Set Fire To The Rain escrita por Lice Lutz


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Tenham uma ótima leitura!



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"A voz entorpecida.

Tento gritar fora os meus pulmões.

Mas isso torna as coisas mais difíceis

E as lágrimas escorrem pelo meu rosto."

Moments - One Direction


Sigo dessa mesma forma, vendo Katniss nos rostos que não lhe pertencem, entre gritos chamando seu nome e sedativos seguidos por pedidos de morte. Eu disse que não conseguiria viver sem ela, mas sou obrigado mesmo assim.


Tudo porque eles precisam de um vencedor para seus jogos insanos. E como vencedor, tenho algumas atividades que sou obrigado a cumprir. Como ser entrevistado por Caesar Flickerman. 


Na manhã da entrevista, sou acordado por Haymitch, ao contrario do que costuma acontecer. Geralmente eu só acordo quando o efeito dos sedativos acaba.

- Bom dia. - ele diz.

Minha resposta a ele são meus punhos serrando-se com força. Haymitch nota meu sutil movimento. No instante seguinte, três enfermeiros emergem no quarto, carregados de substancias para me dopar. Haymitch também percebe isso e resolve interceder. 
- Não, nada de deixar o garoto dopado hoje. Ele tem uma entrevista.

Os enfermeiros se entreolham.

- Sabemos disso senhor, e exatamente por isso temos que acalmá-lo. - diz a unica mulher entre eles. Não me esforço para ver como ela é. Não é Katniss, então não importa.

- Não, não é necessario drogá-lo. Vou conversar com ele.

Então será um monólogo, penso. Você vai falar sozinho e então as agulhas com calmantes serão destinadas a você

Há um instante de total silêncio. Os enfermeiros apenas se entreolham novamente, abaixam a cabeça em concordância e em seguida saem do quarto, deixando Haymitch e eu a sós.


Haymitch dá alguns passos pelo quarto, até que por fim decidi encostar-se na parede almofadada em frente a minha cama. Ele suspira e então começa seu monólogo.

- Como você está garoto?


Não respondo, apenas olho ao redor, fixando-me nas minhas mãos presas. Haymitch segue todo o meu olhar. Entende a minha resposta, mas de um jeito errado. Eu não pedi para ser solto, mas mesmo assim ele desfaz os nós que seguram minhas mãos. O alivio que sinto é instantaneo. O nó não estava assim tão apertado, mas é bom sentir seu sangue circular livremente. Não o agradeço. Apenas fico abrindo e fechando e girando meus punhos.


Haymitch espera. Suspira.


- Não, não está sendo nada fácil. - ele tenta de novo iniciar um dialogo. Eu continuo ignorando-o. Ficamos em silêncio por um bom tempo.


- Escuta, Peeta. Você não pode ficar assim para sempre. Não estou tentando ser motivador nem nada, só quero que você enxergue a razão, o mundo real. - ele para para tomar folego, como se o que tivesse que dizer a seguir fosse muito dificil. - Katniss não gostaria de te ver assim.


Isso faz com que eu quebre o meu silêncio antes mesmo que eu percebesse que estava falando.


- Como você pode dizer o que ela gostaria ou não? - solto uma especie de risada/grunhido debochada e insana - Ela não está aqui. Você não pode falar por ela!

- Posso dizer qual foi seu ultimo desejo. Ela queria você vivo, Peeta. 

- Eu estou vivo.


- Não. Ela queria você vivo - ele repete a frase, dando enfase para cada palavra dita - Não um ser que tem seu coração batendo, mas não sai da cama para nada, nem come ou sequer vive no mundo real.


- Eu disse a ela que não viveria sem ela. Eu disse. Ela sabia disso. Você sabia disso. E AINDA ASSIM VOCÊ A DEIXOU MORRER.


Meus gritos fazem com que Haymitch abaixe a cabeça. Por um momento, vejo um estalo de dor em seu rosto. Ele também sente a morte dela. Ótimo. Mas isso não muda nada. Toda a Panem deve ter chorado a morte dela. 

Katniss. Katniss. Morta. Ela está morta. As imagens dela pegando fogo em meus braços passam a ser tudo o que eu vejo. Eu quero gritar, mas a fumaça roubou minha voz. Tento pegá-la, afastá-la das chamas, mas tudo o que encontro é o ar, o vazio. Então tudo o que posso verdadeiramente fazer é bater com força a minha cabeça na cama, repetidas vezes. Ouço alguém gritar meu nome, chaqualhar-me os ombros, tentando me trazer de volta, mas de nada adianta. 


Katniss está morrendo por mim. Minha causa, então a culpa é minha. Eu ateei fogo a chuva e fiquei vendo ela cair, enquanto eu tocava seu rosto*. Eu toco seu rosto, seus braços, seguro sua cintura em chamas. Choro sua morte, mas minhas lágrimas não são o suficiente para apagar o fogo. 


Abro meus olhos.


Ainda estou naquele inoculadamente limpido quarto branco.


- Katniss morreu. Ela está morta. Morta, morta, morta, morta... Katniss. Morta, morta, morta...


Sinto o horror da perda preencher-me pela... Não sei, não sei quantas vezes já revi aquela cena e não faço a menor ideia de quantas vezes mais pedirei para que ela seja apenas um horrivel pesadelo. Que eu vou realmente abrir os olhos e ela vai estar aqui comigo. Isso não vai acontecer.


- Sim, ela está morta. - E Haymitch ainda confirma minha dor. 

- Eu quero morrer também - sussurro.

- Você não vai. Não agora, pelo menos.

- Preciso dela. Quero tanto, tanto, minha Katniss... Nem que seja só um pouquinho...


Haymitch se aproxima definitivamente de mim. Tira meu cabelo que se gruda a minha testa encharcada de suor. Acho que aquilo é o mais próximo de um carinho que ele pode fazer. 


- Você pode tê-la um pouquinho, Peeta - ele diz baixinho, num tom de voz que eu nunca o vira falar, de tão delicado que é -  Sendo o ultimo desejo dela. Viva. Ela deu a sua vida por você. Não disperdice isso.

Eu apenas fecho meus olhos em resposta. E choramos em silêncio. 


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Notas finais do capítulo

Olá tributos!
Primeiro de tudo, desculpem pela demora em postar de novo, mas é que meu computador deu um problema e eu tive que praticamente reescrever todo o capitulo, pois todas as palavras com acento ficaram estranhas. Mas enfim aqui estamos, então por favor, digam-me o que acharam do capitulo.
Beijos em chamas,
Lice.



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