Highway To Hell escrita por Syrinx, HévilaChavez


Capítulo 3
Capítulo 2: Highway to Hell (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Então, minha gente do Brasil, mais um capítulo (suado) para vcs...^^
Antes eu queria colocar 5 coisas:
1- Capítulo TOTALMENTE dedicado a nossa leitora divíssima Dayana Mayer pela capa da fic...*-*
2- FINALMENTE meus episódios de CSI: Las Vegas estão servindo para alguma coisa. Minhas horas perdidas não foram em vão. A parte do bar nos motoqueiros for inspirada em um episódio da série.
3- Por falar em CSI, Nick, Poncho, seu lindo, casa comigo? U.U
4- Confesso que na parte da primeira música, da Britney, não sabia muito bem como descrever, então se não entenderem direito, considerem o que a Brit fizer no clipe como a Sam, ok? Ah, e eu SEI que a versão mais original é da Joan Jett, mas eu prefiro a da Brit, que se dane.
5- A versão original de Thoughtless é da banda Korn, mas que se dane tbm, o Evanescence canta essa música bem melhor.
Tá aí, então:
ENJOY!!!



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FREDDIE

Acordei com Sam xingando alto. Minha cabeça latejava tanto que eu podia sentir meu cérebro pulsando. Senti o que pareceu ser papel atingindo meu rosto:

-Au, Sam! - protestei.

-Ah, que ótimo que acordou, Belo Adormecido, assim pode me ajudar a tirar a gente daqui. - ela retrucou num tom irritado e sarcástico. 

Foi quando minha visão turva voltou ao lugar e eu pude analisar o ambiente ao nosso redor. Estávamos novamente no acostamento da estrada e já era noite. Olhei para o relógio no painel. Oito e meia da noite. Sam estava no banco do motorista e ela tinha me movido para o do passageiro. O papel que tinha me atingido no rosto era um mapa gigante que a loira manuseava nas mãos, girando de um lado para o outro e praguejando:

-Mas o quê... - deixei escapar, confuso - Sam, onde nós estamos?

-Não está vendo que é isso que eu estou tentando descobrir, Freddumb? - ela rebateu secamente, revirando os olhos.

-Por que você não usa o seu PearPod? Tem um aplicativo com GPS integrado. - sugeri, lançando-a um olhar de 'isso não é óbvio?'.

Ela devolveu o olhar, replicando:

-Eu até poderia usar, se ele não estivesse descarregado. 

-Ah, é, e o meu você espatifou na estrada. - a lembrei, ficando irritado também - Só espero que você me pague um novo, por que não estava no combinado dentro dos 1500 dólares. - comentei.

Ela me fuzilou com o olhar:

-Eu te pago até dois, se você me tirar daqui. - ela disse lentamente, deixando claro que dinheiro não era problema.

Dei uma boa olhada na estrada em volta. Estava deserta àquela hora, afinal estávamos no começo das férias, ainda na baixa estação. Só podia ver alguns arbustos negros à luz da Lua a alguns metros de nós, um pouco mais distantes, algumas árvores e, mais ao longe, algumas montanhas. Havia somente postes ao longo da estrada, mas nenhuma placa visível. Aquele lugar estava me dando arrepios.

-Tudo bem, vamos dirigir mais um pouco e ver se encontramos alguma placa, algum lugar que nos dê uma informação. - dirigir era uma ótima opção para mim, eu queria era sair daquele lugar assustador.

Sam e eu trocamos de lugares, e continuamos a seguir a estrada escura em silêncio. Tentando quebrar o gelo que estava começando a me incomodar, virei-me para a loira entediada ao meu lado:

-Você é impressionante, sabia? Coloca-me para dormir por algumas horas e já nos mete em confusão de novo. - ela ficou calada, mas cruzou os braços e comprimiu os lábios em uma linha fina, tentando se controlar.

Percebendo que ela não ia me socar, provoquei:

-Sério, você se esforça, ou os problemas vêm naturalmente? 

Ela estava pronta para me dar uma surra com o carro em movimento, mas seus olhos avistaram algo, e uma chama de esperança se acendeu neles:

-Para o carro, nub. - um sorriso, formando-se em seus lábios.

Segui seu olhar, curioso por saber o que tinha de tão interessante na estrada. Quando avistei do que se tratava do outro lado da estrada, meu estômago afundou. Estamos mortos, foi meu primeiro pensamento.

No estacionamento havia várias motos antigas de um mesmo modelo: São Longhorns, pelo que pude perceber. Dezoito ou vinte, não tinha como saber ao certo. A alguns metros, um bar se projetava no meio da estrada. Era grande, a pintura branca e canos de neon vermelho circundavam as paredes. Havia um contêiner de lixo na lateral do bar e uma placa também de neon, mas em vermelho e azul, continha os dizeres: Toca do Porco do Harry - o melhor bacon de Columbia.

Um bar de motoqueiros com uma gangue lá dentro: para quê pedir ajuda melhor?

-Que nome simpático o desse lugar. - comentei.

-Veja pelo lado bom, Fredduccini, ao menos eles têm bacon. - Sam deu de ombros, me lançou um sorriso e abriu a porta do carro.

Agarrei o braço dela, em pânico e ela sentou-se novamente:

-Espera aí, espera aí, onde você pensa que vai? 

-Pedir informação, ué. - ela me olhou confusa, como se aquilo fosse uma coisa óbvia.

-Não, loira, nós não vamos entrar aí. Olha, quem sabe eles ainda não nos viram e a gente pode passar reto. Deve ter algum outro lugar que a gente possa se informar. - sugeri, suplicante.

Ela riu da minha cara:

-Qual é, está amarelando, nerd?

-Não, Sam, só gosto de estar vivo. - me defendi.

Ela fechou a cara:

-Ah, então me diz por que estamos dirigindo há cerca de meia hora e a primeira coisa que encontramos foi isso? - ela apontou para o bar - Além do mais, qual o preconceito? Eles são gente como a gente. - ela completou a frase batendo no meu peito e depois no dela, para dar ênfase.

Saí do carro, travei as portas, e a segui. Eu ia me arrepender daquilo, como das outras vezes. Então comentei baixinho, enquanto ela caminhava a alguns metros a frente:

-É, mas, pelo menos, eu nunca matei ninguém...

Quando chegamos próximo a entrada, senti algo estranho no ar:

-Que cheiro é esse? 

-Cerveja, urina, suor, vômito... - Sam listou, como se fosse especialista em locais como esse.

-E morte. - completei, vendo algumas gotas de sangue no chão molhado pela chuva e na parede branca - Delícia. - ironizei.

O lado de dentro era mais estranho que o lado de fora. Era decorado com paredes pretas, e os mesmos canos de neon vermelhos e pretos pregados no teto, que junto com as lâmpadas fluorescentes davam um ar agourento ao lugar. Pôsteres de bandas, papéis, quadros com fotos de motocicletas e cervejas, além de bandeirolas triangulares de times de baseball adornavam as paredes. Havia algumas mesas circulares espalhadas perto de um pequeno palco ao fundo, próximo a uma jukebox. Na parede direita, um balcão de bar continha uma prateleira com bebidas de todas as cores imagináveis. Perto da entrada, onde Sam e eu estávamos tinha duas mesas de sinucas alinhadas lado a lado.

O lugar estava apinhado de gente. Quatro caras estavam jogando sinuca nas duas mesas, duas mulheres assistindo ao jogo. O resto estava todo espalhado sentados nas mesas circulares, nos bancos do balcão do bar, ou em pé conversando e escutando uma garota de cabelos roxos e jaqueta de couro cantando Joan Jett.

Quando entramos, o silêncio instaurou-se no lugar e todos pararam para nos olhar. O cheiro de cerveja, uísque e vodca me atingiu como uma bolada na cara. Mas o pior era cheiro de cigarro. Aquilo era tão potente que criava uma aura nevoenta na atmosfera do bar. 

Uma garota loira surgiu atrás de mim no nada, plantou um tapa na minha bunda e se afastou com uma piscadela. Sam lançou um olhar assassino em direção à garota e depois voltou-se para mim, a expressão acusatória. 

O quê? Agora a culpa era minha? Como assim? 

 Um cara se aproximou de nós com uma mulher morena ao seu lado. Era meio gordo e baixo em comparação ao resto dos motoqueiros ali. Seu cabelo era escuro e cortado bem baixo, quase careca. Tinha alguns piercings no rosto e uma tatuagem no pescoço com letras, mas não consegui ler a palavra toda. Usava uma blusa de banda e um colete de couro. Cruzou os braços e estreitou os olhos, nos analisando:

-Em que posso ajudá-los? 

-Você que é o Harry? - Sam perguntou calmamente. Na verdade, tirando o incidente com a garota e a minha bunda, ela parecia bem à vontade.

-Sim, e você quem é? - perguntou, nos indicando com o queixo.

-Sam Puckett, e esse aqui é o... Freddie. - ela apontou para mim, parecendo se esforçar para falar meu nome sem nenhum apelido no meio - Escuta, será que pode nos dizer como chegar até Portland? Estamos meio perdidos.

Os olhos dele lampejaram:

-Perdidos, é? - então ele balançou a cabeça, rindo um pouco - Não, não, garota, vocês tomaram a rodovia errada. Vocês devem voltar alguns quilômetros ao sul, e pegar a direita na bifurcação, seguindo a rodovia principal.

-Ah, que ótimo, obrigado. - e comecei a puxar Sam para a saída - Agora precisamos ir, né, Sam?

Os olhos do Harry voaram em minha direção, e ele abriu um sorriso maldoso:

-Para quê a pressa? Vocês acabaram de chegar. - ele observou.

-É, nub, a gente ainda nem comeu o bacon... - Sam concordou.

-Esqueceu que a gente estava com muita pressa, loira? - lancei-lhe um olhar sugestivo, indicando que a gente deveria sair o mais rápido possível antes de entrar em uma roubada maior.

Mas Harry se adiantou e libertou o braço da Sam do meu aperto:

-Ei, cara, se a garota quer ficar, qual o problema? Além do mais, vocês ainda nem me pagaram. Não dou informação de graça. - ele deu de ombros, como se aquilo fosse óbvio.

-Pagar por uma informação? - Sam cruzou os braços, indignada - Está zoando, não é?

Harry empurrou a garota morena que estava apoiada nele e inclinou-se raivoso na direção de Sam, suas mãos agarrando os lados da jaqueta camuflada que ela usava:

-Escuta aqui, loirinha: meu bar, minhas regras. Infelizmente vocês deram o azar de parar aqui. Então sim, vão fazer o que eu quiser. - ameaçou.

Sam retirou as mãos dele da jaqueta dela bruscamente, o nariz franzido em nojo. Ela não parecia nervosa, nem ao menos preocupada como eu estava. Parecia apenas, desculpe a expressão, puta de raiva.

-O que temos que fazer, então? - ela disse lentamente, encarando Harry nos olhos.

Ele pareceu pensar por um segundo, depois riu:

-Ah, o preço que eu vou cobrar é baixo. - e apontou para o palco - Entretenha-nos. - e sorriu maldosamente para Sam.

Sam devolveu o sorriso, aceitando o desafio:

-Sabe, pode ser até divertido. 

E virou-se para mim, me passando a jaqueta, ficando somente com a regata branca que ela vestia por baixo:

-O que vai fazer? - perguntei alarmado.

-Relaxa, Freddito, não vou fazer nada que eu não queira. - ela piscou para mim, tentando me acalmar.

E seguiu para o palco, enquanto Harry gritava para o guitarrista corpulento de dreads escuros e compridos, lá em cima:

-Hey, Hooper, faça o que ela disser! 

A loira chegou perto do cara e sussurrou algo em seu ouvido. Hooper acentiu com um sorriso malicioso no rosto. Depois Sam indicou com o queixo a garota de cabelos roxos, que lhe passou o microfone e a jaqueta de couro dela a contragosto.

Enquanto ela fazia isso, pus as mãos nos bolsos de trás para evitar qualquer incidente. Não precisava de mais motivos para arranjar confusão. 

Sam vestiu a jaqueta e me olhou uma última vez, respirando fundo. Depois fechou os olhos e sorriu:

Trilha (I love Rock and Roll - Britney Spears): http://www.youtube.com/watch?v=ITuOddPeYoc&feature=related

"Hey?! Is this thing on?"

"Ei, isso está ligado?"

Então, Hooper começou a tocar e eu não acreditei que ela estava fazendo aquilo:

"I saw him dancing there by the record machine/ I knew he must have been about seventeen"

"Eu vi ele dançando ali perto da máquina de música/ Eu sabia que ele deveria ter uns dezessete"

Ela me olhou sugentivamente, mordendo o lábio.

"The beat was going strong/ Playing my favorite song.../ And I could tell it wouldn't be long / until he was with me/ YEAH Me/ And I could tell it wouldn't be long/ until he was with me / YEAH With me Singin' "

"A batida estava ficando mais forte/ Tocando minha música favorita /E eu poderia dizer que não iria durar/ Enquanto ele estivesse comigo/ YEAH Comigo/ E eu poderia dizer que não iria durar/ enquanto ele estivesse comigo, yeah comigo/ YEAH comigo cantando"

Ela abriu o zíper da jaqueta e fez menção de tirá-la, mas a pôs de volta, fazendo não com o dedo e um biquinho sexy, mas deixando a jaqueta aberta. Ela balançava a cabeça e jogava os cabelos os ritmo da música, e fazendo air guitar de vez em quando, o olhos fechados e um sorriso no rosto, totalmente à vontade.  

"I love Rock 'N Roll/ So put another dime in the jukebox, Baby/ I love Rock N' Roll/ So come and take your time and dance with me/ Ouw!"

"Eu amo rock roll/ Então bote outra moeda na máquina de música, baby/ Eu amo rock roll/ Então venha e passe seu tempo dançando comigo/ Ouw!"

Estranhamente o pessoal do bar pareceu aprovar a performance de Sam, alguns cantando junto e aplaudindo. Alguns motoqueiros assobiavam.  

"He smiled, so I got up and asked for his name"/ "That don't matter," he said, "'cause it's all the same."/ I said, "Can I take you home where we can be alone?"/ And next we were moving on/ and he was with me, yeah, me/ And we were moving on/ singin the same old song/ Yeah with me" 

"Ele sorriu, então eu me liguei e perguntei o seu nome/ 'Isso não importa', ele disse, 'porque é tudo a mesma coisa'/ Eu disse, 'posso te levar para casa onde poderemos estar sozinhos?' E depois estavamos nos movendo E ele estava comigo, yeah, comigo/ E estavamos nos movendo/ Cantando a mesma velha música/ Yeah comigo"

Ela retirou o microfone do suporte e começou a descer as escadas do palco, vindo em minha direção. Eu queria perguntar o que ela estava fazendo, mas mordi a língua quando eu vi. Era um brilho diferente em seus olhos, quase selvagem. Sam pôs a mão no cós da minha calça e me puxou para ela. Começou a rebolar na minha frente, seu corpo a centímetros do meu, roçando a coxa entre minhas pernas. Meu coração parou de bater quando ela deu um outro tapa na minha bunda, no exato lugar onde a outra garota tinha batido. Sorrindo de escárnio, me jogou na cadeira mais próxima e se afastou.  

"Singing/ I love Rock N' Roll/ So put another dime in the jukebox, Baby/ I love Rock N' Roll/ So come and take your time and dance with me/ own!/ I love Rock N' Roll/ 'cause it suits my soul/ I love Rock N' Roll Yeah.../ I said, "Can I take you home where we can be alone?"/ And next thing we were moving on/ and he was with me, yeah, me/ And we were moving on/ and singin that same old song/ Yeah with me "

"Cantando/ Eu amo rock roll/ Então bote outra moeda na máquina de música, baby/ Eu amo rock roll/ Então venha e passe seu tempo dançando comigo/ own!!!/ Eu amo Rock n' Roll/ Porque move minha alma/ Eu amo Rock n' Roll, yeah.../ Eu disse, posso te levar para casa onde poderemos estar sozinhos?/ E depois estavamos nos movendo/ E ele estava comigo, yeah, comigo/ E estavamos nos movendo/ Cantando a mesma velha música/ Yeah comigo"

Dois caras a subiram no balcão e ela começou a dançar, chutando alguns copos de bebida de cima da bancada, e começou a dançar de forma sensual, fazendo strip com a jaqueta lentamente, retirando a e girando-a acima de sua cabeça, rebolando. Houve um surto geral de aprovação por parte dos motoqueiros quando ela a jogou na plateia. Todos ainda aplaudindo e assoviando, enquanto as garotas, inclusive a garota de cabelos roxos, a dona da jaqueta perdida, cantavam loucamente em coro com Sam. Ela, a essa altura, engatinhava pelo balcão de forma provocativa, ainda lançando aquele olhar selvagem na minha direção, e por fim, sentou-se de pernas cruzadas na borda da bancada, cantando e incentivando o resto do pessoal a cantar junto. 

"Singing/ I love Rock N' Roll/ So put another dime in the jukebox Baby/ I love Rock N' Roll/ So come and take your time and dance with me/ I love Rock N' Rol l(I love Rock N' Roll)/ So put another dime in the jukebox Baby/ I love Rock N' Roll/ So come and take your time and dance with me (dance with me)/ I love Rock N' Roll (I Rock N' Roll)/ So put another dime in the jukebox Baby(so dance with me)/ I love Rock N' Roll/ So come and take your time and dance with me(dance with me)/ I love Rock N' Roll(oh....)/ So put another dime in the jukebox Baby(oh....)/ I love Rock N' Roll So come and take your time and dance with me(dance with me)/ I love Rock N' Roll/ So put another dime in the jukebox Baby/ I love Rock N' Roll/ So come and take your time and dance with me!" 

"Cantando/ Eu amo Rock n' Roll/ Então bote outra moeda na máquina de música, baby/ Eu amo Rock n' Roll/ Então venha e passe seu tempo dançando comigo/ Eu amo Rock n' Roll (I love Rock N' Roll)/ Então bote outra moeda na máquina de música, baby/ Eu amo Rock n' Roll/ Então venha e passe seu tempo dançando comigo(dance comigo)/ Eu amo Rock n' Roll/ Então bote outra moeda na máquina de música, baby/ Eu amo Rock n' Roll/ Então venha e passe seu tempo dançando comigo (dançando comigo) Eu amo Rock n' Roll (oh...) Então bote outra moeda na máquina de música, baby(oh...)/ Eu amo Rock n' Roll, então venha e passe seu tempo dançando comigo (dançando comigo)/ Eu amo Rock n' Roll/ Então bote outra moeda na máquina de música, baby/ Eu amo Rock n' Roll/ Então venha e passe seu tempo dançando comigo!"

O que ela estava fazendo? Sam parecia uma outra pessoa, ou talvez um lado dela que ela nunca tivesse mostrado para mim. Ou que talvez fosse eu que não quisesse ver. Assim como mais cedo, quando ela cantou na estrada, parei para observá-la. Estava mais sexy do que um dia eu poderia ter imaginado, mais sexy que Carly. E isso me deixava confuso, porque mesmo eu já tendo desencanado do lance da Carly há algum tempo, eu ainda a considerava linda. E Sam, bem, ela era o demônio, então não costumava reparar muito na loira. Mas ali era diferente. Confiante e poderosa, estava quase interessante demais.

Quando a música terminou, os mesmos caras a desceram do balcão e ela correu para o palco:

-Tudo bem, mais uma? - ela perguntou, sorrindo em êxtase.

Aplausos e gritos de incentivo da plateia em uníssono a incentivaram:

-Ok, vamos tentar algo diferente...

Então, seus olhos apagaram-se e tornaram-se duros. Ela se encaminhou para um piano mais ao canto do palco, sem antes surrurrar novamente no ouvido de Hooper, orientando mais uma canção.

Endireitou-se no banco e, respirando fundo novamente, começou a tocar uma melodia triste e suave no piano:

Trilha (Thoughtless-Inconsequente-Evanescence Cover):

http://www.youtube.com/watch?v=ALnvdOFKzDE

"All of my hate cannot be bound/ I will not be drowned by your thoughtless scheaming/ So you can try to tear me down/ Beat me to the ground/ I will see you screaming"

"Todo o meu ódio não pode ser medido/ Eu não serei afogado por seus atos inconsequentes/ Agora você pode tentar me puxar para baixo/ Me jogar no chão/ Eu verei você gritando."

Pisquei, confuso. Desde quando Sam tocava piano? E que música era aquela?

Então Hooper e o baterista que eu não sabia o nome começaram a tocar juntamente com Sam. Hooper batendo os dreads loucamente no ar.

"Thumbing through the pages of my fantasies/ Pushing all the mercy down, down, down/ I wanna see you try to take a swing at me/ Come on, gonna put you on the ground, ground, ground/ Why are you trying to make fun of me?/ You think it's funny?/ What the fuck you think it's doing to me?/ You take you turn lashing out me/ I want you crying with you/ Dirty ass in front of me/ All of my hate cannot be bound/ I will not be drowned by your/ thoughtless scheaming/ So you can try to tear me down/ Beat me to the ground/ I will see you screaming"

"Folheando as páginas de minhas fantasias/ Empurrando toda a piedade para baixo, baixo, baixo/ Eu quero ver você tentar acabar comigo/ Vem cá, vou deixar você no chão, chão, chão/ Por que você está tentando fazer graça comigo?/ Você acha isso engraçado?/ Que porra é essa que você acha que está fazendo comigo?/ Você dá suas costas rindo de mim/ Eu quero ver você chorando com/ O seu traseiro sujo na minha frente/ Todo o meu ódio não pode ser medido/ Eu não serei afogado por seus/ Atos inconsequentes/ Agora você pode tentar me puxar para baixo/ Me jogar no chão/ Eu verei você gritando"

Ela fechou os olhos por alguns instantes, cantando a música com tudo o que ela tinha. Quando seu olhos abriram-se, havia ódio neles. Ela não olhava a plateia, mas encarava o piano com uma expressão dura, que combinava perfeitamente com a raiva em seus olhos. Fitando-a naquele momento, percebi toda a mágoa e todo o ódio que ela carregava dentro de si e que vivia se esforçando para esconder de todos. Atos inconsequentes, ela cantava, mas não era os atos dela a que ela se referia diretamente, mas a todos os acontecimentos difíceis de sua vida que a levaram a ser daquela forma. Um pai que havia morrido, provavelmente, uma mãe que não dava a mínima para ela, e uma irmã gêmea que ela odiava. Ela falava de alguém que a tentava puxar para baixo de novo e de novo, mas não era alguém, era o seu destino. 

"Thumbing through the pages of my fantasies/ I'm above you, smiling at you, drown, drown, drown/ I wanna kill and rape you the way you raped me/ And I'll pull the trigger/ And you're down, down, down/ Why are you trying to make fun of me?/ You think it's funny?/ What the fuck you think it's doing to me?/ You take you turn lashing out me/ I want you crying with you/ Dirty ass in front of me/ All of my hate cannot be found/ I will not be drowned by your thoughtless scheaming/ So you can try to tear me down/ Beat me to the ground/ I will see you screaming"

"Folheando as páginas de minhas fantasias/ Eu estou acima de você, rindo de você embaixo, embaixo, embaixo/ Eu quero te matar e violentar da mesma forma que você me violentou/ Eu puxarei o gatilho/ E você já era, já era, já era/ Porque você está zombando de mim?/ Você acha isso engraçado?/ Que porra você acha que está fazendo para mim?/ Você gasta o seu tempo batendo em mim/ Eu quero ver você chorando com o seu traseiro sujo na minha frente/ Todo o meu ódio não pode ser medido/ Eu não serei afogado por seus/ Atos incosequentes/ Agora você pode tentar me derrubar/ Me jogar no chão/ Eu verei você gritando."

Ela levantou os olhos do piano, procurando por mim. Quando me encontrou, meu olhos arregalaram-se em choque. Sam estava chorando. A luz bateu em seus olhos e eu pude ver as trilhas de lágrimas riscando seu rosto. Ela piscou, desviou o olhar, escondendo o rosto e uma lágrima caiu, batendo em uma das teclas do piano. Então, algo tomou conta de mim. Não sabia ao certo o que era, mas se parecia muito com culpa. Afinal, eu sabia que a vida de Sam era difícil e que talvez debaixo de toda aquela força houvesse algum traço de tristeza, mas nunca fui capaz, como amigo dela, de procurar entender.

"All my friends are gone, they died/ They all screamed, and cried./ I'm gonna take you down./ Gonna take you down./ Gonna take you down./ Gonna take you down./ All of my hate cannot be bound/ I will not be drowned by your thoughtless scheaming/ So you can try to tear me down/ Beat me to the ground/ I will see you screaming/ All of my hate cannot be bound/ I will not be drowned by your thoughtless scheaming/ So you can try to tear me down/ Beat me to the ground/I will see you screaming" 

"Todos meus amigos se foram, eles morreram/ Todos eles gritaram, e choraram/ Vou te jogar no chão/ Vou te jogar no chão/ Vou te jogar no chão/ Vou te jogar no chão/ Todo o meu ódio não pode ser medido/ Eu não serei afogado por seus/ Atos inconsequentes/ Agora você pode tentar me puxar para baixo/ Me jogar no chão./ Eu verei você gritando./Todo o meu ódio não pode ser medido/ Eu não serei afogado por seus/ Atos incosequentes./Agora você pode tentar me derrubar/ Me jogar no chão./ Eu verei você gritando."

Harry aproximou-se de mim, um sorriso de aprovação nos lábios:

-Sabe, você tem muita sorte de ter uma garota dessas ao seu lado. Vi poucas como nessa nas minhas andanças por aí. - ele comentou.

-O quê? Não, ela não é minha namorada. - esclareci.

Ele riu alto:

-Sério? Então, você é um maricas, como eu pensava. Se fosse eu, já tinha pegado essa loira de jeito. - ele provocou, lançando um olhar faminto na direção de Sam, que descia do palco.

Segurei-me para não responder à provocação. Mas a raiva começava a subir em ondas pelo meu pescoço. Só queria tirar Sam dali e ir embora. Quando ela chegou até nós, percebeu meu olhar de raiva. Contudo, ela não teve muito tempo para se preocupar com isso, já que Harry passou o braço por sua cintura, tentando beijá-la:

-Me larga! - ela protestou. 

-Ah, qual é? Se o maricas ali ainda não te pegou de jeito, eu posso muito bem fazer isso no lugar dele... 

Aquilo foi a gota d'água. Não podia ficar inerte enquanto o cara tentava agarrar Sam. Me precipitei sobre ele, socando-o no rosto. O bar ficou silencioso, ninguém parecia respirar, todos esperando pela reação de Harry. Ele levantou o rosto, e pude ver um filete de sangue que escorria de seu lábio inferior, bem onde deveria estar um de seus piercings. Ele empurrou Sam, que ainda estava em seus braços, e veio até mim com uma expressão assassina. Estranhamente, eu não tinha mais medo dele. Só raiva e pena, talvez.

Mas a loira foi mais rápida, interpondo-se entre mim e ele:

-Wow, wow, ninguém quer brigar aqui cara. - declarou, mesmo que eu estivesse pronto para socar aquele cara novamente - Você nos deu o seu preço e nós pagamos. Agora vai nos deixar ir embora.

Ele a olhou incrédulo, como se ela tivesse acabado de dizer que demolir o bar, depois riu histericamente:

-E você acha mesmo que vou deixar os dois irem depois do que esse maricas me fez? - disse, apontando a boca sangrenta - Sabe, talvez eu não te mate se você não lutar; afinal, você é como nós. Você fica à vontade aqui. E aposto que é tão rebelde quanto aparenta ser. Mas ele, - e me olhou desdenhosamente - nunca será como você. Será que vale a pena mesmo lutar para salvar a vida dele?

Sam o encarava enquanto ele falava. Tinha a expressão distante, calculista. Parecia realmente pensar sobre o que ele dizia. Ela olhou para mim uma vez, e voltou o olhar para ele, sem piscar. Por fim declarou, numa voz mínima, mas confiante:

-Ele vale a pena, sim.

E num movimento rápido, ela pegou uma garrafa de cerveja e quebrou na cabeça dele, depois gritou para mim:

-Corre! 

Vinte armas foram sacadas ao mesmo tempo e uma chuva de balas veio até nós, atingindo copos, mesas, paredes, quadros, enquanto precipitávamos rumo à saída. Atravessamos a rua correndo, enquanto eles ainda atiravam em nós. Puxei Sam para o meu peito, cobrindo o corpo dela com o meu, quando alcançamos a lateral de metal do Mustang. Abri o carro e a joguei para dentro, entrando em seguida, ligando o carro e dando a ré. Quando foi seguro, dei a volta e seguimos para o sul, acelerando como se não houvesse o amanhã.

Com sorte, eles não vieram atrás de nós, e nem atravessaram a rodovia, chegando perto do Mustang, já que foram assustados por um barulho de sirene que vinha ali perto, atraída pelo barulho dos tiros, então meu carro não havia sofrido grandes danos. Ao invés, ainda vimos todos montarem em suas motos e tentarem fugir, mas a polícia surgiu ao longe e formou o bloqueio em torno deles. Felizmente, já estávamos distantes o suficiente para que não nos vissem.

Seguimos a estrada por quase uma hora a mais e tomamos a direita na bifurcação, rumo a Portland. Sam estava estranhamente quieta, olhando o tempo todo pela janela.

-Sabe, eu devia te estrangular por meter a gente nessa confusão. De novo. Mas acho que vou esquecer esse fato, já que você conseguiu manter o sangue frio e meio que salvou minha vida lá dentro. - comentei, tentando puxar assunto.

-Hmm, tanto faz. - foi sua brilhante resposta. 

-Sério, por que bateu na minha bunda? - lancei-lhe um olhar curioso, e balancei a cabeça, como se aquilo não fizesse sentido - E onde aprendeu a tocar piano? - acrescentei.

Sam levantou a cabeça e riu, como se aquilo genuinamente a divertisse:

-Como você é ingênuo, nerd. Não percebeu? Aquela garota loira estava o tempo todo te secando. A mamãe aqui tinha que marcar território. Não é como se eu fosse deixar qualquer uma se engraçar para o seu lado. 

-Então, quer dizer que ficou com ciúmes? - a provoquei.

Ela me olhou como se eu fosse doido:

-Não, nerd. - ela rebateu com a voz indignada - Só não fui com a cara dela, e queria zoar um pouco, só isso. Não fica se achando não.

-Tudo bem, e quanto a segunda pergunta? Você não respondeu. - pressionei.

Ela rolou os olhos e respondeu com a voz monótona:

-Eu fui a concursos de beleza, nub. E temos que apresentar algum talento como parte do show. Minha mãe me obrigou a aprender quando eu era mais nova.

Eu ri da coincidência:

-Minha mãe também me obrigou a aprender a tocar violão quando eu era menor. Era uma das atividades mãe e filho que ela me levava. Na verdade, acho que meu violão está aqui no carro, no porta malas.

Ela sorriu para mim e perguntou:

-Promete tocar algum dia para mim?

Dei de ombros:

-Claro, por que não?

Mais silêncio. Era estranho Sam estar tão calada, e eu comecei a me perguntar a razão. Então, lembrei do momento em que a vi chorando e, no mesmo instante, sabia que aquele era o motivo. 

-Sam, aquela segunda música... - comecei.

-Não quero falar sobre isso. - ela me cortou, seca.

-Olha, eu só queria dizer...

-Não quero falar sobre isso, pode ser? - ela me cortou de modo mais firme, me olhando duramente.

A alguns quilômetros dali encontramos um hotel perto da estrada. Tinha quatro andares e uma pintura desgastada, azul claro. Não era dos melhores, mas tinha algum movimento, o que era um começo.

Estacionamos e retiramos nossas malas, depositando com cuidado no saguão. Nos dirigimos até o balcão onde um cara gordo, na casa dos quarenta anos, óculos e uniforme vinho nos cumprimentava animadamente:

-Vão querer uma suíte, certo? - ele chutou, digitando rapidamente em um computador e nos estendendo uma chave de latão.

Sam e eu trocamos olhares e, a julgar pela expressão da loira, ela parecia horrorizada com a ideia. Chegou perto do balconista e empurrou a mão dele, que nos oferecia a chave, lentamente:

-Não, obrigada. - ela disse secamente - Na verdade, estávamos pensando em quartos separados, mesmo. 

-Quartos adjacentes, então? - ele sugeriu.

Ela deu de ombros:

-Tanto faz.

Ele nos entregou duas chaves e gritou para um cara branco, corpulento, careca e também de uniforme vinho, ordenando-o que nos ajudasse com as malas. Ficamos em dois quartos adjacentes no terceiro andar, e assim que o carregador foi embora, nos encaramos e mais silêncio constrangedor se seguiu. Era estranho, porém aquela sensação ruim não me deixava. A de que eu deveria fazer algo em relação àquela culpa que eu estava sentindo mais cedo. Eu sabia era loucura, mas meu primeiro instinto foi o de abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem. Que não entendia por completo, mas que tudo ficaria bem. Entretando, apenas a abracei.

Ela ficou paralisada em meus braços, surpresa demais para se mecher. Seus braços pendiam ao lado do seu corpo, e eu a vi franzir a testa em confusão:

-Hã, nerd? Por que está me abraçando? Sério, tem escrito 'abraços grátis' na minha testa? - ela levantou as sobrancelhas, exigindo uma explicação.  

 Pigarreei uma vez e a soltei. O quê eu estava fazendo? 

-Nada, Sam, nada. - dei um meio sorriso e a vi acenar para mim com a mão, ainda meio confusa e se afastar, fazendo menção de fechar a porta de seu quarto.

-Hey, Sam. - a chamei, antes que ela fechasse a porta - Tem uma coisa que eu discordo e outra que eu concordo com você.

Ela me olhou interrogativamente, abrindo a porta um pouco mais:

-Você não tem razão quando diz que é a última pessoa com quem eu queria viajar. Talvez o Nevel ou até o Gibby, mas não você. Mas talvez, e eu vou negar que disse isso quando minha mãe nos encontrar, - adverti - essas férias sejam mesmo as melhores das nossas vidas.


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Notas finais do capítulo

Gente, foi só a minha pessoa que achou meio tosco esse capítulo, pq eu fiquei HORAS tentando arrumar, mas ainda to achando meio 'duh'...
Enfim, elogios, sugestões, críticas em relação às músicas, críticas em geral, o Nick aceitando meu pedido de casamento, tudo nos reviews, ok?
Xêro nos ôi.