–Ta aberto – ele disse numa voz sonolenta

–Oi, posso entrar? – perguntei

–Vem aqui – ele disse abrindo espaço pra mim na cama

Deitei ao seu lado e ele me abraçou.

–Achei que não iria te ver hoje – ele disse com a voz ainda sonolenta

–Eu tava saindo e a Gi me viu.

–Aconteceu alguma coisa?

–Uma delas está grávida

–Sério amor? – seus olhos ainda estavam fechados e sua voz lenta de sono.

Essa era a primeira vez que ele me chamava de amor, meu coração acelerou e minha respiração ficou irregular.

–Hmrm, a Gi. Vou ser titia.

Ele desceu suas mãos pra minha barriga

–Um dia você me dá alguns? – ele disse com a voz manhosa

Quase engasguei, mentira, engasguei mesmo, na minha própria saliva! Virei pra ele

–QUE? Me diz que você tá brincando.

Ele sorria de olhos fechados

–Zayn – o sacudi – Olha, não brinca com essas coisas.

Ele abriu os olhos e começou a rir cada vez mais.

–Não to vendo graça nisso, vou voltar pro meu quarto – eu disse me levantando, só que ele segurou meu pulso.

–Nem pense nisso, hoje você vai ficar aqui comigo.

Deitei tensa enquanto ele ria muito

–Vamos chama-lo de Zayn Junior? – ele perguntou rindo

–Não vejo graça em nada disso.

–É porquê você não viu sua cara quando eu disse pra temos um bebê. – ele disse rindo mais alto – você consegue me impressionar a cada dia.

–Cala a boca Zayn – eu disse virando pro outro lado e fechando os olhos e seus braços acompanharam meu movimento.

–Só você pra me fazer rir assim – ele disse

–Vai dormir!

–Eu te amo – ele sussurrou

–Não to vendo mais graça – eu disse, esperando que ele falasse algo depois em tom de brincadeira.

–Não estou brincando – ele disse sentado na cama

–A gente se conhece a uma semana, tenho certeza que não ama – eu disse tentando levar isso na casualidade, mas a verdade é que eu nunca esperei que ele falasse isso tão cedo, na verdade achei que ele nunca falaria, achei que aportaríamos em três dias e que cada um tomaria seu caminho e tudo seria só uma história bonita.

–O que é amor então? – ele perguntou com a voz agitada agora, o sono parecia ter passado.

–Não sei o que é o amor, mas definitivamente não é algo que você sente em apenas uma semana – eu disse agora olhando pra ele – Você nem me conhece, não sabe da onde vim, pra onde vou, tenho certeza que não sabe meu nome do meio.

–Eu sei que você gosta de mandar nas pessoas, eu sei quando você tem medo e não quer expressar, eu sei o quanto você é forte e decidida. E eu te amo, amo o jeito que seu cabelo fica no vento, amo quando você fica arrepiada quando te beijo no pescoço, amo sua preocupação se tiver que explicar as coisas, o jeito que você ri, o jeito que você franze a testa quando fala de coisas sérias e do jeito que mexe as mãos ao mesmo tempo, eu amo quando você me chama de criança, eu amo o jeito que você olha nos meus olhos, o jeito que me desafia. Se isso não é amor, eu não sei o que é.

Eu fiquei sem palavras, não imaginava que ele falaria nada disso e quando eu entro em pânico falo coisas absurdas.

–Eu... eu queria poder dizer o mesmo... mas... eu não sei quem você é. Você é o Zayn. É só isso que eu sei, não sei se trabalha, se estuda, onde você mora, não sei nada sobre você e eu não sei como amar alguém desse jeito.

–Tem uma coisa que eu odeio em você, não consigo suportar e é esse seu medo de se comprometer, de se relacionar, de se entregar por completo. – ele falava um pouco alto

–Eu não tenho medo! – eu acompanhava a altura da sua voz.

–Tem, será que se você não tivesse a gente teria que ficar saindo toda noite escondido?

–Você sabe porquê saímos escondidos.

–Você tem medo de explicar pra suas amigas nossa relação, de talvez falar que se apaixonou...

–Me apaixonei? – eu ri, não queria, mas ri. Era exatamente isso apaixonar-se, nunca gostei dessa palavra, forte demais, mas era isso que eu estava sentido.

–Nem isso Anna? Achei que pelo menos alguma coisa você havia sentido.

–Você apressa as coisas – eu disse baixando a voz e sentindo um nó na garganta.

–Eu só disse que te amava, não te pedi em casamento. Eu não esperava um Eu te amo de volta, esperava um beijo, um sorriso, um abraço, não essa reação – ele havia baixado a voz também – Você tem medo de se entregar numa relação e eu queria saber quem fez isso com você.

–Ninguém fez isso comigo – eu disse com a voz um pouco exaltada – Eu acho que é melhor a gente esquecer de tudo que aconteceu e colocar um ponto final agora.

Zayn estava com os braços cruzados e encarando o chão

–Eu também acho

Essas palavras doeram tanto que pareciam queimar, me aproximei dele e o abracei, ele não descruzou os braços, dei um beijo no seu rosto.

–Desculpa por não ser quem você quisesse que eu fosse – eu disse me afastando e fechando a porta.

Fui até o deck superior e sentei, observei o sol nascer até que o nó da minha garganta sumisse, a primeira lágrima escorreu e fechei os olhos para não deixar escapar mais nenhuma. Senti o vento em meu rosto, eu queria abrir os olhos e ver o Zayn ao meu lado, mas quando abri só vi o horizonte e os primeiros funcionários começando o dia de trabalho. Me levantei, sequei a única lágrima que havia caído e respirei fundo, agradeci por todas estarem dormindo quando cheguei ao quarto, entrei no chuveiro e a partir dai foi impossível impedir as lágrimas.

Não gostava de chorar, elas sempre tinham o mesmo gosto de derrota, dessa vez eu perdi pra mim mesma.