One Shot Regras escrita por Mashie


Capítulo 1
Capítulo Único




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Todos ali sabiam que havia algo errado com Kuchiki Rukia. Ela era, sem dúvidas, uma das garotas mais bonitas da escola e, apesar da baixa popularidade por ali, todos os garotos tinham conhecimento desse fato. O que intrigava todos eles e também as meninas dali, era o porquê da morena estar sempre desacompanhada. Céus, não havia uma festa que a vissem com alguém e tudo que sabiam é que ela dava foras muito insensivelmente em público. Também não era segredo que ela não se importava com isso.

Kurosaki Ichigo era um garoto conhecido naquela escola. Alto, ruivo e charmoso, não deixava de ganhar atenções por aonde ia e aquilo humildemente o satisfazia. Não direi que era diferente de todos os representantes masculinos daquele lugar ou que era o único que não desejou Kuchiki Rukia assim que a conheceu, pelo contrário, a desejou antes de sequer saber seu nome. Por esse motivo o intrigava que a morena baixinha fosse tão resistente aos garotos dali. Nunca ouvira algum comentário sobre algum “ficante” dela e tinha suas dúvidas sobre a existência deles. Se perguntassem a ela, diria simplesmente que “já havia sim beijado alguém, mas não diria nomes”. Apesar do histórico desencorajador dela, ele estava disposto a tentar.

A Kuchiki e o Kurosaki moravam há poucas quadras de distância e, significando o primeiro passo, ele aproximou-se dela a cada dia fazendo o trajeto de ida e volta para a escola ao lado da garota. Eram vinte minutos de uma caminhada agradável e conversas que pausavam na escola e reiniciavam na volta para casa. E foi assim que, em poucos dias, se tornaram amigos mesmo no início ela desconfiando de suas intenções. E ali estavam os dois, indo para a escola, quando Ichigo relembrou o motivo por ter começado a fazer aquilo todos os dias.

Ele corou, sentiu as mãos tremerem levemente e sua voz vacilar quando tocou no assunto que a maioria julgava proibido para falar na presença de Rukia.

— Rukia, ontem meus amigos estavam conversando no intervalo e, coincidência ou não, falaram de você e me deixaram intrigados — toda aquela mentira ensaiada por pouco mais de meio minuto na sua mente era para ele necessária. Não poderia dizer o que iria dizer sem uma “introdução” ao assunto, sendo ela pequena o quanto fosse. — Por que você não é igual as outras garotas? Digo, você diz que já ficou com alguns garotos, mas ninguém nunca sabe os nomes ou o motivo de você esconder isso. As outras simplesmente falam para quem quiser saber ou comentam com as amigas, mas, você... Você é estranha, Rukia — e, logo quando terminou, ficou em dúvida se ela pensaria que aquele “estranha” era dito positiva ou negativamente. Claro, essa não era a razão do seu coração estar palpitando mais rápido ou seus ouvidos aguçados para qualquer som que a morena fizesse. Terrivelmente, ele sabia o porquê de estar daquela forma.

— Preferia que eu fosse o tipo de garota que pede para ficar com os meninos e deixa isso público? — Ela perguntou realmente curiosa e igualmente surpresa pelo rumo que a conversa havia tomado.

Ichigo não tinha certeza se ela havia percebido ou feito involuntariamente, mas a face bonita assumiu a mesma expressão que ele via quando os garotos se declaravam para ela e ela despreocupadamente dizia um “não” claro, alto e simples. E ela daquela forma era linda, as sobrancelhas arqueadas em um claro desafio, a cabeça levemente tombada e os lábios rosados entreabertos e contorcidos em um discreto sorriso faziam parte do conjunto intimidante e extremamente sensual que era Kuchiki Rukia no quesito provocação. Ele não deixou de pensar se os outros garotos ficavam ainda mais nervosos com aquela expressão dela ou ainda se houve quem fugiu por achar que não daria certo antes de tentar.

Mas talvez ele fosse realmente diferente. Não no sentido de não a querer, mas no sentido de não deixar aquilo o assustar. Ele era Kurosaki Ichigo, o pervertido assumido desde que a história de que ele guardava revistas adultas em baixo dos materiais escolares vazou. Era por ele que as meninas disputavam nem tão discretamente e também era ele em quem algumas delas pensavam várias vezes por dia. Ele sorriu sacana e coçou a nuca já nem um pouco embaraçado pela pergunta dela. Era assim que ele era, não era o homem que ficou nervoso perto dela. E estava feliz por poder enfim deixar que ela conhecesse esse lado dele que geralmente predominava. Estava tão cansado de ser bonzinho...

— Eu só preferiria que você deixasse de ser tão durona assim. Se está afim, não vejo problemas em pedir para ficar com o garoto — revelou e continuou andando após terminar, parando alguns passos depois quando percebeu que ela havia ficado para trás. — O que foi?

— Ichigo?

— Hun?

— Fica comigo? — Perguntou direta como só ela poderia ser sem parecer falso. Por um breve instante, ele hesitou se perguntando se ela apenas riria e continuaria andando se ele dissesse que sim. Mas isso não importava, certo? Seria melhor que a consciência gritando que não havia tentado por ser covarde.

— Eu gostaria muito.

— É, provavelmente sim — comentou o surpreendendo com a falta de modéstia. Ele riu discretamente antes de ela continuar. — Mas eu tenho algumas regras.

— Tão complicada...

— É pegar ou largar.

— Claro que eu pego — falou deixando-a ciente que havia dito algo com duplo sentido.

Ela riu da bobeira dele antes de levantar três dedos na altura da face. Com o indicador da outra mão, apontou para o primeiro antes de começar a falar:

— Primeiro: mantenha em segredo — pediu e, quando ele abriu a boca para dizer algo, ela colocou o dedo indicador na vertical sobre os lábios pedindo silêncio. Tendo-o conseguido, apontou com o dedo que anteriormente estava na boca para o segundo dedo levantado. — Fique sabendo que isso não vai se repetir, então não se ache bom demais e tente de novo — enfim, ela apontou para o terceiro dedo e sorriu como se o que estivesse prestes a falar fosse alguma coisa óbvia. — Não pense em mim romanticamente depois disso e nem tente começar algo. São as minhas regras. Você tem alguma?

— Tenho sim. Me beije. Agora — disse sorrindo de lado. Ela abriu as mãos deixando a maleta escolar cair no chão antes de se aproximar dele.

— Claro. Isso faz parte, né.

Ele não tinha pensado no quanto seria bom ter Rukia o beijando, sempre pensou nele a beijando. Tecnicamente, não havia muita diferença, mas a sensação de ela envolver seu pescoço antes que ele a abraçasse pela cintura e de ela entreabrir os lábios antes que ele o fizesse era realmente gostosa. Nunca pensou que gostaria de não ter total controle sobre seus beijos, mas daquele jeito era bom. Com Rukia era equilibrado e ele não sabia quando era ela ou ele quem ditava os movimentos, só sabia que o faziam e que aquilo o proporcionava mais prazer do que poderia imaginar. Ichigo subiu uma de suas mãos para as costas dela para apertá-la melhor contra si enquanto a outra se mantinha firme em sua cintura. Ela brincava com seus fios ruivos da nuca e sorriu contra os lábios dele quando o sentiu arrepiar. Foi bom enquanto durou e também depois de ter acabado. O formigamento nos lábios permanecia e, para gravar o sabor dos lábios dela, ele terminou com um selinho leve.

— Tem certeza que não podemos ter um segundo round? — Ele perguntou divertido. Ela sorriu antes de negar com a cabeça e separar-se dele, dando alguns passos para trás em direção a sua maleta. — Por que não?

— Se acontecer pela segunda vez, acontecerá pela terceira e assim sucessivamente. Acabaremos tendo um caso.

— O que seria bem bom, gosto de você — ele disse simples como se não soubesse que isso causaria um rebuliço no coração dela. Ela era conhecida por ser fria, dar foras em garotos, mas não era desprovida de sentimentos. Era uma garota comum e ter Ichigo, o garoto mais sexy que já beijara, falando que gostava dela não era algo que pudesse ignorar.

— Lembra da segunda regra? Estou certa que disse algo como “não tente de novo”.

— Vamos logo para escola, chata.

---x---

Ichigo nunca foi bom com regras e a morena sabia disso. Fazia parte da reputação dele, mas ela nunca pensou que aquilo pudesse ser tão cruamente verdade. Ela sabia que não aconteceu simplesmente pela insistência dele, mas era impossível ignorar que, se ele não tivesse sido tão persistente, aquilo não aconteceria. Mesmo que aconteceu depois de semanas do primeiro beijo, ela sentia-se fraca por não ter resistido.

— Então é por isso que ninguém nunca sabe nada sobre a vida amorosa de Kuchiki Rukia? — ele perguntou de brincadeira e colocou uma mecha de cabelos dela preso atrás da orelha. Gostava de olhá-la assim, sem nada he tampando o rosto.

— Bem assim. Não quero ser feita de troféu, só isso.

— Então trás todo mundo aqui para a biblioteca, é?

— Não — disse sincera ainda com os braços em torno do pescoço dele. Estavam a mesma altura, ela sentada na mesa e ele de pé, entre suas pernas. — Eu já te disse, só fico com garotos uma vez.

— Sou então uma exceção?

— É sim. E também quebrou uma das minhas regras, isso não foi legal.

— Eu gosto de quebrar regras. Posso quebrar outra? — Ela pensou séria na pergunta dele. Ele não estaria querendo dizer que contaria para alguém, não é mesmo? Nenhum outro cara o fez e não seria Ichigo, o que mais confiou, que faria isso, certo?

— Não conte para ninguém, Ichigo — ela pediu desvencilhando-se dele e descendo da mesa. Era muitos centímetros mais baixa então teve que levantar o rosto para poder olhar os olhos dele e terminar de dizer tudo com o tom mais sério e frio que tinha. — Não traia minha confiança.

— Calma ai — ele pediu antes de a pegar facilmente pela cintura e voltá-la para a mesa. — Eu me referia a regra três — e então o coração dela deu cambalhotas e expandiu-se para todas as direções. — Namora comigo.

— Ichigo, eu... — “eu aceito”, ela pensou. — Eu não posso.

— Claro que pode, Rukia. Você gosta de mim, não gosta? — perguntou tendo sua certeza ainda mais confirmada quando ela concordou com a cabeça.

— E muito. Mas não estou pronta para essas coisas. Não quero me sentir tão exposta, deve ter percebido que não gosto disso. E ter que contar para os amigos, a família, isso é... Não sei. Não podemos continuar assim?

— Mas eu estarei com você, não fará isso sozinha, juro.

Ela bufou jogando a cabeça para trás e ele aproveitou-se disso para beijar-lhe o pescoço. Ela riu um pouco por cócegas e um pouco da perversão dele enquanto pensava no que responder. Definitivamente queria ficar com ele por muito tempo. Oficialmente. Só podia confiar nele acreditando que não passaria por nada sozinha.

— Tudo bem, vamos tentar — e assim a regra número três caiu, sendo posta de lado.

— Eu sabia. Não consegue resistir...

— ...ao seu charme, beleza, inteligência, sagacidade, modéstia entre outras qualidades. É, eu sei, já decorei seu discurso — falou revirando os olhos. Ichigo era sempre igual.

Rukia deu-lhe um beijo casto nos lábios antes de descer da mesa e sair da biblioteca. Assim que ela chegou à porta, o sinal para a primeira aula soou e Ichigo não pode deixar de ficar impressionado sobre como ela sempre sabia o que iria acontecer antecipadamente.

---x---

Estava sentada sozinha em uma mesa no canto do refeitório. Obviamente suas amigas estranharam a atitude da morena, mas não ousaram discutir. Estava ali esperando Ichigo, quem estava alguns minutos atrasado. Firmou um fone no ouvido e encostou a cabeça na parede, os olhos fechados. Aquela sensação de paz só perdia para a segurança que sentia com o agora seu ruivo.

Quando ele pôs-se atrás e com delicadeza virou seu rosto para cima, não houve mais conversas nos ouvidos dela. Era apenas ela, Ichigo e a música, todos os burburinhos pararam. Não porque ela estava concentrada demais ou porque era aquela linda cena de filme em que apenas os dois bastam. Ninguém naquele lugar continuou a conversar e ousou perder aquela cena. Kuchiki Rukia sorrindo para o maior pervertido da escola enquanto ele puxava seus cabelos e tombava sua cabeça? O que era aquilo? Rukia nem pensou em incomodar-se com o que poderiam pensar. Sempre era tão cautelosa com a opinião dos outros... Estava na hora de deixar de ser assim. Por ela e por Ichigo.

— Hey. Estava te esperando.

— Eu sei — e então seus lábios foram cobertos pelos macios dele. Os burburinhos voltaram e obviamente falavam deles, mas ela apenas concentrou-se na música que os envolvia e no ritmo suave dele contra sua boca.

Fazendo jus a sua fama, ele não pode contentar-se com um toque de lábios. Sentou-se ao lado dela no banco e a apoiou na parede, para que ficassem o mais próximos possível. Rukia gostava daquilo, era bom ser desejada por quem amava. Era mais do que ter metade dos garotos da escola a elogiando e a outra metade pensando nela ao menos uma vez ao mês. Só precisava que fosse assim com o ruivo, ter outras bocas sobre a sua nunca pareceu tão sem sentido; não acreditava mais poder encontrar prazer em outra pessoa.

— Parece que também quebrei a primeira regra.

— Você fez isso três vezes, quebrou todas minhas regras, mas está bem, não me importo mais. Mas só porque eu te amo — ela disse sinceramente e ele convenceu-se que ela não brincava.

— Quer dizer que sou uma exceção novamente?

E então mais um beijo público começou, dessa vez mais casto e paciente.

— Você é a minha exceção — murmurou sorrindo e ele mordeu-lhe o lábio inferior, feliz. E ele quebraria todas as regras que ela impusesse se isso significasse tê-la para si.

Era apenas uma pena que não fossem uma exceção às regras da escola e, por causa do pequeno show público, ficaram responsáveis pela organização da biblioteca depois da aula. O que não era de todo ruim, aquele lugar era definitivamente especial para os dois. Obviamente, aproveitariam novamente a mesa que Rukia estivera sentada horas atrás.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido e espero que goste.
=3