Triplex escrita por liviahel


Capítulo 28
Bom é saber calar, até o tempo de falar...? 2




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Alguns quilômetros abaixo do topo da montanha, os rapazes estavam jogando sinuca num bar próximo ao supermercado, esperando o carro de neve resolver o problema da estrada bloqueada. Não havia, claro, nenhuma previsão pra que isso acontecesse, porque já passava da meia noite. NichKhun era o único que realmente levava jeito para o jogo e estava ficando entediado por ganhar a quinta partida seguida dos rapazes.

— Aish, de fato parece que não tem nada que você não faça bem. — Junsu disse reclamando por perder dinheiro pra ele no jogo e colocando o taco sobre a mesa.
— Como sabe?
— Sua fama se espalha, e você já convencido o suficiente, não quero mais jogar.
— Já estava entediado mesmo. — Nichkhun comentou, sorrindo. — Vamos sentar em alguma mesa pra comer alguma coisa enquanto esperamos?
— Tudo bem, eu também não tenho mais dienheiro pra apostar. — Junho disse.
— Será que vai demorar muito pra esse carro de neve passar? Não foi muito prudente deixar as garotas sozinhas naquela casa... — Siwon comentou, um tanto pesaroso.
— Não imagino o que possa acontecer de ruim num lugar daquele, não havia ninguém quando subimos a montanha e com a neve ninguém mais pode subir. — Junsu tranqüilizou o doutor.
— Acho que você está preocupado por ficar sem Jaekyung. — Nichkhun comentou rindo.
— O que? Eu sou um homem afinal, quando é que vocês vão parar de me ver somente como um médico? — Siwon disse rindo.
— Verdade, já que tocamos no assunto e somos amigos, sempre quis perguntar uma coisa... — Nichkhun disse com um tom de malícia na voz. — Você é urologista... isso te dá alguma vantagem, você sabe, naquilo?

Os rapazes todos explodiram em risadas, até Siwon, que era o alvo da piada.

— Imagino que sim, pelo menos eu sei fazer funcionar sem falhas, nunca tive problemas.
— Isso foi uma indireta? — Nichkhun disse mudando de expressão.
— Não, só respondi a pergunta.
— Convencido.
— Eu e o Junsu não estamos entendendo nada... — Junho comentou meio entediado e curioso ao mesmo tempo.
— É que o Nichkhun procurou meus serviços por falha técnica, foi assim que nos conhecemos. — Siwon disse rindo.
— Ah sim. — Junho riu também.
— Como se você soubesse muito do que está rindo Junho... — Nichkhun disse meio rabugento. — E você Siwon, não devia estar rindo disso, não tem alguma coisa, sei lá, um juramento que te impede...?
— Estamos entre amigos não é? Agora que eu já satisfiz sua curiosidade, satisfaça a minha. Você gosta mesmo das duas? Quero dizer, é comum um homem que dorme com mais de uma mulher, mas elas raramente sabem disso ou lidam bem com isso tão bem como Victoria e Nana fazem.
— Você é quem acha que elas lidam tão bem assim...
— Ah vai Nichkhun! Você tem muita sorte delas não saírem no tapa todos os dias. — Junho comentou. — Se qualquer uma delas fosse a Krystal seria um verdadeiro inferno.
— Ok, nisso eu concordo, mas respondendo à pergunta do Siwon. Sim, eu gosto das duas.
— Da mesma forma? 
— O que quer dizer?
— Não quis dizer nada, é que elas não são parecidas, são quase opostas. — Siwon disse, mas deu a entender que estava falando em outro aspecto.
— Você quer saber como é que eu gosto das duas ao mesmo tempo, mesmo elas sendo tão diferentes uma da outra?

Embora e pergunta tivesse sido feita por Siwon, os outros dois rapazes assentiram junto com ele.

— Ah, eu não sei. Deixa eu ver... Nana é espontânea, divertida, tem uma auto-estima incrível e é um tanto imatura. E Victoria é centrada, tem personalidade forte, tem um humor estranho e divertido ao mesmo tempo, e é muito madura.
— Completamente opostas. — Siwon comentou.
— Nem é verdade, por mais que elas odeiem admitir, tem mais em comum do que pensam, por isso se dão tão bem. As duas tem as mesmas inseguranças, só que reagem de formas diferentes...
— Pois eu acho que a única coisa que elas tem em comum é você. — Junsu disse.
— Mas ainda é um ponto em comum.
— Um ponto em comum que elas tem com metade das mulheres de Seul e da Tailandia não é? — Junsu disse rindo.
— No aspecto físico da coisa, sim, mas você sabe que eu nunca passei tanto tempo num relacionamento sério como agora.
— Se é que se pode chamar de sério mesmo.
— Que conversinha de garota. — Junho comentou. 

Nichkhun ergueu as sombrancelhas um tanto surpreso.

— Que foi? Você achava que eu estava com elas apenas por sexo?
— Não só por isso... — Junho tentou consertar o comentário. 
— Pra ser sincero eu também já achei isso. — Junsu admitiu. — Considerando que você sempre foi mulherengo.
— Pois vocês estão errados...
— Nichkhun, nós nos conhecemos porque vocês três exageraram na dose. — Siwon disse sarcasticamente. 
— O que querem saber afinal? Porque se forem detalhes sórdidos, eu não vou dizer.
— Que sem graça. 
— O que diria se eu perguntasse coisas assim sobre você e a Krystal? Ah é, esqueci que ela é que anda te ensinando as coisas. — Nichkhun disse brincando.
— E ela ensina muito bem obrigado. Não foge do assunto, diz alguma coisa. Quem é melhor?

Nichkhun revirou os olhos e decidiu dizer algo pra acabar logo com as perguntas indiscretas.

— Não tem melhor nem pior, tem diferente. Victoria é mais experiente, menos ansiosa. Nana compensa inexperiência com criatividade e quantidade, não que eu esteja reclamando. — ele acrescentou rindo, mas ficou desconcertado por contar esse tipo de coisa, sabendo que qualquer uma das duas o mataria se soubessem que ele estava dizendo aquilo. — Por que só eu conto as coisas? 
— Porque você é o único com relacionamento incomum. — Junsu disse rindo. 
— Não é verdade. Junho deve ter algo pra contar.
— Eu?!
— Sim você, você foi desvirginado por uma garota mais nova, isso é mais incomum que ter duas namoradas não é?

Junsu e Siwon fizeram que não, e Junho ficou vermelho.

— Falando assim parece até que eu fui violentado. — Junho disse meio rindo, ainda sem graça.
— A Krystal me assusta às vezes. — Nichkhun disse rindo. — Vai saber.
— Está bem, eu admito que ela também me assustava antes, Krystal é muito direta quando quer as coisas, mas é muito amável.
— Se ela não fosse assim também você ainda seria um garotinho inocente.
— Verdade.
— Outra garota que me assusta é a Sohee...
— A Sohee?! — Junsu disse surpreso. — Por quê?
— Sei lá, ela quase nunca diz nada e quando diz sempre surpreende. Imagino que deva ser assim o tempo todo.
— Que nada, ela fala até demais quando estamos à sós, como qualquer outra mulher. “Junsu você deixou a toalha molhada em cima da cama! Kim Junsu tire essas roupas enxovalhadas do chão do banheiro!” — ele disse imitando a voz baixa e aguda da moça, arrancando risadas dos outros rapazes. — E ela ainda nem mora comigo.
— Amigo, você já está casado e ainda não percebeu. — Siwon disse quase sem fôlego.
— Pra você ver como ela é assustadora. — Nichkhun comentou.
— Não é assim o tempo todo, é claro, ela cuida de mim, e é bem atenciosa.
— Entre as três, a única que não me assusta é a Jaekyung...
— Como assim? — Siwon perguntou.
— É, ela é bem parecida com a Vic e a Nana...
— Pode ir tirando o olho Nichkhun! — Siwon disse brincando. 
— Não prometo nada, avisa pra ela. — Nichkhun disse maliciosamente, mas brincando, obviamente.
— Você diz isso por que não a viu surtar quando eu disse o nome de outra mulher enquanto dormia, achei que ela ia me matar.
— Mas você deu mole cara, pra isso servem os apelidos “querida, minha flor, minha deusa, minha rainha...”, se você as chama assim, num ato falho ela vão achar que você está falando dela e não da outra.
— Eu já disse que não tinha nada com a mulher do sonho!
— Sei... você não estava brincando de médico com ela... — NichKhun disse maliciosamente.
— Teoricamente sim, estávamos fazendo um treinamento cirúrgico. — Siwon continuou o trocadilho.
— Não conheço essa posição. — Junho disse rindo.
— Essa com certeza não está no livro do Kama Sutra rapaz.
— Vocês três são uns indecentes. — Junsu disse rindo.
— Falou senhor inocência, quem não te conhece não sabe que você tem pelo menos umas cinco casas onde você leva as mulheres para serem seduzidas.
— Eu não tenho tantas casas por esse motivo Khun, e eu não tenho porquê sair seduzindo mulheres por aí, estou muito bem obrigado.
— Que isso? Ou você está virando um homem decente...
— Eu sempre fui decente... Mas continue, ou o que?
— Ou Sohee tem algum talento obscuro. — Nichkhun disse rindo, Junsu não ficou bravo com o comentário, conhecia o amigo a tempo suficiente pra poderem fazer esse tipo de brincadeiras sem causarem estrago no relacionamento deles.
— Se tem... — Junsu confirmou sorrindo — E esse seu “namoro” com a Suzy, é tipo amizade colorida? Ela não namora a Fei?
— Já até imagino o que passou pela cabeça de vocês quando viram a noticia na TV e depois do que viram no Reveillon, mas por mais tentador que isso pareça, não, eu não tenho nem tive nada real com nenhuma das duas...
— Só na imaginação mesmo. — Siwon comentou.
— Por uns dez segundos...
— Falando em imaginar, o que será que as malucas estão fazendo lá sozinhas agora? — Junho disse.
— Provavelmente falando das mesmas coisas que nós, fofocando sobre nós quatro. — Nichkhun concluiu.

******

Enquanto isso no alto da montanha, a casa continuava a produzir rangidos medonhos, Victoria, Nana, Jaekyung e Fei estavam um tanto tensas, Suzy dormia pesadamente no sofá em frente a lareira. Sohee e Krystal eram racionais demais pra se preocuparem realmente com os barulhos e eram as que puxavam assunto para o tempo passar mais rápido.
— Estou aqui pensando no que esses rapazes devem estar fazendo pra passar o tempo lá embaixo. — Sohee comentou.
— Você não tem com o que se preocupar, Junsu é um bom moço, com certeza está quietinho no canto dele, enquanto que Nichkhun, esse sim pode estar aprontando alguma. — Victoria comentou rindo.
— Você e a Nana exageram um pouco quando falam do Khun, ele não é assim tão peste. — Fei comentou. — Aposto que desde que vocês começaram a namorar ele não faz nada de errado, não se aproximou de nenhuma outra mulher sequer.
— Verdade. — Nana concordou. — Mas ele sempre fala umas besteiras que nos deixam da dúvida.
— Ele sempre fez isso.
— Vocês duas são bem bobas, quer tática mais velha e infalível que conquistar uma mulher provocando ciúmes nela? — Krystal comentou. 
— Tão infalível que ele conquistou as duas ao mesmo tempo e da mesma forma. — Fei disse.
— Você fala como se soubesse que é fácil não cair nessa.
— Claro que eu sei Nana, eu tive namorado uma vez...
— Como é? — Suzy acordou de repente.
— Ah-há! Você não estava dormindo! — Fei disse apontando um dedo pra garota.
— Eu estava, mas tenho “sentido aranha” pra escutar as coisas e acordei. Você dizia... — ela disse com uma expressão de curiosidade no rosto.
— Dizia que eu já tive namorado, só isso. E você não está em posição de fazer perguntas.
— Vou ser crucificada o resto da vida por ter ficado com o G.O... Já vi tudo. — Suzy disse meio rabugenta, por conta da situação e do sono.
— Menos mal, mais uma pra me ajudar a carregar essa cruz. — Victoria disse rindo.
— Eu compro um tríplex pra vocês três se quiserem!

Fei tapou os ouvidos de Suzy de brincadeira.

— Não corrompa minha namorada Nana!
— Me larga! — Suzy disse se desvencilhando e rindo. — Como se eu fosse realmente aceitar essa oferta. E para de desviar o assunto Fei!
— Está bem, eu dizia que já tive namorado, foi quando eu era bem mais nova...
— Não fala assim, parece até que você é idosa. — JaeKyung comentou rindo.
— Acho que só o namorei porque ele me irritou com uma outra garota, fiquei meio despeitada. Mas claro, não durou muito tempo.
— Tempo suficiente...? — Nana perguntou e levou outra cotovelada de Victoria pela indiscrição.
— Você quer saber se eu dormi com ele?
— Ok, eu não quero saber disso. — Suzy disse meio brava, meio rindo, cobrindo a cabeça com uma almofada. — Boa noite pra vocês.

Fei riu, e confirmou com a cabeça.

— O que ela queria saber mesmo era se você tinha esperado tão pouco tempo quando ela com o Nichkhun. — Victoria comentou rindo. — Pra se sentir menos biscate.
— Não achei graça.
— Mas foi engraçado, você aprontando uma corrida contra o tempo nas nossas olimpíadas bizarras. — Victoria ainda ria muito.
— É, naquela época você não tinha achado engraçado, me ligou furiosa...
— Espera, vocês estavam disputando quem “dava” primeiro? — Sohee disse meio abismada. 
— Nana estava disputando e eu...
— E você fazendo até promessa pra segurar a periquita. — Nana respondeu provocativamente.

Krystal, Sohee e Nana riram alto.

— Porque está tão calada Jaekye? — Victoria notou que a amiga não falava nada há algum tempo já.
— Prefiro não comentar essas coisas. — ela disse rindo.
— Consciencia pesada...
— Também Vic... A necessidade faz coisas. — ela disse rindo.
— Engraçado, não imaginava o Dr. Choi sendo assim, sei lá... Safadinho.
— Também pudera, quando ele te conheceu você estava no consultório dele com Nichkhun e ele pensando que vocês dois eram ninfomaníacos. — Nana disse rindo.
— E por que isso gente?
— Se eu contar o que aconteceu Nichkhun me mata. — Victoria disse.
— Está esperando o que pra contar então? — Nana disse rindo.

Victoria lançou-lhe um olhar meio pasmo, quase rindo.

— Muy amiga você.
— Desculpe-me, foi reflexo. — Nana respondeu com falsa inocência.

Houve mais um breve momento de silêncio, porque Victoria não ia contar nada, silêncio que foi enrecortado por mais um daqueles rangidos medonhos da casa.
— Então, como eu ia dizendo, não se deixem enganar pela aparência de médico do Siwon, ele é um homem jovem completamente normal.
— Defina normal. — Krystal instigou.
— Quer dizer que o tempo em que ele não está trabalhando, comendo ou dirigindo, está fazendo sexo. — Sohee disse de repente.
— Amiga! É desse jeito? — Nana disse surpresa à amiga.
— Sempre o tom de surpresa não é Nana?

Uma porta bateu ruidosamente, não o suficiente para acordar Suzy, mas para sobressaltar as garotas que já estavam se habituando somente com os rangidos. 

— Sério, estou realmente assustada com esses barulhos, tudo bem as coisas rangirem por serem de madeira antiga, mas uma portabater sozinha é estranho.
— Deve ser uma corrente de ar Jaekye. — Krystal disse cética como de costume.
— Então é melhor checar-mos se as janeas estão fechadas senão, ao final da noite vamos estar congeladas.

Ela e Sohee já iam subir as escadas.

— Esperem, vocês duas vão subir sozinhas? E se sei lá, tiver algum tarado dentro da casa? 
— Ai que bobagem Jaekye. — Krystal respondeu.
— Nem é tão bobagem assim, de quem é aquele carro lá fora na rua? — Victoria disse oilhando pela janela que ela tinha ido checar. — Não estava lá antes estava? Quero dizer, chegou depois da gente... Mas a estrada não está bloqueada?

As garotas foram correndo pra mesma janela, até Fei, que tomou todo o cuidado pra não acordar Suzy.

— Tem correntes nos pneus... Pra dar aderência na subida... — Krystal comentou. — Certo, agora estou com medo. A porta está trancada?

Sohee mexeu na maçaneta e a porta se abriu deixando entrar um vendo congelante.
— Que droga! E se o tarado entrou aqui enquanto estávamos na sauna? — Jaekyung exclamou.
— Ele com certeza teria entrado pra fazer uma visita. — Sohee disse sem alarde. 
— Mas ele pode ter entrado depois, digo, se é um só, como atacaria sete mulheres juntas?
— Não há pegadas na neve...
— Mas está nevando há horas! Como espera que as pegadas não tenham sido apagadas? 
— Ok, pânico. — Sohee finalmente admitiu. — Vou ligar para os rapazes pra saber se já estão vindo. — ela pegou o celular e ligou. — Jun? Vocês já estão vindo? ... Não, é que... Tem um carro estranho na porta do casarão... Não tem ninguém lá dentro... Sei lá, vocês saíram e deixaram a porta da casa aberta... E se alguém tiver entrado aqui? Não é por causa dos rangidos, você sabe que isso não me assusta... Será que você pode, por favor, dar um jeito de vir pra cá mais rápido?... Ok... Tchau.
— Eles vem?
— Vão tentar Vic... — Sohee respondeu meio desanimada. — Mas quer saber de uma coisa? Eu é que não vou ficar aqui parada esperando. Quem quer que supostamente esteja na casa, vou descobrir quem é e tirar daqui à vassouradas.
— Está louca?!
— Não seja frouxa Jaekye, somos sete mulheres e ele provavelmente é um só... Já viu tarado andar em grupos?
— Nichkhun tem muitos amigos... — Nana comentou.
— Sem comentários...
— Ok, então vamos juntas. — Jaekyung disse, resinada.
— Vou ficar aqui na sala com a Suzy, Vic. — Fei comentou. — Se alguém aparecer...
— Você dá um golpe de kung fu nele... — Nana disse.
— Quê? Nem todo chinês é Jackie Chan, Nana, eu ia dizer que se alguém aparecer eu grito.
— Pretende matar o tarado a gritos? Dá uma paulada nele pelo menos. — Nana disse jogando uma vassoura perto do sofá onde Fei estava com Suzy. — Vamos subir todas juntas.
— Claro, se ele se sentir encurralado vai descer por outra escada... — Sohee comentou.
— Reconfortante. — Fei disse. — Já que eu vou estar aqui... Sozinha. — Acrescentou, vendo Suzy dormir pesadamente ao seu lado.

Então elas subiram para checar o segundo andar, que era de onde, aparentemente, o barulho de porta tinha se originado. As garotas gastaram bastante tempo nessa tarefa, uma vez que estavam todas encolhidas umas entre as outras e andavam devagar, entrando de cômodo em cômodo, atentas ao menor som. Passado uma hora praticamente, Fei tinha adormecido porque depois de tanto tempo, não acreditava que houvesse alguém na casa de fato. Quando elas finalmente desceram novamente ao primeiro andar pra continuar as buscas, nenhuma delas acreditava mesmo ter algum tarado por lá.
— Eu disse que não tinha ninguém na casa. — Sohee disse. — 
— Mas bem que você não queria ir checar sozinha.
— Claro que não Nana. E quem foi que inventou essa historia de tarado afinal?
— É, foi exagero mesmo, você mesma disse que a casa fazia barulhos sozinha, e o fato do carro estar lá fora não quer dizer que a pessoa, mulher, homem,tanto faz, tenha entrado na propriedade... — Victoria concluiu, tentando ser um pouco mais racional que há minutos atrás.

Elas voltaram se sentar no sofá maior, perto da lareira, impacientes e ansiosas.

— Que demora desses rapazes. — JaeKyung comentou, suspirando. — Se tivesse mesmo um tarado aqui já tinha dado tempo de ele pegar a nós todas.
— Tão rápido? — Nana comentou.

E todas olharam estranho pra ela, depois começaram a rir. Houve mais um barulho, só que dessa vez era o estomago de Victoria roncando.

— Que droga, eu estou morrendo de fome, e não tem nada pra comer...
— Depende do ponto de vista. — Disse uma voz masculina perto do corredor.

Jaekyung, Sohee, Krystal, Victoria e Nana gritaram juntas encolhendo-se entre si o suficiente para desaparecerem atrás do encosto do sofá, acordando Fei com um susto que a fez derrubar Suzy, que estava apoiada nas pernas dela, no tapete felpudo no chão.
— Ai! Que é que você...? — Suzy se levantou rápido do chão, pois não tinha idéia do que pudesse estar acontecendo. — Ah! — ela gritou ficou vermelha, tapou o rosto com uma almofada e começou a rir descontroladamente.

Nenhuma das garotas entendeu a reação dela, mas notaram que não era uma situação preocupante, então se levantaram pra ver o que estava acontecendo. 
— Ah! — Jaekyung, Sohee, Krysta, Fei e Nana gritaram juntas, e também tamparam os rostos com almofadas.
— ByungHee?! — Victoria disse notando que o rapaz estava completamente nu, exceto por uma toalha enrolada no pescoço, no meio da sala. — Por que está aqui? Digo... Por que está aqui e por que está sem roupa...?
— Você está cansada de saber que eu não uso roupa dentro de casa. — G.O disse na maior cara de pau, Victoria não achava a menor graça, enquanto que as outras garotas ainda riam histericamente, nenhuma delas levava a historia de tarado muito à sério depois que viram de quem se tratava.
— Mas você nem está na sua casa!
— Eu não tenho casa, e sou naturista, então faço isso em todo lugar em que fico hospedado.
— Mas aqui nem hospede você é!— Victoria disse impaciente, por não ter nem passado por sua cabeça que G.O pudesse tê-la seguido, por ter pensado que a trégua ia ser definitiva. — Por que será que eu acho que eu não devia estar surpresa?
— Vai ver é porque você conhece cada centímetro de cor. — Nana comentou, rindo.
Victoria ignorou a piada, enquanto as garotas explodiam em risadas.
— Será que você pode, por favor, ir embora? Você não tem o que fazer aqui.

G.O se aproximou de uma forma exibicionista, brincando com a toalha branca em seu pescoço.

— Mesmo que eu fosse um cara bonzinho eu não iria... Não dá pra descer a montanha agora...
— Fala sério, se você conseguiu subir vai conseguir descer também. É a física, tudo que sobe, desce...
— É... Mas leva tempo até certas coisas que subiram, poderem descer. — G.O disse maliciosamente, as risadas das garotas, que ainda cobriam os rostos o encorajavam a continuar com as piadinhas, mesmo com Victoria a ponto de explodir de raiva. — Ok ok, eu consegui subir a montanha quando ainda estava com pouca neve, por causa das correntes nos pneus do carro, mas agora não adianta... Vão ter que me agüentar aqui, se não quiserem ser responsáveis por eu morrer congelado. E nu assim, vou congelar mais rápido.
— Veste uma roupa pelo menos, você não está em casa e muito menos foi convidado.
— De jeito nenhum, você é quem vai ter que me vestir se quiser, porque eu não vou fazer isso sozinho. — Ele pegou a toalha e usou-a para envolver Victoria e puxá-la pra perto de si.
— Seu babaca! — Victoria gritou, dando uma almofadada na cabeça dele.

Nesse momento a porta da sala se abriu com um estrondo aparentemente tinha sido arrombada, e dois segundos depois G.O estava no chão, vitima de uma rasteira aplicada por Nichkhun, que agora o prendia com os braços atrás das costas e o peso do corpo por cima dele.

— O que ele faz aqui? — Nichkhun disse num tom anormalmente arrogante, dirigindo-se diretamente à Victoria.
— Eu é que vou saber? Ele é maluco!
— Foi você quem disse que viríamos pra cá Suzy? — a garota se assustou com a acusação repentina e só conseguiu negar com a cabeça.
— Se acalma Nichkhun. — Fei disse estranhando a atitude exagerada do amigo.

Mas ele não deu muita atenção.

— É, cara, se acalma, vai acabar fazendo algo que não quer ficando nervoso assim. — G.O disse rindo e com dificuldade porque seu rosto estava pressionado contra o chão.
— Como o que?
— Como me violentar, por exemplo, você está esmagando meu cóccix sentado em cima de mim.

Dessa vez eram os rapazes quem riam. NIchkhun ficou desconcertado e levantou sobre os ombros G.O com a força quase sobrehumana que ele tinha quandoficava nervoso e levando-o em direção à porta.

— Ei! O que vai fazer comigo? Victoria faz alguma coisa! — G.O disse, debatendo-se.

Mas Victoria só seguiu Nichkhun até a porta, não tinha a menor intenção de interferir, porque não achava que eles fossem se brigar.

— Não, não faz isso cara! Eu visto uma roupa, eu juro! — G.O gritou enquando Nichkhun o jogava de costas pra neve. Estava realmente frio e G.O se sacolejava tentando se levantar.
— Imagino que você a tirou porque não se agüentava de calor não é? Então, estou te ajudando a equilibrar a temperatura.
— Para cara! É sério, eu vou embora se quiser, mas me deixa levantar!
— Você me acha tão mesquinho assim? Não vou deixar você ir embora com a estrada nesse estado, você vai poder dormir no seu carro. Onde você deixou suas chaves? — Nichkhun disse afrouxando os pés que prendiam G.O no chão.
— Eu vou buscar... Estão no quarto, no segundo andar.
— Não não, pode deixar que eu resolvo. Junsu! Busca as chaves do rapaz aqui.

Junsu voltou com as chaves um minuto depois, e Nichkhun puxou G.O até onde o Jeep Commander dele estava, jogou-o lá dentro e voltou correndo pra casa.

— Que cara chato! — ele disse rindo.
— Como foi que vocês chegaram aqui? O caminhão de neve ainda não passou. — Sohee comentou.
— Nós viemos à pé, por isso demoramos. — Junsu respondeu, dando-lhe um beijo na bochecha.
— Vocês enlouqueceram?! Está congelando lá fora! — Jaekyung disse esfregando os braços frios de Siwon.
— Por que não fizeram isso antes? — Krystal disse meio irritada. — Se podiam subir a pé...
— Nós achamos que vocês estavam em perigo, só subimos por isso. — Junho respondeu. 
— Ah! E se nós não estivéssemos em perigo ficariam lá bebendo?
— Como sabe que estávamos bebendo?
— Seu hálito gênio! — ela disse dando-lhe um tapinha no ombro.
— Cala a boca mulher! — Junho disse brincando e forçando-lhe um beijo nos lábios.
— Você bebeu demais não é? Não teria coragem de falar assim comigo se estivesse sóbrio nem de brincadeira. — Krystal disse fingindo estar brava.
— Eu disse que ela me dava medo... — Nichkhun comentou rindo.
— Gente, não está frio demais pra deixar o G.O dormindo no carro? — Suzy interrompeu.

Fei não gostou muito da preocupação de Suzy com G.O, mas sabia que podia ser verdade.

— O carro dele tem aquecimento. — Nichkhun comentou, com certo desprezo. — Amanhã ele vai poder ir embora, depois que o caminhão de neve passar.

O clima não foi dos melhores no final da noite, todos estavam cansados e com fome, especialmente os rapazes que tiveram que andar um bom pedaço de chão coberto de neve pesada. Tiveram energia só pra preparar umjantar rápido e leve e depois cada um foi para o seu quarto. Victoria e Nana não continuaram a discussão sobre quem dormiria com Nichkhun, fingiram ser um domingo qualquer e ficaram cada uma de um lado do colchão.

Victoria não pode dormir direito, odiava a atitude infantil e repetitiva de G.O, se imaginava intimamente matando-o de várias formas diferentes, mas não teria coragem de por em prática. Não era mesquinha ao ponto de não se preocupar pensando que talvez só o aquecimento do carro não fosse suficiente, já que G.O não vestia nada além da toalha branca, se levantou pra olhar pela janela e ver se estava tudo bem, mas não tinha visão para frente da casa. Já estava quase amanhecendo, então ela saiu levando um par de roupas para o rapaz. Da janela da sala se podia ver o carro, mas aparentemente não se via quem estava dentro dele, pois as janelas do veículo estavam embaçadas provavelmente porque ele estava deitado lá dentro. 

Victoria abriu a porta da sala com cuidado, lembrando-se dos rangidos estranhos que a casa produzia sozinha, não precisava de ajudado casarão pra acordar todo mundo. Sentiu um frio horroroso quando entrou em contato com a atmosfera externa, e sentiu ainda mais peso na consciência por não ter interferido antes na semi-briga entre G.O e Nichkhun. Terminou de fechar a porta e se virou para encarar a neve, mas deu de cara com um corpo frio e sólido.

— Bbbbbbom dddddia...
— Caramba ByungHee! Você quase me infarta! — Victoria já ia bater nele, mas reparou que ele tinha uma cor assustadoramente azulada na pele. — Espera, por que você saiu do carro nesse frio, e usando essa toalhinha?! Está maluco?
— Eeeu adododormeci com oo aquequecerdor ligado, mas a babateria do carro aca...bou. — ele disse com dificuldade, pois estava batendo os dentes violentamente.

Victoria pegou-o pelo braço e puxou-o pra dentro da casa sem muito cuidado, empurrou-o no sofá e jogou as roupas que tinha pego no colo dele.

— Veste isso, e não faça barulho, juro que eu te mato se alguém descer aqui agora por culpa sua. Vou na cozinha arrumar algo quente pra você beber.

Ela deixou-o sozinho pra se vestir e voltou cinco minutos depois com uma caneca de chocolate quente, que ele virou quase até a metade na primeira golada.

— Eu realmente não entendo porque você faz tanta bobagem assim, sempre se dá mal. — Victoria disse irritada, depois de ver que ele estava perfeitamente bem e os tremores tinham passado. — Quase se mata dessa vez.
— Culpa sua que não veio me resgatar antes.
— Você já está bem pra ir embora não é? — ela disse impacientemente.
— Meu carro está sem bateria esqueceu? E acho que o caminhão de neve ainda não passou... Deve ter mais um metro de neve no chão — G.O respondeu seriamente dessa vez, com um leve tremor que Victoria não soube dizer se era da hipotermia ou uma má lembrança do frio que fazia lá fora.
— Por que veio aqui?
— Por você.
— Isso não é novidade, alías, está ficando repetitivo e chato.
— Quer dizer que já foi divertido? — ele voltou ao tom de brincadeira.
— Nunca foi. Pensei que você tinha me deixado em paz.
— Eu nunca disse que desistiria.
— Mas eu já desisti de você há muito tempo, até a possibilidade de voltarmos a ser amigos, remotíssima.
— Por isso eu vim...
— Como é? — Victoria não estava sentada e olhava pra ele de cima.
— Fiquei pensando naquela conversa que tivemos na cafeteria.
— Que conversa?
— Depois da festinha que você deu no tríplex, em que eu ganhei essa cicatriz. — ele apontou para uma linha quase imperceptível no supercílio, para Victoria ele fazia um drama totalmente desnecessário, ele agia como se seu rosto estivesse desfigurado. — Você me jogou na cara que eu estava sem amigos...

Victoria ficou meio sem graça, pois achava G.O um tanto patético, afinal, se ele não tinha amigos não era culpa dela.

— Ah sim, essa conversa. E o que te fez pensar nisso?
— Sei lá, vi vocês todos saindo...
— Então você admite que me segue?
— Claro, no meu tempo livre... — G.O respondeu rindo.
— Seu tempo é todo livre! Por isso você não tem trabalho, não tem nada mais útil pra fazer?
— Pro seu governo eu até tenho umas propostas...
— Pra anuncio de mercadinho você sempre foi chamado ByungHee, isso não conta. — Victoria disse rindo.
— Você anda demais com aquela chata da Nana. Não era isso, eu talvez faça um drama...
— Que bom, mas isso só deve te manter ocupado por uns dois meses não é? Não é suficiente pra me livrar de você.
— Há como mudar as coisas de alguma forma? — a pergunta veio de forma aleatória e pegou Victoria de surpresa ainda que ela já esperasse que um dia viria, mesmo que fosse só mais um truque. — Podemos voltar a ser amigos?

Victoria deu uma risada baixa, e cruzou os braços.

— Você não quer ser meu amigo. E além do mais não confio em você, nem um pouco.
— Mas isso é definitivo?
— Só tem uma forma de sabermos.
— E qual é?
— Você vai explicar pro pessoal o que faz aqui dentro de novo, sem envolver meu nome e sem me causar mais problemas.
— Hein?
— E vai se virar pra conseguir carona pra casa, porque obviamente com seu carro você não vai poder voltar e nem no meu porque está cheio.
— Então vou poder passar o fim de semana aqui? — G.O falou de forma inocente e empolgada, que assustou intimamente Victoria, não era nada normal.
— Boa sorte tentando.

Victoria saiu de volta ao quarto ser dizer mais nada, deixando o rapaz com uma tarefa quase tão árdua quando os doze trabalhos de Hércules.


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