Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos.

Friedrich Nietzsche

– Capítulo Quatro –

Amiga ou Inimiga?

Draco e Agatha aparataram dentro de um escritório mal organizado, porém confortável, a lareira crepitava alegremente ao fundo, em cima da escrivaninha haviam pergaminhos rabiscados, mapas, penas e tinteiros.

- Eles devem vir a qualquer momento. – disse Draco oferecendo um lugar para que Agatha se sentasse.

- Onde é aqui? – perguntou Agatha se sentando em uma poltrona distante.

- A casa de Harry e Gina. – respondeu Draco sério.

A decepção no rosto de Agatha foi visível, ela não pôde ver os seus amigos se casarem e nem o nascimento de Tiago, era irritante saber que ela poderia ter visto e participado de tudo isso, mas, estava confinada na mansão daquele monstro.

Mais alguns minutos se passaram quando eles ouviram a porta do escritório se abrir, um sentimento há muito tempo não compartilhado tomou conta do lugar. Harry e Gina adentraram no local, os quatro se encaram por um momento, Gina segurando uma bandeja com chá e bolinhos, ela demorou um pouco para sorrir ao ver Agatha, era como se ela não reconhecesse mais a amiga, Agatha esboçava uma feição fria e um sorriso cínico, era como se ela não soubesse mais como fazer isso, sorrir sinceramente.

- Agatha! – exclamou Gina finalmente deixando a bandeja em uma mesinha e correndo para abraçar a amiga – Eu senti tanta a sua falta, como você se sente? E o Jake?

- Eu estou bem. – respondeu Agatha o mais doce possível – Jacob também, ele é lindo.

- Eu vi, Draco trouxe fotos. – disse Gina com os olhos lacrimejantes – Você não sabe o quanto eu esperei por isso.

- Eu também Gina. – disse Agatha se sentindo aliviada por estar ali em um lugar onde ela não precisasse mentir, onde ela não precisasse se fazer, mas, estava tão acostumada com isso que ela até se esquecera de como era ser normal.

- Agatha. – disse Harry sorrindo também abraçando a garota em seguida – Você fez muita falta mesmo. Eu sempre achei isso uma loucura – disse ele agora a encarando – Foi difícil não foi?

- Não se preocupe comigo. – disse Agatha firme – Tudo vai ficar bem.

- Pensei que não viessem mais. – disse Harry agora para Draco.

- Voldemort nos chamou na sala dele, para parabenizar sobre a conquista da Alemanha. – explicou Draco naturalmente.

- É sobre isso que eu gostaria de falar com você. – disse Harry sério – Por não...

- Agatha! – exclamou uma voz esganiçada feita por Hermione a porta do escritório. Hermione deixara os cabelos volumosos crescerem até a cintura e estavam meio presos por uma presilha, ela parecia mais rechonchuda. Rony logo atrás, ele deixou os cabelos como os de Draco, porem estavam mais longos do que o do loiro, ele também prendia como rabo de cavalo e também usava um perfeito cavanhaque, ele estava muito parecido com Gui Weasley anos atrás.

- Hermione, Rony. – disse Agatha baixinho, ela abraçou Hermione fortemente e em seguida Rony este foi mais demorado, eles sempre foram melhores amigos e se encontrarem depois de tantos anos separados era algo muito especial – Senti tanta falta.

- Nós também. – disse Rony a medindo – Você está linda, mas, você nunca precisou de tanta maquiagem pra isso.

- É só o costume. – disse Agatha indiferente.

- Agora que estamos todos aqui. – disse Harry oferecendo lugares pra eles, Gina servia o chá em cada xícara – Draco pode nos explicar por que não nos contou sobre a Alemanha?

- Deixa que eu explico. – disse Agatha naturalmente – Draco e eu fomos a Rússia conquistar mais aliados para Voldemort, eu tive que voltar antes, para fazer uma reunião com os comensais sobre os planos com a Rússia. Então eu vi que a Alemanha era o único país que faltava ser conquistado antes de atacarmos a Rússia, e eu não tinha nada pra fazer então, fiz um plano, mandei Rodolfo à frente dos comensais e deu certo.

- Rodolfo? – perguntou Harry irônico.

- Sim. – respondeu Agatha indiferente – Rodolfo Lestrange, não se lembra dele?

- Claro que eu me lembro. – disse Harry impaciente – Mas é estranho você chamá-lo pelo nome.

- Ele é meu subordinado, quer que eu faça o que? – perguntou Agatha fria – Que o chame de Sr. Lestrange?

- Ok. – disse Rony cortando a conversa entre os dois – Agora que já foi explicado sobre a Alemanha. Precisamos descobrir qual é a outra horcrux que falta.

- Você não faz idéia do que seja Agatha? – perguntou Hermione ansiosa.

- Por que eu saberia?

- Provavelmente essa horcrux era de Rowena. – explicou Hermione – Talvez você tivesse alguma idéia do que poderia ser.

- Eu pensei muito. – disse Agatha deprimida – Mas não faço idéia do que seja.

- E sobre a taça? – perguntou Gina.

- Agatha vai fazer esse trabalhinho. – respondeu Draco sarcástico – Acredito que seja fácil pra você?

- Claro que sim. – disse Agatha com um sorriso torto – Enrolar a Bella se tornou fácil pra mim. Dá pra acreditar que ela confia piamente que Rodolfo e eu temos algo?

Draco deu uma gargalhada.

- Você é má Agatha. – disse Draco cínico.

Harry, Gina, Rony e Hermione se entreolharam, era obvio que depois de sete anos, as coisas mudariam, mas, não pensavam que aquela garota doce e meiga se tornaria uma mulher fria e arrogante. Realmente devia ser muito difícil conviver com comensais o tempo todo e com o próprio Voldemort.

- Olha só a minha educação. – disse Harry se levantando de repente – Deixa eu pegar a sua capa Agatha.

- Não. – disse Agatha em voz alta – Não é necessário.

- Está calor aqui dentro. – disse Gina amavalmente.

- Não obrigada.

- Agatha está com vergonha que vocês vejam a tatuagem no braço dela. – disse Draco fitando o teto e ignorando o olhar assassino que Agatha lançara a ele.

- Você não tem por que se envergonhar. – disse Rony – Nós sabemos que você teve de fazer.

- Mas depois de sete anos eu ainda não me acostumei com ela. – disse Agatha aborrecida.

- Tudo bem. – disse Harry voltando a se sentar.

- E os meus pais, meu irmão e Emma? – perguntou Agatha mais serena.

- Estão bem. – respondeu Rony – Eles ficaram mais felizes depois que o filho do seu irmão nasceu e quando Narcisa se casou com Kingsley... Desculpe Draco.

- Sem problema. – disse Draco naturalmente – Espero que ele seja melhor pra ela do que o meu pai foi.

- Draco me falou do casamento. – disse Agatha deprimida – Eu queria ter ido, Narcisa devia estar radiante.

O silêncio constrangedor tomou conta do lugar, Draco e Agatha perderam tanta coisa, o casamento de seus amigos, o nascimento de Tiago, o nascimento de Kevin o filho de David e Emma, o casamento de Narcisa com Kingsley.

- Estou grávida! – disse Hermione de repente cortando o silêncio.

- Sério? – perguntou Agatha com um sorriso sincero – Isso é maravilhoso.

- Eu queria contar pra você pessoalmente. – disse Hermione alegre – Por que Rony e eu queremos que você e Draco sejam os padrinhos do nosso filho.

- Ou filha. – disse Rony sorrindo.

- É uma grande honra. – disse Draco honestamente.

- Mas acho que não podemos aceitar. – disse Agatha chateada – Essa guerra ainda não acabou.

- Essa guerra vai acabar antes do filho de Hermione e Rony nascer. – disse Draco firmemente.

- Às vezes eu não tenho tanta certeza assim. – disse Gina melancólica – Parece que ainda vai durar anos. Quero dizer, Voldemort está conseguindo mais territórios e mais aliados, vocês dois mesmos o ajudam com isso.

- Você não contou pra eles? – perguntou Agatha confusa.

- Não tivemos tempo para entrar nesse assunto. – explicou Draco – As minhas vindas aqui são apenas de poucos minutos.

- Do que vocês estão falando? – perguntou Harry.

- Quando nós viajamos para conseguir aliados para Voldemort. – começou Draco – Metade ou mais que a metade deles fica do lado da Ordem, a maioria deles não concordam com o domínio de Voldemort, e são esses que irão lutar do nosso lado no dia determinado. Nós os marcamos como comensais de Voldemort, mas, na verdade eles são nossos.

- Vocês têm comensais? – perguntou Rony desconexo.

- Temos. – respondeu Agatha como se aquilo fosse à coisa mais normal do mundo – E todos eles são devidamente preparados para fingir para qualquer outro comensal ou para Voldemort. Draco não recebeu o título de mais temido a toa, esses comensais espalharam que foram torturados por Draco e que o viram matar nascidos trouxas e bruxos que discordavam da nova ordem.

- Como vamos saber quem estará do nosso lado no dia da luta? – perguntou Harry apreensivo.

- Eu darei um jeito nisso. – respondeu Agatha bocejando.

- Acho que já está na hora de irmos. – disse Draco – Não podemos demorar muito ou vão suspeitar.

- Claro. – disse Agatha deprimida, se levantando.

- Manteremos contato. – disse Draco pegando na mão de Agatha e a levando para um canto do escritório, em seguida eles desaparataram.

Os quatro ficaram quietos no escritório, parecia que ninguém se atrevia a dizer o que todos já sabiam, foi quando Gina se manifestou.

- Isso está muito errado. – disse Gina aborrecida – Não é a minha amiga.

- Gina. – disse Harry calmo – Era obvio que ela mudaria um pouco.

- Um pouco Harry? Um pouco? – disse Gina irritada.

- Nós nem sabemos o que ela tem passado. – disse Hermione triste.

- Me escutem. – disse Gina firme – Tem alguma coisa errada com ela.

- Sem paranóia Gina. – disse Rony girando os olhos.

- Lembra da pulseira que ela nos deu Hermione?

- Claro. – disse Hermione mostrando a sua presa do próprio pulso.

- Então. – disse Gina mostrando a sua também – Agatha não usava a dela.

- A Gina, por favor. – disse Rony indignado – Foi há anos atrás vocês tinham o que catorze, quinze anos? Vai ver quebrou o fecho.

- Ou ela não usa, pra não dar bandeira. – disse Harry.

- Vocês não entendem. – alterou-se Gina – Harry, por favor, me escuta. Tem algo errado eu senti.

- O que você sentiu?

- Agatha está sendo corrompida. – começou Gina triste – Ela está quase do lado dele de verdade.

- Do que você ta falando? – perguntou Hermione assustada.

- Temos que tomar cuidado com Agatha. – disse Gina angustiada – O que fizeram com a minha amiga?