(PONTO DE VISTA - Bella)

Tanya estava inquieta andando de um lado para o outro sem parar.

– Tanya será que dá para você sentar e ficar quieta um segundo, deste jeito você irá acabar fazendo um buraco no chão e logo – disse Kate que estava sentada em minha cama enquanto eu me vestia para mais um dia na faculdade.

Nem acredito que em poucos dias irei finalmente me formar, os últimos dois anos se passaram tão rápidos.

– Não consigo, não acha que eles já deviam ter chegado? - perguntou Tanya pela milésima vez referindo-se aos Cullen, bem, em especial ao tal Edward.

Devo admitir que esteja curiosa pra saber quem é esse Edward e os Cullen, afinal, nunca virá Tanya ficar tão ansiosa com a chegada de algo.

– Acalme-se Tanya, logo eles chegarão – disse á ela fitando-a através do espelho enquanto terminava de retocar a maquiagem.

– Ela não está preocupada com “eles” Mel e sim com “ele” – disse Kate.

– Não há com que se preocupar Tanya, você disse que garantiram que ele viria, agora é só ter paciência e aguardar – disse agora olhando para ela que estava na sacada olhando lá para fora.

E então ela sorriu e exclamou:

– Chegaram!

– Ótimo, vá lá para baixo e receba-os junto a Carmem, Irina e Eleazar, mas tente se controlar para não dar muito na cara – alerto Kate.

– É o que vou fazer, vocês não vêm?

– Daqui a pouco desceremos, ainda tenho de terminar de me arrumar – respondi.

– Okay então – disse Tanya saindo do quarto e fechando a porta atrás de si.

Kate deu risada.

– Olha ainda bem que eles chegaram, não se mais por quanto tempo poderia agüentar essa inquietação de Tanya – disse ela.

– Nem eu, bem, eu já terminei de me arrumar além do mais estamos atrasadas, vamos descer?

– Sim, só um minutinho – pediu escovando seu belíssimo e perfeito cabelo loiro.

– Pegou tudo?

– Peguei sim, bem, agora você irá conhecer a outra parte de nossa família Mel, tenho certeza de que você irá se dar tão bem com eles, quanto com qualquer um de nós.

– Assim espero, vamos ver então quem são os famosos Cullen – disse á ela enquanto saíamos do quarto em direção as escadas para a sala.

(PONTO DE VISTA - Edward)

A viagem foi mais rápida do que eu esperava, mas foi o suficiente para refletir sobre as visões de Alice.

Só poderia ser loucura, depois de dois anos Alice ter alguma visão de Bella.

Era impressionante ver como as coisas estavam caminhando.

Alice conseguirá comprar uma casa em Londres em menos de 24 horas e segundo ela já estaria tudo pronto quando chegássemos a nosso destino, porém, Esme e Carlisle decidiram passar na casa dos Denali antes de irmos para nossa casa.

E como o esperado, eles já nos aguardavam.

Carmem, Eleazar, Irina e Tanya nos receberam assim que chegamos, bem, Tanya com um pouco mais de entusiasmo do que o necessário.

– Oh minha nossa, quanto tempo Edward, você está ótimo – comentou Tanya me abraçando.

– Você também Tanya, é muito bom revê-la – disse á ela educadamente.

– Onde está Kate?- perguntou Alice.

– Ela está lá em cima, logo ela terá de sair, têm aula hoje – respondeu Carmem.

– Kate resolveu estudar novamente? – perguntou Rosalie.

– Sim, mas teve um motivo por trás, nossa família cresceu – disse Eleazar com um sorriso enquanto íamos para a sala.

De repente um perfume floral me atingiu de uma maneira irresistível.

Era óbvio que era humano, e ele me fez lembrar automaticamente de Bella.

– Com que freqüência você veio aqui?- perguntou-me Bella.

– Venho aqui quase todas as noites – respondi.

Bella girou atordoada.

– Por quê?

– Você é interessante quando dorme – disse categoricamente – você fala.

– Não!- ela arfou o sangue inundando sua face.

– Está com raiva de mim?- perguntei.

– Isso depende – ela respondeu.

– De? – insisti.

– Do que você ouviu!

No mesmo instante fui para o seu lado e peguei suas mãos.

Ela era tão delicada e tão frágil.

– Não fique chateada! – pedi baixando o rosto de modo que pudesse olhar em seus olhos melhor.

– Você sente falta da sua mãe – sussurrei – Lamenta por ela. E quando chove, o som a deixa inquieta. Você costumava falar muito de sua cidade, mas agora é menos freqüente. Uma vez você disse: “É verde demais”.

– Mais alguma coisa?- perguntou-me ela.

– Você disse meu nome – admiti.

Ela suspirou.

– Muito?

– O quanto chama de “muito”, exatamente?- questionei me lembrando das noites em que a virá dormir.

– Ah, não! - ela abaixou a cabeça. Então a puxei delicadamente novamente para meus braços.

– Não fique constrangida – sussurrei em seu ouvido – Se eu pudesse sonhar sonharia com você. Não me envergonharia disso.

Os pensamentos de Alice e Jasper foram que me tiraram de minhas lembranças.

“Edward, eu conheço esse perfume, é muito parecido com o de Bella” pensou Alice.

Assenti discretamente para ela.

“Há mais alguém lá em cima com Kate, posso sentir as emoções da pessoa” pensou Jasper me deixando em estado de alarme.

Havia algo de estranho pairando no ar.

Track :: Bella Reborn (Carter Burwell)

– Como assim a família cresceu Kate finalmente realizou o seu sonho e resolveu se casar?- perguntou Emmett.

– Não, eu vou explicar... Há dois anos, nós salvamos uma garota e ela acabou se tornando parte da família, o nome dela é Isabel, mas vai por mim ela é muito especial, raramente encontramos seres humanos como ela – disse Carmem.

Isso explicaria o perfume.

Então de repente ele se tornou mais forte e quando levantei meus olhos eu á vi.

Não era uma lembrança, não era uma miragem, não era uma visão de Alice.

Era real.

Ela era real.

Era ela, impossível ou não era ela.

A minha Bella.

A garota que inundava cada pensamento meu, a garota que dominava todos os meus pensamentos a cada segundo, a garota que eu ouvia a voz em minha mente, a garota que e sonhava acordado em estar ao lado dela novamente a cada minuto.

A garota dos meus sonhos.

Mal percebi que Kate estava ao seu lado na sala, eu só tinha olhos para ela.

Tudo desapareceu.

Carmem então foi para o lado dela.

– Bem, como estava falando, está é Isabel, nossa Mel – disse Carmem.

– Mel, estes são nossos primos dos EUA Alice e Jasper, Emmett e Rosalie, Carlisle, Esme e Edward – disse Kate apresentando-nos a ela.

Ela sorriu.

– É um enorme prazer conhecê-los – ela disse.

Alice foi a mais rápida em reagir normalmente, eu ainda não conseguia desviar os olhos de seu rosto para poder tentar pensar em algo.

– O prazer é todo nosso, minha nossa você é muito bonita – disse Alice levantando-se e indo abraçá-la.

“Oh meu Deus! É ela, minha visão estava correta, Edward é ela” pensou Alice.

Bella ainda continuava a sorrir.

– Obrigada Alice – agradeceu ela o sangue vindo à tona em sua face, seu perfume se tornando ainda mais forte.

– É um enorme prazer conhecê-la, Isabel – disse á ela tentando disfarçar o clima pesado.

E então nossos olhos se encontraram.

Os mesmos olhos castanhos. O mesmo brilho intenso por trás deles.

Era ela.

– Igualmente, Edward – respondeu ela me olhando com uma expressão confusa.

Era ela e eu não tinha qualquer duvida nisso.

Mas...

O que havia acontecido com ela?

Porque ela estava tão diferente e usando um nome falso?

Teria ela forjado sua própria morte?

Não, ela não faria isso.

Ela teria de me esclarecer tudo isso mais tarde.

Tanya, Carmem e Eleazar perceberam a tensão no ar e a troca de olhares entre mim e Bella, ou melhor, Isabel.

“Tem algo de errado” pensou Tanya.

– Meninas, você já não estão atrasada para a aula?- perguntou Carmem tentando disfarçar.

– Sim estamos, vou ter que roubar a Kate, porque ela estava falando sobre faltar hoje, se me derem licença – pediu Bella educadamente.

– Claro vão sim meninas, boa aula – disse Alice sorrindo.

– Obrigada, até logo – disse ela saindo da sala deixando a estranha sensação de vazio.

– Mais tarde conversamos primos – disse Kate acompanhando-a.

Ela estava cheia de perguntas na mente, ela também perceberá que havia algo de errado.

Eu tinha certeza de era a Bella.

Ela era a única pessoa cuja era imune ao meu dom de ler mentes.

Não poderia ser coincidência haver uma garota idêntica a ela com a mesma imunidade.

(PONTO DE VISTA - Bella)

– É um enorme prazer conhecê-la, Isabel – disse Edward.

Quando olhei em seus olhos fiquei confusa.

Era como se eu já os tivesse visto de alguma maneira.

Todos os Cullen me pareceram estranhamente familiar, mas Edward havia algo mais.

– Igualmente, Edward – respondi tentando piscar e fugir de seu olhar.

– Meninas, você já não estão atrasada para a aula?- perguntou Carmem a mim e Kate.

– Sim estamos, vou ter que roubar a Kate, porque ela estava falando sobre faltar hoje, se me derem licença – pedi educadamente.

– Claro vão sim meninas, boa aula – disse Alice sorrindo.

– Obrigada, até logo – disse ela saindo da sala, tentando fugir do olhar de Edward.

Eu sentia como se ele pudesse me queimar de certa forma.

Assim que cheguei ao estacionamento encostei-me no carro para poder respirar.

Kate viu o meu estado e ficou preocupada.

– Mel, você está bem?- perguntou-me ela.

– Estou sim, é só um mal estar, logo passará – disse á ela.

– Tem certeza?- questionou.

– Sim, deixa que hoje eu dirijo. Preciso ocupar minha cabeça – disse á ela entrando no lado do motorista.

– Bem, você que sabe – disse Kate entrando do outro lado.

Saindo da garagem entrei na estrada deserta para poder pegar a rodovia, morávamos longe do centro da cidade e a faculdade ficava próximo ao centro.

Uma parte da minha mente se concentrava em dirigir o carro enquanto a outra tentava assimilar o que houve na sala.

Ele me olhou de uma maneira tão estranha e intensa... E então de repente uma lembrança veio a minha mente, mas não era uma lembrança comum...

– Devia estar de bom humor, hoje é seu dia – sussurrou ele. Seu hálito doce soprava em meu rosto.

– E se eu não quiser ficar de bom humor? – perguntei, minha respiração estava irregular.

Seus olhos dourados arderam.

– Isso é péssimo.

Tive de pisar com os dois pés no freio para parar o carro antes que ele batesse no que estava em minha frente.

Os pneus cantaram no asfalto.

Respirei fundo e encostei a cabeça no volante.

– Meu Deus Mel, o que houve? Você está bem?- perguntou Kate exaltada.

– É ele – foi só o que consegui responder.

– Ele quem, do que você está falando?- questionou.

– Lembra dos olhos dourados daquele homem, a única lembrança da minha vida antes de vocês me encontrarem? Eu lembrei de quem são os olhos Kate, são do Edward.

Kate assumiu a direção do volante, ela queria voltar para casa, mas eu não estava preparada para encarar esta situação.

Já faz dois anos desde que entrei para a família Denali, e desde então nunca me lembrei de nada sobre a minha vida.

E agora bastou um breve encontro com um “estranho” para mim lembrar de algo.

Era muito atordoante.

Chegando à faculdade, em vez de irmos para a aula fomos para o refeitório.

Ela me deu um copo de água com açúcar.

Eu estava tremendo igual uma vara verde.

– Procure tentar se acalmar Mel, agora me diga exatamente do que lembra – pediu Kate.

– Não é muita coisa Kate, são apenas segundos... Ele me diz o seguinte “Devia estar de bom humor, hoje é seu dia” então eu respondo “se eu não quiser ficar de bom humor?” e ele me diz “isso é péssimo” num tom meio brincalhão – disse á ela.

– Tem certeza?

– Nunca tive tanta certeza em toda a minha vida – respondi.

– Precisamos conversar com ele então, bem que eu percebi que havia certa tensão no ar, eu...

– Não, não vamos dizer nada, por favor – disse a ela apressadamente interrompendo o que ela estava prestes a dizer.

– Mel, mas é preciso – ela argumentou.

– Por favor, Kate eu lhe imploro, não diga nada a ninguém, pelo menos por enquanto – pedi.

– Se você prefere assim, eu irei respeitar sua vontade, mas uma hora você terá de encarar a situação.

– Eu sei e não pretendo fugir dela, só quero respirar um pouco, tomar fôlego... Ponha-se em meu lugar, já faz dois anos desde que me tornei Isabel e nunca tive lembrança nenhuma sobre a minha verdadeira identidade, e agora do nada vêm esta lembrança... Qualquer um ficaria atordoado e assustado.

– Tem razão... Hoje não têm condições de enfrentarmos a aula, vamos dar um tempo aqui, dar uma volta e mais tarde voltaremos para casa e você tente manter a cabeça no lugar.

– Vou tentar – disse dando mais um gole em minha água.

Minha mente naquele momento parecia um enxame de abelhas de tantas perguntas que inundavam ela, perguntas que eu espero em breve poder responder.

(PONTO DE VISTA - Edward)

– Eu preciso de algumas respostas Carmem – disse á ela.

– Acalme-se Edward, tudo terá uma resposta – disse Eleazar.

– Será mesmo? Eu preciso saber a verdade, como a Bella veio parar aqui com vocês?- questionei.

– Peraí! Só pode estar brincando comigo, você está falando da sua Bella?- questionou Tanya descrente.

– Sim, é dela mesmo que estou falando.

Tanya respirou fundo e sentou-se.

– Vou explicar tudo o que houve nos últimos dois anos. Nem eu estou entendendo direito o que está havendo aqui – disse Eleazar.

– Se não está entendo eu explico Eleazar – disse Rosalie – há dois anos a Bella, a namorada do Edward foi dada como morta, ela pulou do penhasco ou caiu entenda como quiser, mas nunca encontraram o corpo dela... E essa garota a Isabel é a Bella... Agora a questão é como ela veio parar aqui com vocês?

– Nós na época decidimos não envolvê-los nessa história, não imaginávamos que vocês poderiam ter alguma ligação com ela... Tanya e Kate a encontraram desacordada em uma praia próxima àquela reserva quileute, La Push... Ela estava muito fria, foi por pouco que sobreviveu, quando ela acordou não se lembrava de absolutamente nada, nem mesmo seu próprio nome. Investigamos ela por algumas semanas, procuramos em sites de pessoas desaparecidas, delegacias dos EUA, mas não encontramos nada... Eu acabei me vendo fascinado por ela, pois ela possui imunidade contra os nossos dons, não consigo ler a mente dela, é algo fascinante... Então decidimos agregá-la a nossa família, demos um nome e um passado para ela e só resolvemos apresentá-la a vocês porque chegamos à decisão de que ela irá se tornar permanentemente parte da família – explicou Eleazar.

– Defina “permanentemente” - pediu Esme.

– Vamos transformá-la em uma vampira também – disse Carmem.

– O que? – perguntei incrédulo.

– Não podem fazer isso – disse Emmett incrédulo.

– Ela sabe a verdade sobre nós, sobre o que nós somos? Bella sabia, mas se perdeu a memória, não deve lembrar – perguntou Rosalie.

– Ainda não, mas pretendemos contar em breve – disse Carmem.

– Ela precisa saber a verdade sobre ela mesma antes da verdade sobre nós – disse Rosalie.

– Esperem aí um minuto – pediu Tanya.

– O que foi? – perguntei.

– Como podem ter tanta certeza de que a Isabel é a Bella?

Dessa eu tive que dar risada.

– Acha mesmo que eu me esqueceria da mulher de minha vida, a mulher que eu amo? – disse á ela.

Ela ficou ainda mais nervosa.

– Eu sei que você não se esqueceria da mulher da sua vida, mas ela pode ser alguém muito parecida, não pode? – sugeriu.

– Acho meio difícil Tanya, quais são as chances de uma mesma humana muito parecida com a Bella possuir o mesmo bloqueio dos nossos dons?

Então me lembrei de uma coisa.

Bella tinha uma marca na mão do ataque de James.

– Há uma maneira de saber se é ela ou não – disse á eles.

– Que maneira? – questionou Eleazar.

– Bella tinha uma marca na mão, ela foi mordida por um vampiro há alguns anos atrás, tive que sugar o veneno da veia dela na época, para não deixar a transformação acontecer – disse á eles.

Carmem e Eleazar trocaram olhares.

Um sinal.

Era ela.

Era a minha Bella.

Eleazar respirou fundo e então disse:

– É ela então, Isabel também tem uma marca na mão, é a Bella, Edward – disse ele.

Tanya passou por mim e saiu batendo a porta e Irina a seguiu.

Minha família ainda estava descrente assim como eu.

Alice era a única que estava eufórica, eu ainda estava pasmo.

Não me importava com nada do que estava a minha volta, única coisa que em importava naquele momento era a verdade.

Bella está viva.

Impossível ou não, ela havia sobrevivido.

E ela voltaria para a minha vida, e desta vez se depender de mim para sempre.