Tudo, minha visão borrada, minhas dores no corpo, minhas ânsias de vômito constantes, minha tosse seca e meus espirros me fazem crer que estou em um inicio de uma forte gripe.

  Já é outro dia e eu e ainda não estou falando com Cato.E ele, honestamente, não parece estar fazendo esforço algum para me fazer voltar.Entramos em um acordo mudo e óbvio de sistema de guarda.Se ele dorme, eu fico, quando ele acorda, eu durmo.Nos olhamos muito raramente também.

  Geralmente, ele sai para caçar e eu cozinho a comida.Mas isso já está ficando ridículo e perigoso.As pessoas da Capital vão acabar se cansando e os Montadores ao criar algum mecanismo pra nos juntar.

  -Eu caço. –eu falo, quando já são aproximadamente cinco horas do mesmo dia.Ele me encara profundamente durante algum tempo e depois sacode a cabeça.

 -Não.É melhor você ficara aqui com suas facas guardando o acampamento. –Cato fala sem emoção.

  -Eu sou mais ágil.Eu posso correr mais rápido que você se alguma coisa acontecer.Mas não vai acontecer antes de eu matar essa pessoa.

  -Clove, eu sei que você é teimosa, mas não  seja tanto.Por favor não insiste.

  Ele falou de uma forma  cansada, como se não me suportasse mais.Isso vai soar infantil, mas eu me magoei.Então eu me viro para o outro lado e mesmo sem ter um reflexo de mim, eu sei que eu estou com beicinho.E meus olhos estão marejados.

  -Porque nós não vamos juntos? –ele fala depois de uns dois minutos.Ele deve ter percebido que eu me chateei.

 -E se algo der errado? –eu pergunto, já o desafiando. –eu faço muito barulho.

 -Não seja cínica.Não faz o seu estilo.E além do mais, você sempre foi a mais silenciosa.E pequena. –ele também cospe as palavras na minha cara, colocando provocação em cada uma delas.

  -Pelo menos eu posso usar o cérebro. -eu digo me levantando e ficando cara a cara com ele.

  -Você está me chamando de burro.É isso?

 Nós ouvimos a voz estrondosa de Claudius Templesmith nos falando algo, mas eu não me importo, e pelo visto, ele também não.A discussão continua desse mesmo jeito, e cada vez nós vamos nos aproximando mais, e gritando mais.

  Nós agora estamos a um centímetro ou menos, um do outro quando nos calamos e paramos para ouvir a mensagem.Cato está vermelho de raiva e pode ter um ataque e me matar a qualquer instante.Mas eu não estou nem aí.Que ele venha e me mate.Pelo menos eu falei tudo que tinha pra falar,

  -É isso mesmo.Dois jogadores podem ganhar se forem do mesmo distrito.Dois pode ser vencedores!

  Eu apenas não acredito.Eles nunca fizeram isso.       Eu estou absolutamente atônita e feliz.E incrédula, claro.

 -Clove...Você o-ouviu?-gagueja Cato.

  -Eu acho que sim...        

 E daquela hora, nós ainda estamos próximos um do outro.Então ele apenas me abraça e nós nos beijamos.Ele me levanta no ar e começa a me rodar.Quando ele me solta e nós nos separamos, eu estou completamente sem ar.

  -Nós dois!Nós podemos ir pra casa, Clove.Nós vamos ganhar isso! –Cato fala, elétrico.

  -Eu sei!

  -Agora nós temos que cuidar para que tudo saia certo.Certamente que não foi só por nós dois que mudaram essa regra.Mas vai ser nós que vamos ganhar.

  -Tudo bem.Cato será que eu não poderia dormir um pouco? –eu pergunto bocejando.

 -Bom, pode...mas você ficou um tempão deitada nesses últimos tempos...

  -Eu não estava realmente dormindo.Eu estava esperando que você...me matasse.

  Quando eu tomo consciência  do que havia dito, eu espero Cato dar uma crise de raiva enorme.Mas ele apenas vem em minha direção com um sorriso no rosto.Ele me abraça e olha para mim, vendo que eu estou confusa e que não retribui.

  -Eu acho que é por isso que eu gosto de você.Tão desconfiada...

  -O.k. –eu respondo confusa- posso ir dormir agora?

  -Com certeza.

 Isso vai soar ridículo, mas está muito frio, e eu e Cato nos aninhamos no mesmo saco de dormir.Ele está sentado, encostado na árvore e eu deitei, segura pelo seu calor e adormeço rapidamente.