Katie e Annabeth foram as primeiras a chegar à escola. Como moravam perto uma da outra e acordavam praticamente no mesmo horário, não tinham tanto problema em ir cedo para a escola. Na verdade, elas nem dormiram durante a noite. A adrenalina que ainda percorria o corpo todo ainda estava ativa. Era fascinante toda aquela história de que em um dia eram simples garotas de um colégio dos Estados Unidos, que não eram populares e que eram zombadas diariamente e no outro já faziam sucesso na internet. Claro, sem ninguém saber seus nomes verdadeiros ou quem eram. Mas faziam.

Katie e Annabeth pararam em seus armários e os abriram sem ânimo. Esticaram o olhar para o fim do corredor e acabaram por ver Travis Stoll se agarrando com alguém e Percy e Nico passando por ali e batendo na cabeça do amigo. Katie e Annabeth reviraram os olhos e voltaram a colocar a cabeça para dentro do armário.

Mexendo no armário, Annabeth encontrou um cartão que não estava ali no outro dia. Ele não havia sido jogado por ninguém porque estava muito bem colocado entre os livros. O armário da garota havia sido aberto durante a noite ou durante do resto da tarde do outro dia.

Puxou o cartão do meio dos livros e abriu-o na luz. A letra era fina e muito bem desenhada. Não era a letra de Milla e nem de nenhuma de suas Barbie’s. Annabeth suspeitava que nenhuma das amigas de Milla sabiam escrever e a letra de Milla não era aquela.

“Eu sei o segredo de vocês, garotas.

Sabem esconder muito mal.

-QC.”

Ela olhou em pânico para Katie ao notar que a amiga também tinha recebido o mesmo cartão. Katie olhou para os lados a procura de alguém suspeito, mesmo sabendo que não acharia. Seu olhar bateu em Clarisse, que estava atrás logo atrás dos meninos, trocando olhares com a Annabeth. Tinha quase certeza que Clarisse era a autora de tudo aquilo, já que ela as odiava. A garota as encarou, desviando o olhar rapidamente.

Clarisse era uma das melhores amigas de Milla e Silena há muitos anos. As três viviam juntas o tempo todo e tinham como a distração favorita zombar com os novos alunos. Até que Silena conheceu as três meninas. Ela percebeu que estava indo para um caminho sem volta sendo companheira de Milla e Clarisse e se afastou das duas. Clarisse sempre nutriu um gigante sentimento de ódio por Annabeth, Katie e Thalia por causa disso. Não que elas ligassem para o que a garota pensava, mas se sentiam mal tendo que ser culpadas por algo que fui escolha de Silena, mas não a culpavam por isso.

Provavelmente, aquilo era ação de Clarisse tentando fazer uma vingança. Mas por que “Q” na assinatura?

- Annie? – Ouviram uma voz fina, que há anos não viam.

As duas viraram para trás e deram de cara com Calipso, uma quinta amiga que havia sido tirada dos pais pela tia quando tinha doze anos, levando-a para o outro lado do mundo: o Japão.

- Calí! – Alguém gritou, do extremo contrário do corredor. As três olharam e viram que era Silena, que vinha correndo com seus sapatos altíssimos fazendo barulho no chão e Thalia, que estava logo atrás e que arregalou os olhos ao vê-la, mas não correu. Continuou andando calmamente.

- Lena! – Calipso abraçou a amiga, que era alguns centímetros mais baixa que ela. Por Silena ser mais baixa e consequentemente mais magra que Calipso, a menina conseguiu tirá-la do chão.

- Quando você voltou?

- Ora, ontem! Meus pais conseguiram minha guarda de novo! Aquela mulher era maluca! Ninguém merece morar do outro lado do mundo, não saber falar a língua de lá, não conhecer ninguém lá, não tem amigos lá, não ter uma família decente lá! E sabe... Eu não fiz muitos amigos. Só um nerd que me ensinou a mexer muito bem no computador e com uma menina que parecia ser maluca, mas que me ensinou coisas muito inteligentes.

- Como, por exemplo...?

- Vocês vão saber, Annie. Vocês vão saber. Mas agora eu vou para o meu armário que é à alguns corredores aqui. Como cheguei cedo demais, eu vou aproveitar para organizá-lo. Até já, meninas. – Calipso acenou e virou as costas, virando o corredor.

Annabeth olhou para Katie e assentiu, como se houvesse se lembrado de alguma coisa. Era melhor comprovarem que as outras duas também receberam e que não era só alguma piadinha com duas delas.

- Meninas olhem o armário de vocês. – Katie começou.

- Por quê?

- Olhem, Silena. Vejam se encontram algum cartão ou bilhete. – Elas assentiram e olharam dentro do armário. Thalia foi a primeira a mostrar o bilhete, o que fez Annabeth e Katie trocarem olhares nervosos. Elas esperam que, mesmo secretamente, Silena não recebesse. Mas, com certeza, a sorte não estava com elas.

- Só tem isso. – Silena mostrou o mesmo cartão que estava na mão das outras três. – E ele diz... “Eu sei o segredo de vocês, garotas...”

- “... Sabem esconder muito mal.” – Thalia continuou.

- De uma ou um tal de QC, não é?

- Sim... Como vocês...

- Recebemos a mesma coisa, o mesmo cartão, da mesma pessoa, com a mesma folha. Quem quer se seja, está fazendo isso para deixar-nos deprimidas. Provavelmente, essa pessoa nem sabe qual segredo é. Está fazendo isso para apenas tirar zombar da nossa cara. – Annabeth disse.

- E suspeitamos que seja Clarisse. Quando ela chegou, ela nos encarou. Não acha muito suspeita?

- Talvez, mas não temos provas. É a mesma coisa que eu acusar a Silena de ter mudado toda a ordem das coisas dentro do meu armário sem provas. Se ao menos eu achasse alguma gravação da escola e... – Thalia disse, pensativa.

- É isso! Precisamos conseguir o sistema de gravação da escola. – Naquele momento, o sinal bateu. – Ou depois das aulas. Vamos, eu tenho geografia agora. – Annabeth disse.

- Eu tenho matemática. – Katie.

- Vocês não tem nenhuma matéria agora. O diretor está chamando todo mundo em sua sala. – Nico disse, ao lado de Percy, que resmungava alguma coisa sobre querer estar na aula da professora gostosa de geografia.

Chegaram rapidamente na sala do diretor, encontrando Charles e Travis já ali, que apenas saudaram-na com um aceno de mãos. Num canto da sala, excluída, estava Milla, com a cara dramática de sofredora que ela não é. Thalia revirou os olhos ao vê-la fazendo mais cara de dor depois que a garota entrou na sala.

- Sentem-se. – O diretor disse.

- Prefiro ficar em pé, Albert. Muito obrigada. – Thalia retrucou, levando uma pisada de Annabeth em seu pé.

- Então fique em pé, senhorita Grace. Bem, a versão da senhorita Rhodes foi totalmente diferente da de vocês. Segundo ela, você a atacou sem ela ter feito nada. E, com sua fama de selvagem, pode ser verdade, não pode?

- Que feio. Julgando uma aluna! Por que não procura provas? – Katie disse.

- Por que a necessidade de provas? Eu estou falando! Você não vai acreditar em mim, diretor? – Milla disse, fazendo a maior cara de anjo que ela não sabe fazer.

- Milla, fique quieta por um tempo, por favor. Sua versão me interessou senhorita Gardner. Diga-me, que tipo de provas a senhorita pode apresentar?

- Não sei... O sistema de gravações das câmeras do colégio! É isso. Diretor, olhe lá. O senhor verá como estamos falando sério.

- Muito bem. – Albert pegou seu controle e mirou na televisão que estava em cima da mesa, do lado direito. Era uma televisão pequena, mas boa.

As gravações voltavam rapidamente, em cada um dos quadros que tinham na televisão mostravam um tipo de imagem, mas as mais interessantes eram as do ultimo quadrado do canto esquerdo inferior: A do corredor dos armários delas.

As imagens passaram rapidamente e, nas do outro dia, puderam notar uma movimentação estranha perto dos armários delas. Uma menina caminhava calmamente sozinha e seu rosto estava virado, de modo que não era possível vê-lo na câmera. As imagens continuavam passando rápido, o que não foi possível ver exatamente o que acontecia, só que essa garota parara na frente dos armários das quatro.

Elas trocaram olhares que tinham um único significado: Essa garota é, provavelmente, QC. Elas precisavam entrar no sistema de câmeras do colégio para descobrirem quem era aquela menina. Mas como fariam isso?