Prison Break: A Verdade Contestada escrita por Jessyhmary


Capítulo 5
5. Quebra-cabeças


Notas iniciais do capítulo

Sara e Michael descobrem que sua ida a San Francisco está bem longe de ser um passeio casual. Uma nova evidência trás a tona algo que Michael não sabia.



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 Nessa hora eu me virei. Fui até a janela. Não estava entendendo por que ela estava ali e como ela sabia que Michael também estaria. Respirei fundo e retornei ao balcão.

- O que quer com o Michael? – Perguntei com cinismo.

- Pergunta você pra ele o que ele veio fazer aqui.

- Nós estamos de passeio.

- Tem certeza?

- Não devo explicações a você, Nika.

Michael permaneceu em silêncio apenas observando nós nos digladiarmos na sua frente.

- Tudo bem, Tancredi. Se quiser saber me liga depois, tá?

- Ah... Ótimo. – Disse com ironia.

Ela deu as costas e deixou um cartão com o número de telefone. Michael não disse mais nada, apenas saiu e pegou o carro no estacionamento com uma expressão que mostrava que ele estava tenso. Não toquei no assunto, ia esperar o momento certo. Seguimos em silêncio até chegar à sua casa.

- Chegamos.

- Nossa... Era aqui mesmo que você morava?

- Era... E esse era o meu quarto. Aquela era a cama do Linc. Na época era azul com desenhos de girafas e elefantes. A Minha era verde com muitos números e sinais matemáticos, formas geométricas...

- Você tá brincando...

- Não, é sério. Minha mãe sempre me cercava com coisas que tivessem outros significados... Acho que por isso que ela me conhecia tão bem. Ela estava me treinado pra isso.

- Humrum...

 Forcei a vista pra tentar enxergar uma pequena casinha de madeira atrás dos livros. Eu estava mergulhando no universo de Michael. Eram lembranças tão vivas que eu podia senti-lo correndo pela casa com o Linc aos seis anos de idade.

- Não me diga que aquela ali é a sua...

- Ah, claro... – sorriu – Sim, o kit de casa de passarinho. A primeira coisa que eu montei.

Ele segurou a casinha de passarinho e escorregou seus dedos pelas hastes de madeira flexíveis como se contasse cada orifício presente naquele objeto. Seus olhos percorriam atentos cada detalhe do seu primeiro presente de aniversário. Ele colocou a casinha no lugar e suspirou, tentando engolir seus pensamentos.

- É... As peças sempre significavam muito para mim. Significaram tanto que hoje eu vejo minha vida como um quebra-cabeças.

Olhei para ele fixamente:

- Olha Michael, nós estamos aqui na sua casa e... Eu sei que você vai lembrar de muita coisa. Eu sei que as coisas aconteceram tão rápido... Você... Nós mal tínhamos tempo de respirar de uma coisa e logo em seguida começava outra... Só quero que saiba que eu vou estar aqui com você, tudo bem? Independente do que esteja acontecendo.

Ele levou as mãos à cabeça e respirou fundo. Segurou minhas mãos e me disse sorrindo:

- Sara, você foi a melhor coisa que me aconteceu no ano passado.

Sorri timidamente e abaixei a cabeça. Ele me tomou pelas mãos e me fez dar um passeio pela casa toda. O jardim era simplesmente lindo e agradável, a vista para o mar era como uma música que me embalava. Sentamos na grama e percebi que ele iria continuar:

- Desculpe ter feito você passar por aquilo no restaurante. Eu não tenho certeza de nada ainda, mas você vai ser a primeira a saber.

Fechei os olhos com força.

Já ouvi aquele olhar antes. Geralmente termina com uma arma apontada para sua cabeça. Termina com corridas de carro, perseguições e mortes. Mas já tinha ido tão longe... Nada me faria voltar atrás.

- Michael, pode ter certeza... Seja o que for... Eu tô nessa com você.

- Brigado, Sara... – Ele deu uma longa pausa - É o seguinte: Lembra do telefonema em Illinois, e minha ida ao Dugdale... Então... A mulher... Ela era minha babá, Sara.

Estagnei por dentro. Sabia que a Companhia estava infiltrada nessa também. Permaneci concentrada nas palavras dele e demonstrei firmeza.

- Tudo bem, acho que você me falou uma parte disso... Mas, sobre... O que se tratava?

- Então... Ela me entregou aquela caixa de coisas do meu pai e entre essas coisas, estava um recorte muito antigo.

Michael tirou o recorte de papel bastante antigo de dentro do bolso e o colocou em minhas mãos.

- Veja, Sara. O meu pai estava querendo nos dizer algo quando escreveu isto.

“Vocês não estão sozinhos nessa. Do outro lado tem alguém que se perdeu de vocês. E ele não vai parar. Se vocês acharem Scylla o acharão. A menos que ele os encontre antes.”

- Michael, eu pensei que tivesse acabado.

- Eu também, Sara. Mas não posso deixar isso ir mais longe.

Quando finalmente temos tempo e liberdade, algo acontece.

Felizmente, depois de tantos episódios de dor e tortura, algo dentro de mim criou uma resistência quanto a isso. Não me lembro de uma vez em que meu pai tenha me tratado com amor. Tudo o que ele fazia era por obrigação, para cumprir seu dever. Eu sempre quis a sua atenção, quando ele me oferecia coisas... Flores... Que acabavam morrendo e iam pro lixo. Essa dor me tirava o brilho dos olhos. Eu estava num hospital, servindo as pessoas quando na verdade quem precisava de socorro era eu. Lembro quando abri a porta da emergência e fui caminhando a passos largos para o depósito. Olhei as seringas, a agulha... A morfina. Aquilo me consumia. Eu odiava cometer os mesmos erros e acabar sempre no mesmo lugar. Fui parar na prisão não sei quantas vezes, drogada e fora de mim. Os namorados que eu tive nunca tiveram interesse real em mim. O que eu os oferecia era o que fazia a diferença. Nenhum deles me olhava. Só me viam. Eles iam para a cadeia tanto quanto eu e meu pai sempre pagava a fiança. Um dia ele jogou tudo isso na minha cara. Depois eu o perdi. Me vi uma garota adulta. Cheia de medos e trancada por dentro. Abaixava a cabeça para ele, não tinha reação tamanha era a dor que eu sentia. Depois tentaram me matar. Uma, duas, cem vezes. Essas pessoas que não medem esforços pra conseguir o que querem. General Krantz, Gretchen, T-Bag, Kellerman, e outros agentes da Companhia. Todos eles falharam nessa tarefa. Adquiri uma firmeza, muito embora eu desabasse em choro algumas vezes abraçada com o Michael, ele sempre dava um jeito das coisas darem certo.

Resolvi correr os riscos... Mesmo que tivesse que fazer isso a minha vida toda. Estava preparada para tudo. Ou pelo menos eu conseguiria sobreviver a tudo aquilo. Resignada, encarei o desafio:

- Tudo bem... O que sabemos?

- Só temos a babá ao nosso favor. Ela foi inserida na nossa casa pelo meu pai antes dele nos deixar. Parece que ele e a mamãe não estavam se dando muito bem, então ele a colocou lá para vigiá-la. Meu pai sabia dos planos da minha mãe para mim, mas não concordou.

- Então... Para penalizá-lo ela resolveu deixar vocês e armou toda a conspiração contra o Lincoln, claro.

- Isso. Minha mãe sabia que o papai nunca deixaria o Lincoln sozinho. Ele cuidou dele como se fosse seu filho e eu me apeguei a ele como meu irmão. E ele é meu irmão.

- Ok... Quando estávamos naquele apartamento em Los Angeles, sua mãe falou que os pais do Lincoln eram agentes da Companhia e morreram numa operação. Por isso, Aldo se sentiu no dever de cuidar dele.

- É e minha mãe nunca aceitou isso.

- Mas, Michael... Isso não faz sentido... O que o seu pai quis dizer com isso? Tem mais alguém nessa história? Você não se lembra de mais alguém?

- Eu não sei, Sara. Eu não sei. Só estou achando muita coincidência Nika estar aqui em San Francisco também. Isso tá me parecendo armadilha.

Respirei fundo e segurei sua mão:

- Estaremos preparados para eles, Michael.

- Tá bom. Temos que falar com o Linc.

- Tá, a Nika deixou o número. Quer falar com ela?

- Não. Se ela tiver algo a ver com isso ela nunca vai falar. O que ela falar só vai nos confundir agora. Vamos esperar ela aparecer de novo. Se eles estiverem atrás de nós, com certeza darão um jeito de nos encontrar. Só precisamos estar preparados quando isso acontecer.

- Nós estaremos.

Ele olhou nos meus olhos, franziu a testa e segurou minha mão.

- Tem certeza que quer fazer isso?

- Tem certeza que quer que eu responda?

Ele sorriu

- Ah, Sara... Como eu pude ficar tanto tempo sem você...

- Estamos juntos agora. Precisamos fazer isso. Claro que eu vou com você.

- Parece que temos mais um quebra-cabeças em nossas mãos.


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Notas finais do capítulo

"Se vamos fazer isso juntos... Tenho. Eu tenho certeza."



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