Eterna Paixão escrita por Luna Brandon


Capítulo 16
Capítulo 16 :: Esquecer.


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos carinhosos comentários do capítulo anterior [obrigada por não terem me abandonado]. Eu não costumo responder aos reviews por falta de tempo, mas sempre os vejo e amo todos (:

Gostaria muito de agradecer as duas lindas que recomendaram a fic: Katherina Grimaldi & Lly Tankian.
Muito obrigada pelas carinhosas palavras nas recomendações, não sabem como eu fico feliz em saber o que vocês sentem quando lêem Eterna Paixão que é a minha xodó.
Muito obrigada mesmo, do fundo do meu coração ♥

Bom, vou deixá-los aproveitar o capítulo.
Sem mais delongas, boa leitura á todos!
Ps :: Tenham a mente aberta para ler esse capítulo, e por favor me perdoem pelo que vai acontecer :P
#MedoBatendoNaPorta.



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(PONTO DE VISTA – Bella)

– Graças aos céus, Edward conseguiu ir atrás de você Mel! – exclamou Kate aliviada, me abraçando enquanto Edward e eu entravamos na sala.

– Não fui muito longe.

Edward sentou-se no sofá ao lado de sua irmã Alice, que me olhava com um sorriso.

Sério, Alice poderia passar por uma fada de tão linda que era. Mas a loira que estava encostada ao lado de Emmett próxima á uma mesa com um vaso cheio de begônias, Rosalie se eu não me engane, era a mulher mais bonita que eu já virá em minha vida. Poderia muito bem entrar num concurso miss universo, pois eu duvidava muito que houvesse mulher mais linda do que ela e que fosse páreo para vencê-la ou até mesmo competir.

– Você está bem? Sabe que não precisa ter medo de mim ou de qualquer um de nós, não sabe? – Kate questionou olhando seriamente em meus olhos, como se tentasse ter certeza que eu estava ouvindo com clareza o que ela me dizia.

– Claro. Se vocês fossem fazer algo contra mim, já haviam feito há muito tempo!

– Você não precisa ter medo de ninguém aqui, exceto...

– Irina – concluí.

E Tanya, completei mentalmente.

Suspirei.

Acho que com essa eu terei problemas também.

– Emmett disse que Eleazar deixou ordens para vocês, o que irão fazer? – perguntou Edward.

– Eleazar disse que é pra nós irmos pra qualquer lugar menos para casa hoje... Pra falar a verdade, acho melhor sumirmos por uns tempos, talvez sair do país.

– Como assim sumir? Nada disso!

– Kate tem razão. Acho melhor eu sumir por uns tempos... Se tem alguém que tem de desaparecer e ir o mais longe possível de Irina, esse alguém sou eu. Ela é sua irmã, não pode se afastar dela por minha causa, vocês já eram irmãs antes de me conhecerem, não pode fazer isso. Não pode se afastar da sua família!

– Isabel Denali Baudelaire, tem noção do que está dizendo sua maluca? – questionou Kate boquiaberta.

– Absoluta noção.

– Argh! Você é doida mesmo, falta uns parafusos na sua cabeça! Não prestou atenção no que a Irina disse antes de você sair?

– Sim. “Ainda não acabou, Bella”, foi o que ela disse. E realmente ainda não acabou. Não tenho dúvidas de que ela tem alguma carta na manga. Ela não conseguiu exatamente o que queria ainda, mas o problema dela é comigo. Se eu sou a causa de morte do Laurent, então ela tem de resolver isso comigo. Muita gente já está envolvida nessa história, acho que isso já deu o que tinha de dar.

– Nada disso Bella. Irina é uma doente, ela enlouqueceu. Você não é a causa da morte do Laurent.

– Se eu não sou, quem é? Alias quem o matou?

Alice e Edward trocaram um breve olhar.

– Conte para ela, uma hora ela terá de saber – Alice suspirou.

– Bella, da morte de Laurent eu só vim saber agora depois de dois anos. Alice havia escondido isso de mim, porque ela sabia que eu ia ligar os pontos e iria ir atrás de Victoria novamente – disse Edward.

– Você me disse que me explicaria quem é essa Victoria – lembrei-o.

– Sim, e eu vou te explicar. Logo quando nós nos conhecemos, houve um dia em que nós fomos jogar Baseball numa campina com minha família no meio da floresta em Forks, e por má sorte, apareceram três vampiros que caçam humanos. Eles viram você e sentiram o perfume do seu sangue que é tentador demais. Eles eram: James, Victoria e Laurent – ele respirou fundo fitando o vazio.

Perguntei-me o que aquilo o lembrava de fato, porque pela expressão dele, não era um assunto muito agradável.

Então ele continuou...

– James queria te atacar lá mesmo, mas eu te protegi... Só que ele era uma espécie de rastreador. Minha reação a defender você fez com que ele visse aquilo como um jogo, o jogo mais emocionante de toda sua vida. Foi quando ele começou a caçar você. Laurent decidiu os deixar, mas Victoria não. Ela estava ajudando-o, ela confiava muito nele. Enfim, eu mandei Jasper, você e Alice fugirem pro sul, mandei vocês para Phoenix, mas Victoria deu um jeito de descobrir e James foi para lá atrás de você. Ele armou uma cilada, fez com que você pensasse que ele tinha pegado a sua mãe Renée como refém e propôs uma troca: você por ela. Na verdade, sua mãe estava na Flórida completamente segura, você caiu na armadilha dele, não disse nada a ninguém e foi ao encontro dele, enquanto eu estava a caminho de Phoenix pra te encontrar. Por sorte, Alice previu e eu cheguei a tempo de te salvar dele. Mas foi por muito pouco, não faz idéia do quanto – concluiu com uma angustia na voz.

Ele se levantou, veio até mim e pegou minha mão, a mão que havia uma marca estranha nela, pra falar a verdade era uma cicatriz que pareciam duas meias luas. Ele as tocou.

– Sabe como eu consegui essas marcas?

– Foi ele e eu. James mordeu você, e eu tive de sugar o veneno de seu sangue para que você não fosse transformada em uma imortal também.

– Por isso ela é tão fria – me lembro de ter visto várias vezes Eleazar observar elas com curiosidade.

Agora eu entendo o por que. Ele deve ter ficado intrigado em saber que eu já havia sido mordida por um vampiro.

– O que aconteceu depois?

– Tivemos de matar James e a Victoria fugiu. Eu não previa nenhum tipo de perigo vindo dela, não havia percebido o quão forte era o vinculo entre eles. Eu me enganei! Laurent estava no Alasca com Irina, os dois se envolveram, enquanto isso, Victoria estava planejando vingar a morte de James, e eu não sabia disso também, ninguém sabia.

– Mas você acabou de dizer ainda á pouco que Alice escondeu essa história da morte de Laurent pra você não ir atrás de Victoria novamente... Se não previa que ela fosse perigosa, porque se deu ao trabalho?

– O fato de eu não prever nenhum perigo vindo dela, não significava que eu iria deixá-la poluindo o ar perfeito por muito tempo. É tudo uma questão de precaução, era melhor assim.

– Você ainda não respondeu as minhas perguntas. Quem matou Laurent e se eu não sou a causa da morte dele, quem é?

– Eu sou a causa da morte de Laurent. Eu matei James e foi por isso que Victoria queria vingança. E quem matou o Laurent foram... foram... os lobisomens de La Push, inclusive um deles era seu “amiguinho” – respondeu com um suspiro após pronunciar a palavra “amiguinho”.

Estranho.

Peraí, ele disse lobisomens?

– Lobisomens? Como assim? Isso realmente existe e eu era amiga de um?

– Sim existe e você era amiga de um, o nome dele é Jacob. Jacob Black.

Parei um minuto para pensar.

Uau!

Vampiros e lobisomens, okay.

Se as coisas continuarem evoluindo desse jeito, daqui a pouco vão me dizer que o Conde Drácula existe também!

Balancei a cabeça tentando deixar de canto as coisas supérfluas e voltar ao foco, enquanto Edward me observava absorver mais aquelas informações.

– Okay, mesmo que sejam os lobisomens quem matou Laurent... você não estava em Forks quando isso aconteceu e tenho certeza que não foi por sua causa que eles o mataram... Ele estava atrás de mim, não de você.

– Sim, mas quem te deixou em Forks completamente desprotegida fui eu, e o problema daquela diaba ruiva é comigo não com você... Ela só quer você por que acha justo matá-la como eu matei o James... Parceiro por parceiro... Ela não sabe nem sabia que nós estávamos separados, ela só quer você pra poder me atingir.

– Isso não muda nada... Pare de tentar ficar se culpando por algo que não tem culpa... Se era atrás de mim que o Laurent estava á mando da Victoria, então eu sou a causa dos problemas, não você.

– Mas quem colocou você em risco fui eu Bella, fim da história – retrucou.

– Que seja, mas ainda não muda nada – persisti.

– Você é muito teimosa!

– E você é muito cabeça dura!

Emmett e Rosalie começaram a rir.

– Olha Bella, nisso eu concordo plenamente com você! Edward é mesmo muito cabeça dura - disse Emmett dando risada.

– HAHAHA que coisa linda você é, Emmett – disse Edward.

– Ah, cara fiquei emocionado! Eu sei que eu sou lindo, mas você dizendo é emocionante – zoou Emmett o irmão.

– Idiota! – resmungou revirando os olhos.

Mordi meus lábios para não rir também.

– Ainda tem algo que não bate nessa história – resmungou Kate nos distraindo, andando de um lado para o outro.

– O que não bate, Kate? – questionou Rosalie.

– Tanya e Irina... tem alguma peça faltando no quebra cabeça.

– O que Tanya tem haver com... – Edward começou a perguntar, mas Kate logo já foi dizendo o que pensava.

– Uma hora ou outra você iria saber mesmo... Bom, eu acho que Tanya é aliada de Irina nessa história de vingança contra a Mel – respondeu me olhando.

– Tanya? Mas por quê? Uma coisa é ela me ver como uma rival... mas outra é ela se unir á Irina que quer acabar comigo.

Edward me olhou de uma maneira estranha quando eu citei a palavra rival.

Tanya.

Apesar de nos últimos dias nós estarmos tendo nossas discussões, não poderia me esquecer de tudo que ela fizera por mim.

Ela havia me acolhido em sua família, ela era como uma verdadeira irmã para mim, e era exatamente por isso... Por ela ser tão importante na minha vida que a idéia de abrir mão da minha felicidade ao lado de Edward, pela felicidade dela era tão poderosa.

Família, esse era o conceito que se aplicava entre nós duas, pelo menos pra mim.

Família significa fazer sacrifícios pelas pessoas que você ama e era o que eu estava disposta a fazer por Tanya.

Não conseguia acreditar que ela havia passado para o lado negro da história.

– Porque chegou a essa conclusão, Kate? – questionou Edward.

– Por causa de uma conversa que nós tivemos ontem depois que ela voltou do passei com a Alice.

– O que ela te disse pra você chegar a pensar que Tanya também enlouqueceu a ponto de querer machucar a Bella? – perguntou Emmett.

– Primeiro ela disse algo sobre eu ter escolhido um lado pra apoiar e não foi o dela... Mas depois... – Kate parou de falar com uma expressão atordoada.

– Mas depois...? – incentivou Edward atento.

– Ela meio que ameaçou a Mel de morte – suspirou tristonha.

Parece que um buraco se abriu diante de mim.

Ela havia mesmo mudado para o lado negro.

– Ela que não se atreva a tocar em um fio de cabelo dela... Pois ela irá conhecer o diabo mais rápido do que a Victoria – disse Edward ameaçadoramente.

– Acalme-se Edward, ela não fará nada... Não vejo ela agindo – disse Alice ao irmão.

– Não sei se podemos confiar Alice – disse Rosalie.

– Por quê?

– Bella está viva, sempre esteve e, no entanto, você não teve visões sobre ela durante esses dois anos até nós decidirmos vir para Londres, lembra?

– Não foram exatamente visões, foram vislumbres... pequenos flashs desfocados – corrigiu Emmett.

– É, isso me preocupa, e pra falar a verdade anda me assustando.

– Como assim? – perguntou Edward.

– O futuro dela andou sumindo novamente algumas vezes nos últimos dias, não disse nada nem pensei nisso perto de você pra não te assustar Edward, mas acho que agora deveria saber – respondeu olhando para mim.

Edward olhou para mim, ele parecia tenso.

– Bella... você não tentou... Por favor, diz pra mim que não tentou fazer nenhuma besteira nos últimos dias?

– Não que eu tenha percebido, não tentei me jogar na frente de um carro ou algo assim.

– Menos mal – suspirou aliviado.

– Como funcionam as suas visões Alice? – perguntei.

– Nada é certo. É tudo muito subjetivo... Eu só consigo ver depois que a pessoa toma uma decisão, mas se a pessoa mudar de idéia, o futuro dela muda totalmente também. O futuro não está cravado numa pedra, quer dizer, tudo pode mudar – explicou.

– Estranho, porque o futuro dela está desaparecendo se ela não tentou fazer nada, está viva e bem? – questionou Kate.

– Não sei... Por acaso ela andou se misturando com algum lobisomem? A única coisa que eu não consigo ver são seres híbridos, porque eles são duas coisas ao mesmo tempo... Quando o destino de qualquer um de nós - seja humano ou não -, se mistura com híbridos, eu não consigo enxergar – disse Alice tristonha.

– Como assim seres híbridos? – perguntei.

– Como Alice disse, Bella, eles são duas coisas ao mesmo tempo. São humanos, mas também são lobos... Na verdade o nome certo é transfiguradores... Ela consegue ver o futuro dos humanos porque já foi uma, consegue ver o dos vampiros porque é uma, mas não consegue ver o futuro de seres híbridos porque não é nada que ela já tenha sido – explicou Edward.

– Mas eu sou humana e o meu futuro anda sumindo.

– A questão é essa, o porquê?

– Muito estranho, não iria sumir á toa – reclamou Alice.

– Kate, notou alguém de diferente se aproximando dela nos últimos dias? Alguém com um perfume diferente? – questionou Edward.

– Não, e se algum lobisomem estivesse por perto, com certeza eu teria percebido... Nossos sentidos e principalmente nosso olfato é muito apurado, é impossível não perceber aquele cheiro de cachorro molhado – Kate fez uma careta.

– Voltando ao assunto anterior sobre Irina e Tanya... Acho que elas têm aliados – disse Emmett.

– Aliados? Mas quem? – questionou Edward atento.

Nisso Carlisle, Esme e Jasper apareceram na sala.

– Não sei, mas é alguém que Alice não pode ver.

– Faz sentido. Agora tudo está fazendo sentido... – disse Kate agoniada.

– Explique – pediu Rosalie.

– Quando chegamos em Londres, cogitamos a idéia de contar a vocês sobre a Mel, só que Irina nos convenceu a não contar, disse que era melhor que nós não envolvêssemos vocês nessa história... O que eu pensei? Que ela estava preocupada com a Mel, e que ela havia perdido a confiança em vocês por causa da aliança que vocês tem com os lobos e por causa da morte de Laurent... Achava que ela culpava vocês de alguma forma pela morte dele. Mas agora, sabendo que ela estava só tentando esconder ela de vocês... Tudo muda, e ainda tem essa controvérsia de Tanya ser aliada dela também.

– Como assim controvérsia? – perguntei.

– Irina quer ver você como imortal, mas Tanya...

–... Quer me ver morta, quer me tirar do caminho – concluí o que ela iria dizer, atordoada.

Ela fez que sim com a cabeça.

– Tanya não é nem louca de tentar fazer algo contra você Bella – disse Alice.

– Merda! Será que eu não me fiz claro o suficiente pra ela da última vez? Será que eu não deixei claro que eu não queria nada com ela, que eu não retribuía o interesse? Vou ter que desenhar pra ela entender? – Edward se questionava nervoso.

Então Tanya já havia tentado conquistar Edward, mas não foi retribuída?

Bom saber disso.

– E se você continuar dando ouvidos á Tanya, ficará cada vez mais difícil as coisas, ela pode cair na armadilha da esperança Mel – disse Kate.

Arregalei os olhos.

– Kate... acho melhor você calar a boca.

– O que foi que a Tanya disse pra você ontem? Não adianta você negar, pois eu sei que ela fez alguma coisa, Alice teve uma visão sobre isso - perguntou Edward.

– Muito obrigada Kate – agradeci, sarcasticamente.

– Não fiz nada demais.

– Vamos, me diga Bella. O que Tanya fez? – questionou Edward.

Respirei fundo.

– Nada, ela não fez nada – respondi nervosa.

– Está mentindo Bella... Você está muito nervosa, sinto isso de longe – disse Jasper.

Arqueei as sobrancelhas.

– Sente?

– Jasper pode sentir e controlar as emoções das pessoas – disse Edward.

Ah, que maravilha!

Um detector de emoções.

– Tudo bem então, vou dizer o que ela fez – suspirei derrotada.

Não havia como mentir.

– E então, o que foi que aquela cretina fez? – perguntou Edward.

– Não á chame assim, por favor. – pedi respirando fundo e então continuei – Ela não fez nada de grave. Ela me acusou de ser empecilho entre você e ela, só isso.

– Só isso? Bella, ela sabe muito bem a verdade... Você não é, nunca foi e nunca será nenhum empecilho.

– Não foi só isso Mel – disse Kate.

– KATHERINE DENALI BAUDELAIRE, CALE ESSA SUA BOCA, VOCÊ JÁ FALOU DEMAIS! – grunhi com raiva.

Minha voz subiu algumas oitavas.

– Você agiu errado, mentiu sobre a verdade. Tanya me confessou que havia acusado você de ser um fantasma entre ela e Edward, mas não me contou exatamente o que disse á você, ela também me confessou o que mandou você fazer e depois eu vi o resultado de você tê-la obedecido.

– Tanya não é minha mãe para eu ter de obedecê-la, eu o fiz porque eu quis, além do mais, isso é um assunto meu... Deixa que eu resolvo depois, somente eu tenho que decidir isso.

Ela não poderia dizer á Edward que eu só havia dito que não queria ficar com ele e que era pra ele me esquecer por causa de Tanya.

– Só tome cuidado pra não se arrepender – alertou-me.

– Sei o que eu faço, e também sei quais são os meus limites.

– Bella, olhe pra mim, olhe nos meus olhos e diga a verdade – Edward pediu pegando meu queixo e levantando meu rosto de modo que pudesse olhar em meus olhos, parece que ele havia esquecido que não estávamos sozinhos.

Seus olhos dourados derreteram como mel.

Isso não ajudava em nada na minha tentativa de usar a razão e não a emoção pra decidir, agir e pensar.

Parecia que ele fazia aquilo de propósito, sabendo que eu era fraca pra resistir á ele quando ele tentava me deslumbrar daquela forma.

Provavelmente ele tinha a plena consciência do efeito que ele tinha sobre mim, apesar de não poder ler minha mente.

– O que foi que ela fez a você? Foi ela que mandou você dizer tudo o que disse á mim ontem? – questionou com a voz macia, sedosa e aveludada.

Como é que eu iria continuar sustentando aquela mentira com ele me olhando daquela forma?

– Em parte sim... – confessei, mas logo já tentei arranjar uma desculpa para defender Tanya - Mas eu só fiz aquilo porque achei que era o certo a se fazer, eu iria acabar dizendo aquilo por conta própria de qualquer forma.

– Nós precisamos conversar a sós depois – disse seriamente.

– Eu preciso de tempo pra pensar, eu já te disse.

– E eu vou esperar a eternidade se for necessário, mas nós precisamos ter uma boa conversa sobre aquela loira asquerosa.

– Depois então... Hoje não.

– Como quiser, mas não vai conseguir fugir, sabe disso, não sabe?

– Nem pensei nisso – respondi dando um passo para trás e me afastando um pouco dele.

– Aliados, Emmett. Será? – ouvi Rosalie perguntar, distraindo da minha discussão com Edward.

– É o que eu penso branquinha – respondeu passando os braços em volta da belíssima loira.

– Talvez não seja alguém que Alice não pode ver, e sim alguém que sabe que há pontos cegos nas visões dela.

– Não há como ser isso... seja lá quem for está ligado de alguma forma á Bella, a pessoa - ou as pessoas -, não estão tentando esconder as decisões que toma e sim fazer com que o futuro dela desapareça.

– Seja lá quem for o causador do sumiço do seu futuro, sabe muito bem onde está se metendo Mel – comentou Kate.

– Irina sabe sobre o dom de Alice, não sabe?

– Sabe exatamente como funciona... Mas ainda não faz sentido o porquê dele ter desaparecido durante esse dois anos e estar desaparecendo agora também.

– Alice, quando foi que você teve os flashs da Bella, antes de nós virmos para cá? – questionou Edward.

– Logo após nós darmos a certeza para Eleazar e Carmem de que iríamos realmente visitá-los.

– Tudo completamente cronometrado, como se a pessoa tivesse feito isso de propósito... O sumiço do futuro de Bella tem haver com Irina, isso é fato, mas o porquê dele estar sumindo é a questão – disse Edward tenso.

– Quem além de nós e a família de Eleazar sabem como funciona o dom de Alice? – questionou Carlisle.

– Mais ninguém que eu saiba – Edward respondeu.

– Está esquecendo uma pessoa Edward – disse Alice com os olhos arregalados.

– Quem?

– Os Volturi – ela respondeu com os olhos arregalados.

– O que é um Volturi? – perguntei, mas de repente minha cabeça começou a girar e a minha vista começou a ficar turva.

Comecei a perder o equilíbrio.

– Mel – chamou Kate segurando o meu braço, sua voz era só um sussurro.

Tudo girava á minha volta, parecia que eu estava sendo sugada por uma névoa negra dentro da minha mente...

A voz de Edward me chamando por mim foi à última coisa que ouvi antes da escuridão me tomar por completo.

Tudo estava negro, mas eu tinha plena consciência no fundo da minha mente.

Era como se o tempo estivesse regredindo no meu subconsciente e eu não conseguisse achar a porta que me levaria novamente de volta à realidade. Enquanto eu tentava encontrar uma luz na minha mente, foi a voz dele, a voz de Edward que eu ouvi e logo depois eu o vi, perdida em um lugar estranho que eu não conhecia...

– Bem, eu não ia viver sem você – ele revirou os olhos como se este fato fosse óbvio até para uma criança – Mas não tinha certeza de como fazer... Eu sabia que Emmett e Jasper não me ajudariam... Então pensei em talvez ir á Itália e fazer algo para provocar os Volturi.

Não podia acreditar que ele falava sério, mas seus olhos dourados estavam pensativos, focalizados em alguma coisa distante enquanto ele refletia sobre as maneiras de acabar com a própria vida. Abruptamente fiquei curiosa.

– O que é um Volturi? – perguntei.

– Os Volturi são uma família – explicou ele, os olhos ainda distantes. – Uma família muito antiga e poderosa de nossa espécie. São a coisa mais próxima que nosso mundo tem de uma família real, imagino. Carlisle morou com eles por pouco tempo em seus primeiros anos, na Itália, antes de se estabelecer na América...

Sua voz e seu belo rosto desapareceram de minha mente por um breve segundo e então de repente tudo volto no mesmo lugar, e como se fosse outra parte da conversa que eu via em minha mente...

– De qualquer modo, não se deve irritar os Volturi. A não ser que se queira morrer... Ou o que quer que aconteça conosco – sua voz era tão calma que o fazia parecer quase entediado com a perspectiva.

De repente a névoa negra me pegou novamente e sua voz, o seu rosto... Tudo desapareceu.

Então uma luz estranha apareceu na minha frente me sugando para a margem e me trazendo de volta a realidade.

Arfei ao abrir meus olhos.

Pisquei algumas vezes tentando clarear melhor minha vista e minha mente e fiquei quieta tentando normalizar minha respiração... Tudo estava tão confuso.

– Bella, você está bem? – Alice perguntou, passando sua mão gélida em minha testa em quanto eu piscava tentando recuperar o controle sobre mim mesma.

– S-sim – gaguejei ao responder.

Minha cabeça estava doendo um pouco, mas eu estava bem.

Percebi que eu estava deitada num sofá. Sentei-me tentando recuperar o equilíbrio.

Edward estava agachado ao meu lado me observando com um olhar preocupado.

– O que aconteceu? – perguntei levando a mão na lateral da minha cabeça onde latejava um pouco.

– Você desmaiou do nada e eu te segurei.

– Ai minha cabeça – resmunguei baixinho.

– Tem certeza que está bem?

– Tenho, é só minha mente me pregando peças novamente – respondi me dando conta de uma coisa.

O que é um Volturi? Eu havia perguntado ainda há pouco, mas eu já havia feito essa pergunta á ele há muito tempo atrás.

Dejavú. Era assim que a minha mente, ou melhor, as minhas lembranças funcionavam, como um dejavú.

– Como assim?

Os Volturi são uma família... Uma família muito antiga e poderosa... – repeti o que eu ouvirá dizer na minha lembrança.

Seus olhos dourados se iluminaram.

– Você lembrou?

– Sim, foi diferente dessa vez. Das outras vezes que minha memória voltou eu não perdi a consciência dessa maneira... – disse.

– O que mais você lembrou? Ou foi só isso?

Olhei á minha volta vendo todos os outros 7 vampiros me observarem.

As palavras iniciais de minha lembrança lampejaram em minha mente me causando certo pânico: Eu não ia viver sem você.

– O que aconteceu quando você soube que eu tinha morrido?

– Porque essa pergunta agora?

– Só me responda.

– Fiz o que eu te disse, voltei pra Forks – respondeu dando de ombros.

– Isso você fez quando Alice me previu pulando daquele maldito penhasco... O que você fez quando descobriu que era tarde demais?

Ele parecia relutante em responder. Vi nos olhos dele que ele não queria que eu tivesse feito aquela pergunta.

Observei Alice e Esme trocaram um olhar preocupado.

– Bella... – ele começou a dizer, mas eu fui mais rápida.

– Diz pra mim que você não foi até os Volturi e tentou se matar – comecei a entrar em pânico com a possibilidade de ele poderia estar morto por que pensava que eu havia morrido assim como Romeu fez quando pensará que Julieta havia morrido.

Romeu & Julieta. Isso era ficção. Mas Edward e eu éramos reais.

– Bella, escute... – começou a tentar se explicar, mas a minha resposta estava bem descrita nos seus olhos.

– O que você tinha na cabeça? – gritei nervosa sentindo o sangue ferver em minhas veias.

A idéia de Edward deixando de existir me apavorou.

Deus do céu, não conseguia imaginar o mundo sem ele!

– Bella, se acalme... Eu fui pra Itália, mas...

– Edward, porque você fez isso? Não pensou na sua família, no que iria causar a eles tomando essa atitude idiota?

– De tantas coisas pra você lembrar... Tinha que lembrar justo disso! – ele disse balançando a cabeça atordoado e se afastando de mim.

Ele sumiu do meu campo de visão, provavelmente havia saído da sala.

Esme se aproximou de mim com um sorriso de quem se desculpa por algo.

– Bella, acalme-se querida. Ele foi sim pra Itália, mas eu e Alice impedimos dele fazer a pior besteira da vida dele - disse Esme.

– O que aconteceu na Itália? – questionei respirando fundo tentando me acalmar, enquanto Alice sussurrava algo pra mim que me parecia um “quer um copo d’água?” e eu balançava a cabeça negativamente.

– Entenda, nesse mundo do sobrenatural... Aliás, no mundo de nós vampiros, há certas regras e a maior delas é guardar o segredo da existência de nossa espécie no mundo humano. Edward estava disposto á quebrá-la, provocar os Volturi para conseguir o que ele queria. Eu e Alice viajamos para a Itália atrás dele e conseguimos convencê-lo de que havia a esperança de você ainda estar viva.

– Esperança de eu ainda estar viva? Mas peraí... Vocês não tinham certeza que eu havia mesmo... – fui incapaz de terminar, estava chocada.

– Não tínhamos mais esperança porque as ondas eram muito fortes naquela praia e achávamos que era impossível alguém sobreviver á ondas de mais de 2 metros de altura, no entanto você sobreviveu, por causa da Iri... – ela parou e logo depois prosseguiu – Enfim, as equipes de busca estavam fazendo de tudo para encontrar ao menos o seu corpo, algo que eles jamais encontrariam diante das circunstâncias... Mas tínhamos de tentar fazê-lo parar pelo menos para plantar a duvida em sua mente, numa tentativa dele não cometer mais essa besteira, e conseguimos plantar uma centelha de esperança, foi o que fez Edward desistir no último segundo.

– Ele desistiu e nós voltamos pra Forks – disse Alice com uma careta.

– Mas tem algo que aconteceu na Itália envolvendo os Volturi e você... Que precisa saber.

De repente Edward entrou na sala novamente, não se de onde ele veio, mas sua expressão era de fúria.

– Esme, não conte isso á ela agora – ele pediu, sua voz era severa e rude.

– Edward, ela merece saber, sabe disso. Além do mais, eles não vieram atrás de nós nos últimos dois anos em busca da resposta.

– Não contar o que?

Minha voz era seca e fria.

– Depois, outra hora nós conversamos sobre isso.

Levantei-me do sofá agora com raiva, estressada e nervosa.

A raiva tomou conta de mim e o meu equilíbrio voltou muito mais rápido do que eu imaginava, o sangue pulsando fortemente em minhas veias.

– Chega! Estou cansada de segredos e mentiras. Minha vida está rodeada disso e sinceramente até agora eu não gostei de nada do que eu andei descobrindo... O que é que você não quer que sua mãe me diga? – a minha voz estava completamente alterada.

– Ela tem razão, ela merece saber disso Edward – disse Jasper.

Edward deu um suspiro e então respondeu.

– Como Esme disse há regras nesse meu mundo... Guardar o segredo da existência dos vampiros é a maior delas, e eu a quebrei quando contei a você o que eu era. Aro, o líder dos Volturi, possui o dom de ao tocar a mão das pessoas saber qualquer pensamento que ela já teve em sua vida. Ele viu tudo, viu a nossa história inteira e viu também que você sabia o segredo, então ele me deu duas alternativas, se você ainda estivesse viva, ou você teria de morrer ou... Ser transformada em uma imortal – ele disse a última palavra com relutância.

– E... qual... qual... você escolheu? – sussurrei.

Nem sequer conseguia encontrar minha voz direito.

– A segunda era a única opção que existia pra mim, a primeira era intolerável, afinal era justamente por achar que você havia morrido que eu estava lá... Mas foi naquela época, agora tudo é diferente.

– O que mudou?

– Tudo mudou. O certo e o errado já deixaram de significar alguma coisa pra mim há muito tempo.

Sua resposta, no entanto, só me deixou ainda mais confusa.

Se ele preferia me ver morta a me transformar, bem... Isso era uma incógnita, um enigma, um mistério.

Ele me olhava intensamente.

Desviei o olhar para não me perder na imensidão dos seus olhos dourados.

– Irina, Victoria, Tanya, os Volturi... Esqueci de mais alguém nessa lista de seres que querem acabar comigo ou tem mais alguém que eu não sei?

– Os Volturi você não precisa se preocupar, eles não vieram atrás de nós até agora... Porque eles fariam isso agora? Não faz sentido. E Victoria não sabe que você está viva, também é inofensiva pra você.

– Tanya é uma suposição, não temos certeza de nada Mel – disse Kate.

Parei um segundo para pensar.

Victoria teve uma ligação com Irina, mas segundo o que a própria diz, ela não tem mais. Tanya se for ligar as peças, provavelmente deve estar do lado da irmã, apesar desse conflito de interesses.

Mas e os Volturi? O porquê que eles nunca foram atrás dos Cullen para ter a resposta se eu estava viva, morta ou havia sido transformada?

– O quanto vocês sabem sobre como os Volturi agem?

– Não muito, Carlisle e Eleazar sabem um pouco mais porque já moraram em Volterra e já foram um Volturi – Edward disse.

Olhei para o vampiro loiro, que poderia muito bem passar pelo irmão mais novo de Zeus.

– Carlisle, enquanto você esteve em Volterra junto com os Volturi, eles costumavam demorar para ir atrás de seus assuntos pendentes?

– Eu convivi com eles há muitos anos atrás, mas geralmente eles esperavam um determinado tempo - e não muito - para resolver as coisas quando queriam. Realmente é curioso eles não terem aparecido, principalmente uma vez que segundo o que Edward, Alice e Esme me contaram, Aro ficou intrigado com você.

– Intrigado? Comigo? Por quê?

– Pelo fato de eu não poder ler a sua mente e foi justamente pensando nas possibilidades desse seu bloqueio de dons que ele deu essa chance de transformá-la ao invés de matá-la, acredito que se você fosse transformada em uma de nós, você teria um dom também, eles ficaram interessados em você – Edward respondeu.

– Não é só ao dom de Edward que você é imune, você também é imune ao meu dom – Kate disse.

– Você também possui?

– Sim, eu posso passar uma espécie de corrente elétrica pelo me corpo. Qualquer um – humano ou não - que toca em mim quando eu irradio, cai no chão como se houvesse levado um choque de uma arma... É um talento bem defensivo.

– Você já tentou fazer isso alguma vez com ela? – perguntou Alice abismada, bem, chocada era uma palavra melhor.

Estranho.

– Sim, uma vez... Mas não funcionou – Kate deu de ombros.

– Bella, por tudo o que é sagrado, no que você exatamente está pensando? – Edward questionou.

Não respondi tentando assimilar as informações e ligar as peças do quebra-cabeça.

E se tudo estiver ligado?

Emmett supôs que Irina possa ter aliados. Carlisle disse que os Volturi não costumavam demorar tanto tempo para resolver seus assuntos pendentes. Eles sabem como funciona o dom de Alice, e Edward acabou de confessar que Aro deu a chance de me transformar em imortal pensando nas possibilidades desse meu bloqueio de dons.

Risquemos a Victoria da equação.

Eleazar já foi um Volturi.

Irina quer que eu seja transformada e se seguirmos a linha comum de raciocínio Tanya gostaria de me ver morta para ter o caminho completamente livre para Edward.

Mas e se olharmos de outro ângulo?

Se Eleazar já foi um, com certeza Irina conhece os Volturi.

E se por uma infeliz coincidência do destino Irina soubesse que os Volturi ficaram interessado em mim?

Tanya estava tentando fazer a minha cabeça, fazendo eu me sentir culpada por ela não estar com Edward, para que eu me afaste dele, agora eu percebo.

Transformando-me em uma vampira e eu estando afastada de Edward por conta própria para dar a chance de Tanya ficar com ele, eu iria querer ficar o mais longe possível de ambos, certo?

Se os Volturi me fizessem uma proposta para me juntar á eles, e eu querendo ficar longe de Edward aceitasse, Tanya conseguiria finalmente me afastar dele, sem precisar e matar.

Todos sairiam ganhando.

Irina iria conseguir me transformar e me fazer sofrer como ela sofreu por eu estar longe de Edward, que é o amor da minha vida. Tanya iria conseguir me tirar do caminho e os Volturi iriam ganhar mais um membro á sua família.

Irina. Tanya. Os Volturi.

– Por Deus! – exclamei atordoada, levando as duas mãos aos meus lábios.

– Bella... O que foi? – Edward questionou curioso.

– Irina, Tanya... Os Volturi... Tudo está ligado. Os Volturi são os aliados de Irina.

Todos os vampiros presentes na sala me olharam em estado de choque.

Alguns segundos de pleno silêncio pairaram no ar, enquanto eles absorviam as minhas palavras.

– Ela não seria tão louca a ponto disso... Será? – Kate se perguntou quebrando o silêncio, com uma expressão confusa e abismada ao mesmo tempo.

– Porque chegou a essa conclusão, Bella? – perguntou Jasper.

– Tente ver as coisas de outro ângulo... Irina quer me ver como imortal e Tanya quer me ver o mais longe possível. E se por uma infeliz coincidência do destino Irina soubesse que os Volturi estavam interessados em mim?

– Você sendo transformada, ela conseguiria a sua vingança... e se você e o Edward ainda estivessem separados, os Volturi poderiam conseguir convencê-la a se juntar a eles. Irina conseguiria a sua vingança, Tanya conseguiria te manter afastada de Edward e os Volturi sairiam ganhando – disse Jasper entendendo a minha linha de raciocínio.

– Vagabunda, eu vou acabar com Irina – Kate estava com um olhar cheio de raiva que eu nunca virá antes nela.

– Esperem, não faz sentido – disse Rosalie.

– O que não faz sentido? – questionou Edward.

– Como Irina poderia ter tomado conhecimento sobre o interesse dos Volturi nela? E isso ainda não responde a pergunta crucial do porque do futuro dela ter desaparecido.

– De Irina tudo se pode esperar Rosalie. Quem poderia dizer que ela foi uma das culpadas pelo sumiço da Bella durante todos esses anos? Ela planejou tudo muito bem, Emmett tem razão. Ela tem aliados, ela não conseguiria manter tudo isso em sigilo durante tanto tempo se não tivesse ajuda externa. Tanya pode até estar metida nisso, mas tenho certeza que é algo recente, e que ela não sabia que ela era a Bella – disse Edward olhando para mim.

– É ai que entram os Volturi, eles devem ser aliados antigos... – disse Jasper.

– Mas eu não os previ decidindo se juntar á Irina. Estou monitorando as decisões de Aro desde aquela época, ele nada decidiu em relação á nós – disse Alice.

– Assim como você não previu o futuro de Bella, assim como você não previu essa história toda de vingança que Irina armou – citou Emmett.

Alice fez uma careta.

Ela parecia bem chateada com o fato de ter perdido tudo isso.

– Cristo! Será? Irina traindo a própria família dessa forma? Justo ela que tinha tanto rancor dos Volturi por causa da morte de nossa mãe? Será que a vingança falou mais alto? – questionava Kate.

– Eleazar. Só isso explicaria Irina ter conseguido descobrir o interesse dos Volturi na Bella, Eleazar conseguiu partir com Carmem quando decidiu deixar a guarda Volturi, mas isso não significa necessariamente que os laços de seu antigo clã tenham se desfeito... Vai saber o que aconteceu nesses últimos dois anos – disse Carlisle triste na voz.

– Acha que Eleazar está metido nisso também?

– Talvez – respondeu Carlisle, com desgosto.

Eleazar.

Ele sempre fora meio sinistro para mim, mal parava em casa por causa de suas empresas aqui em Londres – se é que isso é verdade -, e assim como sua esposa Carmem que é uma excelente Design de Interiores – muitas vezes eu ajudará ela á decorar algumas casas das quais ela trabalhava -, ele vivia ocupado.

Duas semanas depois de eles fazerem a proposta de eu me juntar à família deles, Carmem e ele vieram conversar comigo, dizendo que teríamos que nos mudar para Londres, pois ele tinha de estar pessoalmente aqui em Londres para administrar suas empresas.

Foi com esse pretexto que nos mudamos para cá.

Logo que chegamos aqui, Tanya e Kate me sugeriram ocupar nosso tempo estudando.

Eu e Kate entramos na faculdade e Tanya logo desistiu. Eu tinha a tarde inteira livre sem nada para fazer e queria trabalhar naquela época, mas Eleazar disse que não era necessário e que preferia que eu ficasse em casa.

Eu não concordei é claro, até que apareceu uma vaga para trabalho voluntário na biblioteca da faculdade, onde me renderia pontos extras no fim de todo o bimestre. Foi com esse pretexto de pontos extras na faculdade que o convenci á me deixar trabalhar na biblioteca, da qual até dois meses atrás eu ainda trabalhava, só parei para ter mais tempo para estudar para as provas finais.

Eu e Kate passávamos o dia inteiro fora de casa e só voltávamos à noite – Kate não trabalhava comigo, ela só me fazia companhia às vezes.

Nem eu nem Kate íamos pra casa pra comer, bom, eu não ia pra casa comer, comia num restaurante ali perto. Kate sempre dava uma desculpa que já tinha beliscado alguma coisa na cantina da faculdade, todas às vezes mentiras, é claro. Só agora eu percebo isso.

Quando chegávamos em casa, Eleazar, Carmem, Tanya e Irina supostamente já haviam jantado.

Então acho que foi justamente por isso, por eu não ter tempo o suficiente para ficar analisando as coisas que eu nunca perceberá que havia algo de errado ali, que havia diferenças entre mim e eles, apesar de tudo ser extremamente e estranhamente familiar.

Mas agora voltando ao ponto central... Eleazar aliado de Irina também?

Não, não acho que ele tenha feito isso, ele sempre me tratou como uma filha, sempre cuidou de mim como se fosse meu pai.

Ele não está metido nisso, tenho certeza.

– Não, Eleazar é fora de cogitação, ele não está no meio – disse á eles.

– E agora? Temos vários suspeitos, mas nada de concreto que nos de certeza. O que iremos fazer? – questionou Edward.

– Eu sei o que eu vou fazer. Vou sair do país o mais breve possível – disse, fazendo meus planos.

Pós - graduação na faculdade nunca tivera nos meus planos, mas agora parecia uma excelente idéia.

Se eu queria continuar viva, eu precisava sair do país o mais rápido possível.

– Sozinha está fora de cogitação – disse Kate.

– Concordo – apoiou Edward.

– Sou maior de idade legalmente, posso sair do país sozinha. Ninguém vai me impedir.

– E eu posso saber pra onde você iria senhorita Isabella Baudelaire? – Edward questionou arqueando suas perfeitas sobrancelhas, e usando meu primeiro nome verdadeiro e meu sobrenome falso. Uma verdadeira ironia da parte dele, uma vez que ele perceberá que ao mesmo tempo em que eu estava agindo e pensando como Bella, também estava agindo e pensando como Isabel.

Não ignorei isso.

– Paris, talvez. Pra todos os efeitos eu não sou da França? – deixei bem claro qual face eu estava seguindo, a face de Isabel - Então... Vou fazer pós - graduação em culinária francesa. É o pretexto perfeito pra eu sumir por uns tempos.

– Nada disso, nós vamos pra Mônaco e depois para Monte Carlo, como nós duas planejamos para depois da formatura. Não vamos estragar nossos planos por causa da neurótica da Irina – disse Kate.

– Kate, não percebe que tudo mudou? Nada será como antes.

– Só se você quiser que tudo mude Mel – ela disse pesarosa.

– Sinto muito Kate, mas não pode mais ser assim.

– Tudo bem, eu compreendo – disse ela com um suspiro.

– De qualquer forma, eu tenho que sumir por uns tempos. Pelo menos até a poeira abaixar.

– Pra onde você quer ir? – perguntou.

– Qualquer lugar, desde que seja longe de Londres. Não posso mais ficar aqui.

– Volte pros Estados Unidos então, ou então vá pro Canadá. Se você não quer que eu vá com você, tudo bem... Mas, ainda assim acho arriscado demais.

– Não irá á lugar algum sozinha Bella. Se Irina têm aliados, quem nos garante que eles não estão vigiando você? Sozinha você ficará muito vulnerável – disse Edward.

– Veremos – desafiei.

Ele ia falar alguma coisa, mas foi interrompido por Emmett.

– Edward tem razão, Bella – apoiou o irmão.

Merda!

Bom, eu não iria vencer isso sozinha, mas também não iria desistir.

– Vou ficar em Londres, então. – cedi, mas já acrescentei as condições - Por algum tempo. Mas não vou parar minha vida por causa dela. E não vai ser uma vampira com sede de vingança que vai me botar medo. Eu não tenho medo dela.

– Mas deveria – disse Edward.

Revirei os olhos.

Medo de vampiro?

– Está pra nascer o ser que vai me botar medo. Não tenho medo de nada. Seja lá o que for eu enfrento. Independente das conseqüências.

– Corajosa demais. Tenho até medo do que você é capaz de fazer com essa sua coragem, Mel – disse Kate de olhos arregalados.

– Somos dois, Kate. Apesar de eu já ter visto do que ela é capaz de fazer, pelo visto nisso ela não mudou. – disse Edward olhando para mim com um misto de preocupação e fascínio no olhar.

Desviei o olhar sentindo o rubor vir ao meu rosto.

Respirei fundo.

Pelo visto o mundo sobrenatural me rondava e não era de hoje.

Acho que poderia até dizer que eu tenho PhD em coisas bizarras e esquisitices, afinal, uma pessoa normal não teria que lidar com vampiros, ser apaixonada por um além da razão e ainda ser amiga - ou ex – amiga - de um lobisomem.

As coisas estavam literalmente saindo do controle, ou melhor, já haviam saído. E eu que achava que minha vida estava complicada quando descobri minha verdadeira identidade e comecei a recuperar a memória!

Argh! Agora ela estava literalmente de pernas pro ar.

Irina, Tanya, Victoria, os Volturi, os supostos aliados de Irina, meu futuro desaparecendo, vampiros, lobisomens, Edward, meu passado... Por Deus!

Será que poderia haver mais do que isso? Ainda?

Problemas... Problemas... e mais problemas!

Teria uma solução para tudo isso?

Algum tempo depois Kate e eu fomos embora da casa dos Cullen. Esme queria que ficássemos lá, mas eu joguei um olhar de relance para Kate e acho que ela entendeu que eu realmente precisava sair dali e ficar longe daquilo tudo pelo menos por algumas horas.

Agradecemos a Esme, despedimos de todos e saímos de lá.

O clima entre mim e Edward na hora que fui embora estava tenso, mas diante das circunstâncias não havia como ser diferente.

Eu havia acabado de descobrir que ele era um vampiro, e agora tinha ainda por cima de decidir se iria dar uma chance novamente para nós dois ou não, mas ainda tinha a questão da Tanya... E a questão do meu passado ao lado dele.

Ele me deixou, mas por quê?

Era estranho, toda vez que eu pensava no fato de Edward e eu termos nos separado sinto uma dor estranha no meu peito, é como se um buraco estivesse sendo cravado lentamente.

Doía e ardia demais, mas por quê? Que peça do quebra cabeça está faltando?

– Mel, vamos fazer o seguinte: Vou fazer uma reserva naquele hotel lindíssimo que inaugurou semana passada no centro de Londres e nós vamos passar a noite lá, tudo bem? – Kate prepôs enquanto dirigia em direção ao centro da cidade, interrompendo meu raciocínio.

– Não precisamos de luxo, qualquer lugar está bom – disse.

– Luxo? – ela deu risada, e depois ficou séria – Sabe, eu queria muito poder entender você, sabe Mel. Já se passou dois anos desde quando você começou a fazer parte da minha vida, mas ainda não consigo te entender – ela disse balançando a cabeça.

– Como assim?

– Tem aversão á jóias, detesta gastar dinheiro desnecessariamente, se contenta com coisas simples e ficava horrorizada toda vez que Tanya e eu arrastávamos você pra fazer compras e você via o valor das roupas de marcas famosas como Channel, Prada, Armani... Já se passou dois anos e não conseguimos mudar você. Uma garota que tivesse a sorte que você teve de encontrar uma família bilionária como a nossa iria querer aproveitar os benefícios de uma vida confortável... E você, no entanto, sempre foi diferente – explicou.

Dei risada.

– Kate, eu não sou esse tipo de garota fútil. Nem sei ser assim – disse á ela olhando o para brisa do carro.

– Fútil? – repetiu arqueando as sobrancelhas.

– Não ligo pra dinheiro, eu só não trabalho porque vocês praticamente impuseram que eu não fizesse isso.

– Trabalhar é desnecessário, eu só ajudei você a convencer Eleazar de trabalhar como voluntaria na faculdade, pois achei que seria bom pra você se distrair. Bem, nós não conseguimos fazer você mudar, mas pelo menos fazer você aprender a usar salto e maquiagem a gente conseguiu – disse ela dando risada enquanto entrava na frente do hotel Empire, e deixava o carro com o manobrista.

Sai do carro dando risada.

Usar salto alto foi quase missão impossível!

Quando chegamos na luxuosa recepção – sério, aqueles lustres deviam custar mais de 500 mil euros cada um -, Kate fez uma reserva numa suíte presidencial que era um absurdo e eu preferi nem ver o valor.

Nós duas subimos para o quarto. Aquilo não era nem bem uma suíte. Acho que o apartamento era uma descrição melhor, porque havia três quarto, sala, cozinha, sacada e até mesmo banheira de hidromassagem em um dos quartos que era uma suíte de casal.

– Que exagero Kate, não era necessário tudo isso!

– Mel, relaxa – disse sentando no sofá e pegando o celular dentro da bolsa – Vou ligar pra Carmem, ver como as coisas estão em casa - acrescentou pressionando o pequeno aparelho prata metálico no ouvido.

Não queria ficar ali pra ouvir a conversa.

Precisava de pelo menos alguns minutinhos pra fingir que minha vida era normal, então sai da sala e fui pra sacada.

Estava entardecendo. Londres não tinha muito sol, mas quando passava das quatro ou cinco da tarde, começava a escurecer.

Fiquei olhando para o céu, vendo as nuvens passarem igual uma verdadeira besta, mas tinha de admitir que era um tanto calmante, tipo um antídoto contra o stress.

Fechei os olhos.

O vento soprava no meu rosto e tinha uma sensação tão agradável, me acalmava.

– Mel, cadê você? – ouvi Kate chamar.

Suspirei, abri os olhos e voltei pro interior da sala.

– O que foi Kate?

– Vou precisar voltar pra casa, desculpe. Não vou poder ficar com você.

– Como estão as coisas lá em casa?

– Péssimas, por isso que eu vou ter de ir para lá, e se bobear vou ter que pedir a ajuda de Jasper pra acalmar as coisas – respondeu com um suspiro tristonho.

– Tudo bem, sem problemas. Vai lá – encorajei.

– Vai ficar bem sem mim? – questionou com um sorriso pesaroso.

Sorri de volta.

– Claro que sim, não precisa ter receio, pois eu ficarei bem.

Ela veio até mim e me deu um abraço, retribui.

Eu amava Kate como uma irmã.

Ela se afastou e segurou minha mão.

– Espero que nada mude entre nós, apesar de você saber que eu não sou humana. Tudo da minha parte sempre foi sincero, e eu amo você como se você fosse minha irmã, Mel – ela sorriu.

– Sabe que eu também te amo sua doida... Não me importo com o que você é, e sim com quem você é.

– Se existissem mais pessoas boas e puras como você no mundo, tenho certeza que a sociedade seria bem melhor – disse Kate dando risada.

Comecei a rir também.

– Sou boa até que me tirem do sério, mas sei ser má também – brinquei.

– Ui que medo, Mel ou Bella, a Garota Malvada! – exclamou entrando no ritmo da brincadeira.

– Pode ir sossegada, ficarei bem.

– Okay, então aproveite as mordomias do Hotel. Se eu conseguir acalmar tudo, irei voltar ainda hoje, só que á noite. Qualquer coisa me ligue – disse Kate pegando sua bolsa e indo em direção a porta.

– Okay, até breve.

Ela me lançou um sorriso carinhoso da porta e então saiu.

Respirei fundo, sentei-me no sofá da sala e peguei o controle da gigantesca TV LCD e comecei a zapear pelos canais da TV a cabo.

Havia filmes, programas de auto-ajuda, documentários, telejornais, seriados... e havia um seriado em especial que me chamou á atenção. Chamava-se The Vampire Diaries, onde a protagonista Elena era humana apaixonada por dois vampiros - um se chamava Damon e outro Stefan -, segundo o que dizia a sinopse do canal. Já tinha ouvido falar algo sobre o seriado, parece até que na verdade eram livros que haviam sido adaptados em forma de seriado.

Mas olha só o tema do seriado: Vampiros e Romance proibido.

Quem foi que me lembrou?

Edward.

Por tudo que é sagrado, será que não havia nada melhor pra se passar na TV?

Suspirei e revoltada desliguei a televisão.

O que eu iria fazer trancada dentro de um quarto de hotel, sem nada pra fazer?

Como diz o ditado: Mente vazia, oficina pro diabo.

Se eu ficasse muito tempo sem fazer nada, provavelmente meus problemas iriam vir à tona no centro de minha mente, e tudo que eu precisava naquele momento era ter um pouco de paz.

Sem pensar muito, peguei minha bolsa que havia colocado numa poltrona assim que cheguei a sai porta á fora, rumo ao elevador.

Quando cheguei na recepção passei pelas portas giratórias e sai para fora do Hotel.

Comecei a caminhar pelas ruas sem rumo, eu não conhecia bem Londres apesar de morar lá há dois anos, mas sabia como me localizar caso me perdesse.

Não sei por quanto tempo fiquei andando no meio da rua, sem me importar na direção que estava indo ou pra onde estava indo, mas sei que só parei quando me deu fome e eu vi uma cafeteria que eu costumava ir junto com minhas amigas da faculdade às vezes.

Nossa, eu estava bem longe do Hotel, porque aquela cafeteria ficava á poucos quarteirões da faculdade.

Sentei-me numa das mesinhas do lado de fora da cafeteria perto da belíssima parede de pedras, logo à garçonete veio me dar o cardápio. Pedi um cappuccino pra começar.

Enquanto eu aguardava que a garçonete voltasse com meu pedido, peguei meu iPhone dentro da bolsa e acho que cometi um grande erro. Conectei a internet e joguei no Google uma única palavra: Vampiro.

De inicio vieram um bando de coisas inúteis como: RPG, Fã Clube, Torne-se um Vampiro Virtual e... Bláh... Bláh... Bláh... Nada do que eu estava procurando, foi ai que encontrei um site chamado Vampiros de A-Z.

O site era simples – fundo branco, com um simples texto em preto -, estilo acadêmico.

Enquanto eu observava o site, uma estranha sensação de que eu já havia feito aquilo no passado me tomou, mas não deixei isso me parar e continuei a ver o conteúdo da pagina.

Duas citações me receberam no home page:

Em todo o mundo das sombras de fantasmas e demônios, não há figura tão terrível, nenhum personagem tão medonho e abominado e, no entanto travestido de tal fascínio temeroso, como o vampiro, que não é nem fantasma nem demônio, mas participa da natureza das sombras e possui as qualidades misteriosas e terríveis de ambos.

Rev. Montague Summers.

Se há neste mundo um relato bem documentado, é o dos vampiros. Nada falta ali; relatórios oficiais, atestados de pessoas reputadas, de médicos, de padres, de magistrados; a prova judicial é a mais completa. E com tudo isso, que há que acredite em vampiros?

– Rousseau.

O restante do site era uma lista em ordem alfabética de todos os diferentes mitos – ou verdades - de vampiros que existem em todo mundo.

Terrível, medonho, abominável... Essas palavras da citação no home page ficaram quicando em minha mente.

Revoltada, apertei o botão lateral e desliguei o celular sem ver o resto do conteúdo.

Merda!

– Eu sou muito idiota de ir pra internet pesquisar sobre vampiros – sussurrei a mim mesma ao mesmo tempo em que a garçonete vinha com meu cappuccino.

Ela deixou na mesa e saiu logo em seguida.

Será que ela ouviu o que eu disse á mim mesma? Perguntei-me mentalmente enquanto dava um pequeno gole na minha bebida quente.

Balancei a cabeça. Tinha coisas muito mais importantes do que pensar.

Encostei minha cabeça nas pedras da parede atrás de mim e fechei os olhos, sentindo a brisa fria que batia em meu rosto.

Track :: Diamonds (Rihanna).

Edward.

Ele era a minha prioridade, ele era a minha maior dor de cabeça e no momento, a melhor coisa que havia me acontecido.

Eu estava completamente apaixonada por ele. Nunca tive tanta certeza de algo na minha vida, pelo menos não que eu me lembre.

Mas em meio a tanta confusão, como poderá haver espaço pra paixão?

Minha vida estava literalmente uma loucura e eu não estava sabendo como agir, o que fazer, ou o que pensar... Por Deus!

Porque ele? Por que comigo? Por que ele escolherá se apaixonar por mim, uma garota humana e problemática, ao invés de ficar com uma belíssima imortal que estava doidinha por ele, como Tanya?

Eu sabia diferenciar amor e paixão.

Não era amor que eu sentia por Edward.

O amor era sereno. A paixão era voraz. Doía e queimava como fogo.

Paixão.

Era isso que eu sentia por ele. Uma paixão que eu sabia que poderia se tornar amor de tão intensa e explosiva que era, mas também sabia que só poderia se tornar amor se fosse alimentada. A questão era: alimentá-la ou não?

O que era certo e errado? O que era justo e injusto? O que era mais forte? A paixão ou a gratidão familiar?

Tanya e Edward.

O que era mais forte pra mim?

Tanya.

Tirando a parte de ela estar tentando me manter afastada de Edward de uma forma dolorosa, numa tentativa de ter a chance dela com ele, - eu não queria ser o motivo do sofrimento dela, eu queria ser o motivo da alegria dela, tanto que eu devia á ela... Tanto que ela havia feito por mim.

Teria eu o direito de negar a ela á chance de ser feliz e tentar fazer Edward feliz?

Tudo bem, que pelo que entendi Edward já havia rejeitado ela no passado... Mas o tempo passou, as coisas podem ter mudado, não podem?

E se eu posso de alguma forma ajudar á ela ter o que quer, como posso negar quando tanto eu devia á ela?

Mas por outro lado...

Edward.

Rejeitar o amor dele iria fazê-lo sofrer, e eu não suportaria fazer isso com ele.

Só de pensar no sofrimento dele mais cedo quando ele começou a falar sobre o nosso passado, sobre o que aconteceu quando ele pensou que eu havia morrido... Nunca mais queria ver aquele olhar nele.

Isso acabava comigo, me partia o coração.

Eu te amo. E mesmo que eu tenha que enfrentar até mesmo o inferno isso nunca irá mudar, Edward disse com um sorriso torto nos lábios me deixando ainda mais encantada e fascinada por ele, naquela noite do baile.

A minha dor e ao mesmo tempo alegria ao ouvir mentalmente a voz dele dizendo que me amava em minha lembrança transbordou por meus olhos em forma de lágrimas.

Deus, porque a minha vida era tão cheia de problemas? Ou seria sem sorte?

– Isabel? – ouvi uma voz me chamar.

Abri os olhos e me deparei com as minhas duas amigas Ivy e Karen me olhando com expressão preocupada.

Passei as mãos pela bochecha para espanar as gotinhas de água salgada dela.

Pigarreei para clarear minha voz rouca por causa das lágrimas, mas não deu muito certo.

– Oi meninas, que surpresa encontrá-las aqui – disse tentando forçar um sorriso.

– Você está bem? – questionou Karen, tensa.

– Sim, estou – respondi com a voz rouca.

– Não você não está bem... Está chorando e não é de alegria – disse Ivy.

– A gente pode sentar aqui com você? – perguntou Karen.

– Claro – respondi gesticulando para as duas cadeiras á minha frente, ao mesmo tempo em que respirava fundo.

Elas se sentaram.

– Aconteceu alguma coisa? A gente pode te ajudar, Mel? – perguntou Ivy.

– Não, agradeço de coração por se preocuparem comigo. Mas não tem nada que vocês possam fazer para me ajudar – respondi.

– Quer falar sobre... Desabafar? – questionou Karen.

– Se te fizer melhor Mel, estamos aqui pra ouvir... Amigo é pra essas coisas também – disse Ivy com um sorriso.

Okay, até parece que eu poderia falar sobre os meus “problemas” pra Ivy e Karen.

Provavelmente a primeira reação delas seria chamar a camisa de força e me internar em alguma clínica de reabilitação que eu sabia que existia em algum lugar aqui em Londres, alegando que eu havia ficado louca, ou que eu havia consumido drogas!

– Acho melhor não. Mas enfim, resumindo tudo... é problemas familiares – disse.

– Você saiu com o seu primo bonitão mais cedo, a gente viu... Você parecia tensa na presença dele. O Edward fez alguma coisa á você Mel? Te causou algum mal? – questionou Karen preocupada.

– Edward? – indaguei dando risada – Não, Edward jamais me faria mal. Eu confio plenamente nele, ele jamais me faria algum mal, muito pelo contrário.

– Ah, que bom. Fico aliviada – disse Karen.

– Você disse que foi problemas de família... Brigou com alguém? – questionou Ivy.

Bem, elas não iriam desistir.

Então disse o que era permitido dizer. Eu precisava mesmo desabafar pelo menos um pouco, se não iria acabar explodindo.

– O que você faria, se descobrisse que sua família e até mesmo você... não é nada do que imaginava? Sua família são outras pessoas completamente diferentes e você não é quem você pensa que é? – perguntei olhando para minhas mãos.

– Bom, eu não tenho família. Fui abandonada ao relento na porta de um orfanato em Nova Iorque quando era um bebê carregando apenas um medalhão e uma carta dizendo que meu nome era Karen, então não sei o que te dizer. Quando fiz 18 anos as madres do orfanato em que fui criada me ajudaram a vir estudar em Londres, e aqui eu conheci a Ivy e nós fomos morar juntas – disse minha amiga com um expressão triste.

Dessa vez eu é que estava sem fala.

Nós nunca havíamos conversado sobre família, apesar de sermos amigas há dois anos.

Então me dei conta de uma coisa.

Eu nada sabia sobre Ivy e Karen, assim como elas tão pouco sabiam sobre mim, aliás, sobre mim elas realmente não podiam saber.

Ser abandonada ao relento na porta de um orfanato é bem pior do que estar por perto de vampiros vegetarianos – que querem te proteger, bom, pelo menos alguns deles.

– Meus pais e minha família só se preocupam com aparências e dinheiro. Nunca me deu nem um pouquinho que seja de carinho. Só se preocupam com coisas fúteis, mas eu cresci sabendo que eles eram, quem eu era e queria ser. Mas, na sua situação Mel, eu primeiramente iria tentar esfriar a cabeça e depois ponderar todos os lados pra decidir o que fazer – disse Ivy.

A garçonete veio e trouxe dois cafés para elas. Nem havia visto elas fazerem seus pedidos.

– Nossa... Eu não sabia Karen. Sinto muito, sua vida deve ter sido difícil. E Ivy, sinto muito por sua falta de sorte.

– E foi difícil. Mas eu consegui dar a volta por cima, graças a Deus, a ajuda de pessoas bondosas e ao meu esforço – disse Karen.

– Fico feliz que tenha tido seu final feliz, depois de tanto sofrimento.

– Que sentido teria a vida se no final da escuridão não houvesse o amanhecer do sol, uma luz no fim do túnel? – brincou Ivy.

– Deus me livre de não ter meu final feliz, e deixasse a desgraça tomar conta de mim. Onde é que eu iria arranjar pique pra paquerar os gatinhos da faculdade? Eu hem! – disse Karen batendo três vezes na mesa de madeira.

Sorri.

Só aquelas duas doidas pra me fazer sorrir e dar risada mesmo.

Por um momento eu me perguntei se minha história com Edward poderia ter um final feliz, no meio disso tudo.

Talvez sim. Talvez não.

– É, estamos bem arranjadas com nossas famílias hem! – comentei dando risada e dando um gole no meu cappuccino que já estava quase frio, mas eu não me importei.

– Pois é. Uma é fútil, a minha me abandonou e a outra mentirosa. Que sorte a nossa hem! – disse Karen.

– Urgh, nem me fale – disse Ivy com uma careta.

– Já sei do que nós precisamos. Precisamos de uma festa do pijama hoje, agora. Distração. É disso que nós necessitamos, topa Mel? – perguntou Karen.

Se fosse em um outro dia eu recusaria, pois iria preferir ficar em casa lendo um livro ou fazendo outra coisa, mas hoje, tudo o que eu precisava era de uma distração e principalmente ficar o mais longe de minha casa possível.

– Não precisa perguntar duas vezes. Estou dentro – respondi.

– Yeah! – gritaram as duas fazendo com que os outros clientes do café voltassem sua atenção para nós, enquanto dávamos risada.

xxxxxx

– Mel, experimenta essa blusa vermelha – disse Ivy me passando pela brecha da porta do banheiro.

Peguei e coloquei a blusa de um ombro só em cima do banquinho branco do banheiro do quarto de Karen enquanto tirava a que eu usava.

Depois que saiamos do café, Ivy e Karen me levaram de volta para o hotel Empire – eu estava sem carro -, onde eu fechei a conta e depois nós fomos para o apartamento delas, onde Karen recebeu uma ligação de duas amigas chamadas Maryanne e Natalie convidando-as para uma festa num PUB.

Resultado: Festa do pijama adiada para mais tarde. Balada num PUB é a nova opção - que eu aceitei na hora.

Hoje estou aceitando qualquer coisa que me mantenha distraída.

Elas sabiam que eu não queria voltar pra casa e sabiam que era por causa da “briga”. Como Ivy e eu vestíamos o mesmo número ela iria me emprestar umas roupas para que eu pudesse ir para a festa.

Coloquei a blusa vermelha e coloquei a saia justa de cintura alta preta por cima que ela havia me passado agora á pouco.

Olhei-me no espelho.

Okay, aquela roupa era muito curta, estilo periguete mesmo. Nunca que eu iria sair pra uma festa vestida daquele jeito provocante.

– Mel, sai daí pra gente ver como você ficou – gritou Karen.

Respirei fundo e abri a porta.

Ivy e Karen arregalaram os olhos e suas bocas se abriram num O bem redondo.

– Uau! Estou chocada – disse Ivy me olhando de cima abaixo.

– Por Deus! Eu me mataria pra ter essas suas pernas sexys e torneadas. Mas que droga Isabel! Como você pode ter um corpo tão lindo, os quadris tão sinuosos e não abusar na hora de se vestir? Olhe só isso. – ela apontou para minhas pernas - Oh Deus! Por que não foi bondoso com a minha genética também, assim como foi com a da Mel? – questionou Karen dando risada.

Gargalhei.

– Karen, deixe de ser dramática. Você tem as pernas lindas. – disse puxando a saia para baixo, tentando conseguir um pouco mais de dignidade.

– Pare de mentir, olhe só pra mim e olhe pra você – ela retrucou apontando para o jeans skinny escuro super justo, que dava a impressão de deixar o bumbum dela um pouco maior, além de acentuar as suas curvas. Ela havia vestido um top bege drapejado de alças, cuja parte do busto era apertada, favorecendo os seus seios e por cima do top, havia jogado um casaquinho acinturado preto.

Bom, ela estava descente.

Mas eu estava o oposto do decente, eu estava vestida pra matar literalmente. Não ia sair daquele jeito.

– Pare com isso Mel! Pare de ficar tentando puxar a saia para baixo. O que é bonito é pra se mostrar. Suas pernas são lindas e muito sexys, é só você colocar esse scarpin preto aqui e irá ornar perfeitamente com a roupa – disse ela me passando um par de sapatos da marca Prada.

– Está muito curto, nem a pau vou sair assim – disse.

– Ah, mais vai sim. Hoje você literalmente esta de arder os olhos e você precisa de distração dona Isabel. Vamos arranjar um bofe pra você – disse Ivy.

– O que? Meninas, eu estou atrás de distração, não atrás de mais encrenca. Não quero me envolver com ninguém – ninguém que não seja loiro, dos olhos cor de mel e se chame Edward Cullen, acrescentei mentalmente.

– Ah, fala sério! Você esta namorando? – questionou Karen.

– Não.

– Esta apaixonada por algum gatinho e a gente não está sabendo? – perguntou Ivy.

– Depende da sua definição de paixão – dei de ombros.

As duas se entre olharam e deram um sorriso perverso.

– Merda Isabel. Você mentiu pra gente no dia do baile e está apaixonada! – exclamou Ivy.

– Pode ir desembuchando. Quem é o bofe? A gente conhece? – perguntou Karen animadamente.

– Vamos, bota tudo pra fora Mel. Pode ir dizendo, quem é o gato? – perguntou Ivy tão animada quando Karen.

– Ninguém que vocês conheçam – menti.

– Ah, fala sério. Acha que a gente vai cair nessa? Nem a pau... – revirou os olhos - Mas peraí, você está apaixonada, apaixonada mesmo ou ele é só um ficante pra se divertir?

– Ele é mais do que isso. Não consigo mais imaginar o mundo sem ele – respondi com um suspiro.

Era um romance proibido.

Edward e eu não teríamos paz pra viver o que sentíamos, não enquanto todas as armas estiverem apontadas para as nossas cabeças.

– Wont’ que lindo! – gritaram as duas ao mesmo tempo.

– Se você diz que a gente não conhece, você vai ter que apresentá-lo a nós na festa de aniversário que iremos dar daqui duas semanas no hotel Kamasutra – disse Karen.

– Hotel Kama... O que?

– Hotel Kamasutra. Eu sei, o nome é brega, porque o dono é um indiano, mas o hotel é lindo, e o salão de festas que a gente alugou é máster perfeito. A festa vai ser lembrada para sempre – disse Ivy.

– Quem das duas vai fazer aniversário? Preciso providenciar o presente.

– Nós duas – disse Karen dando risada.

– Ah, tão brincando comigo?

– Não, a gente tava vendo e a Ivy faz aniversário um dia depois do meu – disse Karen.

– Uau, que coincidência.

– Pois é, nós fechamos a o salão do hotel pra festa de aniversário minha e dela. Eu vou arcar só com uma parte do Buffet e a empresa que esta imprimindo os convites, afinal, ao contrário da Ivy eu não sou milionária né – Karen revirou os olhos.

– E eu vou arcar com o mais caro, que é o Dj, o salão, a decoração, a outra parte do Buffet e talz, já que meus pais querem bancar... Problema deles se eu estourar o limite do cartão de crédito. Isso é pra eles aprenderem que dinheiro não é tudo na vida de uma pessoa – disse Ivy.

– Hotel Kamasutra – repeti.

Nome estranho.

– Ahan, eu sei o que te lembra. Aquele livro de posições sexuais, mas não tem nada haver. Vai ser uma festa de aniversário, nada muito louco – disse Karen dando risada.

– Livro de posições sexuais? – arqueei as sobrancelhas.

Do que diabos elas estavam falando?

– Nunca ouviu falar não? – questionou Karen.

– Não.

– Caraca, você é bem inocente então, porque eu já li e já usei o conteúdo daquele livro varias vezes e é uma delicia, ui. Aposto que ainda é virgem – brincou Ivy.

– Acertou, sou virgem.

– O que? – bradaram as duas, como alguém que engasga com o gás de um refrigerante.

– Sou virgem – repeti.

– Aha, e eu sou o Tio Patinhas! Fala sério Mel, você é linda e é desejada por vários rapazes da faculdade, não é possível que você nunca tenha pegado nenhum. – olhei seria para ela, dando de ombros - Ah não, para. Você é virgem mesmo? – perguntou Karen incrédula com a minha reação.

– Sou, nossa porque o espanto?

– Quantos anos você tem? – perguntou Karen.

– 20 anos. Será que da pra vocês me dizerem o que estão pensando?

– A gente vai fazer 23 anos e na sua idade já não éramos mais virgem á muito tempo – disse Ivy.

– Bom, cada um é cada um. Nunca encontrei ninguém que eu desejasse dessa forma.

– Nem esse seu amor de agora? – questionou Ivy levantando uma das sobrancelhas.

– Com ele é diferente, nunca vivi nada tão intenso como é com ele, pelo menos não que eu me lembre. Tudo bem, eu assumo, ele me provoca uns calafrios quando me toca porque ninguém seria capaz de resistir á ele, mas está tudo muito no inicio e nem sei se vai vingar. Além do mais nunca pensei nisso.

Em apenas um beijo Edward conseguia me fazer perder a linha. Ele era de muitas formas, irresistível e sedutor.

Mas esse tipo de desejo que elas estavam falando, eu nunca havia sentido, pelo menos não que eu tenha percebido.

– Ah, precisamos conhecer esse homem que está mexendo com você – disse Karen.

– Promete pra gente que você irá trazê-los com você na nossa festa de aniversário – pediu Ivy.

– Vamos ver. Nem sei se nós dois irá dar certo – disse á elas, não prometendo nada.

– Mas se der certo, a gente quer conhecer. Combinado? – propôs Ivy.

– Okay, combinado.

– Agora vamos ajeitar a maquiagem, porque nós temos que ir – disse Karen.

– Ah, eu não vou a lugar nenhum vestida desse jeito.

– Ah mais vai sim, princesa das pernas sexys – gritaram as duas ao mesmo tempo dando risada.

(PONTO DE VISTA – EDWARD).

– Como é que é? – me levantei abruptamente da poltrona do escritório, deixando o livro que eu estava lendo cair no chão.

– Foi o que eu acabei de ver. A Bella num PUB, numa boate... Ah sei lá que lugar que é... E vestida de um jeito que nunca imaginei vê-la algum dia – disse Alice.

– De que jeito? – perguntou Emmett tirando os olhos do notebook.

– Hã, que tal: provocante e vestida para matar? Acho que essa é a melhor descrição da mini roupa dela. Mas devo admitir que gostei do estilo. Um lado “mulherão” dela que eu não imaginava que houvesse. Talvez porque eu sempre tive a imagem de menininha frágil dela, coisa que ela vem provando que não é mais – disse Alice.

– Ohohoho, parece que garotinha frágil resolveu se rebelar! – comentou Emmett dando risada e fazendo piada, pra variar.

– Kate está com ela, nessa sua visão? – perguntei, ignorando a malicia do comentário do meu irmão.

– Não, mas eu vi duas meninas com elas que não me são estranhas – respondeu, passando a imagem em sua mente.

Reconheci de imediato quem era.

– Ivy e Karen. São amigas dela.

– As mesmas do baile da faculdade? – questionou Jasper desviando a atenção de um livro.

– Sim – respondi. - Ligue para Kate. Ela deve saber onde a Bella está – pedi á Alice.

xxxxxx

– Como assim ela não sabe onde a Bella está? As duas não saíram daqui juntas mais cedo? – questionou Rosalie.

Essa preocupação de Rosalie com Bella estava me irritando. Ela nunca gostará dela, pois o fato de eu desejar Bella e nunca tê-la desejado feria seu ego excêntrico e egoísta.

– O que foi que a Kate te disse? – perguntei, ignorando Rose.

Alice havia acabado de ligar para Kate.

– Ela deixou a Bella num hotel chamado Empire há algumas horas. As coisas ficaram loucas na casa dela e ela teve de ir para lá para ajudar a acalmar a situação. Ela ligou agora há pouco pra o hotel para tentar falar com ela uma vez que a Bella não atende ao celular, mas a informaram que ela tinha fechado a conta no hotel umas duas ou três horas depois que foi aberta – disse Alice.

– E agora Bella sumiu – conclui.

Merda!

Não importa o quão longe estejamos de Forks. Não importa o quão longe ela esteja de mim. Ela sempre está em perigo e vai saber aonde ela está se metendo nesse momento, ainda mais com uma vampira sádica como Irina atrás de vingança, sem contar os aliados dela.

– Vai confiar na própria sorte dela? Ou vai começar a procurar por ela? – questionou Alice.

– Ligue pra Kate novamente, peça á ela pra dizer todos os tipos de lugares que aquelas duas amigas dela e da Bella costumam freqüentar que ela saiba – pedi. – É perigoso demais, ela andar por aí sozinha. Vou atrás dela.

(PONTO DE VISTA – BELLA)

Não teve jeito, elas conseguiram me convencer a ir vestida com ela roupa mini enquanto eu quase morria de vergonha.

– Para de puxar a roupa pra baixo Mel – pediu Karen enquanto íamos do estacionamento para dentro do PUB.

– Ai esta muito curta. Estou parecendo uma piranha – indaguei.

– Relaxe Mel, você está linda – disse Ivy dando risada abrindo a porta.

Minha nossa!

A música eletrônica lá estava muito alta, aquilo nem era o tipo de PUB que raramente eu costumava freqüentar e sim uma perfeita boate - coisa que eu nunca freqüentava.

Mas hoje eu literalmente não estava ligando pra onde eu estava e sim, pro que eu ia fazer pra me distrair.

Estava disposta a fazer qualquer coisa pra esquecer tudo. Qualquer coisa mesmo.

– Vem Mel, agora é hora de se distrair, esquecer os problemas e relaxar. Vamos soltar a franga. Uhul – gritou Ivy me puxando pela mão – já dançando - pelo meio das pessoas que se mexiam no ritmo da musica e das luzes dos caleidoscópios, indo em direção a pista de dança.

Relaxar e me soltar. Esse era o segredo.

E foi o que eu fiz.

Track :: Promiscuous (Nelly Furtado feat. Timbaland).

Ouvindo a musica comecei a mexer meus quadris e meu corpo no ritmo da musica na pista de dança para qual Ivy havia me arrastado, e assim como as minhas amigas haviam me pedido no meio do caminho, eu iria esquecer os problemas, relaxar e me distrair.

You expect me to just let you hit it. But will you still respect me if you get it.

Minhas mãos fluíam por minhas coxas, levantando um pouco da minha saia e descendo ao mesmo tempo, enquanto eu me entregava ao ritmo da musica.

You wanna get in my world get lost in it. Boy I'm tired of runnin' let's walk for a minute.

Meus quadris começaram a remexer de um lado a outro no ritmo da batida, enquanto um sorriso se espalhava pelo meu rosto e eu fechava os olhos. Essa era uma daquelas músicas que você simplesmente se deixava levar – detalhe: eu não havia bebido nem uma gota de álcool, ainda. Então, eu simplesmente estava entregue a musica e ao ritmo dela.

As luzes coloridas dos caleidoscópios giravam e piscavam conforme a musica.

– Hummm... finalmente se divertindo. Era esse seu lado garota fatal que eu queria ver Mel. É esse lado que você estava precisando colocar para fora – aprovou Karen dançando junto comigo.

– Isso é só o começo, baby– sorri.

– Ui, adorei!

Promiscuous boy, you already know. That I'm all yours, what you waiting for?

Parecia que eu havia perdido o controle sobre meus movimentos e meu corpo simplesmente me guiava insanamente e completamente promiscua. Aquela não era eu. Mas eu não estava me importando. Dane-se a razão, dane-se o bom senso, dane-se a sanidade. Hoje era uma noite sem regras, feita apenas com um propósito para mim.

Esquecer.

Promiscuous girl, you're teasing me. You know what I want and I got what you need.

Eu queria era me divertir, mas por uma ironia da vida, as vozes dos meus problemas de repente apareceram na minha cabeça.

“Eu te amo. E mesmo que eu tenha que enfrentar até mesmo o inferno isso nunca irá mudar.”

Edward, minha eterna paixão. Um amor proibido ameaçado e arriscado.

“Acha mesmo que me engana Bella ou Mel... Seja lá quem você for neste momento. Você não passa de uma falsa... Bastou eu virar as costas para você se atirar nos braços de Edward.”

Tanya. Quase uma irmã para mim, a quem eu tanto devia. Minha maior rival em meu romance com Edward.

“Ainda não acabou, Bella.”

Irina. O diabo vestido de cordeiro na minha vida. Sempre se fez de santa, mas estava armando uma vingança insana contra mim, o tempo todo. E ela conseguira.

Todos eles e mais um pouco eram meus problemas. Problemas que eu queria esquecer, mas ficavam gotejando em minha mente como uma torneira mal fechada.

Promiscuous boy, let's get to the point. Cuz we're on a roll. You ready?

Fechei meus olhos e joguei as mechas do meu cabelo que caia em ondas por meu rosto para trás, me balançando no ritmo da musica.

De repente, senti o meu corpo formigar, como se estivesse em chamas e quando abri os olhos dei de cara com um par de olhos azuis extremamente sexys a me fitar de longe, cheio de luxuria, desejo e cobiça. Era a mim que ele estava cobiçando. Eu era o alvo do olhar dele.

Inexplicavelmente eu me sentia guiada e continuar dançando e continuar sendo cobiçada por aquele olhar. Eu desejava aquilo. Ser cobiçada e desejada por ele. Não me pergunte o porquê, pois não sei. Eu simplesmente desejava aquilo.

Ele era lindo, tinha os olhos azuis, o cabelo castanho claro – quase loiro -, e um sorriso malditamente sexy – assim como Edward.

De repente ouvi a batida da musica se metamorfosear em outra, mudando o ritmo e a melodia, enquanto eu fazia minha avaliação do que estava vendo. Continuei dançando.

Ele era muito atraente, lindo e sensual. Mas... eu nunca havia o visto na vida e no entanto, ele havia despertado algo em mim que eu nunca senti antes, embora eu não soubesse dizer o que era exatamente.

Quem era ele?

(PONTO DE VISTA – EDWARD)

Track :: Chasing The Sun (The Wanted).

– Tem certeza que é aqui, Alice? – perguntei - ou melhor, gritei - por cima da musica alta.

– Uhumm... Foi aqui que eu á vi Edward, eu reconheci a frente do PUB, ou melhor, boate – ela gritou, sua voz sobrepondo a musica.

Ótimo, aonde é que eu iria encontrar a Bella aqui, com tanta gente, no meio de tantas mulheres e homens dançando?

– Owo! Musica da hora essa, mano – comentou Emmett.

I'm better, so much better now. I see the light, touch the light, we're together now.

Emmett e Alice haviam vindo comigo para me ajudar a achá-la.

– Comecem a fingir que estão aproveitando a festa, temos de disfarçar – disse Alice para mim e Emmett fingindo dançar, com meu irmão.

Comecei a rodar os olhos pelo salão, mas as luzes dos caleidoscópios piscando em mudando o ritmo não estavam ajudando em nada, apesar de eu ter uma excelente visão noturna.

I'm better, so much better now. Look to the skies, gives me life, we're together now.

De repente, por sorte uma das amigas dela apareceram.

– Edward! – exclamou a morena de olhos castanhos, vindo até mim sorrindo.

– Olá Karen – cumprimentei.

– Nossa, você lembra. – comentou em relação a eu chamá-la pelo nome.

– Mas é claro que eu lembro, Isabel nos apresentou mais cedo. Como vai? – perguntei cordialmente.

Pela visão de Alice, era com elas que a Bella estava, então, eu estava no caminho certo para encontrá-la.

– Vou muito bem. Que surpresa encontrar você aqui – disse Karen com um sorriso.

“Ivy que me desculpe, mas se ele me der bola hoje mesmo eu pego. Oh meu Deus, como ele é lindo” pensava a morena.

Os pensamentos dela me fizeram lembrar de uma outra amiga que Bella teve quando morávamos em Forks, a Jessica.

Aquela era outra que tinha uma mente bastante pervertida em relação a mim.

Coitada. Ela não tinha chance alguma.

We've only just begun, hypnotized by drums. Until forever comes, you'll find us chasing the sun.

– Pois é, vim com meu irmão Emmett e minha cunhada Alice – disse apontando para eles que estavam próximos a mim varrendo os olhos pelo salão disfarçadamente, enquanto dançavam.

– Ah, que bom. Coincidência é que a Isabel também está aqui. Já viu ela? – perguntou.

Isso mesmo. Era exatamente essa a pergunta que eu queria que ela fizesse.

They said this day wouldn't come, we refused to run. We've only just begun, you'll find us chasing the sun

– Sério que a Mel está aqui? Nossa, não há vi ainda.

– Sim, ela está. – confirmou. - Só não me pergunte aonde, a última vez que a vi ela estava com Ivy – ela disse.

– Ouvi meu nome? – questionou a loira de olhos azuis aparecendo do nada. – Olá, Edward. É um enorme prazer, revê-lo – acrescentou olhando para mim, com um sorriso que poderia se dizer, sedutor – se eu tivesse interessado em alguma outra mulher além de Bella.

– O prazer é todo meu – retribui o sorriso.

Oh oh oh oh oh oh... Oh oh oh oh oh oh... Oh oh oh oh oh... You'll find us chasing the sun.

– E ai, cadê a Mel? – perguntou Karen a Ivy.

– Está se divertindo um pouquinho – respondeu a loira com um sorriso perverso.

“Isabel... Isabel... Não queria se envolver com ninguém, mas fisgou o mais gato da noite depois do Deus grego do primo dela Edward” pensava Ivy.

Como assim fisgou? Quase perguntei em voz alta. Quase.

When Daylight's fading , we're gonna play in the dark. Till it's golden again and now it feels so amazing.

– O que quer dizer com se divertindo? – perguntou Karen.

Can see you coming and We'll never grow old again, you'll find us chasing the sun.

– Olhe lá – a loira apontou para o mezanino aonde era o segundo andar.

Segui o mesmo olhar delas – assim como Emmett e Alice -, e foi então que eu a vi.

I'm never, I'm never down. Lying here, staring up and you're looking down.

Era ela. Minha Bella.

Mais linda do que nunca. Provocante e por tudo o que há de sagrado!

Como ela estava tentadora e sexy com aquela roupa.

Ela era a minha perdição, literalmente.

I'm never, I'm never down. Live forever, forever with you around.

Ver ela vestida daquele jeito pela visão de Alice era uma coisa, mas vê-la daquele jeito tão próxima sensual era bem diferente.

Se ainda houvesse sangue quente correndo por minhas veias, com certeza agora ele teria fervido de ciúmes.

Um rapaz alto, dos olhos azuis e de cabelo castanho claro – quase loiro - se aproximou dela e deu nas mãos dela o que eu deduzi ser um drink, com um sorriso cheio de segundas intenções.

We've only just begun, hypnotized by drums. Until forever comes, you'll find us chasing the sun. They said this day wouldn't come, we refused to run, we've only just begun. You'll find us chasing the sun, the sun, the sun, the sun. You'll find us chasing the sun.

Ela sorriu de volta.

Nada bom. Quem era ele? E por que ela reagiu com aquele sorriso?

“Edward, o futuro dela... Não consigo ver nada” pensou Alice.

Virei-me e olhei para minha irmã que me olhava preocupada, vacilando seus olhos entre mim e Bella no segundo andar.

Bella estava bem, e não estava longe de nós. O porquê de Alice não estar conseguindo ver nada em relação á ela?

“Vish, hoje tem. Hoje tem, hoje tem, hoje tem...” pensava Emmett – com malícia -, sem parar olhando para Bella e o rapaz no segundo andar, me distraindo completamente, trazendo a tona o meu completo ciúme dela com aquele garoto.

Fuzilei Emmett, e ele percebendo se desculpou mentalmente pelo tom do comentário.

“Foi mal, Edward. Mas acho melhor você ir lá e deixar bem claro que ela é sua” pensou meu irmão.

Oh oh oh oh oh oh... Oh oh oh oh oh oh... Oh oh oh oh oh... You'll find us chasing the sun.

Minha?

Não, ela ainda não era inteiramente minha, e isso estava nas mãos dela. Mas isso não significava que eu iria jogá-la nos braços de outro e deixá-la livre e desimpedida tão facilmente. Eu iria lutar por ela, para ter o amor, a confiança e o perdão por todos os erros cometidos. Principalmente por tê-la abandonado no passado e a feito sofrer, tendo como conseqüência tudo isso que nós estamos vivendo.

E sabia que isso não iria ser fácil, eu só não contava com um concorrente, justo agora.

Alice não estava conseguindo ver o futuro de Bella, mesmo que nós estando á poucos metros de distância. Por quê?

– Quem é o rapaz que está com ela, Karen? – tentei disfarçar o ciúme na voz.

When Daylight's fading, we're gonna play in the dark. Till it's golden again and now it feels so amazing. Can see you coming and we'll never grow old again. You'll find us chasing the sun.

– Não sei o nome – admitiu. – Mas sei que ele é um novato, chegou a pouco mais de três meses da Itália, pelo menos é isso que dizem no campus da universidade. Parece que ele veio transferido de uma faculdade de lá junto com a irmã dele que se chama Luana, essa eu conheço, é uma amiga. Agora ele não.

– O que importa de onde é e o nome, Karen? Ele é um gato, e a Mel conseguiu atrair todos os olhares dele para ela. Desde que nós chegamos, ele não tira os olhos dela. Você viu a hora que ele chegou e tirou ela pra dançar? E antes disso a troca de olhares, o flerte entre os dois? Ainda bem que ela não foi trouxa de recusar, porque esse lugar está lotado de biscate querendo pegar ele hoje – disse Ivy, passando em sua mente a cena que ela viu da hora em que o tal rapaz com a Bella a tirou para dançar.

Ah, então ela tinha dançado com ele?

Flerte? Como assim troca de olhares e flerte entre os dois?

E que sorriso era aquele que ela tinha dado para ele quando aceitou?

Não gostei nada daquilo.

You'll find us chasing the sun. When the Daylight's fading, we're gonna play in the dark.

– Acha que vai rolar entre os dois? – perguntou Karen á Ivy.

Fiquei atento a resposta.

– Talvez, se a coisa continuar caminhando do jeito que está – respondeu à loira.

Foi o que bastou.

Rolar, como assim rolar?

Vi dois pensamentos na cabeça de Ivy que me tiraram do sério - aquela garota tinha uma imaginação bem fértil.

Primeiro: Um beijo ardente entre Bella e aquele... aquele... Garoto. Pensamento que quase me fez cerrar os punhos e ir lá socar a cara daquele playboy.

Mas o segundo foi pior, muito, mais muito pior.

Os dois dando uns ‘amassos’ literalmente, prontos pra entrarem num estágio mais avançado da situação, prontos para trans...

Argh, merda!

Não conseguia nem pensar na palavra. Não conseguia nem imaginar outro homem beijando-a e tocando-a daquela forma que não fosse eu que a amava e a desejava mais do que tudo.

Aquilo foi à gota d’água.

Till it's golden again and now it feels so amazing, can see you coming and we'll never grow old again. You'll find us chasing the sun.

– Dança comigo, Edward? – perguntou a loira, com um sorriso malicioso, fazendo com que amiga morena dela a fuzilasse com os olhos.

“A Ivy, você vai me escutar mais tarde. Eu o vi primeiro!” pensava Karen.

– Quem sabe mais tarde, Ivy. – respondi nem dizendo que sim, nem que não. Apesar de não ter interesse em nenhuma delas, não gostaria de magoá-las, afinal, elas eram amigas da Bella, umas amigas bem doidas e extravagantes. – Se me derem licença, eu vou até o bar pegar um drink – acrescentei e olhei de relance para meus irmãos sussurrando “fiquem aqui, já volto” tão baixo que só os dois pudessem ouvir.

“Ah, merda! Será que fui com muita sede ao bote? Dei muito na cara que estava interessada nele? Será que ele prefere as mulheres tímidas? Ou será que prefere mulheres morenas a loiras?” pensava Ivy desapontada.

Bem, eu não havia recusado com todas as letras, mas que bom que ela entendeu o recado.

“Ele recusou? Oh meu Deus! Ele recusou. Vai ver ele tem preferência por morenas assim como eu sou, ou garotas menos oferecidas do que Ivy. Quem sabe mais tarde eu não possa...” não fiquei ali para terminar de ouvir os pensamentos de Karen.

Passei pelas pessoas que estavam ali dançando e subi as escadas como qualquer outro membro aproveitando a noite na boate, mas eu estava mesmo era atrás da Bella.

Quando eu cheguei ao segundo andar no mezanino, lá estava mais vazio do que no primeiro onde ficava a pista de dança, apesar de haver varias pessoas jogando conversa fora, algumas dançando e tinha uns casais de namorada procurando um pouco menos de agitação para poder ficarem mais á vontade -, agradeci aos céus por isso. Todos estavam bem distraídos.

Assim ninguém notaria caso eu precisasse tirá-la de lá a força... Espere!

Parei no corredorzinho que levava aos toaletes e a uma das saídas de emergência, numa sombra aonde as luzes coloridas da boate não chegavam, nem mesmo as embutidas da coqueteleira onde o barman preparava os drinks.

Olhei para ela e para o rapaz com ela novamente, apenas observando enquanto deixava o ciúme me corroer.

O que eu estava pensando?

Tirá-la de lá a força? Não, claro que não.

Eu não era o namorado dela nem nada do tipo, nós não tínhamos nenhum tipo de compromisso sério – ainda -, e além do mais quando cheguei aqui em Londres e a reencontrei, ela já tinha uma nova vida. Mas, será que o rapaz que estava com ela e ela já tinha alguma coisa há algum tempo e as amigas e ‘família’ dela não sabiam de nada? Será que fora por isso que ela pedirá para eu esquecê-la ontem? Por que já havia outro em sua vida? Será que eu havia chegado tarde demais?

E se ela realmente estiver falando sério quando disse que não me amava da mesma forma?

E se... E se ela não sentir mais o mesmo que sentia no passado por mim? E se ela não me amar como me amava? Será que eu realmente a perdi novamente? E desta vez para sempre? E pra um humano?

Não espere. Talvez eles sejam apenas amigos ou conhecidos.

Mas e os flertes e as trocas de olhares entre os dois que as amigas dela viram?

Eles pareciam tão íntimos conversando...

Eu não podia culpar o garoto por desejá-la, afinal ela é linda e é uma verdadeira e provocante tentação, em especial hoje com aquela roupa. E também não podia culpá-la por seguir sua vida adiante.

Fui eu quem causou tudo isso. Eu a deixei. O erro mais estúpido do mundo. O pior erro de toda a minha existência, nem mesmo a minha frustrada tentativa de suicídio pela noticia de sua falsa morte foi um erro tão grande, afinal, a minha morte era pra ter acontecido em 1918, quando a gripe me atacou, mas enfim, isso não vem ao acaso agora. E sim os erros cometido em relação ao amor da minha vida, a razão da minha existência, minha eterna paixão.

Ninguém me odeia no mundo como eu mesmo. Ninguém se condena tanto por tudo o que ela passou e vem passando como eu me condeno. Essa seria uma culpa que eu carregaria por toda a eternidade, nada conseguiria atenuá-la. Nunca. Mesmo que Bella e eu conseguíssemos ficar juntos novamente, - superar o tempo e a distância -, eu sempre me culparia pelos três longos anos de seu sofrimento.

Sim, são três anos contando com os meses antes da noticia de sua falsa morte.

Oito meses eu havia ficado longe dela por egoísmo achando que era o melhor para ela, e logo depois, recebi a noticia de sua falsa morte. Dois anos e quatro meses haviam se passado desde o nosso segundo adeus – o primeiro foi quando eu a deixei, em Forks, pensando em sua segurança.

De repente me dei conta de uma coisa.

Seu aniversário era em 13 de setembro, e se já havia se passado três anos desde aquela desastrosa ocasião da festa em minha casa, então ela estava com 21 anos. Ela não sabia disso. Não sabia a real data de seu aniversário. Estávamos em outubro. Então, ela havia feito aniversário o mês passado.

O tempo passará, mas em nada alterará em sua beleza. Talvez a tenha deixado ainda mais linda.

Três anos desde o nosso primeiro adeus!

E agora, aqui estavam as conseqüências da minha infeliz escolha de deixá-la. Eu estava perdendo a dona da minha vida mais uma vez. Tantos erros idiotas!

Sim. Ela era a dona da minha vida e... O que eu faria no mundo sem ela? O que?

Voltar para a Ilha de Esme e deixar que as alucinações de sua voz, de seu rosto, de seu amor, de seus beijos, de seus lábios, as alucinações de algo que não existia, me consumissem e me tomassem por completo novamente, assim como aconteceu durante esses três anos desde quando eu a abandonei, não só na Ilha, mas em vários outros lugares que estive durante todo esse tempo?

Olhei para ela e para o rapaz novamente deixando as chamas do ciúme, inflamar por todo o meu ser. Doía e ardia em meu coração morto como fogo.

Observei quando ela sussurrou alguma coisa para ele que deu um sorriso para ela enquanto se afastava. Ele foi até o bar. E ela estava vindo em direção.

Parece que o cara divino lá de cima, estava á meu favor.

Meu raio de sol, meu amor, vindo em minha direção.

Oh oh oh oh oh oh... Oh oh oh oh oh oh... Oh oh oh oh oh... You'll find us chasing the sun.

Ela entrou no corredorzinho onde eu estava, olhando para baixo, eu apenas segurei levemente e com sutileza o seu pulso, antes que ela pudesse passar por mim.

– Edward! – ela exclamou surpresa quando levantou os olhos e me viu.

(PONTO DE VISTA – BELLA)

– Então você é da França? – ele me perguntara enquanto trazia um drink para nós dois.

– Sim, sou de Paris – respondi. – Obrigada. – agradeci quando ele me passou o drink com uma cereja dentro.

– Não por isso, princesa – respondeu piscando para mim, com aquele sorriso malditamente sexy que me fazia lembrar Edward.

– E você, é de onde?

Bom, até agora ele sabia muito sobre mim e eu nada sabia sobre ele.

Desde á hora em que eu o vi e que ele me tirou para dançar - depois de uma longa troca de olhares admito -, que eu não conseguia entender o porquê eu me sentia tão atraída por ele. Eu não sabia o nome dele ainda. Assim como ele também não sabia o meu.

– Sou da Itália. Meus pais morreram num acidente de carro em Verona. Meu amigo Alec já estava aqui em Londres á quase dois anos á trabalho pra uma garota e ele me propôs que eu viesse morar junto com ele e ajudá-lo numa coisa. Eu aceitei, afinal, as empresas da minha família ficam todas aqui na Inglaterra, ficariam mais fácil de administrar. Mas tinha minha irmã. Alec disse que ela seria muito bem vinda também, então, conversei com a Luana e ela aceitou vir, disse que faria qualquer coisa para estarmos sempre unidos. Pedi a transferência do meu curso de direito para a universidade daqui e ela do de moda, e agora aqui estamos – ele me dissera.

– Seus pais morreram? Nossa, sinto muito. Deve ter sido difícil pra você.

– E foi. Mas foi pior pra minha irmã Luana.

– Quantos anos sua irmã tem? – perguntei.

– A minha idade, 22 anos. Somos irmãos gêmeos, apesar de não sermos tão parecido assim. E você, quantos anos tem? – questionou - Hã... ainda não sei seu nome – lembrou.

Sorri.

– Tenho 20 anos. E meu nome é Isabel. Isabel Denali Baudelaire. Mas sou mais conhecida como Mel, pode me chamar assim. E eu também não sei o seu nome – lembrei-o.

Ele deu risada, os dentes brancos perfeitos, a mostra. Até a maneira de ele sorrir era lindo, e extremamente sensual.

– Meu nome é William. William Von Doelinger. Mas pode me chamar de Ian. Quase ninguém me chama pelo meu nome. – ele disse, sua voz era forte, tinha um toque aveludado também.

– Tudo bem Ian.

– E então, você tem família aqui em Londres? É solteira, noiva...?

– Moro com meus tios, minha prima Tanya e minha irmã Kate aqui em Londres, meus pais também morreram há alguns anos. E sou solteira. – disse à história que todos conheciam. Não podia dizer a verdade. Nunca.

– Solteira? Difícil acreditar, ainda mais sendo você tão linda como é. – arqueou uma de suas sobrancelhas perfeitas.

– Sim sou solteira, é mais por opção própria. Mas agradeço o elogio – disse sorrindo. Meus pensamentos vacilaram para Edward, mas o fato era que nós não tínhamos nada sério. Só foram alguns beijos. Beijos proibidos e apaixonados.

Dei um gole em meu drink. O álcool estava queimando minha garganta, mas eu não me importava. Eu precisava de distrações.

Tirei à cereja do meio do drink e coloquei na boca, puxando apenas o cabinho. Tinha um gosto maravilhoso.

– Bom saber – comentou, dando um sorriso de lado, olhando em meus olhos. Flertando. – Bem, e você esta cursando o que na universidade? – mudou de assunto.

– Gastronomia. Eu e minha irmã Kate nos formaremos em pouco mais de um mês. Graças a Deus faltam poucas semanas para acabar. Não sei mais por quanto tempo iria agüentar ficar sendo cobaia dos professores e suas receitas malucas.

– Ué, não gosta dessa área em que escolheu estudar? – deu risada.

– Gosto. É interessante as aulas, mas pra mim é apenas uma distração. Uma distração que no início era bom, mas se tornou esquisita com o tempo. Enquanto estávamos nas receitas de Cookies de Chocolate recheados com Cerejas em calda tudo bem, mas quando eles começaram a inventar coisas extravagantes a coisa ficou séria. Acredita que minha amiga conseguiu botar fogo num bolo durante uma aula pratica? – dei risada me lembrando da cena.

Ivy apavorada com um bolo torrado literalmente nas mãos foi uma comédia.

– Nossa, ela conseguiu essa proeza?

– Conseguiu. Nem sei como ela consegue médias altas e vai conseguir o diploma de término da faculdade.

– É, tem coisa que acontecem que até Deus duvida – comentou.

– Concordo – disse, ao mesmo tempo em que sentia um enjôo estranho.

Não consegui evitar uma careta em meu rosto. Levei a mão - que eu não segurava o drink - aos meus lábios.

– Tudo bem, Mel?

– Claro, só estou um pouco enjoada. Acho que não devia ter bebido o drink sem ter comido nada – disse olhando para a pista de dança no andar de baixo e vendo as pessoas se divertindo na calada da noite, enquanto as luzes coloridas giravam hipnoticamente pelo recinto.

– Quer se sentar. Quer que eu pegue um copo d’água para você? – questionou.

– Não obrigada... Hã... Me da um minuto? Vou ao toalete. –

– Claro, te espero aqui. – respondeu, pegando da minha mão o drink e me lançando um sorriso.

– Não demoro – disse me afastando dele.

Sai andando, sentindo uma inquietação desconcertante. Não devia ter bebido nem sequer uma gota de álcool.

Fui em direção aos toaletes ouvindo a musica do lugar se metamorfosear em outra, que tinha a melodia um toque misterioso e sedutor ao mesmo tempo.

Track :: Black Out The Sun (Darren Hayes).

Quando entrei no corredorzinho que daria para os toaletes e para uma das saídas de emergência, uma mão firme segurou meu pulso.

Quando levantei meus olhos e eu o vi, quase entrei em estado de choque, tamanha á minha surpresa.

Meu coração disparou, minhas mãos ficaram gélidas e escorregadias, e um arrepio percorreu por meu corpo da cabeça aos pés, e o enjôo fora substituído por milhares de borboletas no meu estomago, ao dar de cara com seus olhos dourados.

– Edward! – exclamei surpresa, me sentindo estranha.

No. Turn off the sun, take down the moon, for I don't need them anymore.

Senti um sentimento de culpa, como se o tivesse traído por me sentir atraída por outro homem que não seja ele.

– Bella – ele deu um sorriso torto lindo. Eu disse mesmo que o sorriso de Ian era malditamente sexy e me lembrava Edward? Não tinha comparações com a perfeição e a sensualidade do de Edward. O dele era perfeito. E a intensidade de seus olhos dourados nos meus, era fascinante. Deixava-me encantada e deslumbrada. E eu disse mesmo que Ian era lindo? Edward é um Deus perto dele. – Te encontrei – murmurou, sua voz era suave e aveludada como mel e seda.

Go. Switch off the stars and paint the sky black, love isn't ever coming back. There's no use in imagining a world without you, your love was like a drug I was addicted to.

– O que está fazendo aqui? Como me achou? – sussurrei surpresa.

– Alice. Ela viu onde você estaria. E depois com um pouco de sorte e trabalho nós conseguimos encontrar o lugar certo – sussurrou sorrindo.

– O que aconteceu, porque está aqui? Não esperava te encontrar, pelo menos não agora.

Cause there's nobody else who can hurt like you hurt me, I don't wanna be lonely and there's no other way there's no joy there's no meaning, just this hollowed out feeling. Now all the love's gone and nothing grows here and I just feel wrong.

So black out the sun and all that we share, we'll slowly disappear there's a hole where my soul used to grow. So just black out the sun.

Ele pegou minha mão me puxando mais para a escuridão do corredor apertado, olhando a nossa volta para ter certeza que ninguém estava nos vendo. Encostei as costas na parede enquanto ele passava os braços por minha cintura, ficando de frente e mais perto de mim. Envolvi os braços em volta de seu pescoço. Eu adorava ficar assim com ele. Eu adorava estar nos braços dele. Eu adorava a idéia de pertencer somente á ele.

Quem era Ian mesmo?

– Fiquei preocupado com você, anjo – admitiu encostando sua testa na minha; eu sentia seu hálito doce e maravilhoso, seu perfume almiscarado e sua respiração gélida em meu rosto. – Kate te deixou no hotel mais cedo, mas quando ela ligou para lá, foi informada que você havia fechado a conta. Ela não conseguia falar com você de maneira alguma no celular e Alice teve uma visão sua aqui nessa boate. É perigoso demais pra você ficar sozinha por ai, quando há uma vampira maluca querendo fazer mal á você. – murmurou tocando meu rosto com uma das mãos, - enquanto a outra estava na minha cintura -, deixando um rastro de frio e calor em minha pele.

No. Stop all the rain and poison the ground, love doesn't want to hang around.

Sua expressão era mesmo de preocupação.

Droga. Esqueci de ligar para Kate!

– Esqueci de avisar ela que iria passar a noite na casa de Karen e Ivy. – sussurrei, me amaldiçoando mentalmente por preocupá-los - Mas Edward, não se preocupe. Não tem nada demais aqui, á não ser um monte de gente que tenho certeza que vai sair daqui bêbada. O que não é o meu caso. – disse sorrindo, enquanto ele sorria de volta. - Irina não seria doida de tentar algo contra mim em lugar público – tentei tranqüilizá-lo.

– Tem razão, muita gente vai sair bêbada daqui hoje. – concordou, sorrindo e depois ele ficou sério. – Mas tem algo de errado aqui sim, Bella. Quando eu cheguei, encontrei suas amigas Ivy e Karen e vi você conversando com um rapaz. Mas o seu futuro desapareceu por completo naquela hora, embora eu estivesse vendo você. Alice não consegue ver nada.

Vi você conversando com um rapaz. O que será que está passando pela cabeça dele?

Go. Turn all the fruit, into bits of wine it was only sweet when you were mine. There's an emptiness inside of me since you've been gone. All the world has lost its meaning, all my colors run.

Peraí, meu futuro desapareceu? Outra vez?

Bom, vai ver é mais uma das coisas anormais que há nesse mundo sobrenatural, vai saber.

– Alice está aqui? – perguntei.

– Sim, ela e Emmett vieram comigo para me ajudar a te procurar, anjo.

– Desculpa. Não queria te preocupar e te dar o trabalho de ter que ficar me procurando.

Cause there's nobody else who can hurt like you hurt me, I don't wanna be lonely and there's no other way. There's no joy there's no meaning just this hollowed out feeling.

– Não importa. Não foi trabalho algum, além do mais valeu à pena – ele disse com um sorriso sedutor, tirando uma mecha de meu cabelo ondulado do meu rosto e o colocando atrás de minha orelha. Seus dedos roçando em meu pescoço me causaram calafrios.

– O que quer dizer? – quis saber enquanto ele inclinava seus lábios em direção aos meus e começava as sussurrá-los nos meus, separando-os um pouco.

Minha respiração e os batimentos do meu coração se alteraram no mesmo momento.

– Valeu à pena, só pra ver você linda e sedutora desse jeito – ele dissera com uma voz extremamente sensual, enquanto enlaçava minha cintura com os braços. Eu perdi a linha.

Now all the love's gone and nothing grows here, and I just feel wrong. So black out the sun and all that we share we'll slowly disappear.

No segundo seguinte estávamos nos beijando, seus braços fortes apertando minha cintura, enquanto meus dedos se enroscavam em seu cabelo cor de bronze. Ele me beijou por um longo tempo e tentou se afastar quando eu ainda não estava pronta para soltá-lo.

There's a hole where my soul used to grow so just black out the sun.

Estar nos braços de Edward, era como estar no paraíso.

Abrimos nossos olhos por uma fração de segundo e depois voltamos a nos beijar. Mas dessa vez com mais ardor.

Now nothing compares, how could it even dare. Cause now that love's gone, I wanna black out the sun.

Seus lábios foram descendo por meu queixo, meu pescoço, meu ombro, para trás da minha orelha... Deixando um rastro de fogo e não de frio por onde passava.

– Tão tentadora e provocante! – sussurrou com os lábios beijando meu pescoço - Não sei se sou forte o suficiente... Para ficar longe de você – sussurrou no meu ouvido, provocando arrepios por meu corpo em chamas.

Cause there's nobody else who can hurt like you hurt me, I don't wanna be lonely.

E quem foi que disse que eu queria que ele ficasse longe de mim, principalmente, com ele me beijando dessa forma?

– Vai ficar aqui? – perguntei, entre seus lábios.

– Se você quiser. Estou em suas mãos – sussurrou e voltou a me beijar.

Now all the love's gone and nothing grows here, and I just feel wrong.

Sorri em seus lábios com a idéia.

– Está em minhas mãos é? – murmurei, enquanto ele descia os lábios por meu pescoço.

– Uhummm... Você é a minha perdição – sussurrou com a voz rouca no meu ouvido, mordiscando minha orelha, me fazendo ter mais calafrios percorrendo por meu corpo em chamas.

Ah, Edward!

Ele adora me provocar.

– Tome cuidado, posso querer me aproveitar disso – sussurrei em seu ouvido.

– Fique a vontade, amor – ele sussurrou sorrindo em meus lábios, de depois voltou a me beijar.

Edward me fazia perder a razão. Ele conseguia me fazer perder a linha literalmente. Ele conseguia me fazer esquecer tudo, com apenas um beijo, apenas um toque, apenas um olhar. Aquele olhar quente, que me fazia perder os sentidos e me fazia ficar molinha feita marshmellow.

– Sinto a sua falta. Mais do que você pode sequer imaginar, amor – sussurrou, pressionando seus lábios novamente nos meus.

– Eu também – admiti, beijando-o.

So black out the sun and all that we share. We'll slowly disappear there's a hole where my soul used to grow.

Sim, eu sentia a falta dele. Por mais que eu soubesse o quão arriscado era esse nosso proibido romance secreto – acho que assim pode-se dizer -, eu adorava poder ficar com ele, nem que seja por dez minutos. Mas depois a sensação de vazio provocada por sua ausência era dolorosa, principalmente, quando eu pensava no nosso passado. No fato de nós termos nos separado.

Eu não havia esquecido esse detalhe, e nós dois tínhamos muito que conversar sobre nossa história. Havia muito que eu queria saber sobre isso, principalmente, o porquê dele ter me deixado. O que realmente havia acontecido entre nós?

Edward era um problema e ao mesmo tempo a melhor coisa que havia acontecido em minha vida. Mas tantas barreiras havia entre nós...

Em momentos como esse é fácil imaginar que nós poderíamos, sei lá, fugir pra algum lugar e ficar juntos para sempre, esquecendo todo o resto do mundo.

Mas na realidade, a coisa era bem diferente. Não havia apenas eu e ele em que pensar. Não estava em jogo apenas o que nós dois sentíamos um pelo outro – ele ainda não sabia o que eu realmente sentia por ele, não sabia como eu era apaixonada por ele, assim como ele por mim. Eu não havia dito nada há ele. Ainda.

Mas havia mais, muito mais entre nós dois e nem tudo era um mar de rosas. Não podíamos ignorar isso.

O sol sempre iria nascer trazendo o brilho da felicidade, mas em tempos de escuridão, nem sempre o anoitecer seria iluminado pela lua.

So just black out the sun.

– E então, vai querer que eu fique aqui com você? – sorriu.

– E o que vou dizer pra Ivy e Karen? Esqueceu que pra todos os efeitos você é meu primo? Isso não seria legal – respondi dando risada.

– Interessante essa idéia de romance proibido entre primos – ele me beijou novamente – Mas se isso é um problema... Então, vamos sair daqui. Vamos pra qualquer lugar. Só nós dois. Basta você dizer que sim – propôs.

Ah, como eu queria aceitar. Como eu queria aceitar.

Idéia tão tentadora. Tentadora demais!

– Não podemos. Você sabe muito bem disso. E além do mais eu tenho muito para pensar, e com você por perto, não vou conseguir ser muito coerente.

Ele sorriu.

– Eu disse que iria te dar todo o tempo que precisasse e vou honrar a minha palavra. Vou esperar por você o quanto for preciso. Eu te esperei por mais de cem anos, e vou te esperar por mais cem se for necessário – prometeu-me, selando meus lábios com um beijo doce e carinhoso.

Não conseguia dizer nada. Fiquei sem fala após o que ele me disse.

Ele me amava tanto. E eu não o merecia.

De repente me lembrei de Ian. Ele devia estar me esperando. Foi ai que o sentimento de culpa me atacou novamente.

– É melhor você ir, suas amigas devem estar te esperando, anjo – sussurrou, acariciando o meu rosto.

– Tem algum tempo que eu não vejo Ivy e Karen – admiti me lembrando delas. Fazia mais ou menos uma hora que eu não as via.

– Bom... Você parecia estar bem... Bem... Distraída conversando com aquele garoto – notou, hesitando tentando escolher as palavras certas, eu presumi.

Merda!

E agora? O que eu iria dizer á ele? O que ele iria perguntar?

– É, eu estava – admiti meio constrangida. Ta bom isso é um eufemismo, eu estava muito constrangida e envergonhada.

– É seu amigo? – quis saber, ele parecia estar despreocupado. Mas eu via um conflito interno no fundo de seus olhos cor de mel. A profundidade e a intensidade deles me fascinavam, mas havia algo ali que ele estava tentando esconder.

O quanto ele havia percebido? Será que eu o estava magoando?

Argh, eu sou muito idiota!

O que ele estava pensando de verdade?

– Hã, é mais um colega de faculdade. Mudou-se pra Londres há pouco tempo, e eu não o conhecia até hoje. Estávamos jogando conversa fora – e eu estava me sentindo estranhamente muito atraída por ele, querendo que ele me desejasse ainda mais do que já estava, acrescentei mentalmente me amaldiçoando novamente, pelo que havia acontecido mais cedo.

Mas que droga!

Apaixonada por um e atraída por outro. O que diabos há de errado comigo?

Porque aquilo aconteceu?

Literalmente, eu não sou normal.

– Hummm... Entendi. É que vocês pareciam ser tão... Amigos – disse, dando ênfase a última palavra.

Ele havia percebido, ele havia percebido, minha mente gritava sem parar.

Merda, mil vezes merda!

Eu amava Edward. Era louca por ele, mas não conseguia entender essa atração que o Ian havia despertado em mim. O Ian era bonitinho – não, mentira, ele era um gato tenho de admitir, mas não chega nem aos pés de Edward.

Numa competição entre Edward e Ian, Edward ganharia em disparada, aliás, nem há como competir. Isso seria golpe baixo.

– Impressão sua – puxei seu rosto novamente beijando-o, uma verdadeira façanha para distraí-lo.

Ele me puxou pela nuca enroscando suas mãos nos fios de meus cabelos, aprofundando ainda mais o beijo.

Aquele beijo me assustou.

Ele me beijou de uma forma, como se nossas vidas dependesse daquilo. Eu não me importava com nada desde que ele não me soltasse, mas infelizmente, quando o ar se tornou escasso foi o que aconteceu. Ele teve de me soltar.

– Vou indo, meu anjo. Deixei Alice e Emmett no andar de baixo. Você quer que eu avise Kate, sobre onde você esta? – perguntou, acariciando minhas bochechas com a ponta de seus dedos.

– Não é necessário. Vou mandar uma mensagem para ela dizendo com quem e onde eu estou. Não se preocupe comigo, vou ficar bem.

– Eu tenho medo do que pode acontecer a você – admitiu.

– Nada vai me acontecer. Sei me cuidar – tranqüilizei-o.

– Existem certas coisas que você não pode lutar contra meu amor, e é exatamente por isso que eu fico sempre por perto. Pra te proteger dessas coisas perigosas. – sussurrou, dando um beijo na ponta do meu nariz.

Assenti concordando.

Meu amor, meu anjo. Eu adorava quando ele se referia a mim dessa forma cheia de carinho.

Eu estava apaixonada por ele.

Eu poderia ter duvida de qualquer coisa no mundo, mas se existia algo que eu tinha certeza absoluta, era de que eu estava completamente e irrevogavelmente apaixonada por ele.

– Eu realmente tenho que ir, amor. Estou começando a ficar preocupado com Alice também. Se o seu futuro está desaparecendo sem motivos, fico imaginando se não tem mais coisas acontecendo que ela não pode ver. – ele disse com um sorriso torto pressionando seus lábios mais uma vez nos meus.

– Isso já aconteceu alguma vez?

– Não, nunca havia acontecido antes. Precisamos averiguar isso direitinho para saber o motivo das visões estarem desaparecendo.

– Ta. Mande um beijo para Alice e um abraço para Emmett, por mim – pedi.

– Claro. Bom, vou indo, mas antes... – ele parou de falar e começou a me beijar novamente.

Não consegui deixar de sorrir, quando seus lábios esmagaram os meus num beijo profundo, lento e crescente.

– Desse jeito a gente não vai sair daqui nunca – sussurrei em seus lábios.

– Idéia tentadora – me beijou novamente.

– Vai. Sua família também precisa de você, principalmente Alice nesse momento. E eu preciso achar as minhas amigas – disse pousando as mãos uma de cada lado de seu rosto, enquanto ele pegava minha mão direita e a beijava.

– É, realmente você precisa achar as suas amigas. E vê se coloca um pouco de juízo na cabeça daquelas duas – alertou-me.

– Por quê? – questionei dando risada.

– Tenho certeza de que elas vão dizer á você – respondeu.

– Ta bom. – olhei fundo nos olhos dele. – Nós vamos precisar conversar depois. Não aqui nem agora, mas nós realmente precisamos ter uma boa conversa.

– Eu sei amor, e eu vou estar te esperando. Sempre. – prometeu me dando um rápido beijo nos lábios.

Abri meus olhos e encontrei nos brilhantes olhos dourados dele, um toque de dor. A mesma dor que eu virá mais cedo.

– Feche os olhos, amor – pediu, beijando os meus lábios novamente, com doçura.

De olhos fechados, eu apenas sentia. Sentia sua respiração em minha pele, sentia o seu perfume almiscarado, sentia seus lábios descerem por meu queixo, por meu pescoço, até chegarem á minha orelha.

– Eu te amo, Bella – sussurrou baixo em meu ouvido, com sua voz sedutora e aveludada.

Sorri.

– Eu te amo, Edward – sussurrei, não agüentando mais esconder o que eu sentia por ele.

Mas era tarde demais.

Abri meus olhos, mas ele não estava mais ali.


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Notas finais do capítulo

Ugh, já to sentindo minha orelha queimar! Não me matem... Não me matem!
Eu sei que vocês devem estar querendo me apedrejar por causa da atração da Bella pelo Ian. Eu também sei que foi maldade aquela cena da Bella querendo ser desejada por ele, ele cantando ela na boate... Mas eu precisava introduzir essa cena na história pra fazer sentido mais pra frente. Em breve vão entender o porquê.

~ Lê: eu tenho uma queda secreta pelo William/Ian Von Doelinger, então ele é meu >< ~
Mas o Edward ainda é a razão da minha vida *-*
~ Edward é propriedade minha também, tire os olhos do meu vampiro sexy, Deus da sedução e do sex... Ops, falei demais :3
* Agora, pra quem quiser saber quem é o interprete que eu imaginei pro Ian, só jogar no Google Chris Pine, ele é lindo *-*

Ah, quase esqueci. Viram que a capa mudou? E aí, gostaram da nova capa de EP? Ta menos dark né? :3
A frase eu tirei de The Vampire Diaries: Amor se escreve com sangue.
Bem, acho que é só por hoje.
Não aceito reclamações dessa vez - eu sei que demorei um pouquinho pra postar -, mais o capítulo ficou gigante, hem!
Ah, to preparando bônus pra essa fic. Ela vai ter uns capítulos extras que não tinham no enredo, em breve vocês vão ver (:

Por favorzinho fantasminhas, apareçam meus anjinhos, pois sei que estão por aí. ◕‿◕
Aguardo ansiosa os comentários de todos vocês.
Até breve ♥