A polícia chegou ao local ás cinco horas da manhã. Dava para ver alguns traços do sol já nascendo. Harry ainda estava preso ao chão com as canelas cortadas. Quando a polícia chegou, nós contamos toda a história. Eles falaram que entrariam em contato novamente em breve. A família de todos foi avisada de tudo. Minha mãe, histérica, mandou que eu voltasse urgente para casa, mas eu recusei. Eu queria ficar ali. Queria ir ao enterro de John e Vanessa.

A polícia levou Harry á cadeia. Foi sujeito á quinze anos de prisão com vigilância máxima. A roupa e a máscara foram queimadas. O corpo de Hayley em Paris seria levado ao necrotério. E o de Sue a Vanessa foram recolhidos por uma funerária.

Eu me odiava. Tive chances de matar Harry, mas não o fiz. E com isso ele matou a pessoa que eu mais amava. Meu peito urrava de dor. Will, Emily e Sue ficaram do meu lado sempre que eu precisei. Eles iam ficar na casa também. Lemos no jornal que Stanford estava sendo reconstruída. Iríamos voltar os estudos. Emily falou toda a verdade ao policial e ele disse que ela não iria presa, então não tinha problemas de ela também voltar á escola.

Eu falava muito pouco. Eu não falava nada por conta própria, apenas respondia com alguma monossílaba quando me perguntavam alguma coisa. E isso durou muito, muito tempo.

Depois de seis meses, o que era necessário para ter aulas em Stanford foi reerguido. Apenas quadras de esportes e alguns jardins e pátios ainda necessitavam de conserto. As aulas voltaram. Eu por um lado fiquei feliz, pois eu me ocuparia com alguma coisa. Mas aquele lugar, aquele dormitório, me lembrava dos meus amigos que morreram, principalmente Vanessa. Eu precisava ser forte e me acostumar com o ambiente.

Sue se recuperou totalmente da perna, o ferimento de Emily ficou com uma cicatriz grande, mas acho que dali a cicatriz nunca sairia.

SEIS ANOS DEPOIS

Seis anos se passaram desde os acontecimentos de Hayley e Harry. Eu tinha vinte e quatro anos de idade. Will se casou com Sue, Emily se casou com Carter. E eu me casei com uma mulher chamada Annie. Eu a amava muito. Mas eu nunca me esqueci de Vanessa. Por coincidência, nós seis estávamos morando em Los Angeles. Achei bom, porque não perderia contato com eles...

Mas nenhum de nós se esqueceu do que havia acontecido seis anos atrás. Os acontecimentos da carta vermelha ainda me surpreendiam. Eles foram de conhecimento geral. Passou em jornais, TV, internet. Eu não queria passar por aquilo de novo nunca na minha vida. Eu estava feliz ao lado da minha mulher, dos meus amigos. Tudo estava bem.