P.O.V MAY

Man

Como eu fiquei mal ontem.

Sabe aquela sensação de que o que falta em você é um sentimento, não algo material?

Eu sempre sinto isso quando estou ao lado do Justin. E é exatamente por isso que eu odeio ficar ao lado dele. Eu começo a me abrir, a ser a May normal, e isso, não pode acontecer.

Por que?

Quando estava no primeiro ano, assim que tinha entrado pra escola, eu quase fui pisoteada. E aí, eu percebi que pra aguentar aquilo tudo eu teria que criar algo. Algo que me fizesse forte. Ou aparentasse isso.

Se deu certo?

Até alguns meses tinha dado.

Antes de Justin chegar na escola.

Aquelas duas horas e vinte e um minutos duraram tanto. Justin parecia receoso, e eu preferi não me intrometer. Mas sem dúvidas, eu preferia como estávamos antes.

ARGH, O QUE ESTOU FALANDO?

Bati na testa e praguejei algumas coisas depois de ter copiado o texto de sociologia errado.

-Bom galera, terminem esse texto em casa, nos vemos na próxima aula –fechamos todos nosso livros. Guardei o material restante na bolsa e quando levantei trombiquei no garoto que sentava ao meu lado.

Não é nenhuma surpresa.

Era Justin.

Nós dois abrimos a boca indo falar algo, mas antes que qualquer som saísse, eu saí em passos largos indo ao vestiário feminino. Agora, dobradinha de Educação física.

-Alongamento meninas –Gritei já vestida. As vinte meninas olharam pra mim e ficaram receosas.

-Não me ouviram? ALONGAMENTO! –Gritei de frente para elas.

-é que... você anda diferente, Angel –Lindsay disse

-E daí? Não é porque eu saí do grupo que eu vou sair da torcida. Agora, nós temos um dos maiores jogos daqui a algumas semanas . Então façam o favor de alongar! –elas concordaram. Hannah me fuzilou mas ainda sim, começou a se alongar.

Fizemos nossos ensaios dobrados, senti que as meninas me viam como uma estranha

ALELUIA, PAZ!

Assim que estava saindo da quadra, ouvi meu nome

-hã... que? –perguntei ao ver Bruce, parado na minha frente.

-é só que... você se distanciou –ele disse simples

-Você estava no dia que eu falei tudo que pensava? –ri

-sim, estava. Mas já faz tanto tempo.

-Querido, acabou. Vocês são muito escrotos mesmo. Olha, só... esquece isso, ta legal?

-Angel, não tem como te esquecer –Bruce disse com um sorriso bobo. Arregalei os olhos

-Não. Não, não, não. Bruce, me diz que você é um bom ator! –disse me afastando, mas ele vinha mais perto

-Eu sei lá o que está acontecendo. Só sei que é bom. Bom quando você está ao meu lado

-Bruce! Para! HELLOOOOOOOO! EU-NÃO-PRESTO!

-Pra mim, de qualquer jeito você está perfeita! –ele sorriu mais

-vish. Olha... sai dessa. Vai comer uma garota, ok? Agora... sai de perto de mim! –entrei no vestiário e me troquei de roupa.

Era o que me faltava.

Gente apaixonada por mim. O QUEEEEEEEEEE? ISSO NÃO EXISTE!

Fui até meu armário e peguei meu material mas ouvi um fio de voz

-Angel?

-que foi? –respondi grossa vendo a menina encolhida olhando pra mim

-diretora te chamando –saí dali andando até a diretoria. Cheguei no corredor mais silencioso da escola, a área restrita, o corredor perigoso.

O corredor onde estava a sala da diretora. Puft.

Do lado da porta havia um sofazinho.

E no sofá havia um menino.

É!

-ai não –murmurei. Onde quer que eu vá ele está?

Ele olhou pra mim, mas logo voltou sua atenção a parede.

Em poucos segundos a porta se abriu e vi a senhora Stweart.

-Hey, entrem. –assim fizemos

Nos sentamos nas cadeiras de frente para mesa dela, e ela sorriu nos assustando um pouco

-pois não –Justin começou

-ah sim. Eu preciso de um favor. –ela sorriu.

-Fala –sorri

-Nossa escola tem tudo. Menos o mais importante para os alunos, um grêmio estudantil. E bom, vocês são meus melhores alunos e mais do que ninguém serviriam pra esse papel.

-Mas o que iriamos fazer? –Justin tirou minha pergunta

-Bailes, viagens, passeios, eventos... coisas para os alunos

-Mas só nós dois? –perguntei

-Vocês podem chamar quem quiser, mas para os primeiros, eu queria só vocês dois.

-hã... okay por mim –Justin disse, e eu, mesmo querendo, não recusaria.

-tudo bem

-oh! Maravilha! Vamos fazer assim, vocês podem pegar a aula que quiserem. E aproveitem agora para decidir o primeiro evento. Para semana que vem.

Meus olhos quase saltaram do rosto quando ela disse isso, mas ok né. Saímos da sala, e do corredor do perigo e fomos até o estacionamento já com nossos materiais.

-então, alguma ideia? –justin perguntou sentando-se no chão. O acompanhei

-nenhuma. –olhei para minhas pernas e batuquei com a palma das minhas mãos nelas. Ficamos em silêncio um –longo –tempo

-Então...

-É pra semana que vem. Então, o que acha de fazer algo mais simples? –sugeri

-Tudo bem por mim. Mas tem que ser algo que envolva toda a escola.

-Vai ser difícil. Todo mundo é tão diferente –disse seca. Ele revirou os olhos

-ser diferente não significa ser arrogante.

-Querido, metade da escola não gosta de mim, e metade da outra metade não gosta de você. Você realmente acha que eles vão seguir as sugestões só porque estamos pedindo?

-Mas é por isso! Não vamos pedir pra agradar a diretora, e sim fazer algo que os interesse

-e como vai fazer algo que interesse todos alunos?

-Não sei se percebeu, mas estávamos juntos nessa proposta. Ao invés de só ficar dando suas crises, dá pra me ajudar? –Justin ergueu um pouco o tom de voz

-Não dá pra ajudar. Sabe, 1x0 é zero –sorri antipática.

-Porra, você é uma merda

-então estamos empatados, né querido? –ambos reviramos os olhos, mas antes que qualquer um avançasse no outro, o tio Ben passou por nós

-ei, o que ainda fazem aqui? –ele perguntou nos notando

-estamos esperando dar o horário da saída –disse normalmente

-Já deu o horário há muito tempo. Vocês não perceberam que não tem nenhum carro no estacionamento? Vocês estão na parte de trás. Eu já vou trancar a escola.

-espera... então ... SÃO NOVE HORAS? –Perguntei me levantando

-é, nove e meia na verdade.

-ah que droga! Mas... Valeu tio. Tchau –fui sair, mas justin me chamou

-é perigoso você ficar andando por aí sozinha

-eu sei me virar –voltei a andar. Mas ele correu do meu lado

-Dane-se o orgulho um pouco May. É mesmo perigoso passar por alguns bairros por aqui a esse horário.

-E o que vai acontecer de ruim comigo? Morrer? –disse nervosa

-ah, faz o que você quiser –ele deu meia volta e saiu de perto de mim. Tirei da minha bolsa o papelzinho que a senhorita Duene tinha me dado. Era da casa da irmã dela, ela estava oferecendo trabalho de babá. E eu iria tentar.

Já estava tarde, e eu estava em um bairro completamente desconhecido.

Não estava perdida.

Só não sabia onde estava.

É.

Alisei meus braços descobertos. Havia um vento forte batendo e aquilo já estava me irritando. Passei as mãos no cabelo o jogando para trás e olhei para os lados tentando me localizar. Sem sucesso.

-Está com frio? Porque podemos te esquentar –ouvi uma voz atrás de mim e me virei me deparando com três caras e um carro preto

-Que ótimo, a visão por frente é tão boa quanto a de trás –um dos nojentos disse. Me virei e comecei a andar rápido

-onde vai? não terminamos de falar com você –um deles passou a minha frente

-eu... eu to atrasada

-não vai demorar muito –ele piscou

-saí da frente –eu o empurrei, mas o cara de trás me segurou. Me debati, claro. Mas foi em vão

-Leva ela pro carro

-Não! Me deixa! –gritei

-cala a boca piranha, hoje você vai ser útil –o cara gigante me levou pro carro. Minha respiração já falhava. Eram quatro caras no carro, e os dois ao meu lado falavam coisas asquerosas e nojentas enquanto o da frente se masturbava. Algumas lágrimas já desciam meu rosto

-princesa, não chora. Se você fizer bem, nós te soltamos depois. –Pronto, aquilo foi o suficiente pra eu voar nele e o estapear. O outro cara me puxou e me jogou na janela, me fazendo bater a cabeça. Meus olhos lacrimejaram, agora de dor. O carro parou e o motorista saiu do banco me puxando para fora e os outros três o ajudaram a me levar ao beco.

Já que era para aquilo acontecer, que me matem ou eu dê trabalho. Demorou cerca de cinco minutos até que eles conseguissem me levar ao beco. Gritei, fiz escândalos mas nada. As casas eram enormes, e duvido que alguém tenha escutado algo.

É May, já era.