Ainda nevava em Londres, peguei o carro e fui buscar meus tios.

Quando cheguei demorou muito pouco e eles chegaram. Abracei tio Fernando e tia Marina.

Jenny vinha atrás arrumando o cabelo

-Prima, tem paparazzi seguindo a gente? – ela perguntou fazendo pose e rindo

-Não lesa – eu disse a puxando para um abraço – jenny! Você tá usando sutiã com enchimento? Tio Fernando, providências aqui.

-Ai, essa Anna tem problema – ela disse fazendo careta – Isso se chama crescer prima.

-Minha bebê – Tio disse – Anna, esses meninos londrinos... não deixe nenhum chegar perto da minha filha.

-Pode deixar tio – eu disse piscando pra Anna

-Ai, eles querem acabar com minha vida – ela disse pegando no braço da tia Marina.

-Cadê meu bebezinho? – eu perguntei chegando perto da Emma, que dormia no colo da tia Marina.

-Tá cansada da viagem – tia dizia me entregando-a – assim como meus braços de carrega-la.

-Meu Deus, como ela tá pesada – eu disse aconchegando-a no meu colo e passando o outro braço pelo ombro da Jenny – Vamos pirralha, leva a mala pro carro – eu disse pra Jenny.

Os guiei pra fora do aeroporto mas Jenny achou uma livraria no caminho e correu pra lá

-Familia, já volto. Preciso me atualizar nas fofocas britânicas

-Ela não muda – eu disse rindo

-Sua filha é doida – tio Fernando disse implicando com tia Marina

-Os genes são seus – ela disse revidando

Os dois eram um casal bem jovem e divertido e eu amava passar tempo com eles. Ficamos conversando enquanto Jenny comprava suas coisas, ela voltou com uma sacola gigante e um The Sun.

-Geentee, olha que babado. Segundo esse jornal, a priminha está grávida -  ela disse balançando o jornal no ar.

-QUE? – eu perguntei pegando dela e Jenny ria.

Jennifer era a prima mais pentelha que eu tinha, isso é um fato.

Olhei o jornal e tinha algumas fotos do jantar de ontem, awnti, como éramos fofos juntos e a manchete era “Um brinde a gravidez”.

-Querida, você tá grávida?

-N-nãão. Não. NÃÃO MESMO – eu disse devolvendo o jornal a Jen

-Hmmm... ai tem coisa – ela disse enquanto caminhávamos até o carro.

-Tem, muita gente com tempo de sobra.

-Jennifer, para de irritar sua prima – tia repreendia a filha.

-Ih mãe, relaaxaa. Eu sei que a Anna não tá grávida, mas é engraçado irritar ela – ela dizia me abraçando de lado.

-Engraçado é a louça que você vai ter que lavar quando chegar em casa – eu disse rindo

Entramos no meu carro, um Citroen C3, tio Fernando na frente, Jenny atrás com Emma e tia Marina.

-Uau minha filha, como você acostumou a dirigir do lado errado? – tio perguntou

-Haha, eu nem lembro mais que o lado errado. No começo é esquisito, mas depois a gente acostuma.

-Cuidado com a pista escorregadia, tá nevando muito. Minha fiiilhaa, freeeiaa. VOCÊ TÁ NA PISTA ERRADA – meu tio gritava

-Não tio... mão inglesa, lembra? – eu dizia rindo

-Fernando, deixa a menina – tia falava

-Olha a London Eye – eu dizia apontando para a roda gigante bem longe.

-Uau... é linda – Jenny dizia

-A cidade está tão tranquila para ser véspera de Natal – minha tia observou.

-É... os ingleses nunca deixam nada pra última hora. Agora eles estão nas suas casas, provavelmente lareira ligada, tomando seu chá. Bem tranquilos. E no Brasil? Como será que tá uma hora dessa?

-Ah, tá quente. Saímos estava quase 40º.

-Uau. 40º. Agora deve tá uns -2º - eu dizia

-É... a família tá toda reunida, seus pais estão fazendo a tradicional ceia, juntando toda a família, os primos e tudo... Só deixaram a gente vir pra cá pra você não passar sozinha, senão seriamos os desunidos né – tia dizia rindo

-É o primeiro Natal que eu passo fora de casa. Nunca achei que sentiria falta de sentir a casa toda cheia de areia e de sofrer com a insolação na ceia de Natal.

-Pois é. Tá todo mundo com muitas saudades e reclamando que você não manda mais e-mails...

-Geentee, isso não é verdade. Papai e mamãe sempre recebem e-mails e eu sempre ligoo.

-Ih prima, queres saber a verdade? Tá todo mundo comentando sobre seu namorado, todo mundo quer saber.

Eu conseguia imaginar perfeitamente, todos os primos e primas acompanhados de suas cervejas, comentando sobre minha vida. Meus tios instigando para saber tudo e mamãe e papai querendo saber tudo também.

-Ué... o que tem pra saber? – eu perguntei

-Ai prima... eu sei que pra você pode ser normal, mas primeiro... você desencalhou, o que já é um acontecimento, segundo... seu namorado é famoso... terceiro... seu namorado é um gato... É... você definitivamente é o assunto desse Natal – ela disse se divertindo.

-Que absurdo – eu disse rindo – Vocês vão conhecê-lo acho... bom, Jenny eu sei que vai.

-Eu queria conhecer esse moço ai – meu tio disse ciumento - tenho que passar as informações para a família, se não gostarmos... eu, meus sobrinhos e meu cunhado daremos um jeito nele.

-Ele está com a família dele agora, mas acho que ele volta logo. Vocês partem para Paris no meio da semana ne?

-Isso. Mas não mude de assunto... eu vi que ele usa brincos. Lucas disse que tem certeza que ele é gay.

Lucas era um dos meus primos.

-O Lucas que é gay – eu disse estacionando o carro – Afinal, ele voltou com aquela piriguete que ele tava?

-Graças a Deus não minha filha – minha tia disse descendo do carro e olhando pro meu prédio – uau, esse é um belo prédio.

Minha tia era arquiteta e simplesmente apaixonada pela profissão, iria pedir algumas dicas para decorar meu apartamento.

-É lindo né tia? E é grande dentro, só tá precisando de mais cor eu acho... Mas eu quase não fico ai, passo o dia no escritório.

-Sempre trabalhando hein – ela disse já me dando sermão

-Ih tia... alguém tem que trabalhar né – eu disse ajudando a tirar as malas.

Percebi que havia alguns paparazzi escondidos nas moitas, mas resolvi não ligar... Eles resolveram que iriam me seguir agora, até quando eu não estava com Zayn.

Entramos no meu apartamento que ficava no 25º andar e todos ficaram maravilhados com a vista, Londres estava completamente branca por causa da neve e de cima estava ainda mais linda.

Vi que a sacola da farmácia com o teste dentro ainda estava em cima da bancada da cozinha e minha tia já havia visto, corri e peguei a sacola e joguei no lixo e olhei para ela com um sorriso amarelo.

-Depois conversamos mocinha – ela disse com um olhar sério, porém não severo.

-Ook... mas eu não menti. Juro – eu disse já me defendendo

-O que foi? – meu tio perguntou tirando o olho da janela

-Nada – minha tia respondeu – só estava perguntando se ela havia comprado o leite que pedi para Emma, ela disse que comprou, mas que tomou todo. Né Anna.

-É... hmm... hamram... – eu disse pegando Emma no colo que despertou um pouco e olhou pra mim

-PIMINHAA – ela gritou feliz enquanto os bracinhos envolviam meu pescoço

-Meu bebêee, você acordou

-Eu não sou bebê, meu nome é Emma – ela disse em inglês

-Ela tá na escola bilíngue, fala tudo já – tia disse

-É... Emma vai pra escola bilíngue e eu tenho que ralar no cursinho de inglês... mundo injusto viu – Jenny disse se jogando no sofá e de repente se sentando assustada.

-O que foi menina?

-Prima... Niall já se sentou nesse sofá? – ela disse começando a cheirar o sofá e eu revirei os olhos.

-Já. Na verdade, ele já dormiu ai algumas vezes

-SÉRIO?

-Anna, se ela começar a irritar muito, pode manda-la para Paris – minha tia disse – a gente dá um jeito nela.

-E estragar a lua de mel? Não, eu dou conta, nem que tenha que tranca-la no banheiro – eu disse e todos riram

-Anna, eu estava pensando em pôr a Emma em algum lugar que ela pudesse praticar mais o inglês – minha tia disse

-Pensamos em alguma creche, alguma coisa assim... porquê ela conviveria com crianças da idade dela e melhoraria o inglês... ela sabe falar muitas coisas, mas sempre é bom melhorar – tio dizia.

-Sem contar que uma criança 24horas dentro de casa dá muito trabalho. Ela ficando na creche no mesmo período que a Jennifer está no curso seria ótimo pra você.

-Bom tia, se for por isso não precisa preocupar, porquê eu estou de recesso nas duas próximas semanas e não teria problema algum ficar com a Emm, e a Jen mesmo sendo maluca não me dá trabalho, mas seria uma ótima ideia pra Emma melhorar o inglês, e como ela ainda é tão criança não sentiria dificuldade.

-É mãe... também acho... Vai que a Emma estuda na mesma creche dos filhos do Jude Law, huh – ela disse subindo e descendo as sobrancelhas.

-Então eu vou procurar alguma e cruzar os dedos para terem lugar para Emma.

--x--

Eu havia feito reservas para a noite de Natal em um dos melhores restaurantes de Londres, estávamos quase saindo quando Zayn ligou.

-Oi – eu atendi fechando o apartamento enquanto Jenny chamava o elevador, meus tios já estavam lá embaixo.

-E sua família já tá ai? – ele perguntou com a boca cheia

-Já sim, estamos saindo pra jantar agora.

-Zayn? É o zayn? – Jenny perguntava baixinho, porém empolgada

-Quem é? – ele perguntava

-A louca da Jenny, você vai conhecer – eu disse e ele riu

-Sua voz tá mais feliz.

-Eu to me sentindo em casa. Falando nisso, como tá ai?

-To comendo muito, Bellinari. Tem tanta coisa gostosa aqui – ele disse mordendo alguma coisa

-Eu to escutando você comendo. Eu vou entrar no elevador agora, depois nos falamos tá? Boa noite de natal

-Pra você também minha linda, te amo.

-Também. EII

-Oi

-Você viu o The Sun hoje?

-Não o que tinha?

-Bom... Jenny comprou um e depois te mostro. Mas mantenha longe da sua família se você quiser ser poupado de perguntas.

-Ok, anotarei a dica.

-Beleza, tenho que ir agora. To sentindo sua falta, Malik.

-Eu também.

-Fala pra sua família que eu to desejando Feliz Natal, você entregou meus presentes?

-Entreguei e elas amaram...

-Haha, elas são fofas.

-VAMO ANNA – Jenny dizia apressada na porta do elevador.

-Escutou né. Tenho que ir, te amo – eu disse, olhei pra Anna e ela revirava os olhos e fingia vomitar.

-Haha, escutei. Tchau.

-Tchau amor

Entrei no elevador e Jenny ria

-Nossa prima, vou vomitar... Sério... Nunca imaginei que você fosse tão melosa.

-Eu não sou melosa – eu disse chutando-a de leve.

-Não, desliga você, você, ah não você – ela dizia rindo

-Há-há, até parece que é assim.

-Ok, vocês são fofos – ela disse quando a porta abriu

Fomos para o restaurante, tivemos um jantar muito agradável, desejamos Feliz Natal a todos, rimos muito, Jenny descontraia todos com o jeito dela, voltamos cedo para casa, eles estavam muito cansados da viagem ainda e foram logo dormir. Estava indo dormir quando tia Marina apareceu.

-Você não acha que eu esqueci da nossa conversinha né? – ela disse sentando ao meu lado no sofá. É... não teria como fugir nessa – Você vai me explicar?

-Então tia... eu estava realmente com medo de estar, atrasou vários dias, eu fiz o teste de farmácia e deu positivo. Surtei totalmente né tia, mas foi alarme falso, no outro dia veio normalmente e o médico disse que poderia ser estresse pelo trabalho ou qualquer outro motivo, mas que definitivamente não era gravidez.

-Anna, eu só quero te perguntar uma coisa. Você está se cuidando?

-Claro tia, todas as formas de prevenção, mas... a gente fica com o pé atrás né...

-Eu só quero que você tenha uma coisa em mente. Você tem 25 anos, mora em Londres, num apartamento incrível, tem um carro, tem uma qualidade de vida boa, um emprego bom, você sabe quantos brasileiros podem falar isso? Você está tendo a oportunidade que qualquer um quer na vida e uma criança não é brincadeira. Eu sei que você não é uma adolescente e que tem a cabeça no lugar, mas eu não quero te ver desperdiçando uma oportunidade dessa por coisas que podem ser evitadas.

-Hmrm – eu concordei – Eu tenho a cabeça no lugar tia e outra... eu não vou deixar nada entrar no meu caminho não.

-Também não é assim, todo mundo precisa de amor, até mesmo as mulheres mais bem sucedidas, mas saiba dividir tá querida?

-Podéxá – eu disse em tom de brincadeira – Bom... agora eu vou dormir porquê amanhã Londres nos espera.

-Eu sei que depois de passar duas semanas com Jennifer e Emma você não vai querer ter filhos tão cedo – ela disse me dando um beijo de boa noite.