Ticket To Ride escrita por Jojo Almeida


Capítulo 7
Run Right Back to Her


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Então né.... Acho que afinal de contas eu sou realmente detestável mesmo.
Fiquei sabe-se lá quanto tempo sem postar para voltar aqui sem nenhuma explicação para isso e um capitulozinho míxurico de tão ruim. Mas não se descabelem. TtoR voltou!
Quanto a meu sumiço - mil desculpas, mas eu mesma não entendi o que aconteceu. Um dia eu estava escrevendo fics e no outro PUFT não estava escrevendo fics.
Bom, esse capitulo está maior melhor e mais do que o outro. Aproveitem!
O título é uma homenagem a Música Run Right Back de The Black Keys (super tratie, não?)



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Quando Connor entrou na cozinha segunda-feira de manhã e largou sua sacola de viagem na mesa da copa, Travis terminava sua segunda tigela de cereal.

– Oi mané. - cumprimentou educadamente, pegando um copo no armário esquerdo. - Ela voltou?

– Ainda não. - Travis respondeu, e Connor suspirou. A mãe deles estava em uma da sua típicas viagens a trabalho, sem data para voltar. Já fazia dois meses que ela saíra do apartamento. Eles sequer sabiam onde ela estava, só que as contas continuavam a ser pagas e o dinheiro continuava a vir no correio toda semana. Os Stoll não perguntavam. Sempre tiveram esse acordo mútuo com a mãe: cada qual com seus

negócios. Sem perguntas.

Travis encarou a tijela de cereal quase vazia tristemente. Katie amava cereal. Pra cada tijela que ele comia, ela comia três. Costumava até dizer que se pudessem comer uma única coisa para o resto da vida seria cereal. Quando dormia na casa dele e ficava para o café da manhã, Katie sempre fazia brincadeirinhas com suas duas tigelas de cereal ("ah não é possível que você vai comer isso TUDO meus deuses Stoll cuidado para não passar mal!")

– Como estava na Philie? - Travis perguntou, tentando afastar os pensamentos dela a todo custo.

– Molhado. - Connor disse com uma careta, se servindo de água gelada.

– Sem tantos detalhes, por favor.

– Perdoe a inocência de um garoto bem menos safado que você - revirou os olhos. - mas eu estava falando da chuva.

– Duas semanas de Marrie. - Travis assoviou longamente, provocativo. - É bom que você tenham matado a saudade. Não sei por quanto mais tempo vou conseguir fraudar suas contas de telefone com interurbanos infinitos.

– E a Califórnia? - Connor tentou mudar de assunto, tomando o último gole da sua água.

– Seca. - Travis ironizou colocando sua tijela vazia na pia. - Sujeitinho difícil aquele tal de Brick. Burro como um tijolo e orgulhoso demais para um contrabandista de quinta.

– Conseguiu alguma coisa?

Travis sorriu convencido, fazendo o irmão revirar os olhos.

– Três mil e quinhentos em dinheiro. O resto vai pra conta conjunta até abril - deu de ombros. Connor não pareceu impressionado.

– Depois de tudo que passamos na entrega, ele devia ter dado pelo menos o

triplo em dinheiro vivo. - reclamou. - Da próxima eu cuido disso.

– Sem chance. - Travis discordou prontamente. - Nós dois sabemos que eu sou bem melhor de - fez aspas no ar - conversinhas. E nós dois sabemos que fui eu quem consegui fechar tudo com 45% de lucro. Uma operação dessas geralmente dá retorno de no máximo 30%.

Ficaram em silêncio brevemente, cada qual com seus pensamentos.

– Quanto você acha que ainda falta? - Connor perguntou esperançoso.

Referia-se a poupança que os dois haviam aberto quando tinham 11/12 anos. No começo, era só uma forma de administrar o que os pequenos negócios do acampamento meio-sangue rendiam, mas quando Travis fez 14 anos e os dois perceberam que encontrar a mãe, de fato, não seria a resposta para nem para metade dos seus problemas, a conta se transformou em um fundo para a faculdade. Bem como descobriam um ano mais tarde ao começar a morar com Judith, essa era a única chance deles de graduação. Ela não tinha grandes problemas financeiros, mas simplesmente era uma pessoa que vivia no momento, sem muitos planos pro futuro. Foi aí que eles começaram a pegar trabalhos maiores, mais abrangentes e mais distantes. Tinham um sistema sólido, praticamente irrastreável. Nunca gastavam um centavo sequer da poupança, usando o que a mãe dava pra despesas diárias.

Já estavam bem perto de alcançar o sexto dígito.

Às vezes, Connor se perguntava se o que faziam era imoral (ilegal, ele tinha certeza que sim). Mas a ideia nunca chegava a incomoda-lo muito. Pensava que se fosse filho de Deméter ou Dionísio poderia muito bem trabalhar com plantas, e não seria errado ele ser tão bom nisso - mas ele era filho de Hermes. E não havia como mudar esse detalhe.

– Pouco. - Travis sorriu. - Relaxa, Con. Nós vamos conseguir.

Travis olhos para o relogio em cima do batente da porta. Eram 8:40. Estavam oficialmente matando o primeiro dia de aula do semestre.

– A Kay está aqui? - Connor perguntou de surpresa. Travis fez o que pode para continuar impassível, sem saber como reagir.

– Na verdade, não.

– Você sabe se ela foi a aula? - o irmão insistiu.

– Eu diria que não - considerando que ela está em outro estado, Travis completou mentalmente.

– Você acha que ela vem aqui mais tarde? - Connor não se deu por satisfeito. Franzia o cenho. Nunca tinha ouvido falar de uma Katie Gardner matadora de aula. - Queria ver ela.

– Acho pouco provável, - Travis respondeu vagarosamente, escolhendo as palavras. O que disse em seguida, não foi nem um pouco escolhido, mas não pode evitar cuspir aquela verdade: - considerando que nós terminamos.

– Vocês o que? - Connor perguntou distraído.

– Terminamos.

– Ah, entendo... E pretendem reatar quando? - questionou colocando o copo de vidro vazio que segurava na pia muito lentamente. Ele já estava mais que acostumado com a flexibilidade do namoro do irmão.

– Eu diria que nunca. - Travis encolheu os ombros, se afastando da bancada em direção a mesa da copa.

Connor riu forçado, sem parecer achar a menor graça.

– E quando que é nunca mesmo?

– Connor. –Travis inspirou, se sentido cansado de repente. – Dessa vez é de verdade. Eu e Katie terminamos. Ponto.

– Hm. E por que isso mesmo?

– Érmh... - O Stoll mais velho enrolou. - Sabe a Aly?

Connor concordou com a cabeça, se virando para encara-lo.

– Pode ser e pode não ser, mas há uma chance bem grande que eu tenha ficado com ela na Califórnia e tomado a péssima decisão de não contar nada para

A próxima coisa que Travis viu foi o punho do seu irmão mais novo afundando no meio da sua barriga.

–CARALHO! POR QUE HADES VOCÊ FEZ ISSO? - Travis gritou se curvando pra frente de dor. Fazia uns anos que não brigava fisicamente com Connor (quer dizer, tirando os treinos do acampamento), e ele havia ficado surpreendentemente mais forte desde então.

– AH, EU QUE É QUE TE PERGUNTO! - Connor zombou exasperado. - QUAL É A SUA, IDIOTA?

– IDIOTA COISA NENHUMA - contra atacou. - TODO MUNDO SABE QUE EU E ELA NUNCA IÁMOS DAR CERTO! EU SEI VOCÊ SABE ATÉ A PORRA DE ZEUS – um trovão sacudiu as janelas da cozinha pequena. - SABE! QUEM É QUE NÓS QUERÍAMOS ENGANAR?

– VOCÊ TRAIU A KATIE! A KATIE GARDNER! ISSO É BAIXO E BABACA DEMAIS ATÉ PRA VOCÊ!

Connor respirou fundo, mordendo os lábios e colocando a mão sobre os olhos. O que ele tinha feito para merecer isso em sua vida? Não sabia.

– Explica. – exigiu em voz mais calma, porém bastante ameaçadora.

Travis explicou. Contou sobre a festa em que, depois de achar que tinha perdido todo o negócio com Brick e consumido uma quantidade surpreendente de álcool ele se viu num canto escuro conversando com Aly. Sobre como não significou nada. Contou então que quando voltou Katie já sabia de tudo. E eles brigaram. Brigaram. Brigaram. E brigaram. Brigaram tanto que nem sabiam por que estavam brigando mais. Ficar com Aly não foi o problema. Foi a gota d’água.

– Você se arrepende? – Connor perguntou irritadiço, como se tentasse explicar física quântica para uma criança de quatro anos que insistia em colocar o lápis na boca.

– Claro. – Travis encolheu os ombros. Ele se arrependia, era verdade. Muito.

– Tem certeza que você disse isso pra ela?

– Só quinhentas e sessenta e nove vezes. Isso considerando exclusivamente a última briga.

– Ótimo! – Connor exclamou com falso entusiasmo. Seu sorriso era sincero. – Agora é só você ir até ela e repetir quantas vezes for que ela precisar ouvir.

– O que eu faria – Travis revirou os olhos. - se ela não tivesse ido pra sabe-se lá aonde ontem.

E foi nesse ponto da conversa que Connor socou Travis pela segunda vez.

.

Katie acordou com algo quente e gosmento escorrendo pelo lado direito do seu rosto.

Ela segurou o ar, sem conseguir evitar uma leve pontada de pânico. Seu punhal não estava por perto, e ela não sabia quanto tempo demoraria para acha-lo. Muito calmamente, abriu os olhos. Algo lhe dizia para evitar movimentos bruscos.

Farejando sua perna, estava um labrador. Katie riu baixinho, fazendo com que ele se virasse para olhá-la. De boca aberta e língua pra fora, Katie nunca tinha visto um cachorro babar tanto – baba essa que estava no seu rosto. Ela fez carinho no topo da cabeça dele, deixando o pelo cor de mel demorar entre os seus dedos. O labrador a escarava, com cara de bobo alegre. Katie sorriu, se levantando.

Por um segundo, se sentiu extremamente desorientada. A memória voltou aos poucos. Londres. Intercâmbio. Os Lewis. Certo. O quarto que estava tinha uma cama de casal no meio, uma escrivaninha em L de um lado e pilhas de livros do outro. Não havia muita decoração. Inclusive, alguns pregos na parede desolados pela falta de quadros. Todos os móveis eram claros, quase brancos, e uma das paredes estava pintada de um tom profundo de azul. Quase um choque, quando comparado a seu quarto em tom de amarelo claro em Washington.

Achou sua mala estava ao pé da cama. Envergonhada, percebeu que nem tinha trocado de roupa antes de se deitar – estava com a mesma calça jeans e camiseta há quase 48 hrs. Remexendo na bagunça da mala, conseguiu achar uma calça de moletom e uma camiseta laranja do acampamento. Trocou de roupa rapidamente, e saiu do quarto seguida do labrador.

Descendo as escadas se sentindo uma estranha invasiva (coisa que provavelmente era), Katie conseguiu chegar na cozinha sem maiores problemas.

– Bom dia? – disse acidentalmente como uma pergunta. Olívia se virou para olhá-la. Estava na pia, cortando tomates e jogando-os em um pote de salada. Charles sorriu para ela da mesa da copa, onde estava sentado.

– Bom dia de fato, dorminhoca. – Charles disse, brincalhão. Katie corou.

– Érhn.... o fuso horário...- disse sem graça, não conseguindo achar as palavras. Agora percebia que Olívia estava muito provavelmente terminando da preparar o almoço. Já passava de uma da tarde.

Mrs. Lewis sorriu pra ela, após lançar um olhar de censura para o filho.

– Nossa, eu devo ter perdido a aula! – Katie se lembrou de súbito, ao se sentar em frente a Charles na mesa posta. Perder o primeiro dia de aula do semestre na escola nova. Todo mundo sabe que não é assim que uma novata deve fazer.

– A aula só começa na quarta. – Charles a tranquilizou. Katie olhou com ele com mais cuidado. Além de ter o mesmo cabelo castanho claro da mãe, ele também tinha um maxilar muito parecido com o do pai. Seus olhos eram um de tom escuro. De algum jeito, tudo nele parecia gritar “Britânico! Britânico!”. Igualzinho a Harry. – Mas acho que você tem que ir lá amanhã por causa da matrícula

Katie deu seu melhor sorriso gentil, pouco animada.

–Vejo que você e Marlov já estão amigos – Olívia comentou rindo. O labrador tinha se colocado em baixo da cadeira de Katie, entre os pés dela. Abanava o rabo, satisfeito.

– Estranho. – Chay comentou franzindo o cenho. – Geralmente ele odeia gente nova – explicou para Katie. – Morre de medo. Nunca aparece quando tem convidados em casa.

– Acho que ele gostou de mim – Katie respondeu categoricamente, tensa. Cachorros sempre gostavam dela. Gatos também. Quando pequena Katie tinha perdido a conta de quantos animais de rua a seguiam até em casa. Ela levava-os todos para o abrigo animal mais próximo, mas um dia conseguiu convencer seu pai a adotar uma gata preta que a seguira desde a estação de ônibus quando chegou do acampamento. Travis e Connor (após descobrirem a respeito dessa característica incomum quando ela se mudou para Whashington) costumavam dizer que devia ter alguma coisa com a áurea dela. Muito verde, talvez.

– Katie, querida, você tem alguma restrição quanto a comida? – Olívia perguntou enxugando as mãos no avental vermelho desbotado.

– Na verdade, eu sou vegetariana. – Kay disse com uma vergonha considerável. Não gostava de parecer fresca, mas sempre foi vegetariana. Tudo que vinha da terra era sempre... melhor. Não tinha explicação. – Mas eu não me importo nem um pouco de ser um pouco mais flexível quanto a isso se for algum problema eu não quero incomodá-los nem-

– Sem problemas – Olívia respondeu fazendo pouco caso. – Você pode ir com George no mercado esse fim de semana e mostrar o que prefere. Tenho certeza que ele não vai se importar.

Ela colocou a salada na mesa, junto a uma bandeja de macarrão.

– George está na faculdade e Lizzie na casa da avó. – Olívia explicou calmamente ao se sentar ao lado de Katie. – Acho que somos apensas nós três dessa vez.

– A propósito, mãe – Charles disse distraído, servindo-se. – Eu e Harry queremos ir no píer mais tarde. Tudo bem?

– Sem problemas. – ela respondeu. Em seguida, lançou um olhar do filho para Katie, severa.

–Ahrnm.... –Chay se atrapalhou um pouco, sem jeito. – Katie, você gostaria de ir no píer mais tarde comigo e com Harry?

Katie riu baixinho.

– Claro.

.

– DÁ PRA PARAR DE ME SOCAR PORRA? – Travis gritou com raiva. Connor permaneceu inabalável pela sua dor.

– VOCÊ NÃO VÊ A MERDA QUE VOCÊ FEZ?! – gritou para ele. Exasperado, balançou a cabeça e jogou as mãos para o alto. – Ahhhh, você faz uma merda e aí merda a merda com mais merda pra ficar tudo merdado, só pode.

Travis resmungou qualquer coisa inaudível, fazendo o irmão ficar ainda mais irritado.

– Onde ela está? – Connor perguntou pausadamente.

– Em Anthens. – o outro Stoll disse, incomodado. – Provavelmente.

– Bom, menos mal... – Connor ponderou, levemente mais calmo. – São só cinco estados. Se você pegar o carro da Juliet deve chegar lá em dois ou três dias no máximo e então é só falar com Dana para-

– Eu não vou. – Travis interrompeu-o, decidido.

Coméquié?

– Não vou. – suspirou, passando a mão pelos cabelos despenteados. – Chega, Connor. Não dá mais. É sempre assim. Nós brigamos e lá vou eu correndo atrás dela. Já deu. Eu cansei dessa correria toda. Eu não vou atrás de Katie. Não dessa vez.

Surpreendentemente, o terceiro soco no estômago doeu um pouco menos do que os dois primeiros.

Travis trincou os dentes, se controlando para não espancar o irmão até a morte. Na verdade, era bem surpreendente que ainda não tivesse tentado.

– Trav, presta atenção. – Connor disse, colocando a mão no ombro dele. Quatro olhos azuis idênticos se encararam. - Eu só vou te perguntar isso uma vez, e é porque eu sou seu irmão. Você é realmente tão burro a ponto de não perceber?

– Perceber... o que?

Di immortales! – resmungou tentando manter a paciência. – Sabe aquela baboseira toda que sempre falam sobre a garota certa?

Travis concordou com a cabeça, cauteloso.

– Isso realmente existe. E você, o maior idiota do universo, por alguma ironia do destino, encontrou a sua. Travis, sua garota é a Katie. Ela é a certa para você. E sim, vocês brigam e sim, vocês rompem a torto e à direita. Mas ela é A Garota. E você não pode simplesmente deixar ela escapar!

– Não precisa exagerar, mané. – Travis reclamou com uma careta, resignado. – Existem outras garotas por aí que não são a Katie. Podia ser qualquer uma delas.

– Dá pra você para de ser cabeça dura por um segundo e me escutar? – Connor andou de um lado para o outro na cozinha. – Travis, Katie Gardner é a melhor coisa que já te aconteceu. O problema é que você não percebe isso.

Parou, olhando para os lados e parecendo frenético. Procurava um jeito de se explicar melhor.

– Olha: Katie é boa. – Continuou. - Todo mundo sabe disso. A questão é que ela é tão boa que acabou se tornando todo o bom de você. A Katie te faz ser melhor, seu idiota. Você precisa dela.

– Não preciso não. – Travis teimou, sem ter outro argumento muito melhor.

Precisa. – Connor não se deixou abater. – Vocês terminaram quando? Quarta-feira? Isso foi cinco dias atrás. Eu aposto tudo que você quiser que você fez pelo menos uma coisa questionável desde então.

– Há! – Travis debochou. – Vá em frente. Eu estou limpo.

Connor semicerrou os olhos para ele. Analisou a cozinha calmamente, passando então para a sala. Não voltou sem três segundos depois, os olhos brilhando como quem conta a vitória.

– Então de quem são aquelas carteiras na mesa da sala?

Travis passou por ele no batente da porta, entrando na sala. Confuso, ele achou cinco carteiras em cima da mesa de jantar, de tamanhos e cores variadas. Mas como...? Ele nem se lembrava de ter as roubado. Ao lado delas, até uma chave de carro. Travis pegou uma carteira de couro preto com cuidado, como se tivesse medo que ela simplesmente implodisse a qualquer momento. Franziu o cenho. Fazia muito tempo que não era tão cleptomaníaco assim.

– Katie te faz melhor. – Connor repetiu, numa voz calma e baixa. Travis olhou para o irmão. Parecia muito perdido. – Como é que ela falava? Que você é uma boa pessoa ou coisa do tipo.

– Que eu sou uma boa pessoa, mas sempre esqueço a diferença entre o certo e o errado. – Travis completou quase em um sussurro. Colocando a carteira na mesa novamente com igual cuidado. – Connor! – exclamou dando um pequeno salto no mesmo lugar e levando as mãos a cabeça. – Caralho, o que foi que eu fiz?

Connor sorriu satisfeito. Ele fez um gesto de agradecimento para uma plateia invisível. Era o fim daquele ato.

– Eu preciso... – Travis olhou para os lados desesperadamente. Parecia ter acabado de sair de um transe. – Mochila! – Se lembrou, correndo até o quarto. O irmão foi atrás, curioso, assistindo enquanto ele pegava algumas poucas roupas dentro do armário e socava dentro da mochila marrom sem o menor cuidado.

– Dracmas. – Connor lembrou, jogando uma pequena bolsa de couro da estante para ele. Travis ainda pegou seu ipod, carteira e documentos, antes de sair do quarto em direção a sala novamente.

Já estava com a mão na maçaneta quando Connor gritou que esperasse. Sumiu no corredor e quando voltou jogou para ele uma sacola transparente que conhecia muito bem.

– Connor, isso é o dinheiro de Brick. – disse, catatônico. Eles não gastavam o dinheiro dos negócios. Eles guardavam na poupança. Sempre foi assim.

– Eu sei – Connor revirou os olhos. – Leva. Você pode precisar.

– Mas-

– Leva. – insistiu. Não aceitaria um não como resposta. Trav sorriu, colocando a sacola dentro da mochila.

– Aonde você vai? – Connor perguntou.

– Anthens. Georgia. – seus olhos azuis brilharam, daquele jeito tão Stoll. – Com uma pequena parada antes.


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Notas finais do capítulo

uhuhuhhuhh....
Que que o Travis vai fazer?
Quem sabe, quem sabe?
Por favor, deixem reviews! - recebi pouquíssimos no último capitulo e isso me deixou um pouco decepcionada. Desanima, sabe...
Beijinhos!



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