Set Fire To The Rain escrita por Lice Lutz
Notas iniciais do capítulo
Tenham uma ótima leitura!
"A voz entorpecida.
Tento gritar fora os meus pulmões.
Mas isso torna as coisas mais difíceis
E as lágrimas escorrem pelo meu rosto."
Moments - One Direction
Sigo dessa mesma forma, vendo Katniss nos rostos que não lhe pertencem, entre gritos chamando seu nome e sedativos seguidos por pedidos de morte. Eu disse que não conseguiria viver sem ela, mas sou obrigado mesmo assim.
Tudo porque eles precisam de um vencedor para seus jogos insanos. E como vencedor, tenho algumas atividades que sou obrigado a cumprir. Como ser entrevistado por Caesar Flickerman.
Na manhã da entrevista, sou acordado por Haymitch, ao contrario do que costuma acontecer. Geralmente eu só acordo quando o efeito dos sedativos acaba.
- Bom dia. - ele diz.
Minha resposta a ele são meus punhos serrando-se com força. Haymitch nota meu sutil movimento. No instante seguinte, três enfermeiros emergem no quarto, carregados de substancias para me dopar. Haymitch também percebe isso e resolve interceder.
- Não, nada de deixar o garoto dopado hoje. Ele tem uma entrevista.
Os enfermeiros se entreolham.
- Sabemos disso senhor, e exatamente por isso temos que acalmá-lo. - diz a unica mulher entre eles. Não me esforço para ver como ela é. Não é Katniss, então não importa.
- Não, não é necessario drogá-lo. Vou conversar com ele.
Então será um monólogo, penso. Você vai falar sozinho e então as agulhas com calmantes serão destinadas a você
Há um instante de total silêncio. Os enfermeiros apenas se entreolham novamente, abaixam a cabeça em concordância e em seguida saem do quarto, deixando Haymitch e eu a sós.
Haymitch dá alguns passos pelo quarto, até que por fim decidi encostar-se na parede almofadada em frente a minha cama. Ele suspira e então começa seu monólogo.
- Como você está garoto?
Não respondo, apenas olho ao redor, fixando-me nas minhas mãos presas. Haymitch segue todo o meu olhar. Entende a minha resposta, mas de um jeito errado. Eu não pedi para ser solto, mas mesmo assim ele desfaz os nós que seguram minhas mãos. O alivio que sinto é instantaneo. O nó não estava assim tão apertado, mas é bom sentir seu sangue circular livremente. Não o agradeço. Apenas fico abrindo e fechando e girando meus punhos.
Haymitch espera. Suspira.
- Não, não está sendo nada fácil. - ele tenta de novo iniciar um dialogo. Eu continuo ignorando-o. Ficamos em silêncio por um bom tempo.
- Escuta, Peeta. Você não pode ficar assim para sempre. Não estou tentando ser motivador nem nada, só quero que você enxergue a razão, o mundo real. - ele para para tomar folego, como se o que tivesse que dizer a seguir fosse muito dificil. - Katniss não gostaria de te ver assim.
Isso faz com que eu quebre o meu silêncio antes mesmo que eu percebesse que estava falando.
- Como você pode dizer o que ela gostaria ou não? - solto uma especie de risada/grunhido debochada e insana - Ela não está aqui. Você não pode falar por ela!
- Posso dizer qual foi seu ultimo desejo. Ela queria você vivo, Peeta.
- Eu estou vivo.
- Não. Ela queria você vivo - ele repete a frase, dando enfase para cada palavra dita - Não um ser que tem seu coração batendo, mas não sai da cama para nada, nem come ou sequer vive no mundo real.
- Eu disse a ela que não viveria sem ela. Eu disse. Ela sabia disso. Você sabia disso. E AINDA ASSIM VOCÊ A DEIXOU MORRER.
Meus gritos fazem com que Haymitch abaixe a cabeça. Por um momento, vejo um estalo de dor em seu rosto. Ele também sente a morte dela. Ótimo. Mas isso não muda nada. Toda a Panem deve ter chorado a morte dela.
Katniss. Katniss. Morta. Ela está morta. As imagens dela pegando fogo em meus braços passam a ser tudo o que eu vejo. Eu quero gritar, mas a fumaça roubou minha voz. Tento pegá-la, afastá-la das chamas, mas tudo o que encontro é o ar, o vazio. Então tudo o que posso verdadeiramente fazer é bater com força a minha cabeça na cama, repetidas vezes. Ouço alguém gritar meu nome, chaqualhar-me os ombros, tentando me trazer de volta, mas de nada adianta.
Katniss está morrendo por mim. Minha causa, então a culpa é minha. Eu ateei fogo a chuva e fiquei vendo ela cair, enquanto eu tocava seu rosto*. Eu toco seu rosto, seus braços, seguro sua cintura em chamas. Choro sua morte, mas minhas lágrimas não são o suficiente para apagar o fogo.
Abro meus olhos.
Ainda estou naquele inoculadamente limpido quarto branco.
- Katniss morreu. Ela está morta. Morta, morta, morta, morta... Katniss. Morta, morta, morta...
Sinto o horror da perda preencher-me pela... Não sei, não sei quantas vezes já revi aquela cena e não faço a menor ideia de quantas vezes mais pedirei para que ela seja apenas um horrivel pesadelo. Que eu vou realmente abrir os olhos e ela vai estar aqui comigo. Isso não vai acontecer.
- Sim, ela está morta. - E Haymitch ainda confirma minha dor.
- Eu quero morrer também - sussurro.
- Você não vai. Não agora, pelo menos.
- Preciso dela. Quero tanto, tanto, minha Katniss... Nem que seja só um pouquinho...
Haymitch se aproxima definitivamente de mim. Tira meu cabelo que se gruda a minha testa encharcada de suor. Acho que aquilo é o mais próximo de um carinho que ele pode fazer.
- Você pode tê-la um pouquinho, Peeta - ele diz baixinho, num tom de voz que eu nunca o vira falar, de tão delicado que é - Sendo o ultimo desejo dela. Viva. Ela deu a sua vida por você. Não disperdice isso.
Eu apenas fecho meus olhos em resposta. E choramos em silêncio.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Olá tributos!
Primeiro de tudo, desculpem pela demora em postar de novo, mas é que meu computador deu um problema e eu tive que praticamente reescrever todo o capitulo, pois todas as palavras com acento ficaram estranhas. Mas enfim aqui estamos, então por favor, digam-me o que acharam do capitulo.
Beijos em chamas,
Lice.