Triplex escrita por liviahel


Capítulo 38
Presente de grego?


Notas iniciais do capítulo

Então galera, tenho uns comunicados e umas desculpas a dar antes de vocês lerem o capitulo novo, não posso postar capítulo/aviso senão eu seria punida, então LEIAM COM ATENÇAO:
Desculpa pelas demoras! Tive bloqueio de escritora, falta de tempo, problemas na minha linha de raciocínio... mas a fic continua, sou tão apaixonada com essa história quando vocês.
Segundo, com a nova regra do Nyah essa fic será logo deletada desta página, pois não se enquadra nos novos padrões. E eu não tenho a menor intenção de adaptar tudo, só no caso de um dia eu resolver transformar em livro (quem sabe talvez...).
Enfim, vocês NÃO ficarão sem Triplex, estou postando no http://www.asianfanfics.com/story/view/276330/38 , se quiserem que eu poste em outro lugar, me avisem e eu terei o prazer de postar (ainda que vá me dar uma trabalhão porque a fic tá loooonga pra caramba)



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Num prédio próximo ao triplex...

 — Sério que você não pode passar o resto do dia aqui em casa? Você ainda tem umas horas antes da festa... E posso apostar que não vai ter tanta diversão quanto comigo.

 — Eu realmente preciso ir Chae, não é só pela festa... — Minwoo disse se desvencilhando dos braços de Chaeyeon e se desenrolando dos lençois brancos, saindo ainda sem roupa do colchão.

  Chaeyeon continuou onde estava, sustentando a cabeça num dos braços, sorrindo enquanto Minwoo andava até a cortina que cobria as enormes janelas do apartamento.

 — Tem algo mais que eu não saiba?

 — Você sempre sabe de tudo. — Minwoo disse rindo sem se virar para olhar para a moça. — Mas curiosamente dessa vez você me surpreendeu por não lembrar. Amanhã é aniversário da Nana...

 — Claro que eu não ia me lembrar de uma coisa dessas, eu já saí da revista, apaguei todos os meus registros mentais das fofocas que eu já escrevi. Mas o que tem isso que você tem que ir embora mais cedo?

 — É que eu ainda não comprei o presente dela, nem sei o que comprar na verdade.

 — Vocês homens nunca sabem! Você pode comprar algo que tenha algum significado emocional, o que está mais pra algo que um namorado daria, ou comprar algo de que ela precisa, o que é mais adequado.

 — Ela já tem de tudo!

 — Nenhuma mulher tem tudo na vida...

 — Você tem tudo isso! — Minwoo disse rindo, escancarando as cortinas, expondo o quarto e a ele mesmo, ainda nu, à luz púrpura do fim de tarde.

 Chaeyeon riu alto.

 — O que está fazendo? Está maluco? Alguém pode te ver daí!

 — Ninguém fica olhando das janelas assim, é uma boa distância.

 — Você é que pensa, nesse outro prédio já moraram vários artistas, de onde acha que eu tirava algumas historias? O Nichkhun mora aí, esqueceu?

 — Verdade, mas eu não sou famoso, quem me vir vai perder o interesse rapidinho.

 — Por que só ver não faz a fama, não é? — Chaeyeon comentou sorrindo. — Volta aqui e eu prometo que te ajudo a comprar um presente mais tarde.

 — Está bem. — ele respondeu, mas não se moveu imediatamente, só se virou lentamente ainda olhando para a janela. — Engraçado podia jurar que vi a Nana naquele triplex de novo.

 — Você sabe o que eu penso sobre isso, vai ver ela está lá mesmo, com um namorado...

 — O Nichkhun? Namorado da Nana?

 — Teria algum problema?

 — Não ligo de ela estar namorando, eu já disse a ela que sei de alguma coisa, agora, com o Nichkhun... Eu já não sei... Eles só trabalharam juntos umas duas vezes, não vejo o que possam ter em comum. — Minwoo disse, voltando para o colchão, Chaeyeon tentou puxá-lo pela nuca, mas foi bloqueada. — Ainda não, e quanto ao presente? Você disse que ia me ajudar.

 — E eu vou cumprir, mas tudo tem um preço, e o meu é ter você por mais algumas horas.

******

 — Vic! — Nana gritou do segundo andar do triplex. — Preciso da sua ajuda.

 — Que foi? — Victoria respondeu segundos depois, à porta do quarto, ela mantinha as mãos atrás das costas. — Pra que precisa de mim.

 — Chegaram esses vestidos pra mim hoje e eu não tenho ideia de qual usar para meu compromisso.

 — Não é a Sohee que faz isso pra você?

 — Exatamente, foi ela que enviou os vestidos, porque não ia poder vir me ajudar porque estava com Junsu, que bela amiga, me trocando por homem.

 — Eu trocaria fácil, Junsu é um príncipe, e você a Rainha Má... — Victoria disse rindo e Nana respondeu com uma careta. — Que foi? A Rainha Má era bonita, e tinha aquela coisa com espelhos, a vaidade, igualzinha a você.

 — Não posso ir com a roupa errada hoje, Minwoo vai tentar me conseguir um contrato internacional.

 — Você fica ótima com qualquer um deles. — Victoria respondeu rápido para poder ir embora.

 — Victoria Song! Volta aqui agora!

 — Que foi Nana? — ela disse sem se virar.

 — Você me fez dois elogios de graça, achou que eu não ia suspeitar? Que é que está escondendo de mim?

 — Ai que chato, ninguém nunca consegue te surpreender?

 — Quase nunca, só Nichkhun já conseguiu quando disse “eu gosto das duas”, quero dizer, quem não ia preferir só a mim? — Nana disse brincando. — Vamos, que é que você tem aí nas mãos?

  Victoria revirou os olhos, derrotada.

 — Ok sua chata, é seu presente de aniversário, eu ia te dar só amanhã. — ela disse ainda com o semi-embrulho perto do corpo. Nana mais que depressa tomou-o de suas mãos. — Espere! Eu não terminei nem de fazer o embrulho.

 — Eu ia rasgar de qualquer forma... O que é isso? — Nana disse visivelmente curiosa manejando uma pequena almofada de seda vermelha com bordado dourado e verde, umas franjinhas e umas pedrinhas entrelaçadas entre os fios.

 — É um Xiangbao...

 — Um o quê?!

 — Xiangbao, um saquinho de perfume chinês. Acho que veio a calhar o presente, por coincidência você vai se encontrar com alguém importante hoje, e precisa ser escolhida. Era assim que alguns imperadores chineses escolhiam as imperatrizes, pelo saquinho de perfume. Tem quem diga que atrai algo que você quer muito.

 — Você que fez? — Nana perguntou e Victoria confirmou com a cabeça. — Foi uma das coisas mais legais que já me deram.

  Nana deu um abraço de leve em Victoria.

 — Ah para com isso! É só uma lembrancinha.

 — Mas é verdade, todo mundo me dá presentes comuns, coisa que eu poderia comprar, mas nunca algo que dedicasse mais tempo...

 — Que bom que gostou, faça bom proveito.

 — Proveito? Essa macumba chinesa tem que ser das fortes hoje. — Nana disse rindo.

 — Você é muito boba. — Victoria disse rindo, quase saindo do quarto.

 — Ei! Você ainda não me ajudou com o vestido!

 — Não vista o preto, vai chamar pouca atenção...

 — Mas ele tem decote!

 — Ok, então use o preto... Por que me perguntou se já tinha decidido qual usar?

 — Só pra contrariar mesmo. — Nana disse rindo. — Aqui, por acaso sabe que presente o Nichkhun pretende me dar?

 — Ele sabe que amanhã é seu aniversário? — Victoria disse um tanto surpresa.

 — Como assim ele não sabe?!

 — Eu estava brincando, ele sabe, quero dizer, deve saber... Não é?

 — Ele tem que saber! E sozinho, não diga a ele!

 — Ok... — ela disse sem convicção.

 — Victoria, promete que não vai contar? Ele tem que lembrar sozinho!

 — Eu prometo... — Victoria respondeu. — Agora vai se arrumar senão você não sai daqui hoje.

******

  Mais tarde à porta de um dos mais luxuosos hotéis de Seul, Minwoo dava a volta no carro para abrir a porta para Nana que foi imediatamente cercada por fotógrafos, ela sorriu, fez algumas poses e entrou no salão de braço dado com manager. Ela ficou estranhamente calada pelas primeiras duas horas de festa, e Minwoo obviamente notou isso e também que ela não bebia nada, como normalmente fazia.

 — Tem algo errado? Você está quieta hoje, normalmente fala feito um papagaio e bebe até virar quadrúpede. — ele disse, rindo baixinho.

 — Vou ignorar essas piadas, estou ansiosa...

 — Pelo representante que veio te ver hoje?

 — Sim, entre outras coisas.

 — Outras coisas?

 — Não tem nada demais... E eu não estou bebendo porque tenho que parecer saudável e coerente quando o representante vier falar comigo, você não disse que é um representante de uma produtora de video games? Imagina se ele quer minha imagem para um jogo e antes disso eu fico conheida por trocar as pernas por causa de álcool?

 — Talvez você se surpreenda com o cara, seja você mesma.

  O relógio de ponteiro localizado no alto da escada de mogno escuro e marfim marcava meia noite. Nana continuava a olhar para a multidão, intimamente procurando encontrar o representante entre as pessoas, mas obviamente ela não sabia quem era o homem.

 — Parabéns. — Minwoo quebrou o silêncio, entregando uma caixa vermelha que ele tirou de dentro do paletó.

 — Presente? Já?! — Nana não conseguiu esconder a empolgação, enquanto desfazia o laço que envolvia a caixa de presente. — O que é isso?!

  Minwoo riu.

 — Uma amiga me disse que eu tinha que te dar algo importante ou algo útil... Isso serve aos dois propósitos.

 — Lingerie... tanguinha. — Nana disse, pasma com o conteúdo da caixinha, quase corando. — Isso é um presente muito íntimo! Por que achou que eu precisaria disso?

 — Eu sei que você tem namorado Nana...

 — Ok, eu tenho namorado, não vou mais te fazer de idiota... O que me intriga é você imaginar que eu preciso disso por causa dele.

 — E não precisa? Eu acho que você não dorme em casa há meses. — Minwoo disse rindo. — E seu corpo mudou...

 — Mudou?! — Nana disse alarmada olhando para si mesma. — Ficou louco? Eu não engordei nem emagreci.

 — Não era exatamente disso que eu falava, você sabe que corpo de mulher que saiu da adolescência só muda de novo se ela fizer...

 — Ok, ok. Não precisa entrar nesses detalhes íntimos. Você está me constrangendo.

 — Então você confessa, que tem namorado...

 — Sim. — Nana respondeu impaciente.

 — ...que tem dormido fora... — Minwoo foi baixando a voz porque tinha gente se aproximando para subir as escadarias para a parte de cima do salão.

 — Sim...sim...sim.

 — ... e que esse namorado é o Nichkhun? — ele terminou dizendo quase inaudívelmente.

 — Sim! Espera, não!

 — Te peguei Nana. Engraçado, sempre achei que fosse a Victoria que tivesse algo com esse cara... Mas enfim.

 — Será que tem como você guardar isso de volta no seu paletó? Não dá pra eu guardar debaixo desse vestido.

 — Não sei por que está envergonhada, já tirou foto com quase menos que isso.

 — É diferente de ficar sacudindo uma tanguinha numa festa de gala, além do mais tal representante ficaria horrorizado, vídeo games são para crianças.

 — Já vi que você não entende nada disso... — Minwoo disse com malícia.

 — Na minha época os jogos não tinham nada de mais...

 — Nossa, e sua época faz quanto tempo? Um ano? Os tempos mudam, mas não tão rápido.

 — Eu hein, que jogos você anda jogando?

 — Playboy Mansion... Ai! — Minwoo reclamou de um beliscão que levou de Nana. — Que foi?

 — Você está muito engraçadinho hoje. E se eu tiver que aparecer de lingerie nesse tal jogo, esquece, acho muita apelação.

 — Relaxa, me disseram que não é nada disso, só querem usar sua imagem para uma personagem de um jogo de ação... Ei, olha lá! É aquele cara.

******

  Por volta das quatro da manhã Nana voltou para o triplex, teve que dar atenção para o magnata dos vídeo-games durante umas três horas, e isso incluía dançar de salto altíssimo e brindes intermináveis. Tudo isso, para no final das contas o homem dizer que precisava de mais um tempo para decidir. Nana ficou chateada por Minwoo não ter feito o milagre de sempre e conseguir o contrato logo no primeiro encontro e na primeira oportunidade pegou um taxi de volta o ao triplex. Tinha ficado exausta de ter que dar atenção ao magnata dos vídeo-games, ter que dançar com ele e dos intermináveis brindes que ele começou a promover depois que começou a ficar bêbado.

 Tirou os sapatos de salto assim que pisou no elevador privativo e entrou silenciosamente no triplex, que estava completamente escuro exceto pelas luzes da cidade nas janelas. Ela se aproximou do sofá lentamente desmontando toda a produção, sapatos, brincos e colares ficaram pelo caminho, mas antes que alcançasse as almofadas macias do estofamento ela foi pega de surpresa pela cintura e derrubada no tapete felpudo.

 — Peguei você! Boa noite linda.

 — Ai! Nichkhun! Vai acordar a Victoria!

 — Duvido muito, ela está no quarto dormindo...

 — Por isso mesmo, o quarto dela é aqui do lado.

 — Ela está no meu quarto...

 — Ah, vocês estavam... — Nana não terminou de dizer, desconcentrada pelos beijos e Nichkhun lhe dava no pescoço.

 — Eu ouvi você chegando, e como eu te vi saindo toda linda, corri aqui embaixo pra te ver.

 — Chegou atrasado, a linda que saiu voltou um bagaço.

 — Impossível... Vou até te fazer uma massagem. — ele disse sentando-se e puxando Nana para entre suas pernas para poder tocar seus ombros.

 — Victoria vai enlouquecer se acordar e não te vir ao lado dela na cama, hoje não é o meu dia... — ela comentou, mas não parecia estar realmente preocupada com isso.

 — Hoje já é outro dia, um dia totalmente diferente... — Nichkhun disse enrolando a cascata de mechas loiras do cabelo de Nana num coque.

 — Diferente? Tem algo especial do qual eu não saiba? — ela disse lembrando-se que já era seu aniversário e com esperanças de que fosse disso que Nichkhun estavesse falando.

 — Não sei, quem sabe. — ele respondeu. — Temos o resto da madrugada e o dia todo pra descobrir.

  “Ele não se lembra... ainda... E ai dele se não se lembrar.” Nana pensou irritada, mas como era de costume ela não resistiu às investidas de Nichkhun, e nem lhe passou algo do tipo pela cabeça. Abriu o fecho do vestido, que ficava no decote deslizou pelo corpo e puxou o rapaz para perto. Só então notou que ele não tinha se dado ao trabalho vestir algo mais além da cueca para encontrá-la no primeiro andar.

  Por algum motivo oculto Nana queria fazer por merecer ser lembrada no dia de seu aniversário, ele aparentemente não tinha ideia. Com a respiração alterada, ela fez um esforço para empurrar Nichkhun com as costas contra a parte debaixo do estofado do sofá e subiu por cima de seu quadril. Os cabelos presos num frágil nó caíram por sobre seus sombros e foi uma das ultimas coisa que Nichkhun conseguiu ver, pois seus olhos foram cobertos por eles assim que Nana alcançou seus lábios.

 — Achei que você estivesse cansada... — ele disse ofegante entre um beijo e outro.

 — Achou errado, eu estava estressada, mas já passou... — ela disse rindo.

 — Você devia ficar estressada com mais frequência.

 — Cala a boca Nichkhun.

  Não demorou a amanhecer, nem para Victoria descer e dar de cara com uma pintura renascentista, isso porque Nana dormia no tapete felpudo com a cabeça por cima do braço de Nichkhun, os quadris cobertos estratégicamente pelo tecido plissado do vestido de festa.

 — Ergh! — Victoria exclamou quando deu de cara com a cena na sala de estar, os dois abriram ligeiramente os olhos, piscando sob a claridade. — Tem mais gente morando nessa casa, não sou obrigada né?

 — Bom dia, flor do dia! — Nichkhun disse à Victoria.

 — Bom dia pra você também Nichkhun. — Nana se apressou em dizer em tom de voz anormalmente grave, puxando o vestido para cobrir o próprio corpo e assim descobrindo o de Nichkhun, que não se deu ao trabalho de se incomodar, só se sentou no tapete.

 — Vocês duas de mau humor ao mesmo tempo? Quem vê até acha que a culpa é minha.

 — E não é? — As duas disseram juntas.

 — Bom, quanto a essa noite eu posso dizer tranquilo que não fiz por merecer esse tratamento. — ele disse sorrindo.   — Mas e vocês duas?

 — Eu tenho, dormi acompanhada de um homem e acordei abraçada ao travesseiro, desci e dei de cara com uma cena digna, ou não tão digna assim, de um filme pornô... Ainda mais com esse tapete felpudo cafonérrimo.

 — Cafona? Mas esse andar foi você que decorou!

 — Ok, descontei no tapete e eu gosto dele, o problema era com vocês dois aí pelados no meio da sala. Viu só? Eu tenho motivo! Vocês podiam ser um pouco mais discretos.

 — Já dá muito trabalho ser discreta fora do triplex, temos que nos preocupar com isso aqui dentro também? Faça-me o favor né Victoria?! Os incomodados que se mudem!

 — Eu vou me mudar sim, mas para o quarto do Nichkhun, porque parece que vocês não usam nenhum dessa casa, Pra isso existem pelo menos uns dez quartos aqui!

 — O mais perto era o seu...

 — Jamais pense nisso Nichkhun, prefiro ver vocês dois no tapete que dar de cara com vocês na minha cama. — Victoria disse enojada.

 — Veja pelo lado bom, lá pelo menos tem lençóis pra cobrir as partes direito... Esse vestidinho — Nichkhun tirou as mãos do colo para apontar para o vestido de Nana. — mal cobre a Nana vestida.

 — Ai, você está todo cheio de si desde aquela matéria da revista né? — Nana disse irritada. — Não tem nada de errado com meu vestido.

 — Uh... já vi que a Nana está de mau humor porque...

 — A Nana está de mau humor porque dormiu só meia hora e foi acordada precocemente. — Nana disse, impedindo que Victoria dissesse o verdadeiro motivo do mau humor. — E porque o Minwoo já sabe de nós...

 — Quê?! — Nichkhun e Victoria disseram juntos.

 — De mim e do Nichkhun... Ele jogou verde ontem e eu caí por estar nervosa com outras coisas.

 — E aí, ele vem aqui me bater ou qualquer coisa do tipo?

 — Imagina, ele riu, nem sei como descobriu isso... E ele não associou Victoria ainda, acho que aí sim você teria problemas. A ameaça de escândalo e também porque a Vic é a preferida dele... Não vai demorar para ele perceber.

 — Menos mal que ele ainda não ligou os pontos, mas e o tal representante, te viu? — Victoria perguntou.

 — Não só viu como também me fez rodopiar a pista de dança milhares de vezes para depois dizer que precisava de mais tempo pra pensar. Vê se pode?!

 — É assim a vida dos mortais Nana, paciência, era só uma proposta. Enfim, agora quem vai correr atrás sou eu, se me derem licensa.

 — Vai sair Vic?

 — Tenho uma aula mais tarde, por quê?

 — Preciso de uns favores seus. — Nichkhun disse, levantando-se sem roupa para dar um beijo e um abraço apertado em Victoria — Mas me contento com o pouco tempo que você tem agora...

 — Viu só, boas propostas aparecem o tempo todo, é só esperar. — Victoria disse rindo.

 — Aish, eu vou pro meu quarto dormir. — Nana disse, enrolando o vestido no corpo pouco eficientemente, deixando para trás, todas as outras coisas.

******

  Victoria foi à aula e voltou por volta do meio dia, e Nana tinha acabado de acordar e estava na cozinha parada em frente à geladeira aparentemente se animando a pegar qualquer coisa pra comer porque não sabia cozinhar.

 — Achei que você ia dormir o dia todo... — Victoria comentou.

 — Fui acordada por uma dor de cabeça... Estou de ressaca, bebi ontem no fim da festa sem ter comido nada, só agora me dei conta de que eu não como nada há 24 horas.

 — E Nichkhun?

 — Esse eu comi tem menos tempo. — Nana disse rindo, e enquando mordia uma maçã sem a menor vontade.

 — Aish. — Victoria disse horrorizada com o comentário. — A intimidade é uma praga mesmo, desde quando falamos vulgaridades uma com a outra?

 — Brincadeira, ele saiu para correr. Falando nisso, ele falou alguma coisa com você?

 — Sobre o que?

 — Sobre o meu aniversário.

 — Sem ofensas, mas não gosto de ficar falando sobre você enquanto estamos juntos.

 — Ele não lembrou, não é? — Nana disse desanimada, com ainda menos interesse em comer a maçã do que anteriormente. — Que droga...

 — Tem certeza de que não quer que eu dê uma dica pro Nichkhun se lembrar?

 — Não! Você prometeu... Mas você pode fazer algo bem mais útil por mim...

 — Como o quê?

 — Comida! Me faz algo decente pra comer, please! — Nana disse quase se ajoelhando no chão.

 — Só vou fazer porque eu também estou morrendo de fome, porque você bem que podia ter pedido comida por telefone. — Victoria respondeu, mas sem soar com a má vontade que pretendia, foi até a geladeira e tirou vários ingredientes.

  Nana ficou observando-a de longe, sentada no balcão da cozinha, a coreógrafa não dizia nada.

 — Você está realmente chateada por hoje de manhã não é?

  Victoria lhe lançou um breve olhar e voltou para os afazeres.

 — Suponho que sim... — Nana concluiu. — Diga alguma coisa...

 — O que quer que eu diga? Claro que eu fiquei chateada, melhor, fiquei incomodada, mas também não estou com raiva, não mais... Você há de convir que não há nada de agradável na situação...

 — Pensei que você já estivesse acostumada com isso.

 — Acostumada é uma palavra forte... Eu continuo sendo a mesma louca ciumenta de sempre, só que eu não tenho tido muitos motivos pra brigar por isso.

 — Sério? — Nana disse ironicamente.

 — Você fala como se não tivesse ciúmes... Já te vi surtar algumas vezes... Queria ver se fosse você flagrando uma cena daquelas... Melhor, quero ver como vai reagir se Nichkhun não se lembrar do seu aniversário, do meu ele lembrou até com antecedência, isso não te diz alguma coisa? — Victoria disse em tom de brincadeira.

 — O que quer dizer? Ele não te disse nada mesmo sobre o meu aniversário? — Nana desceu do balcão e foi pra perto dela no fogão.

 — Eu não falei muito com ele depois que você subiu pra dormir. E quando cheguei eu também não sabia onde ele estava.

 — Pior que ele foi mesmo correr, eu o vi saindo vestindo aquele short minúsculo de maratonista... — Nana falou mais pra si mesma que pra Victoria. — Ele não está mesmo nem lembrando...

 — O que pretende fazer?

 — Esperar, se até o fim do dia ele não se lembrar, pode preparar a roupa preta porque você e eu estaremos de luto amanhã, e ai de você se contar pra ele! Te enterro junto! Mas antes eu preciso comer. — Nana disse rindo.

 — Você é maluca, o Khun vai se lembrar... eu acho.... Tomara.

 — Me lembrar de quê? — Nichkhun entrou de repente na cozinha, todo suado usando só o short de corrida, enxugando o peito com a camiseta que havia acabado de tirar.

  Deu um beijo em Nana e foi até o fogão cumprimentar Victoria, que como estava de costas, ganhou um backhug suado e um beijo atrás da orelha.

 — Eca, você está todo suado. — ela disse rindo.

 — Quem te entende? Tem nojo de mim quando eu estou suado de correr, mas não tem nojo quando eu estou suado depois de...

 — Ai não termina essa frase Nichkhun. Vocês dois são tão vulgares às vezes.

 — Ah é? Então vamos falar feito gente decente. Do que vocês duas falavam? Do que eu tenho que lembrar?

  Victoria olhou para Nana por cima do ombro do rapaz e ela fez uma expressão ameaçadora.

 — De nunca mais usar esse short, não foi esse que causou briga mês passado?

 — É mesmo! Ok, se vocês se incomodam tanto com esse short... — Nichkhun pos a mão no elástico e desceu o short, ficando completamente nu. — Eu tiro. — ele disse rindo, sacudindo e peça, Victoria riu e revirou os olhos, Nana segurava para não rir. — Eu o queimo.

  Ele acendeu o tecido no fogão aceso, saiu dançando e rodando a peça, jogando faíscas e cinzas por todo lado jogou numa lixeira de alumínio.

 — Satisfeitas?

 — Na verdade não, porque você queimou uma cueca junto com o short, você já não tem o hábito de usar, com menos uma no seu guarda-roupas então... — Nana disse.

 — Nossa, mas como é difícil agradar vocês!

 — Nem assim, nem com pirotecnia... — Victoria disse divertidadamente.

 — Pirotecnia... palavra engraçada, me lembra outra coisa. — Nichkhun disse maliciosamente, fingindo estar forçando a mente para se lembrar da palavra.

 — Você é um cínico incorrigível. Agora suba e vá tomar um banho porque o almoço está quase pronto. — Victoria disse dando-lhe um tapa na bunda.

  Ele saiu, deixando as duas sozinhas novamente.

 — Você vai mesmo ficar esperando ele se lembrar? Só esperando?

 — O que mais posso fazer? Se eu fizer algo vou ficar sempre com a sensação de que ele não lembrou por conta própria...

 — Vai ver ele está só esperando uma oportunidade, ele podia ter te dado um presente de manhã, mas eu acordei vocês aí não tem clima, depois você foi dormir e ele foi correr... Vai ver ele está esperando um momento pra vocês ficarem a sós.

 — Será? Mas de qualquer forma só me resta esperar.

 — Você não é disso... Quando você não vê oportunidade, você a cria.

  Nichkhun desceu meia hora depois e os três almoçaram tranquilamente, Nana estava mais calada e Victoria julgou que ela estava evitando falar para não dar com a língua nos dentes.

 — Estava ótimo Vic, mas eu preciso me arrumar para sair rápido...

 — Vai sair? Onde vai? — Nana disse.

 — Compromissos de trabalho, nem devo chegar cedo em casa. Por quê? Precisa de mim para alguma coisa?

 — Não... Por nada...

 — Então, eu preciso ir meninas, não me esperem acordadas. — ele disse, se despediu das duas e saiu.

  Victoria esperou tempo suficiente para saber que ele estaria quase em seu quarto para trocar de roupa para poder falar.

 — Se arrume, pegue sua bolsa, nós vamos sair.

 — Que vai fazer, seguir Nichkhun? Em que isso me ajuda?

 — Vamos chamar as meninas pra sair, você tem que se divertir um pouco no seu aniversário.

 — Nenhuma delas nem me ligou hoje, nem Sohee, que tinha obrigação de se lembrar de mim.

 — Nossa, estamos na metade do dia ainda Nana, que carência é essa? Vamos, se arrume, vamos sair daqui a pouco. Vamos fazer compras no shopping!

  Nana fez uma cara feia, mas cedeu e subiu para o quarto para se arrumar e para surpresa de Victoria ela apareceu mais arrumada que de costume, geralmente ela ia ao shopping sem maquiagem nem nada para não chamar a atenção e poder andar tranquilamente pelas vitrines. Ela usava uma calça preta skinny e um blusão de seda vermelha com botões dourados, um macro colar, maquiagem, óculos escuros e salto alto.

 — Uau! Por isso você demorou a se arrumar, essa produção toda, nós só vamos ao shopping... — Victoria comentou, mas estava quase tão bem vestida quanto ela.

 — Preciso me sentir bonita hoje...

 — Hoje e todos os dias, né?

 — Eu nem sou realmente convencida assim, você sabe disso Vic...

 — Não foi o que eu quis dizer, você é sempre linda, chega a ser irritante... — Victoria disse sorrindo e Nana levantou as sobrancelhas, surpresa.

 — Não precisa me bajular só porque é meu aniversário.

 — Não estou bajulando porque é seu aniversário, estou bajulando porque você é rica e vamos sair pra fazer compras, ou seja...

 — Que folgada! Foi você quem convidou! Falando em convidar, alguma das meninas confirmou nos encontrar lá?

 — Mandei mensagem, mas nenhuma resposta até agora, vai ver estão trabalhando... Mas pode ser que alguma dela nos encontre lá mesmo. — Victoria acrescentou vendo a expressão desapontada de Nana se formar no rosto.

  As duas saíram para o shopping, não era um dos dias em que havia muita gente circulando, mas mesmo assim havia quem abordasse Nana para pedir autógrafo, e ela atendeu pacientemente todas as pessoas. Num dos momentos de folga em que puderam olhar as vitrines Victoria comentou:

 — Não te incomoda ser abordada assim o tempo todo?

 — Isso? Não é nada perto do que eu estou acostumada, estranhamente tem até pouca gente, parece que estão todos indo para outra direção. Notou isso?

 — Agora que você citou isso, realmente, pra onde todos estão indo? É dia de liquidação?

 — Se é pra lá que estão indo eu vou para a direção oposta, odeio ponta de estoque... — Nana disse enquanto se virava na direção oposta.

 Quando fez o movimento para se virar trombou com Sohee, que pareceu completamente surpresa.

 — Ah, oi...? — ela cumprimentou desajeitada. — O que faz por aqui?

 — Nossa! Estou feliz em te ver também Sohee. — Nana disse ironicamente.

 — Ah, não é isso, é que eu fiquei surpresa só isso.

 — A Victoria não tinha te mandado mensagem para nos encontrarmos aqui?

  Sohee e Victoria trocaram um olhar bem rápido. — Vim fazer umas comprinhas... E vocês?

 — Na verdade faz horas que não checo meu celular, vim aqui por coincidência, fazer umas comprinhas... E vocês?

 — Também... — Nana disse.

 — Aconteceu alguma coisa?

 — Não aconteceu nada, é isso. Sabe por que as pessoas estão nessa correria toda?

 — Não é nada. — Sohee disse ansiosamente.

 — Provavelmente é liquidação. — Victoria disse, apoiando o argumento de Sohee. — São todas mulheres... garotas. — Victoria se corrigiu ao observar melhor a multidão que se deslocava pelo shopping.

 — Quer saber? Vou lá ver o que é. — Nana saiu andando na frente antes que as duas outras garotas se dessem conta.

 — Ei! Você está sem segurança, vai ser pisoteada no meio dessas mulheres todas.

 — E mulher lá quer saber de mim, Victoria? — Nana respondeu em meio à correria. — Nem vão me notar.

  Nana parou bruscamente perto de uma loja de joias que ela reconheceu ser uma das lojas pra qual Fei desenhava peças. Havia um estande montado frente à vitrine, era pra lá que as mulheres estavam indo, não dava para ver da distancia que Nana estava, e ela decidiu aproveitar o salto alto e o fato de ser mais alta que praticamente todas as pessoas ali paradas para se esgueirar entre elas e ter uma visão melhor do evento. Viu Nichkhun saindo da loja com uma caixinha de veludo preto. Estava tumultuado demais para que pudessem se mover mais para frente, então ficaram paradas.

 — Por que Nichkhun está aqui? — Victoria disse de repente por trás do ouvido de Nana.

 — Provavelmente veio comprar meu presente. — ela disse empolgada.

 — Presente por quê? — Sohee disse.

 — Você é uma desnaturada, devia saber pra quê o presente.

  Sohee riu.

 — Eu estava brincando, eu sei que é seu aniversário, mas de duas uma, ou você descobre a surpresa antes que tenhamos a chance de te surpreender, ou você nos xinga antes que possamos dar os parabéns.

 — Estou esperando?

 — O que? Os parabéns? Parabéns!

 — Não, o presente é claro. — Nana estendeu as mãos.

 — Aqui... — Sohee lhe entregou um embrulho retangular.

 — Um livro?  — Victoria estranhou. — Não lembro de já ter te visto lendo.

 — Pois eu leio sim...

 — Ah, minto, te vi lendo uma vez sim... O Kama Sutra! — ela disse rindo.

 — Fala baixo! — Nana a repreendeu.

 — Livro esse que você me fez comprar porque estava com vergonha de ser pega comprando um livro desses. — Sohee disse — Vergonha de personificar as ilustrações do livro você não tem né?

 — Não seja boba... Deixe-me abrir o presente.

  Sohee recuou.

 — Não, não, não, sabe que pra ter regalias vai ter que adivinhar o que tem no embrulho. E já que Victoria advinhou o conteúdo, você vai ter que adivinhar o título.

 — Dá uma dica, com título de livro é mais difícil, existem milhões!

 — Que você gostaria de ler não são milhões... Eu não te daria um livro que você na leria.

 — Espera, regalias, adivinhação... Estou perdida na conversa. — Victoria disse.

 — É algo que fazemos há anos, no dia do aniversário compramos presentes uma para a outra, e se adivinharmos o conteúdo do embrulho a pessoa que deu o presente tem que fazer tudo o que a outra pedir por uma semana.

 — Vocês duas são malucas...

 — Então, adivinhe!

 — Você ainda não me deu a dica!

 — Dei sim! É um livro que você leria.

 — Pode não parecer, mas eu gosto de ler, então a lista não é tão limitada quanto você pensa.

 — Nem o Kama Sutra você leu inteiro! — Victoria comentou, rindo.

 — Isso é porque eu não tenho tempo de testar tudo, mas eu li as partes instrutivas, que não são só indescências como você pensa.

 — Ok, vou te dar cinco chances de acertar, e ainda vou dar outra dica, é parte de uma série de livros.

 — Não está facilitanto, se é uma série de livros eu ainda vou ter que acertar qual deles? — Nana disse indignada.

 — Claro que não, obviamente eu vou te dar o primeiro livro.

 — Então é fácil. — Victoria disse. — Muito fácil.

 — Só avisando que a semana de regalias só vale para a aniversariante, eu não vou fazer vontade nenhuma sua. — Sohee disse rindo. — Qual é o livro?

 — Não posso dizer senão estrago a brincadeira. Mas é tão óbvio, bom, é um livro que a Nana leria, e faz parte de uma série de livros...

  Nana riu quase alto demais, chamando atenção de algumas garotas que estavam ao redor.

 — Cinquenta Tons de Cinza...

 — Ah, devia ter elaborado melhor minha escolha. — Sohee disse.

 — E não, eu não compraria esse livro pra eu mesma ler, porque de safadeza já basta a minha vida. Mas já que você me deu... — Nana disse rindo.

 — Conta outra Nana, esse livro é a sua cara! Fala sério, uma garota de 21 anos fazendo safadezas com um homem mais velho...

 — Nichkhun nem é tão mais velho que eu, são só, o que... dois anos de diferença.

 — Quase três... Falando nisso, o aniversário dele está chegando, gostei dessa brincadeira, podíamos propor isso ao Nichkhun...

 — Propor o quê a mim? — Nichkhun apareceu de repente, escondido em um capuz de um sobre tudo preto, sobressaltando as garotas.

 — O que está fazendo aqui, achei que estivesse trabalhando, atendendo às fans. — Victoria comentou.

 — Vim só fazer um merchandise, comprar uma joia que está em oferta pra atrair clientes, e aparentemente os diamantes são mais atraentes que eu porque nem foram atrás de mim pra pedir autógrafo.

 — Os diamantes são os melhores amigos de uma mulher... — Victoria comentou.

 — Pois essas mulheres precisam rever suas prioridades, quem precisa de amigos quando se tem um amante? — ele disse rindo, mas levou dois tapas, um de Nana e um de Victoria. — Ai, eu estava brincando.

 — Falando em brincar... brincos... Comprou algo pra mim? — Nana quis saber, ainda tentando fazer Nichkhun se lembrar de seu aniversário.

 — Na verdade eu comprei um colar pra mim, por quê? Quer alguma coisa da loja? Você sabe que a Fei pode fazer uma peça exclusiva pra você, é só pedir... — Nichkhun disse de forma inocente, dando a entender que não tinha entendido a indireta.

  Nana fechou a cara, emburrada.

 — Vai fazer o que agora?

 — Trabalhar mais, desculpem meninas, mas não posso ficar. Vejo vocês em casa, à noite, boas compras e tchauzinho. — ele disse, piscando pras duas e sorrindo para Sohee, depois se afastou discretamente da multidão.

 — Vamos sair daqui. — Nana disse séria.

  Assim que saíram da multidão Nana apertou o passo, tornando difícil para Victoria e Sohee acompanharem.

 — Ei Nana espere! — as duas disseram.

 — Pras lojas meninas, vamos gastar horrores hoje.

 — Está maluca, sou pobre querida. — Victoria disse rindo.

 — Não hoje porque eu tenho isso. — Ela mostrou um cartão de crédito em nome de Nichkhun.

 — Já podemos te internar, você roubou o cartão dele?! — Sohee disse.

 — Digamos que sim, estava no bolso de fora do sobre-tudo dele.

 — Não podemos fazer isso... Vão ligar pra ele para saber se ele está usando o cartão pra fazer compras de alto valor, vão saber que não é ele.

 — Ai Vic, isso só acontece com cartão de pobre, o limite desse é quase infinito, além do mais, eu pretendo pagar pelas compras, só quero que ele se assuste com a fatura desse mês.

 — Ainda não acho uma boa ideia, além do mais ele ainda tem algumas horas pra se lembrar do seu aniversário.

 — Eu já disse que vou pagar! Depois, mas vou pagar...

 — Já tem minha cumplicidade. — Sohee disse rindo. — Fácil me comprar com roupas.

 — Ok, vamos então...

  Três horas mais tarde, o céu já estava escurecendo e as garotas se dirigiam ao estacionamento subterrâneo do shopping com uma quantidade absurda de sacolas nas mãos.

 — Não está com remorso de fazer isso? — Victoria perguntou à Nana.

 — De maneira alguma. — Nana disse rindo, ela abriu o porta malas do carro e colocou as sacolas lá dentro e fechou.

  De repente uma enorme caminhonete preta, com a caçamba fechada parou ruidosamente perto delas e de lá saíram três homens altos, vestidos de preto e encapuzados, que não as deram nem tempo de reagir. Eles as carregaram nos ombros e as jogaram na caçamba. Era escuro o suficiente para não enxergarem nada lá dentro.

*****

 — Fala sério, que belo aniversário. Primeiro o Nichkhun não se lembra, e agora um sequestro relâmpago! Nem sabia que existia isso aqui nessa cidade! Ainda bem que eu tenho dinheiro pra resgate...

 — Talvéz não queiram dinheiro. — Victoria comentou.

 — E por que não iriam querer?

 — Você mesma disse que aqui nessa cidade nem acontecem sequestros... Pode ser um fan maluco seu, dinheiro não vai resolver, vai ter que pagar com o corpo.

 — Muito engraçado...

 — Como podem fazer piadas numa hora dessas?! — Sohee disse indignada.

 — É assim que lidamos com o nervosismo, não quer dizer que eu não esteja morrendo de medo. Além do mais meu pai é das forças armadas, assim que souber disso...

 — Seu pai não está numa base na Tailândia, isolado do mundo? — Sohee disse.

 — É verdade, espera... eu posso nunca mais ver meu pai depois de hoje, e ele nem me ligou pra me dar parabéns... Socorro!!! — Nana disse entrando em pânico e batendo nas laterais da caçamba.

  De repente a janelinha que dividia a caçamba da cabine do motorista se abriu e o carro deu um solavanco brusco, era um aviso do sequestrador. A janelinha voltou a se fechar e mergulhar as garotas de volta à escuridão.

 — Isso não vai ajudar, temos que esperar, ou podem tomar medidas extremas. — Sohee comentou.

 — E o que faremos enquanto isso? — Nana disse quase chorando.

 — Vamos pensar em coisas boas. Tipo, sei lá, decidi morar com o Junsu. — Sohee disse.

 — Sério? Achei que vocês já moravam juntos há tempos. — Victoria comentou, e Sohee negou com a cabeça. — Eu, sei lá... Vou terminar o curso de interpretação e fazer testes pra TV.

 — Ai gente, falando assim parece até que vamos morrer, não está ajudando. — Nana disse.

 — É porque você não está pensando no objetivo disso, estamos pensando nos motivos que temos pra ficar vivas.

 — Ok, o meu é simplesmente ver meu pai de novo.

 — Parece justo... — Victoria comentou. — Também quero ver os meus pais.

 — Falando em coisas justas, acabei de pensar num lado bom dessa história...

 — Qual? — Victoria e Sohee disseram juntas.

  Nana riu baixinho.

 — Não vou precisar pagar a fatura do cartão, posso falar que foram os sequestradores!

  As três riram e de novo a caminhonete balançou bruscamente, dessa vez parando completamente. Os três homens fecharam as portas do carro e logo reapareceram, abrindo a porta da caçamba. Os três carregaram as garotas nos ombros, e elas não ofereceram resistência, porque não saberiam como fugir sem identificar o lugar onde estavam. E nem dava para identificar, pois o carro estava parado dentro de um galpão, iluminado somente pela luz da lua, que vinha da parte de vidro do telhado. Fora a caminhonete e as cadeiras onde tinham sido amarradas, as garotas não conseguiam ver nada além do círculo de luz lunar.

 — Pra onde eles foram? — Victoria disse.

 — Pra quê quer saber pra onde foram? Sorte nossa eles terem ido... Podemos tentar fugir. — Nana disse baixinho.

 — A menos que você tenha uma faca escondida na calcinha, acho que não vamos a lugar algum assim amarradas. Ah é, você usa tanguinha, então sem chance de caber alguma coisa aí.

 — Na calcinha pode até não caber, mas na...

 — Não termina essa frase, por favor! — Victoria disse, horrorizada.

 — Foi você que deixou brecha pra piada...

 — Podem parar de falar bobagens? Estou tentando escutar se eles realmente foram embora. — Sohee disse. — Estão ouvindo isso?

 — Parece um helicóptero se aproximando... — Nana disse.

  De repente o galpão foi invadido por uma luz forte e branca e os vidros do telhado se estilhaçaram ruidosamente. Homens de preto desciam de rapel em cordas neon. As garotas gritaram de susto quando os homens chegaram ao chão, ainda com os rostos cobertos. Não eram os mesmo homens que as sequestraram, eram mais fortes. Eles se enfileiraram e receberam um comando. As cordas neon foram soltas e caíram no chão, e o barulho dos helicópteros cessou.

  Um homem à frente da fila deu mais um comando e de repente os homens começaram a cantar “Parabéns pra você”, ainda encapuzados.

  — Quê?! — Nana disse surpresa, Sohee e Victoria riram.

  Quando a canção terminou, houve uma contagem regressiva de três segundos e uma multidão gritou:

 — Surpresa! — ao mesmo tempo em que várias luzes coloridas se acenderam revelando vários rostos conhecidos.

  Sohee e Victoria entraram em crise de riso, enquanto Nana ainda estava saindo do choque.

 — Vocês duas sabiam?!

 — Claro. — Elas responderam.

 — Que traidoras! — Nana disse ultrajada.

  Três dos homens que desceram de rapel se aproximaram das garotas e começaram a desprender as cordas que as amarravam.

 — Quem são vocês? — Nana perguntou ao homem que a desamarrava.

 — Que decepção... — Ele respondeu tirando a máscara. — Não reconhece o próprio pai.

 — Pai?! Paizinho! — Nana se jogou nos braços do Sr. Im e ele riu. — Você armou isso tudo?

 — Só a entrada fenomenal pelo teto de vidro. O resto fiu ideia do seu namorado.

 — Nichkhun?!

 — Tem outro?

 — Claro que não pai, que é isso?

 — Com você nunca que se sabe não é? — o Sr. Im disse rindo.

 — Parabéns Nana! — Nichkhun apareceu de repente, também vestido de preto, Nana concluiu que ele era um dos sequestradores, e se repreendeu mentalmente por não ter reparado que ele ainda usava o sobre-tudo preto que estava usando no shopping.

  Nana o abraçou e depois lhe deu um tapinha no rosto.

 — Ai! Por que fez isso?

 — Primeiro pelo susto, depois por ter me feito acreditar que você não se lembrava do meu aniversário.

 — Sem isso não ia ter surpresa!

 — Eu sei, mas tinha que descontar o susto em alguém. Falando em susto, prepare-se pra receber um quando vir a fatura do seu cartão...

 — Meu cartão? — Nichkhun levou a mão no bolso. — Você roubou!

 — Roubei não, emprestei escondido. 

 — Isso existe? Emprestar escondido? Não dá cadeia não? — Nichkhun perguntou ao Sr. Im.

 — Se minha filha diz que existe, eu não discuto. — ele respondeu rindo.

 — É por isso que a garota é assim mimada. — Victoria comentou, sorrindo.

 — Tem gente que nasce com alguns privilégios Vic, outros não...

 — E tem gente que ganha os privilégios, posso te conceder alguns se quiser. — o Sr. Im disse colocando o braço por cima do ombro de Victoria.

 — Vai fazer o que, adotá-la? — Nana disse fingindo ciúmes.

 — Te dar uma madrasta talvez...

  Victoria riu alto.

 — Pai! Ficou maluco?!

 — Era brincadeira, só estava sendo bem humorado, afinal foi ela quem conseguiu me achar a pedido de Nichkhun. Os dois acharam que seria bom pra você se eu viesse te visitar.

 — Obrigada, foi o melhor presente que poderiam me dar... E eu achando que o presente era aquela macumba chinesa...

 — Xiangbao. — Victoria corrigiu. — Mas funcionou não é? Atraiu algo que você queria pra você.

 — Verdade, obrigada mesmo. Ok, agora eu preciso beber pra digerir essa história toda.

 — Como se precissasse de razões pra isso. — Victoria comentou sarcasticamente.

 — É mesmo? — o Sr. Im disse francamente interessado.

 — Tem muita coisa que o senhor não sabe...

 — Victoria!?

 — Calma Nana, se eu quisesse saber tudo sobre você não seria o silêncio de Victoria que iria me impedir. Você viu que eu não precisei fazer muito esforço pra saber de você e de Nichkhun. Há coisas que um pai não precisa saber, desde que ele conheça a filha que tem.

 — Meu pai podia pensar da mesma forma. — Victoria comentou rindo.

 — A proposta de adoção está de pé. — Nana disse.

 — Isso seria um desastre, mal dou conta de uma filha, quem dirá de duas. — Sr. Im disse rindo.

 — Pois é, essas duas são impossíveis. —e Nichkhun deixou o comentário no ar.


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