Quando acordei estava moída.Sabia que eu de forma alguma não conseguiria   vencer estes jogos.Decidi me levantar e tomar um banho.Eu tentei dar uma olhada no enorme painel que controlava o chuveiro.De toda forma ,não entendi nada.Então eu apertei alguns aleatoriamente e entrei no chuveiro.Quando saí,procurei algo para vestir naquelas gavetas enormes.Escolhi um jeans e uma blusa rosa.Ela ficou ridícula em mim,então na hora que eu fui trocar,alguém bateu na porta.Eu congelei ainda de sutiã.

  -Clove!Anda saí logo!Pode entrar?

  Era Cato.

 -Não!Eu ...estou trocando de roupa!

 Ouvi ele dizendo um sonoro “Ah não...” pelo outro lado da porta.

 -Não está na hora café.

  -Não.Mas precisamos conversar. –disse ele.

  -Tudo bem...espera na sala.

 Eu ouvi ele andando pesadamente em direção à sala.Achei que em breve iríamos chegar à Capital.

  Então rapidamente eu troquei de roupa e me dirigi à sala.Como previsto,o café ainda não fora servido.Avox não perambulavam pela sala,como à noite.Lá estava apenas Cato,olhando distraído pela janela do trem.Quando eu me aproximei ,ele ainda não havia me visto.Eu pigarreei e ele se virou para mim.

  -Isso teria te matado na arena,não prestar atenção.

  -Já acorda rabugenta... –disse ele.

   -Sim.-eu concordei- e então,o que você quer?

   -Tratar de negócios.

  Revirei os olhos.”O que diabos o idiota quer...?” ,pensei

   -Hum...tudo bem...Alianças,presumo.

   -Exatamente.Quero os do 1.

  -Os do 1? – hesitei ,pensando no quão patricinha e idiota a garota do 1 parecia,mas me lembrei que os do 1 também eram Carreiristas - por mim,tudo bem.Vamos acabar nos matando no final,mesmo.E quero o garoto do 11.Thresh.

  -É.Também pensei nele.E os do 4.Acho que está bom.Mas tente agir como se nós dois fossemos A equipe.Só nós dois.Pra dar um ar de poderosos que não ligam para os outros.

  Eu fiquei encarando-o por um longo tempo,tentando ver  sinais de sarcasmo.Mas não detectei.

  -Como assim?

  -Na hora da entrevista.Um falar bem do outro.E lá na arena,fazer com que pareça ao público,que nós estamos tentando usar os outros tributos para nos manter vivos.Apenas nós dois.Tentar parecer que estamos dando um jeito de fazer com que a Capital deixe dois vencedores.

  -Garoto,isso é impossível.A Capital nunca vai deixar...E porque faríamos tudo isso?

  -Para montarmos o nosso perfil.

  -Nosso perfil?Como você quer montar o seu com esses elementos?

  Ele hesitou por um momento,então como se ele estive se iluminando todo ele começou a falar:

  -Eu já sei.Serei um louco.Uma máquina de matar.Porém...

  -Porém...?

  -Eu vou estar perdido em uma empolgante e perigosa paixão.

  -E por quem você vai estar empolgante e perigosamente apaixonado? –perguntei meio rindo

  -Por você.

   Eu fiquei olhando para o garoto ao meu lado ,petrificada.O que ele queria dizer ,afinal?

  -Cato,não estou entendendo.

  -Pois vou lhe explicar.Eu vou tentar fazer com a Capital nos veja como máquinas de matar que estão perdidamente apaixonadas.Mas paixão, mesmo. Vou tentar fazer com que eles acabem nos deixando viver.Os dois.Vamos andar sempre juntos,mas sem dar evidencias.Sem mostrar para os tributos nossa paixonite.Então,vamos mostrar para os mentores e treinadores e tudo.Falar bem um do outro e etc.Nós somos loucos,torturadores,assassinos ,mas sabemos nos amar.  

 -Ah... –foi tudo que eu consegui dizer.

 -Sabe,nas carruagens que nos levará para a apresentação e as entrevistas,podíamos tentar fugir dos outros e nos beijar,sabe.Para dar a idéia de que não conseguimos nos controlar e que não queremos que ninguém nos veja.Mas todos devem nos ver,Apenas os tributos não. Sabe,sermos selvagens,sabe...Bem vorazes...é isso .Uma paixonite voraz.

  -Cato,você tem certeza que isso vai nos ajudar na arena?

  -Claro.Nunca houve um romance nos Jogos Vorazes antes não é?Eu serei bruto e violento e você dissimulada e perigosa.

  -Ah,se isso vai me ajudar a me manter viva...Topo.

  -Então ,nós somos os Amantes Ameaçadores.Mas para isso precisamos que na arena você me defenda e eu vou te defender.E nossa cenas juntos devem ser vorazes.

  Não gostei muito da idéia,claro.Era óbvio que a Capital nunca deixaria duas pessoas ganhares os Jogos.Mas isso provavelmente arrancaria pena das pessoas, e patrocinadores podem decidir entre sua vida e sua morte. E ter de dar beijos “vorazes” em Cato...Eu não tinha forma de saber se ele era violento ou não de verdade...

  Então Cato correu para a janela.Havíamos chegado à Capital.