–Tudo bem.Agora você me pegou rapaz. –eu disse com um sorrisinho forçado enquanto ele se sentava ao outro lado da árvore.

-Vem pra cá. –ele disse batendo no chão ao seu lado.

Normalmente, eu me recusaria a ir, mas àquela altura já sabia como Cato era persuasivo e irritante.Então fui, deixando ele com um sorrisinho ridículo no rosto.

Me perguntei se estariam nos mostrando para ás telas de Panem.Aquela era a hora de eu exercer firmemente meu papel.Eu iria ir firme e forte na luta.Seja lá o que for que ele me obrigar a fazer, eu farei com perfeição, eu pensava, já com um misto de emoções chacoalhando dentro de mim.

Assim que eu me sentei ele logo me puxou para perto dele e me tascou um beijo na boca.Tentei parecer entusiasmada, o que não foi muito difícil.E também selvagem e louca.O que também não foi muito difícil.Bom, tenho que admitir que foi um beijo bom.

Me afastei dele depois de um ou dois minutos, mas foi mais porque eu estava sem ar.Tentei agir como se isso fosse algo que nós fazíamos sempre a longa data e acho que me saí bem.

-Eu acho que você queria falar comigo, não me beijar. –eu disse.Eu tinha que parecer colérica regularmente senão não haveria graça.

-Eu acho que quero fazer os dois –disse ele, se curvando para o meu lado de novo.Eu o empurrei e ele me olhou quase rindo.

-Não, você não vai fazer os dois –eu disse.- Meu humor não está muito bom com você hoje.

-Ah Clove, o que foi agora?!-ele disse alto.Ele atuava tão bem, que eu não sabia se era atuação mesmo ou era de verdade.

-Fala baixo-eu sibilei.A última coisa que eu precisava era de todo mundo com aqueles olhos esbugalhados e Glimmer sacudindo seus cabelos para ele. –Eu não quero que a Glimmer acorde.

-Porque só a Glimmer? –ele disse me instigando.Agora eu tinha ceretza que não era atuação.Ele estava com aquele sorrisinho.Aquele mesmo do carro.Achando que não era atuação minha.E talvez não fosse mesmo.

-Eu vi.Vocês andam muito próximos um do outro.Ela fica lá, a centímetros de você e sacudindo aqueles cabelos ridículos.

-Você fica vermelha quando está com raiva. –ele disse.Acho que era para ser um comentário inofensivo mais me gerou raiva.Se bem que tudo agora me gera raiva.Mas aquilo me deixou com mais raiva ainda.Depois de toda a meu ódio, depois de todo o meu discurso, a única coisa que ele é capaz de notar é como eu fico quando estou com raiva.Então cruzei meus braços e passei a mirar o outro lado da floresta.

-Ah Clove...- disse ele rindo, massageando minhas costas e me mimando.

-Sai! –eu gritei.

Ainda me arrependo daquilo.Glimmer acordou.A única pelo menos.Apenas um vislumbre do cabelo amarelo me fez saber que ela tinha nos visto.

-Hum...Interessante...

Então deitou de novo, mas em uma busca atenta, você podia ver os olhos dela brilhando por cima da coberta.

-Eu vou deitar. –eu disse, deixando transparecer meu ódio nas palavras. –Você não quer falar nada comigo mesmo.

-Eu não te chamei aqui pra nada...- começou ele.

-É.Você tem razão.Me chamou aqui pra ficar me agarrando.

Então eu fui e me deitei.Mas não consegui dormir.Abri meus olhos e mudei a posição no saco de dormir.Um par de olhos azuis me observava, o escuro ocultando seu dono.Não eram os de Cato, cujo azul era mais escuro.O de Glimmer era verde, da menina do 4 também.Do Marvel escuro e o do garoto do 3, castanho.Só podia ser Peeta.E era, na verdade.Levantei a cabeça e perguntei olhando para o galho de árvore a cima da minha cabeça:

-Pensando na Garota Quente, Conquistador?

Eu vi seus olhos se arregalando e confirmei a resposta que eu já sabia.

–Aqui a gente não tem garota pegando fogo, mas a gente tem a Glimmer.Ela brilha, pelo menos.

Percebi pelos seus olhos que ele havia dado um sorrisinho tímido.Então eles finalmente se fecharam e eu pude dormir.

Quando acordei no outro dia, alguém que deveria ter ficado vigiando estava dormindo na mesma árvore para qual eu havia olhado na noite anterior.Era Glimmer, que para variar, não estava fazendo seu serviço direito.Passei a mão pelos meus cabelos para o assentar enquanto me levantava para sacudir Glimmer.

–Acorda, menina!

–Hum? –ela perguntou, meio grogue.

–Você dormiu na vigília Glimmer!

–Ei!Fala baixo.Ou então eu vou espalhar pra todo mundo que você e o Cato têm um rolinho...

–Eu não tenho um rolinho com ele.Ninguém vai acreditar se você quer saber.

–Eu não quero saber e você não vai me enganar.Eu ouvi vocês conversando, idiota.

–Tudo bem.Vá me frente então.Do jeito que todos nós te amamos aqui, não é nem um pouco capaz que alguém vá querer te matar!

–Talvez eu vá.Mas se bem que vocês poderiam entrar na lista de amantes esse ano, que está bem grande.Em vez de Amantes Desafortunados do 12, teríamos os Carreiristas Apaixonados e Dissimulados do 2.

–Cala a boca, garota.Porque em vez de estar falando merda, não está arrumando as suas coisas?Nós vamos nos mover assim que todos acordarem.

–Vocês estava com ciúmes.De mim e do Cato.

Eu mirei-a com a minha cara de psicopata e ela permaneceu firme com a expressão de desdém.

–Talvez...

–Úúú...

–Glimmer você sabe onde você está?

–É óbvio que sei.Estamos nos Jogos Vorazes...

–Você acha mesmo que dá pra ficar fazendo paixãozinha aqui?

Eu iria dar a mesma moral que dei em Cato, mas então pela primeira vez, me ocorreu que eles poderiam me ouvir e punir a minha família não importando se nós éramos de um de seus distritos preferidos.

–Acho.Eu amo isso aqui. –ela disse não alterando a expressão.

–É...Eu também.

Nós ficamos em silêncio até todos se levantarem.Quando todos ainda estava sentados arrumando as coisas, Cato chamou eu e Peeta e disse que nós iríamos com ele na frente.

-Marvel, você guia os outros até o lago.Vamos voltar para o acampamento base.

Durante a ida para lá, apenas resmungos foram trocados e quando chegamos nos sentamos para esperar os outros.