Reila escrita por Leh-chan
:: CAPÍTULO 04 - Quando amores se colidem ::
Um pedido... Poderia pedir qualquer coisa que desejasse?
Olhando ao redor, podia pensar apenas uma coisa. Um desejo? Desejava a bela moça à sua frente. E naquele momento, mais do que nunca, passou a notar suas graças: o corpo era bem formado, apesar da pequena estatura. Aliás, era levemente mais baixa que ele, o que também o agradava. Seus cabelos negros e pele branquinha... E aquele vestido vermelho... Além de acentuar todas as suas curvas, contrastava com sua pele e cabelos. Sim: ele a queria mais que tudo naquele momento. E pensava nisso ao assoprar as 26 velinhas.
“Eu quero ter uma boa oportunidade... Para que eu e Reila fiquemos juntos. Não importa o preço... Eu irei possuí-la!” – Pensava em “possuir” não apenas num sentido rude, como se fosse um objeto. Queria também que ela o possuísse, algo recíproco. E, para falar a verdade, as pernas daquela moça já o estavam levando à loucura.
As pessoas começaram a bater palmas quando ele finalmente apagou todas as velas, que sorriu abertamente para seus convidados. Logo, Kai e outras várias pessoas começaram a pular sobre ele, exclamando coisas como “Que fofo!”, “Parabéns” e etc.
Demorou alguns segundos para que conseguisse se livrar de todas aquelas pessoas, e quando finalmente alcançou este objetivo, não pôde mais avistar Reila, Uruha, Reita ou Aoi. Começou a procurar à sua volta, mas não encontrava ninguém. No fundo, queria apenas encontrar a moça, mas seus colegas também eram importantes, certamente. E quando parou para pensar, não vira muito Akira naquela noite... Será que estava bem?
– Ru-chan... – Disse Yutaka, cutucando o menor, interrompendo sua busca. – Você deve cortar o primeiro pedaço de bolo e dá-lo para alguém, querido... – E depois, sibilou. – Alguém tipo eu...! – E sorriu graciosamente, deixando em evidência suas adoráveis covinhas.
– Adoraria, mas não tem nenhuma faca decente na cozinha, pelo jeito. – Respondeu. – Rei-chan me disse hoje que os utensílios culinários ainda não haviam sido guardados. Onde eles estão?
– Dentro das caixas amontoadas na “Roxolândia”. – Respondeu o maior. Era assim que se referiam ao quarto de Kouyou, onde havia muitas coisas roxas.
Ruki assentiu com a cabeça e saiu correndo, julgando ser esta a melhor maneira de passar por tantas pessoas sem ser parado. Mesmo assim ainda foi interceptado algumas vezes no trajeto, mas finalmente conseguiu alcançar a outra extremidade do cômodo, onde se deparou com Aoi, que ia saindo do banheiro e sorriu para ele.
– Yuu; espera um minutinho que vamos comer o bolo já... Só vou pegar uma faca aqui no quarto do Kou, ok?
– Lugar curioso pra uma faca... Ainda mais no quarto do psicopata do Kou: chega a ser perigoso. – Disse zombeteiro, e depois continuou. – Ficarei te esperando aqui.
O menor concordou com um sorriso e dirigiu-se à porta do quarto, estendendo à mão até a maçaneta. Naquele momento teve um mau presságio, mas ainda precisava da faca, de qualquer forma. Abriu a porta lentamente, nem sabendo o motivo daquele pressentimento que achara tão bobo e inconveniente. Porém, ao abrir o portal pôde notar que sua percepção era bastante aguçada. Dentro do quarto viu uma cena que o chocou.
Reila estava lá dentro, e estava prensada na parede por Uruha, que a envolvia em seus braços. A proximidade entre ambos era notável.
Takanori passou alguns segundos olhando para a cena, estupefato. Os dois retribuíram com olhares igualmente espantados. Por algum tempo permaneceram calados e imóveis. Foi Reila quem quebrou o silencio, com palavras tímidas e tremidas.
– Não... Não é isso, Taka...
O menor nem a deixou terminar a frase. Abaixara a cabeça para que seus cabelos amarelados cobrissem os olhos.
– Vocês não me devem explicações. Com licença... – E dizendo isso, se virou e saiu correndo de lá, esbarrando em pessoas pelo caminho todo até seus aposentos, mas sem parar. Aoi o viu passar como um raio e seguiu-o, clamando por seu nome. E nessa corrida nada discreta, o moreno acabou por esbarrar em Reita, mas continuou a bradar pelo vocalista sem se importar com aquilo, o que chamou a atenção do loiro maior.
A morena ia segui-los, mas algo a impediu: era Uruha, segurando-a pelo braço. Ela olhou para ele com os olhos chorosos, ele repreendeu-a com um olhar um tanto duro.
– Não há motivos para segui-lo. Aliás, ainda não terminamos aqui.
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Ao alcançar o quarto, Ruki ia fechar a porta para ficar sozinho, mas Aoi segurou-a com força, impedindo o loiro de terminar a tarefa. Lançou-lhe um olhar inquiridor, ao qual replicou abaixando a cabeça
– Posso entrar?
Ele não respondeu. Yuu entrou assim mesmo e fechou a porta atrás de si. O baixista ainda observava a cena e ficou levemente curioso. Foi até a porta e recostou sua cabeça na mesma, inclinando os ouvidos contra ela para poder ouvir o que acontecia dentro do quarto que, aliás, também era seu.
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Andando até sua cama, Takanori não dizia nada. O moreno o observou sentando-se nela, e o viu agarrar-se a seus joelhos. Seria uma cena adorável se não fosse triste.
– Quer falar algo, Ru-chan? – Perguntou o maior, aproximando-se da cama do pequeno e sentando na ponta, observando-o. Não obteve resposta.
– O que havia dentro do quarto que te deixou assim? – Insistiu. Para sua surpresa, a resposta chegou, em um sussurro.
– R-reila... Uruha...
– Não me diga que...? – Nem precisou terminar a frase, o menor já sacudia a cabeça em aprovação. Logo depois, respondeu:
– Isso... Não sei, sabe? Ela aparece, mexe comigo, e depois faz algo assim. Não sei o porquê: afinal, nem a conheço direito... Mas vê-la nos braços de Uruha realmente me deixou muito puto. Não sei por que...
– Já ouviu falar em amor à primeira vista, pequeno?
– Sim. Nenhum deles da certo. Aliás, eu não estou “amando” Reila. Apenas queria passar a noite com ela, nada mais.
Shiroyama já não respondeu mais. Somente passou a mão pelos cabelos do vocalista, confortando-o. Não era do feitio de Ruki fazer, dizer ou pensar coisas assim. Ele, por sua vez, pensava na última frase que dissera.
“Apenas desejo... Era apenas isso.. Uma obsessão momentânea. É impossível se apaixonar por alguém em dois dias! Acho que só estou com inveja do Uruha. Isso...”
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Reita já havia ouvido o que queria. Sabia agora que Ruki estava chateado com aquela garota. Quem ela pensa que é para aparecer assim em sua casa e magoá-lo desta forma? Isto não é aceitável!
Saiu bufando e batendo os pés, numa marcha doentia em direção ao quarto de paredes roxas. Lá chegando não bateu à porta, ao contrário: empurrou-a com força, fazendo um enorme estrondo.
O dono do aposento estava descendo de uma caixa com a ajuda da morena naquele momento, e logo pôde notar que o baixista estava completamente fora de si. Sabia que tinha o organismo forte e que bebidas geralmente não o afetavam, só se bebesse em uma quantidade realmente enorme.
Deixou o envelope que tinha em mãos sobre a caixa e parou para olhar o outro loiro. Este adentrou, sem se importar com nada, pegando Kouyou bruscamente pelo pulso. Nem se importou se estava o machucando: arrastou-o para fora do quarto e fechou a porta nervosamente.
Uruha não tentou resistir e o seguiu, sem objeções. Reila ficou preocupadíssima, mas ao ver o semblante sereno do amigo antes de sair, entendeu que não deveria se inquietar. Mesmo assim, tratou de postar-se atrás da porta para ouvir a conversa de ambos, afinal, nunca se sabe o que um bêbado pode fazer, então era melhor ficar atenta.
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– Realmente não me importa o que você e esta garota faziam no quarto. – Akira quase gritava, e o guitarrista apenas assistia o escândalo. – Mas isso não é coisa que se faça. Esta vadia acabou de chatear Ruki e isso é inaceitável. Peça para que ela se retire agora, que será melhor para todos. Ela não é bem-vinda.
Uruha nem ao menos teve tempo para responder: quando viu, Reila já estava saindo do quarto.
– Se não sou bem-vinda, estou me retirando. – E sem dizer mais nada, saiu de cara amarrada. Novamente, não deram oportunidade para Kouyou se manifestar no momento. Apenas pôde exclamar depois que a garota já havia ganhado o cômodo.
– Idiota... – Dizendo isso, Takashima encarou-o por alguns segundos. Suzuki não disse nada, e também não cedeu nesse campeonato de caretas. E ele estava satisfeito? Não o suficiente...
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– Reila-chan... Eu ainda tenho as fotos que você queria de seus pais... Quer ir comigo pegar? – Disse Uruha, ao notar que a melodia de aniversário havia acabado, finalmente. Tinha gente que cantava realmente mal ali, era um alívio que o fim tivesse chegado.
– Que bom! Eu adoraria, Kou-chan! – E sorriu. Ele segurou a mão dela para que não se perdessem na multidão, e ela, por sua vez, seguiu-o inocentemente até seu quarto. Entraram lá, e ele dirigiu-se até seu armário.
– Feche a porta, por favor, Rei. – A garota obedeceu.
O guitarrista tentava alcançar uma prateleira alta do guarda-roupas, mas não conseguia, por mais que se esforçasse. Olhou ao redor e viu algumas caixas no canto do seu quarto. Resolveu se arriscar a subir em uma delas.
– Rei, segura a caixa pra eu não cair aqui?
– Não é perigoso?
– Ah, acho que não... É algo relativo. Se você segurar bem, nada acontecerá
– Kouyou... Estou avisando... Quando você cair e vir que eu estou sempre certa, vai me olhar com aquela cara feia de criança que não aceita perder, como sempre.
– E você vai fazer cara de chorona medrosa... Vamos lá, vai ser divertido. Mas eu não vou cair. Durante esses anos aprendi um pouco mais sobre a gravidade.
– Já que insiste... – Dizendo isso, segurou a caixa, na qual ele subiu. E não deu outra: antes que pudesse alcançar aquilo que queria, ele se desequilibrou e caiu de cima da superfície de papelão. Por sorte, havia uma parede logo ao lado, e ele pôde apoiar-se nela, porém empurrou Reila junto. E então, não houve tempo para mais coisas. Viram a porta abrir, e uma silhueta baixa contrastava com a luz do entardecer.
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Segundos depois, Ruki e Aoi saíram do quarto. Caminharam até o lugar onde Uruha e Reita se encaravam furiosamente, e ficaram parados olhando por alguns segundos. Os dois rapazes alterados nem ligaram para a presença dos companheiros e continuaram a se encarar. Takanori foi quem quebrou o silêncio:
– Etto... Kou-chan sabe onde está Reila?
– Sei sim. Provavelmente num navio. Reita expulsou-a daqui. – Disse, emburrado. Antes que o vocalista pudesse dizer algo, Yuu completou:
– Parabéns, idiota!
Depois dessa conclusão “super necessária” do moreno, Takanori apenas olhou o loiro maior com olhar decepcionado. O clima estava pesado, eis que Kai apareceu por trás do aniversariante, cutucando-o animadamente.
– Hey, Taka... Você foi fabricar a faca ou algo do tipo? – O menor nem ao menos ouviu. Virou-se e andou, numa saída de efeito. Akira não tirou a cara feia, e o desentendido Yutaka seguiu o vocalista até seu quarto, onde mais tarde saberia o que aconteceu. Ficou imaginando por que nenhum dos outros fez nada para impedir o menor.
Assim que o baterista saiu, Shiroyama lançou um olhar para o outro guitarrista. Este logo notou o que significava, pareciam sintonizados naquele dia.
– Akira, vá agora mesmo atrás de Reila – Proferiu, convicto.
– Não. – Respondeu curto e grosso, com mais convicção que o anterior.
– Ah, você vai, pois isso não foi um pedido. Reila não está magoando Ruki, ao contrário: você está.
Aquela frase realmente teve algum efeito na cabeça de Akira, pois ele saiu pela porta da casa, sem fazer mais qualquer comentário.
– Você quer que eu...? – Questionou o moreno remanescente.
– Não é necessário... Ele voltará com Reila, tenho certeza.
– Devo chamar Ruki agora?
– Ele tá conversando com o Kai... É melhor esperar que se acalme.
– O que faremos com a festa então?
– Bem, eu tenho algo para entreter nossos queridos convidados. – E ao dizer isso, um brilho novo brotou em seu sorriso malicioso. Shiroyama ficou levemente assustado.
– Posso saber o que tem em mente?
– Querido, eu preciso fazer algo. Vá ao meu quarto, em cima da mesa, e pegue a câmera que está lá. Há uma fita de vídeo nela: apenas coloque-a no vídeo cassete e chame atenção dos convidados. Isso bastará...
– Está certo... – Preferiu não questionar Kouyou. Às vezes, era melhor não se envolver com seus pensamentos insanos.
Cada qual já estava tomando seu rumo quando Uruha gritou:
– Yuu... Será que pode fazer-me mais um favor?
– O que?
– Feche as portas do armário, arrume as caixas e pegue uma faca. Em breve, comeremos aquele bolo maravilhoso. Estou paquerando ele desde que o trouxeram, e já dei umas “dedadas” nele.
Desentendido como nunca, concordou com a cabeça e seguiu para o quarto número dois.
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Reita corria pela rua, procurando a bendita moça que teve o poder de acabar com seu dia. Mal acreditava que passara a manhã com Takanori. Aquilo parecia ser há séculos atrás... Simplesmente corria, pensando na “bruxa” e em como encontrá-la. Nem sabia exatamente como faria isso, pois não a vira de perto e provavelmente não reconheceria..
“Aliás... Por que eu estou fazendo isso?”
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N/A: Primeiramente, agressão de autoras é CRIME. Sim, eu posso muito bem ligar para a Sociedade Protetora dos Animais. Leis sobre maltratar animais em extinção, como eu, são bem abrangentes. Isso deve incluir pedradas, paneladas, botadas e etc. Cuidado. *apanha*
Espero que tenham apreciado, afinal, a garota Reila não usufruiu das coxas macias de nosso Divo. Festejem enquanto podem. -q