Por Um Segundo escrita por Phallas


Capítulo 8
Terapia de compras


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
Obrigada por tudo, vocês são incríveis!
E não demorei dessa vez, viram? hahaha



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 "Quem fala que dinheiro não traz felicidade nunca deve ter ido o shopping."

                               Blair Waldorf (Gossip Girl)


Posso fugir. Posso desmaiar. Posso fugir. Posso entrar em casa de novo. Posso cumprimentá-la. Ou posso fugir.

Vou fugir.

- Bellie! - Diz Viper, parecendo realmente feliz em me ver, andando até mim para me dar um abraço apertado.

- Não sabia que vinha aqui, Viper. - Comento, enquanto andamos para o carro.

- Pedi seu endereço para Griffin, espero que não se importe. Ele mandou eu te contar que vinha aqui, mas eu queria fazer uma surpresa.

- E fez mesmo. - Respondo, olhando para o chão.

Nesse instante, vejo a Mercedes de Tensy na esquina. Consigo enxergar a boca de minha amiga se abrindo e levantando levemente os óculos escuros. Ela para o carro atrás da Range Rover de Viper, sob minhas preces de não bater em nada. Tensy abre a porta e a fecha com o descaso costumeiro, enquanto anda até nós.

- Tensy! - Fala Viper, abraçando-a.

- Oi Viper. - Diz ela, com a mesma animação que eu.

Tensy e eu trocamos um olhar que diz tudo o que pensamos: isso vai dar errado. E muito errado.

- Aonde vamos primeiro? - Pergunta Viper.

Eu e Tensy nos entreolhamos de novo.

- Não sei... - Respondo, devagar. - Que tal ao monumento de Hollywood?

Tensy revira os olhos.

- Todo mundo já viu isso na televisão. É "Hollywood" em letrinhas brancas em cima de uma montanha. Uma criança de cinco anos desenha isso. - Ela fala. - Vamos ao shopping.

Quando abro a boca para falar que é diferente ver com os próprios olhos, me lembro que é mais fácil "se perder" em um shopping e me viro para Viper.

- O que acha?

Ela dá de ombros.

- Eu acho ótimo.

Eu sorrio.

- Deixe a Mercedes aí, Tensy. - Digo, entrando no banco da frente da Range Rover e ignorando o beicinho que minha amiga faz.

Chegamos ao shopping mais cedo do que eu pensava. Viper dirige rápido, não com a velocidade assassina de Tensy ou a insana de Griffin, mas dirige surpreendente bem. Talvez Tensy queria tomar umas aulas com ela.

 - Primeira parada, sapatos! - Anuncia Tensy, mostrando sapatos chiques na vitrine de uma loja.

 Nós entramos e experimentamos os sapatos enquanto conversamos. Viper nos conta de como era sua vida em Sao Francisco, e o quão difícil para ela foi deixar a mãe e a irmã menor. Griffin nunca me contou que tinha uma prima pequena.

- Por que veio para Los Angeles? - Pergunto.

Ela respira fundo e olha para mim.

- Quero estudar medicina. - Responde. - Por mais que Sao Francisco tenha boas clínicas, achei que aprenderia mais aqui. Além disso, uma parte da minha família mora em Hollywood e eu já não os via há um bom tempo.

- Então está feliz aqui. - Arrisco.

- Estou. Sinto falta de casa, mas aqui é incrível. Quero dizer, olha esses sapatos. - Ela aponta em volta.

Saímos da loja com sacolas. Eu comprei dois pares de sapatos, Viper comprou três e Tensy, cinco.

- Eu preciso desses sapatos. - Disse ela, quando lhe questionamos a quantidade.

Vamos em seguida para uma loja de bolsas. Viper me conta algumas histórias dela e suas amigas no colégio e eu rio quando imagino as cenas.

- Vocês eram loucas. - Digo.

- Completamente. - Ela responde.

Tensy ri.

- As com cara de boazinha são sempre as piores. Quer um exemplo? Veja Bellie. - Ela aponta para mim, fazendo Viper gargalhar.

- Ei. Eu nunca fiz nada de errado. - Me defendo.

- Viper vai descobrir que não é bem assim. - Tensy pisca para a ela.

Tento não rir, mas não aguento e nós três gargalhamos enquanto andamos.

- Bolsas! - Grita Tensy, de repente, correndo para frente de uma loja. - Tenho que ter todas.

Eu e Viper reviramos os olhos juntas, mas acompanhamos uma histérica Tensy para dentro. Viper me conta um pouco mais sobre a relação com a irmã, Sophie, enquanto olhamos algumas.

- Ela chorou para vir comigo. - Ela diz, tentando não chorar também - Mas eu não teria condições de trazê-la. Ela só tem cinco anos.

Desvio o olhar para não constrangê-la e deixá-la chorar se quiser, mas ela respira fundo e não o faz.

- Onde está seu pai, Viper? - Pergunta Tensy, que até então estava distraída analisando a alça de uma bolsa Michael Kors.

- Minha mãe e meu pais são separados. Eles não conversam. - Ela olha para o chão.

- Onde ele mora? - Indago, com curiosidade.

Viper nos encara.

- Eu não sei. Algum lugar de Michigan, talvez.

Eu e Tensy nos encaramos. Por pior que sejam nossas vidas às vezes, temos nossos pais conosco.

- Mas então - Diz Viper, mudando de assunto, dando uma leve fungada. - Você não gostam da Blake, hein?

- Eu sei que ela é sua prima e tudo... - começo, tentando não ofender Viper.

- Nós a odiamos. - Tensy me interrompe.

Viper ri.

- Minha prima não é mesmo uma pessoa muito amigável. - Reconhece ela. - Já tentaram conhecê-la?

- Não precisamos. - Esclarece Tensy. - Já temos vontade de socá-la sem nem mesmo trocar uma palavra com ela.

Rimos de novo.

- Griffin me disse que vocês não se dão bem. - Comento, olhando para Viper.

Ela suspira.

- Não é bem verdade. Só evitamos ficar perto uma da outra para o caso de queremos nos matar um dia. - Eu e Tensy rimos, e Viper continua: - Mas é tudo por uma simples questão de identidade. Ela vê a vida de uma forma diferente da minha.

Imagino o que Viper quer dizer. As duas são meninas ricas, lindas, da mesma família, mas que não têm a mesma vida. Blake tem ao lado dela um irmão perfeito, um pai famoso e uma mãe que faz tudo o que ela quer. Viper tem a mãe e a irmã morando em outra cidade e o pai sabe-se lá onde. Deve ser mesmo difícil para Viper assistir a Blake maltratando as pessoas e desdenhando de tudo o que tem.

Dessa vez, compro cinco bolsas, Viper três e Tensy, sete.

- Parem de me olhar com essa cara. - Diz ela. - Eu preciso dessas bolsas. São minha terapia.

Tanto Viper quanto eu resolvemos não responder à afirmativa. Se Tensy já é louca desse jeito com terapia, não quero nem imaginar o que seria dela sem as suas tão amadas bolsas.

Agora, entramos em uma loja de roupas, onde Tensy sai pegando tudo o que vê e leva para um provador. Nós rimos do desespero dela e pegamos algumas peças também, entrando em provadores lado a lado.

- Vamos ao que interessa, Viper. - Diz Tensy, nós três ainda dentro dos provadores.

Meu Deus. Tomara que ela não pergunte nada mais sobre o pai, a mãe ou a irmã. Mas ela vai perguntar. Viper vai quase chorar de novo e ficar com trauma de nós.

- Como são os garotos de Sao Francisco? - Pergunta Tensy, quase me fazendo rir.

Já Viper não segura o riso. Ouvimos o barulho de uma cortina ser puxada e ela sai do provador.

- São bonitos, mas os daqui são melhores.

Abro minha cortina também.

- Sério? - Pergunto.

- Sério. - Fala Viper.

Tensy sai do provador.

- Mas não faz diferença para você, Bellie, você já encontrou o seu.

Viper concorda.

- Verdade. Você não tem do que reclamar.

Eu sorrio sem jeito.

- Eu sinto que Griffin gosta mesmo de você, Bellie. - Continua Viper, me fazendo corar. - Já o vi saindo com muitasgarotas. Acredite, foram muitas. Centenas, eu arriscaria. Mas nunca o vi tão feliz quanto ele está agora.

 - Mesmo? - Digo, completamente corada.

 - Mesmo. - Ela assente. - Ele fala de você o tempo todo. E acho que ele te faz feliz também.

- Faz. - Balanço a cabeça, concordando.

- Como vocês se conheceram? - Viper pergunta, interessada.

A risada de Tensy é imediata. Todos na loja param para vê-la rir, e sorriem também porque a risada dela é contagiosa. Eu riria do escândalo dela, se o motivo não fosse eu. Conto uma versão resumida a Viper e ela parece se dar por satisfeita, mas sei que vai perguntar a Griffin mais tarde.

Nós colocamos em uma pilha todas as peças que nós gostamos e eu congelo quando vejo que minha parte inclui seis blusas, quatro calças, dois cintos, três casacos, dois lenços, três vestidos de festa, cinco saias, um blazer, três óculos escuros e um chapéu que pretendo usar algum dia na praia, a trinta e sete graus, sentada em uma cadeira elegante tomando vinho branco enquanto assisto Matt Damon ou George Clooney fazendo uma caminhada pela areia.

Ok. Talvez esse dia não aconteça.

Mas eu quero o chapéu.

- Não posso levar isso tudo. - Comento com as meninas.

Tensy revira os olhos.

- Por que não? - Diz ela, que está com mais peças do que eu.

Mordo meu lábio.

- Meu pai vai me matar se eu gastar tanto.

Tensy bufa.

- Ah, vamos, Bellie. Seus pais são donos da maior rede de clínicas de cirurgia plástica do lado oeste do país. Eles podem fazer para você uma fábrica de roupas se você pedir.

Tirando o fato de que eu nunca pediria uma.

- Mesmo assim. - Insisto. - Meus pais não estão acostumados a ter tantos gastos.

Tensy ri.

- Seus pais têm bilhões de dólares e não usam nada. Me pergunto como eles conseguem

Viper e eu rimos também.

- Leve. - Aconselha Viper. - Se seus pais não gostarem do preço, devolva.

- De jeito nenhum. - Recusa Tensy. - Devolver nunca. Seus pais não vão nem sentir falta desse dinheiro. Além disso, seu namorado é bilionário também. Peça a ele para pagar. É para isso que os homens servem.

Levanto as sobrancelhas.

- Só para isso? - Pergunto.

- É. E alguns servem para matar baratas, mas não são todos. - Diz Tensy, completamente natural.

Viper e eu trocamos um olhar divertido.

No final, decido comprar tudo. Meus pais, com alguma sorte, não vão ver meus gastos. Eu nunca teria coragem de pedir a Griffin que pagasse minhas contas.

Nós três saímos do shopping abraçadas apesar das dezenas de sacolas. Enquanto sentamos na Range Rover, sorrio pensando que, talvez, Griffin não seja o único Carmichael que eu goste. 


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Notas finais do capítulo

O próximo sai em breve também!
Obrigada!
Beijão s2



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