Lembro-me muito bem daquele dia.

Lembro do teu sangue escorrendo,

revelando tua luxúria fria.

As falas foram loucas.

Assim como os falos que tu amou.

Lembro-me dos teus gritos!

Que inda hoje ressoam,

roucos.

Ainda os escuta?

O ato depois do pensamento.

Depois, o nosso chôro.

Quando olhei em teus olhos,

lembrei de qualquer dia,

Outro.

A cor púrpura dos teus hematomas,

doem em ti.

Mas, em mim arrancam minha pele,

Perfurando meus sonhos!

Fivela, contra pele.

Voltemos pra ontem.

Ou hoje, ou qualquer dia, mas que seja de cada vez.

Lembro-me da luz acesa.

O chuveiro levava embora o sangue quente.

Foste para cruz, porém,

eu me acovardei,

Enquanto outros olhos via.

O copo verde com água.

O gosto de banana madura.

Hoje.

Volto a ver teus olhos turvos.

Sem nexo.

Sem paredes.

Sendo carregados por mãos alheias.

Os lábios cortados,

lembram a mão pesada.

A familiar toada da dor que não se vai.

Choro.

Traço-me, comendo meus olhos.

Tranço-me, enrolando minha memórias.

Tenho medo dos meus.

Foi Hoje, é Ontem.

Lúcido.

Vou Ontem para o Amanhã.

Escuro.

Até que outro pesadelo,

me tire da realidade.

Até que outra memória,

nos acorde.