Beastman escrita por Cicero Amaral


Capítulo 27
Epílogo




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Teen Titans não me pertence, o que dever ser uma coisa boa. Porque do contrário, a história deles eventualmente chegaria a um final, como esta fic.

 

EPÍLOGO

 

            Eram quatro horas da madrugada.

            O céu estava escuro, mas, no horizonte, o negrume da noite dava lugar a uma cor laranja flamejante, que era o primeiro arauto a anunciar o raiar de um novo dia. E, do topo da Torre Titã, uma pessoa assistia à gradual chegada das primeiras luzes do amanhecer.

            A verdade, porém, é que Ravena, sentada no chão do terraço, estava muito menos esperando a chegada do Sol, do que pensando. E, realmente, ela tinha muito em que pensar.

            O último período de 24 horas tinha sido... singular, para dizer o mínimo. Tanto ela quanto Mutano tinham tido muita sorte em escapar com vida da armadilha que lhes fora preparada, mas haviam conseqüências. A principal delas encontrava-se em suas mãos, agora.

            A empata observou atentamente o Coração de Scath. A gema negra como o ébano parecia pulsar em suas mãos, e ela podia sentir com clareza o que estava aprisionado ali dentro: no interior do artefato cristalino em sua posse... estava encerrada parte de sua alma.

            E não era preciso muito conhecimento místico, para saber que viver com a alma partida é algo ruim. Muito, MUITO ruim.

            Mas, se era esse o caso, então por que Ravena não estava tentando reverter essa situação? Por que não estava com seus livros abertos, procurando um feitiço capaz de anular aquilo que Slade tinha lhe feito?

            Parte da resposta era, surpreendentemente, a conseqüência natural de perder os poderes. Com suas energias aprisionadas no Coração de Scath, não havia mais o risco de colocar pessoas e coisas em perigo, caso relaxasse o controle emocional. Em outras palavras, aquela maldição horrível, imposta sobre a empata, também lhe dava uma das coisas que ela mais tinha desejado, durante toda a sua vida: liberdade emocional. Finalmente, ela poderia experimentar a vida em sua plenitude, sem suprimir cada sensação até quase anulá-las.

            Mas será que isso estava à altura do preço? Valeria a pena conviver com a sensação de estar incompleta? Valeria a pena suportar o vazio devorador que desde já a assolava?

            As lembranças de Ravena voltaram-se para os acontecimentos de quase dez horas antes, quando constatar o seqüestro de Mutano: ela jamais poderia ter imaginado que, um dia, poderia vir a sentir tamanho medo, raiva e desespero, tanta... solidão. Fora a pior experiência de toda a sua vida, e ela não queria passar por algo parecido de novo, nunca. Nunca.

            Mas isso, a empata sabia, era algo que precisaria suportar novamente, quando... seu relacionamento com o metamorfo... chegasse ao fim. Era apenas uma questão de tempo, porque ela, apesar de todo o esforço e progresso que tinha feito nos últimos quarenta dias, era quase que incapaz de demonstrar aquilo que sentia e, quando o fazia, era com tanto cuidado, com tanta sutileza, que passava praticamente despercebido. Nunca seria capaz de igualar o entusiasmo, a alegria e a sede de viver do Titã verde, e isso, algum dia... o faria procurar por alguém que pudesse.

            E era por isso que Ravena ainda estava sentada na beirada da Torre, pensando. O que fazer? Em nome de Azar, o que deveria fazer?

- Minha heroína... – Essas palavras foram sussurradas em seu ouvido, ao mesmo tempo em que um par de braços envolvia sua cintura por trás, quebrando sua concentração

- Você não ia tomar banho e depois dormir? - Perguntou a empata, colocando a mão esquerda sobre as de seu namorado.

- Eu ia, mas mudei de idéia. - respondeu Mutano. - Diz aí... em qual dos seus livros é a feiticeira que vai salvar o donzelo em perigo?

- Na mesma estante em que fica o livro que conta a história do lobisomem camarada. - Ravena sorria muito levemente ao falar, mas ainda não tinha voltado o rosto para o Titã mais novo.

            Que, por sua vez, estava revirando os olhos: se aquilo que tinha acabado de ouvir era uma piada, era tão sem-graça como leite aguado e rançosa como tofu velho. - Puxa, bem que ela podia ter pensado em alguma coisa melhorzinha e... Ei, espera aí. Piada?!?

- Rae, você fez uma piada! - Mutano estava agradavelmente surpreso com essa constatação, e estava abraçando-a ainda mais forte.

- Não fiz não.

- Fez sim!

- Não fiz não.

- Fez sim!

- Ai, ai...

- Fez sim, fez sim, fez... - e então ele calou-se. Havia algo de anormal, tanto na voz quanto na postura da empata, e agora que tinha percebido, não pretendia deixar passar em branco. - Rae, algum problema?

- Não... - Se ela estava tentando convencer seu namorado de que tudo estava bem, então fracassou de forma vergonhosa: até mesmo Silkie teria sido capaz de detectar a hesitação em sua voz.

- Ravena. - o Titã verde falou com ternura, mas também com firmeza o bastante para deixar uma coisa bem clara. O que ele diria a seguir NÃO seria um pedido. - Olha pra mim.

            Ela se virou para ele, mas continuou olhando para os lados: se revelasse aquilo em que estava pensando, provavelmente faria o metamorfo rir na sua cara.

- Olha, Rae, eu sei o que você está pensando. - Mutano estava segurando as mãos da adolescente nas suas, tentando reconfortá-la. - Eu sei que parece ruim, mas pode ficar tranqüila: não vai ter problema nenhum, você vai ver só.

            Essas palavras a compeliram a voltar o olhar para o Titã mais jovem. Ele sabia? Mas como? Isso era algo que ela jamais tinha compartilhado com ninguém, nunca.

- Veja bem, minha linda. Se você não tivesse dado o sinal verde para aquela Ravena de capa vermelha que você tem aí na cabeça, era capaz de nós dois estarmos presos numa mesa agora, levando choque... ou pior. - então o metamorfo se levantou, puxando a empata junto consigo, e foi até a beirada da Torre, onde apontou para uma certa rocha na praia. - Lembra daquilo que você me disse naquele dia, anos atrás? Ter aquela coisa dentro de você não te faz um monstro. O negócio é saber quando deixar sair, etcetera e tal.

            Ele não estava completamente errado. O fato de ter decidido recorrer à parte menos desejável de sua natureza era algo que incomodava Ravena, mas que, por enquanto, não estava no patamar mais alto dentre suas prioridades. Mesmo assim, havia conforto nas palavras dele: sua consciência não seria mais um fardo tão pesado.

- Aaah! - a adolescente deu um gritinho de susto, ao sentir os pés perdendo o contato com o piso. - Por que é que você sempre faz isso sem dar aviso?

- Porque você me aperta com mais força quando tá assustada, oras. - Mutano respondeu, enquanto segurava a garota no colo. - E depois, o que é que você queria que eu fizesse? Preencher um formulário em três vias? Que graça ia ter?

- Hunf. - Ravena fingia estar zangada, mas aninhou a cabeça no ombro dele.

- "Hunf" nada. - o metamorfo estava sorrindo enquanto proferia estas palavras. - E vamos entrando: já são quase cinco da matina e eu quero fazer um café-da-manhã para nós dois.

            A empata se deixou carregar pelos corredores da Torre, ao passo que seu namorado falava sem parar, enquanto a levava para a cozinha. Não precisava de seus poderes, para sentir todo o carinho e atenção que ele lhe dedicava, e ainda era capaz de se surpreender, ao perceber o quanto isso... tinha se tornado importante para ela. Com o quanto o amor do metamorfo... a fazia feliz.

            E foi por essas razões que Ravena acabou por tomar uma decisão.

            Mutano estava tagarelando enquanto carregava sua namorada pelos corredores, em direção à cozinha, e só se calou depois de chegar à sala comum, pois foi ali que sentiu um dedo indicador pousar levemente em seus lábios, solicitando silêncio.

- Garfield, eu estava pensando... - declarou Ravena, fazendo menção de se soltar dele. O Titã verde não pretendia deixar ela sair de seus braços assim tão fácil, mas estava surpreso demais para impedir. Ravena NUNCA tinha usado seu verdadeiro nome antes. Por que, então, ela decidiria fazer isso justamente agora? E por qual motivo? Fosse o que fosse, era melhor escutar.

- ... E acho melhor manter o Coração de Scath comigo. - Completou ela.

            Essa declaração nada significava para o metamorfo. desde o início ele já sabia que a pedra seria analisada por Ciborgue, catalogada por Robin, e depois guardada na sala de evidências, para que não pudesse cair em mãos erradas. Ele não conseguia entender porque a empata tinha se dado ao trabalho de declarar o óbvio.

- Você não está entendendo. - a adolescente percebera a expressão confusa de seu namorado. - Eu estou pensando em manter o Coração de Scath comigo. Para mim.

- O quê?!? - Mutano estava definitivamente surpreso. Esta idéia lhe parecia um absurdo completo. - Por quê?

- Porque... - Ravena tentou inventar uma explicação, mas foi interrompida.

- AIMEUDEUS RAE! LEMBREI! O SLADE!!! ELE DISSE QUE...- e então uma pausa, durante a qual o metamorfo tentou recuperar a compostura. - Rae, o Slade disse que tinha sugado sua alma para dentro dessa pedra! Você não pode... não pode estar pensando em... em... deixar ela aí dentro! Não pode!

            A preocupação em sua voz era evidente, e diante dela, a empata não conseguia esboçar reação, exceto olhar para os lados, como se estivesse sentindo vergonha.

- Por que é que você tá querendo fazer isso? - Mutano perguntou mais uma vez. O fato de Ravena não ter respondido à sua última pergunta era, ele bem sabia, um presságio terrível.

            E a adolescente, por sua vez, estava tentando decidir o que fazer. Ela poderia contar uma mentira: poderia dizer que Slade tinha inventado tudo aquilo; poderia dizer que o artefato iria tão-somente ampliar seus poderes. Poderia até mesmo recorrer a certa dose de chantagem emocional, pedindo a seu namorado para pura e simplesmente confiar nela.

            No entanto, a empata logo descobriu que não seria capaz de fazer nada disso. O Titã verde temia pelo seu bem-estar, e ela rapidamente percebeu que não poderia – que não queria – conspurcar esse sentimento com uma mentira.

- Por nossa causa. – Respondeu Ravena. Havia certa dose de amargura em sua voz, mas nenhuma hesitação.

- Por nossa causa? – Mutano não via sentido algum nessas palavras. – Mas o que é que essa pedra tem a ver com a gente?

- Meus poderes. – respondeu ela. – Enquanto eles estiverem aprisionados, não haverá risco de que destruam as coisas à nossa volta. E com isso... eu seria capaz de sentir. Sentir de verdade.

- Mas Rae, você já sente! Talvez não dê para controlar tão bem quanto você gostaria, mas a gente fez um baita progresso neste último mês e...

- Não é a mesma coisa. – a empata interrompeu-o. Aquilo estava sendo mais difícil do que ela tinha antecipado. – Ainda não posso demonstrar nada que eu esteja sentindo, ainda tenho que manter o controle absoluto de tudo o que eu sinto, preciso estar sempre calma, e nunca posso me permitir experimentar algo mais intenso. Não posso ir contigo a muitos dos lugares que você deseja, pois corro o risco de me empolgar, ou me irritar, e com isso acabar machucando alguém.

- Ravena, isso não tem nada a ver. Olha só, eu...

- Por favor, me escuta. - a adolescente o interrompeu novamente. – Se eu deixar as coisas do jeito que estão agora, tudo vai ser diferente. EU vou ser uma pessoa diferente. Talvez eu até consiga... ser alguém como... – e então, de cabeça baixa, a voz um sussurro quase inaudível, Ravena deixou sair a palavra que estava presa em sua garganta. - ... Terra...

            A resposta que ela recebeu foi ver um gorila verde arrancar o Coração de Scath de suas mãos, e um instante depois, vê-lo ser jogado no chão com toda a força, onde se estilhaçou em dúzias de fragmentos negros.

            E isso não foi tudo, pois o gorila verde ainda não estava satisfeito: de fato, agora estava pisoteando os cacos sem parar, com força, como se estivesse determinado a apagá-los da existência. E talvez estivesse mesmo, porque quando ele finalmente se cansou, havia apenas uma poeira preta no piso da sala comum.

            E os restos do Coração de Scath brilharam com uma luz negra pela primeira e última vez, aura essa que assumiu a forma de um pássaro, com quatro olhos vermelhos. A criatura espectral levantou vôo, fazendo círculos em torno da empata, até se chocar diretamente contra o seu peito, sendo reabsorvida.

            Ravena, surpresa com a atitude do metamorfo, foi incapaz de esboçar reação, enquanto ele destruía o artefato de Trigon. E agora, com a alma restaurada, ela experimentava o fim da incompletude, o término da angústia que a estava devorando por dentro. A sensação de alívio era... pura e simplesmente... indescritível.

- Por quê? – Ela estava zonza; apoiando-se na parede para não cair. E essa pergunta acabou escapando de sua boca, enquanto ela lutava para colocar em ordem as emanações empáticas que, de repente, voltara a captar.

- Que idéia cretina é essa? Desde quando eu quero outra pessoa? – dava para ver que Mutano estava ofendido com o que sua namorada tinha dito. Então, ela achava que ele estava pensando em trocá-la pela Terra? Ah, fala sério! – Eu só queria que você aceitasse suas emoções para que pudesse ser feliz! Mais nada! E o que é que tem de errado em ser do jeito que você é? Essa de ficar quieta, na sua, as roupas escuras, os livros... isso é seu estilo, oras bolas! E é... – houve então uma nova pausa, após a qual ele passou a falar com mais calor na voz. - ... é único. É lindo. E é por isso que cada um dos seus sorrisos vale mais que todos os tesouros do mundhmmmm...!

            Ele não conseguiu terminar a frase, pois Ravena se atirou em seu pescoço, beijando-o com uma paixão e profundidade que ele nem sabia que ela tinha. Raios, que ele nem sabia que EXISTIA. Pego de surpresa, o metamorfo bateu os braços como se fossem asas, mas acabou caindo de costas no chão, com a empata por cima dele.

            Mas mesmo assim, Ravena não o soltou, nem por um segundo sequer. Esta foi a primeira vez que tomou uma atitude puramente por impulso, mas havia um excelente motivo para isso. Era ele. ELE! As palavras que ele acabara de proferir tinham dissipado as últimas dúvidas que a jovem ainda carregava consigo, e rompido a última barreira para que ela finalmente se entregasse a seus sentimentos. Aquilo que existia entre eles não precisava, e não iria acabar. Nem hoje, nem daqui a um ano, e nem nunca.

            O beijo dividido por ambos só recebeu permissão para terminar quando a falta de ar os obrigou a isso. E, ao abrir novamente os olhos, Mutano viu que o capuz, a capa e o uniforme de sua namorada... estavam brancos. Nunca antes, Ravena lhe parecera tão feliz, serena... tão... livre. Para agora e para sempre, esta visão ficaria marcada em sua memória, como a mais linda de toda a sua vida.

- Eu amo você. – Declarou a empata, com um sorriso genuíno, feito sem reservas, adornando sem rosto.

            Foi a primeira vez que ela usou essas palavras. O Titã verde sempre soubera que não é preciso ouvir para saber, e não tinha dúvidas a respeito dos sentimentos dela. Mas agora... agora que as ouvia pela primeira vez, finalmente era capaz de entender porque é que juntas, essas três palavras tão simples, formavam a mais bela resposta jamais criada pela humanidade.

            E isso... o tocou. Uma lágrima escorreu de seu olho direito, enquanto ele levantava a cabeça para beijar novamente sua namorada, um gesto que ela retribuiu com a mesma paixão e o mesmo calor com que tinha saltado em seus braços antes.

            Não demorou muito, até que esse calor começasse a fazer o sangue do metamorfo ferver dentro das veias. Num movimento brusco, ele rolou no chão, ficando por cima da empata. Suas mãos começaram a percorrer o corpo dela, recebendo apenas sinais de... encorajamento. Já tinham passado pelo cabelo, pelo rosto, pelas costas e pela cintura, e agora seguravam os joelhos com firmeza. Restava apenas...

CRÁS!!!

            A porta da sala comum foi posta abaixo por uma bota branca e vermelha. Pego de surpresa, o casal de Titãs não saiu do lugar, conseguindo apenas olhar na direção de quem agora invadia sua casa.

- EU SABIA! – As luzes azuis do revestimento de Ciborgue estavam vermelhas, ou seja, ele estava furioso. – SABIA QUE ELE TAVA TENTANDO SE APROVEITAR DA RAE! PODE IR PASSANDO O FÍGADO, VERDINHO, PORQUE EU VOU...

- MIIIAAAUUURRR - Um gato-do-mato verde, com os pêlos (e unhas) eriçados, saltou na cara dele, interrompendo seu discurso. No instante seguinte, havia uma nuvem de poeira ocupando o espaço onde ambos estavam, e de dentro dela volta e meia emergia um membro verde e peludo, ou com partes biônicas. Realmente, interromper certas coisas implica em sério risco à saúde.

            Ravena, por sua vez, não conseguiu fazer muita coisa. Uma fração de segundo após sentir o peso de seu namorado desaparecer, duas mãos agarraram cada um de seus braços, levantando-a do chão e praticamente arrastando-a até o sofá. Ela podia ouvir o conflito entre duas vozes, cada uma tentando se sobrepor à outra:

- Amiga. – Perguntou a primeira voz.

- Slade!- Pareceu responder a segunda.

- ...O que aconteceu? – Perguntou mais uma vez a segunda voz, com surpresa evidente em sua entonação.

- Cadê o Slade? – Insistiu a primeira voz, com mais urgência dessa vez.

- ... suas roupas... - A segunda voz tinha um tom quase... reverente.

- O que o Slade está aprontando? – A primeira voz, perguntou de novo, quase em desespero.

Obviamente, ela já sabia muito bem a quem pertencia cada voz, antes mesmo de ajeitar o capuz que tinha caído por cima dos olhos.

            Pelo visto, seus três colegas estavam de volta antes do esperado... que pena.

 

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            Oito horas e sete minutos da manhã.

            Este foi um dos poucos cafés-da-manhã nos quais não houve qualquer tipo de debate carne vs. tofu. Robin, Estelar e Ciborgue ouviam atentamente, enquanto Ravena e Mutano contavam sua história.

- Então foi isso o que aconteceu? - Slade REALMENTE atacou a Torre? – Ciborgue mal podia acreditar que tinha “blefado certo”. Qual a chance de uma coisa dessas acontecer?

- Mas qual a razão da mudança em sua vestimenta, Ravena? – Estelar tinha um palpite muito bom a respeito da resposta, mas queria ouvi-la diretamente da boca de sua melhor amiga.

- Te digo mais tarde, Estelar. – a empata estava meio que olhando para o alto, com uma expressão sonhadora no rosto. – Prometo.

            Dentre todos os Titãs, Robin parecia ser o único taciturno, mas tinha uma boa razão para isso: então, Slade tinha sido derrotado SEM sua ajuda? A vida pode ser bem injusta de vez em quando... se pelo menos tivesse percebido que a mensagem do Verdadeiro Mestre era uma fraude... se pelo menos ainda fosse possível capturá-lo...

- Um momento. – o menino-prodígio se levantou de repente, como se tivesse levado em susto. – Ravena, você disse que não conseguiu encontrar nenhum corpo! Titãs, de volta à cena do crime! Temos que vasculhar todo o perímetro e... e...

            E então ele se sentiu encolhendo até o tamanho de um gnomo de jardim, ante o olhar ameaçador que seus quatro colegas lhe dirigiram.

- ... E, pensando melhor, talvez não seja uma boa idéia iniciar as buscas imediatamente. – ele decidiu que seria melhor para a sua saúde não insistir nesse assunto. Na verdade, queria dizer que vocês dois fizeram um ótimo trabalho. Principalmente você, Mutano: a sua idéia para proteger a Torre foi uma tremenda sacada.

            Ciborgue e Estelar concordaram, ao passo que Ravena apertou a mão do metamorfo um pouco mais forte. O fluxo de elogios, no entanto, levou Mutano a fazer uma coisa... que deveria ser completamente esperada: abrir a boca para se exibir.

- É isso aí, caras! De agora em diante, vocês podem me chamar de... – o Titã verde estava vendo a si mesmo em uma falésia aonde as ondas do mar se quebravam, com um facho de luz solar descendo diretamente sobre ele. – Ferano!¹

            Quatro almofadas, arremessadas por seus colegas, arrancaram-no de seu devaneio, ao mesmo tempo em que mostravam a opinião deles a respeito do novo codinome.

- Anhn... Muta...fera...?²

            Cinco almofadas o acertaram desta vez, derrubando-o. (isso mesmo: cinco. Silkie também jogou uma).

- Ah, cara...!

 

FIM

 

 

Notas do autor:

 

Senhoras e senhores, meninos e meninas, após um ano e dez meses acompanhando as aventuras e desventuras do nosso casal de Titãs favoritos, chegamos ao final da saga Beastman.

Devo dizer que foi uma honra sem igual ter percorrido esta jornada ao seu lado, e o apoio que me foi oferecido fez toda a diferença: Sem vocês, esta história provavelmente seria muito diferente do que é hoje.

Espero que tenha conseguido fazer a leitura fluir de forma fiel ao desenho animado, e que vocês tenham obtido bons momentos ao ler. Eu tive ^^

E, antes de me despedir, gostaria de fazer um pedido... diferente. Gostaria que, aqueles de vocês que decidirem postar reviews, apontem alguma coisa de RUIM que a fic tenha. Isso mesmo: digam-me alguma coisa que não tenham gostado, o estilo da escrita, algum ponto da história que ficou mal explicado, alguma atitude meio OOC. Vocês sabem.

Bom, é isso. Vou me despedindo agora, mas a gente se cruza de novo, nas idas e vindas do mundo da literatura virtual.

 

Saúde e paz para todos, e o resto vocês já sabem, né? Que suas penas...

 

¹ Dá para acreditar que traduziram “Beastman” para “Ferano” no desenho animado? Eca!

² E que traduziram “Beastdude” para “Mutafera”? Eita bando de intérprete tosco!

 

 


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