbrio fosse recuperado, e os deuses perdidos achados, o Olimpo seria aumentado. O equilíbrio refere-se, obviamente, ao dia em que não houvesse mais mágoas entre os Olimpianos.

- Excelente. Falarei com minha filha, Annabeth, a arquiteta oficial do Olimpo, que nós precisamos de mais um templo, para meu futuro genro.

~*~

Fazia alguns meses que Alceu estava fora, sendo treinado em lutas, aprendendo sobre mitologia e sobre o Conselho Olimpiano. A nossa cerimônia de casamento ainda não havia acontecido, embora Hera já houvesse abençoado nossa união. Droga, eu estava com saudades. Então Afrodite resolveu me distrair e organizou uma festinha feminina, com todas as deusas, nos meus aposentos no Olimpo, quando ouvimos batidas na porta do quarto e todo o barulho cessa.

- Falta alguém Mel?

- Não Afro, estamos todas aqui. Deve ser Zeus, atrás da mamãe ou da tia Hera.

Assim que eu terminei de dizer isso, o ser do lado de fora diz:

- Nie, abra. Eu sei que isso é uma reunião feminina, mas eu gostaria de te ver! Juro que depois disso eu deixo vocês em paz.

Saio do meu estupor e corro abrir a porta.

- Al! – e me jogo nos braços (agora muito mais fortes) de meu amor. E dessa vez, eu sei que é pra sempre.


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Notas finais do capítulo

Relaxem, a história vai continuar. Ah, e eu quero comentários, pois tenho até o capítulo 14 pronto e o 15 está em andamento, mas sem comentários = sem atualizações. Beijos ;**



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