“Caralho, que demora!” – pensava Liam, ansioso para ver a priminha, que agora, bem, já era quase uma mulher formada.

– Mãe, o avião dela vai demorar para chegar? – perguntava Liam.

– Calma filho! – ria sua mãe – Porque quer tanto que ela chegue, hein? Ihhhh, sei não hein... Ela é sua prima, tá bom? Hahaha.

– Cala boca mãe. – disse, revoltado – Não é nada disso que você tá pensando, ok? Só estou ansioso para ver como ela está, bem, depois de 8 anos. Aliás, ela não é mais a minha priminha pequena, não é mesmo?

– Não é mesmo. – disse sua mãe – Ela está linda!

– Mas como você sabe? – perguntou encucado.

– Querido, olhe pro lado! – disse Karen, apontando para o lado do garoto.

– BU! – disse Jullie, com um sorriso no rosto. – Hey, que saudade!

Os dois se encararam por dois minutos. Não sabiam se choravam, riam, gritavam, sorriam, gargalhavam. Mas que estavam felizes estavam. O que o tempo fazia com a pessoa, não é? 8 anos atrás eram apenas duas crianças, inocentes. E agora... Bem, agora viviam a melhor (e pior) época de suas vidas: A adolescência.

– Qual é, mané? – disse Jullie, com a ironia na voz – Vai me abraçar logo, ou eu que vou ter que fazer isso?

– Oh, me desculpe, senhorita sabe-tudo. – disse Liam, rindo – Parece que continua a mesma criança irritadinha de sempre, viu.

– Eu não era irritada, ok? Eu era... Realista. – disse, também rindo, e dando um forte abraço no primo. – Senti sua falta, bobão.

– Retardada. – disse, querendo irritá-la.

– Idiota. – respondeu, não deixando barato.

– Sem noção. – continuou.

– Eu te amo. – respondeu Jullie, dando fim a “briguinha” dos dois.

Liam ficou com os olhos brilhando. Apesar de tudo, amava a prima.

– E então? Acabou a briguinha dos dois? – disse Karen, com uma voz... Bem, uma voz de mãe.

– Ai tia, não era briguinha, esse idiota que me ama demais! – disse Jullie, indo dar um abraço na tia. – Não é mesmo?

– Ignorante. – disse Liam.

– RE-A-LIS-TA! – disse, fazendo com que a tia e o primo rissem.

– Falo nada, viu. – disse Liam, fazendo bico.

– Ok mané, agora me ajuda com as malas. – disse, dando a pequena ordem.

– Fracote. – disse, ajudando-a.

– Cala boca, Liam. – disse Jullie, um pouco irritada.

– Vem calar! – disse Liam, desafiando-a.

Então foi assim, que os dois primos, com 16 anos na cara, saíram correndo pelo aeroporto, um atrás do outro, tentando calar a boca um do outro. Corpo e rosto de adolescentes, mas a mentalidade...

– LIAM JAMES PAYNE, SOLTE SUA PRIMA NO CHÃO! – ordenava sua mãe, um tanto revoltada.

– LIAM, EU VOU CAIR, ME SOLTA! – disse Jullie, querendo soca-lo.

– FRA-CO-TE! – soletrou Liam, com uma voz irônica.

– Você vai ver a frocote! Espera só eu te... – disse Jullie, sendo interrompida pela tia.

– Os dois, pro carro, agora. – ordenou, e com a cabeça baixa, os dois foram.

O silêncio tomou o carro. Não se ouvia uma voz se quer. Jullie e Liam iam no banco da frente, e Karen dirigia o carro.

– Ok, agora os dois já podem falar. – disse.

– Mãe, me desculpa! – disse Liam.

– Vocês pareciam duas crianças, sabiam? – disse, e os dois com vontade de rir.

– Desculpa tia, é que... Eu tava com saudade desse mané, e não resisto quando me desafiam, não mesmo! – desculpou-se Jullie.

– Tudo bem. Agora saíam do carro, chegamos em casa. – disse Karen.