Meu sangue ferveu ao ouvir suas palavras, senti meu coração acelerar, minha boca... estava seca, eu simplismente estava sem palavras... Não acreditava que Julie teria a coragem de falar aquilo, a encarei, porém, ela não conseguia tirar os olhos da janela, parecia que Julie tentava não olhar para mim, não ter nenhum contato... ela não tinha a coragem de olhar nos meus olhos, e repitir tudo. Eu continuava ali, na sua frente, sem palavras, apenas a olhando.

Julie olha para mim, finalmente, ela respira fundo, percebe que eu ainda a encarava.

– Daniel... entenda... entenda o meu lado - Ela para de falar, aquilo foi o suficiente para que minhas emoções que estavam guardadas, '' explodirem '' em palavras.

– Entender ? - Dei uma risada fraca de deboche. - Entender... entender que você apenas me usou, me magoou, e nunca me amou. - Senti que estava ficando nervoso, por um momento, percebi que eu estava me descontrolando, estava sendo grosso, e arrogante, como eu nunca fui antes. Estava sendo pior, do que todas as outras vezes. Tentei me acalmar.

– Também não é assim... - A interrompi.

– Então é como ?! - Olhei pra ela, mas Julie não me respondia. - Quer saber, esse foi o maior erro. Maior erro de todos. - Balancei a cabeça, em um sinal de negação.

– Que... que erro ? - Julie me encara, com um olhar de preocupação.

– Te amar. - Olhei para baixo. - Esse foi o maior erro... - Olhei novamente para Julie, que se senta em sua cama, ela estava perplexa com as minhas palavras.

– Daniel... - Senti sua voz fraca, ela olhava para o chão... não me encarava, aquilo me deixava ainda mais nervoso. - Eu... - Interrompi Julie novamente... A ultima coisa que eu queria era ouvir sua voz.

– Me esquece... Você conseguiu o que queria, me usou, me magoou, e mentiu. - Fui andando, em direção a parede. - Depois dizem que eu sou o arrogante, o esnobe, o '' sem sentimentos '' - Completei, ainda antes de atravessar a parede. Me aproximei de Julie novamente, ela ainda olhava para o chão, ouvindo cada palavra minha, sem nenhuma resposta ou reação. Toquei seu rosto, o levantei, para que ela olhasse diretamente para mim. - Foi o maior erro te amar... - Soltei seu rosto, Mas Julie olhava bem nos meus olhos, aquilo me deixou um pouco... hipnotizado. Eu estava arrependido das minhas palavras, mas eu era muito orgulhoso para retirar tudo o que eu disse.

– Dan... - Antes que ela pudesse completar o meu nome, sumi de seu quarto, a deixando completamente sozinha.

Passei pelos comôdos da casa de Julie, apenas lembrando todos os momentos meus.... com ela. Todas as brigas, ensaios, musicas, risadas, diálogos, beijos... Tudo era perfeito, até quando as coisas não estavam indo bem, pra mim, tudo era perfeito, quando Julie estava ao meu lado.

Andava lentamente, fiquei invisivél, ainda nervoso, eu não conseguia tirar as minhas palavras pesadas da minha mente... Cheguei na praça, lugar onde eu colocava meus pensamentos em ordem... - Nem dei uma chance para Julie se explicar... Ela... podia ter bons motivos para não me amar, tinha Demétrius no meu caminho, Nicolas no caminho dela... e também, quem amaria um fantasma ? ... Ela não tem culpa... eu... eu estou morto. Preciso tomar coragem, preciso engolir esse orgulho, preciso conversar com a Julie, e retirar tudo o que eu disse, menos o '' Eu te amo '' - Mal cheguei na praça, meus pensamentos estavam em conflito, por um lado, minha mente e meu orgulho não me deixavam voltar para Julie, por outro lado, meu coração gritava para eu soltar meus sentimentos, meus sentimentos pela Julie. Decidi que seguiria meu coração, me arrependi de ter dito aquilo tudo... eu não podia achar um erro, amar a Julie, aquilo não era um erro... não mesmo.

Fui andando, apressadamente, ansioso para olhar nos olhos escuros e lindos de Julie, e dizer que a amava, mesmo... ela não me amando... Já havia chegado na rua da Julie, andava bem rapidamente, estava quase atravessando a parede de sua casa, quando uma voz me parou.

– Olá, Daniel. - Derrepente, tudo o que tinha em minha volta, as arvores, muros, casas, asfalto, rua... sumiram, só havia me restado o branco. E alguém, algum ser sobrenatural ao meu lado. Me encarando.

– Quem é você ? Oque fez aqui ? - Perguntei, estava com a paciencia nos meus limites, faltava pouco para eu não pular naquele... ser.

– Sou o seu destino.

– Destino ? Seu.. Seu louco. - Voei em cima dele. - Do que está falando? - Faltava pouco para eu não acabar com esse destino.

O homem obscuro, era um pouco parecido com Demétrius, mas era muito mais assustador.

– Julie. - Quando ouvi seu nome. O soltei rapidamente.

– O QUE VOCÊ FEZ COM ELA ? - Gritei.

– Eu ? - Ele ri. - Eu nada. Mas você sim, você a magoou Daniel, a magoou seriamente.

– Não. Não a magoei, ela me magoou. Foi ela que me magoou ! - Voltei a gritar.

– '' Foi um erro, te amar. '' Lembra dessas palavras ? - Ele pergunta.

Fiquei paralizado, senti que fiquei frio, literalmente. Senti que minha pele, havia ficado mais palida do que o normal...

– Eu... Eu estou arrependido... - Olhei para baixo. - Eu .. eu a amo.

– Já é tarde para arrependimentos. - Ele me encara. - Afinal, Julie ouviu essas palavras a um tempinho. - Não entendi.

– Como assim ? Faz minutos que eu disse isso a ela...

– Não não... Faz dois anos.

– Do-doi-is anos ? - Gaguejei. - Está blefando. - Cruzei os braços.

– Daniel... Daniel... Daniel... - Ele balança a cabeça. - Sou o mesmo ser que levei Julie ao passado, para ela cumprir a missão apollo 81.

– Você ???? - Fiquei assustado.

– Isso mesmo, agora, você está no futuro, dois anos depois de suas palavras. - Ele some. E as árvores, casas, chão, rua... tudo. Re-aparece.